Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 21 de outubro de 2021
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia recebe homólogo da Bolívia
Entre os dias 21 e 24 de outubro, o Ministro das Relações Exteriores do Estado Plurinacional da Bolívia, Rogelio Mayta, estará em visita oficial a Moscovo. No dia 22, será recebido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
Na reunião, serão abordados o estado e as perspetivas das relações bilaterais, do diálogo político, assim como vias da ampliação da cooperação bilateral em diversos domínios, incluindo o combate à pandemia da COVID-19 e a otimização do quadro jurídico das relações bilaterais. As partes dispensarão especial atenção às possibilidades de intensificar ainda mais a cooperação russo-boliviana no cenário internacional.
A Rússia encara a Bolívia como um dos parceiros prioritários na América Latina e Caraíbas, baseando as suas relações com este país nos princípios de respeito e consideração dos interesses uns dos outros. A visita do Ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, marca uma nova etapa do aprofundamento da cooperação bilateral com vista à sua elevação um nível qualitativamente mais elevado.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se com o Subsecretário-Geral da ONU, Martin Griffiths
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se, no dia 22 de outubro, com o Subsecretário-Geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários e Chefe do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Martin Griffiths.
Na reunião, serão abordadas questões relacionadas com a prestação de uma ajuda humanitária da ONU à Síria, Afeganistão, Iémen, Etiópia, Ucrânia e Nagorno-Karabakh.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participa na 18ª Reunião Ministerial do Conselho Euro-Ártico do Mar de Barents
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, participa, nos dias 25 e 26 de outubro, na 18ª reunião ministerial do Conselho Euro-Ártico do Mar de Barents (CEAB).
A reunião deverá fazer o balanço da presidência bienal da Noruega (2019-2021) e identificar vias da consolidação da cooperação regional no seio do Conselho, com enfoque nas atividades do projeto.
No final da reunião, será aprovada uma declaração conjunta que estipulará opções-chave do CEAB nas áreas da cooperação económica, de transportes, logística, proteção ambiental, combate às alterações climáticas, saúde, juventude e povos indígenas e melhoria da coordenação entre os Conselhos do Ártico Regionais.
A reunião pretende aprovar os Estatutos do Mecanismo Financeiro de Barents, cujo lançamento está previsto para 2022. O novo instrumento permitirá disponibilizar capital de arranque para apoiar projetos transfronteiriços de baixo orçamento e de importância regional.
Além disso, a reunião aprovará a redação o Plano de Ação para a Cooperação de Barents para o período 2021-2025 ajustada às alterações climáticas.
Na reunião, a presidência rotativa bienal do CBER passará da Noruega para a Finlândia, e a do Conselho Regional de Barents da província sueca de Västerbotten para a Região Autónoma de Nenets (Rússia).
Prevê-se ainda a realização de reuniões bilaterais à margem do evento, das quais vos informaremos oportunamente.
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, recebe homólogo da República da Coreia, Chung Eui-yong
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, recebe, no dia 27 de outubro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Coreia, Chung Eui-yong, que se encontrará em visita de trabalho à Rússia.
Os dois Ministros pretendem abordar questões relacionadas com as relações bilaterais e a cooperação em campos práticos, além de "acertar agulhas" sobre a situação na Península da Coreia, trocar pontos de vista sobre questões-chave da agenda internacional e regional e participar na cerimónia de encerramento do Ano de Intercâmbios Mútuos entre a Federação da Rússia e a República da Coreia inserido no contexto das comemorações do 30º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países.
Sobre o aniversário da entrada em vigor da Carta da ONU
A 24 de outubro, o mundo celebrará o aniversário da entrada em vigor da Carta das Nações Unidas. Numa altura em que as ameaças à humanidade estão a tronar-se cada vez mais numerosas e cada vez mais graves, é mais importante do que nunca permanecer firmemente fiel ao princípio do papel central de coordenação da ONU nos assuntos internacionais. Há mais de 75 anos que a Organização mundial corporiza os ideais do multilateralismo genuíno e é a única "plataforma" para desenvolver formas eficazes de garantir a estabilidade e segurança globais, o desenvolvimento socioeconómico sustentável e a defesa dos direitos humanos.
Por sua vez, a Carta das Nações Unidas continua a ser a "pedra angular" do sistema de direito internacional contemporâneo. Este importantíssimo documento consagra os princípios fundamentais da cooperação interestatal, incluindo a igualdade soberana dos Estados, a não-ingerência nos seus assuntos internos e a resolução de litígios por meios políticos e diplomáticos, sem uso ou ameaça de uso da força. Só através do cumprimento rigoroso destas normas é que todos nós podemos evitar uma repetição de conflitos à escala global.
Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e membro fundador da ONU, a Rússia está disposta a permanecer plenamente envolvida nas atividades para reforçar o prestígio e as capacidades da Organização.
Sobre as relações Rússia-NATO
Ultimamente têm surgido muitas questões sobre a agenda Rússia-NATO. Também tem havido muitos comentários a este respeito - uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, expôs uma visão mais detalhada sobre esta questão, mas ainda há questões a serem respondidas. Resumindo todas as perguntas que recebemos, gostaria de dizer algumas palavras sobre as relações com a NATO. Todas as explicações cabais sobre a posição russa nesta matéria estão disponíveis no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
O bloco do Atlântico Norte e o seu Secretário-Geral, Jens Stoltenberg, fizeram pessoalmente o seu melhor para levar as nossas relações a um estado em que não se encontravam sequer nos tempos mais duros da Guerra Fria. Não desejando procurar conjuntamente vias da desescalada, eles, de facto, enterraram o Conselho Rússia-NATO. Nestas circunstâncias, não faz sentido nem é possível colaborarmos com a Aliança em desafios e ameaças à segurança regional e global. A Aliança recusou-se, por si própria, a manter qualquer cooperação prática e contactos militares com a Rússia.
Ouvimos as declarações de Jens Stoltenberg sobre a sua alegada disponibilidade para discutir questões da segurança com a Rússia. Não há nada por detrás delas em termos práticos e elas já não têm sentido. Expulsar os diplomatas russos e ao mesmo tempo dizer que há vontade de falar com Moscovo? Era para dialogar sobre este assunto que os diplomatas expulsos foram acreditados junto da NATO. Com quem Bruxelas pretende dialogar se reduziu várias vezes o pessoal russo, tornando impossível um diálogo com a NATO.
Não podemos mais levar a sério tudo o que agora ouvimos da NATO como bloco e do seu Secretário-Geral. Declara, por um lado, a necessidade de um diálogo e expulsa, por outro, os diplomatas russos, apontando como causa disso as suas alegadas "ações de inteligência". Ao mesmo tempo, diz que não apresentará nenhumas provas. Compreendemos bem porquê. Porque não tem provas. De que podemos falar com estas personalidades?
Se sempre que se trata da Rússia ouvimos constantemente dizer que existem algumas provas de que os nossos diplomatas praticam "ações de inteligência", então tenho uma pergunta direta a fazer a Jens Stoltenberg: e que dizer das "ações de inteligência" praticadas pelos diplomatas dos países membros da NATO? Será que os serviços de informações deixaram de realizar atividades de inteligência sob o disfarce de diplomata ou de jornalista de assuntos internacionais? Terá Bruxelas (sede da NATO) enviado aos países membros a ordem de trazer de volta os agentes dos seus serviços de informações? O que é que a Aliança do Atlântico Norte está a fazer nesta direção? Podem informar-nos, uma vez que temos ouvido tantas acusações infundadas contra o nosso país ultimamente? Uma pergunta simples: como é que a Aliança está a agir nesta área? Uma vez que a sede da NATO em Bruxelas e o seu Secretário-Geral se empenham em levantar este tema, falemos de coisas concretas: quantos agentes, que serviços de informações dos países da NATO representam e em quais países estão a atuar? Querem dialogar sobre este tema, não é verdade? Por favor, respondam a estas perguntas.
Ponto da situação na Etiópia
Estamos a acompanhar de perto a situação na Etiópia, particularmente nas regiões de Tigray, Afar e Amhara, onde, recentemente, recomeçaram os combates entre as tropas governamentais etíopes e as unidades da Frente Popular de Libertação do Tigray.
Apelamos a todas as partes envolvidas no conflito para que deem provas de comedimento e cessem o fogo sem condições prévias com vista à estabilização faseada da situação socioeconómica e humanitária extremamente grave.
Apoiamos as atividades desenvolvidas pelo Alto Representante da União Africana para o Corno de África e ex-Presidente da República Federal da Nigéria, Olusegun Obasanjo. Estamos convencidos de que, no seu novo cargo, dará um contributo importante para a normalização da situação humanitária no norte da Etiópia, de acordo com o princípio das "soluções africanas para problemas africanos".
Esperamos que, as contradições reveladas entre o governo etíope e as organizações das Nações Unidas venham a ser resolvidas e não sejam politizadas. Acreditamos que a retomada da coordenação entre os organismos das Nações Unidas e as autoridades federais da Etiópia permitirá tonar mais eficazes as atividades de prestação de ajuda humanitária de que a população das regiões do Tigray, Afar e Amhara muito carece.
Acreditamos que a preservação da unidade e integridade territorial da Etiópia é a única forma de resolver todas as questões litigiosas, incluindo a resolução do conflito interno na região do Tigray e a estabilização faseada da situação no país em geral.
Novo ato de vandalismo em cemitério de soldados soviéticos na Polónia
O novo ato de vandalismo no cemitério de soldados soviéticos na cidade polaca de Zambrów, na província de Podljaskie, foi registado pelos nossos compatriotas a 9 de outubro deste ano. O obelisco erguido numa das valas comuns estava vandalizado com inscrições, lixo espalhado à entrada e garrafas colocadas entre as lâmpadas.
No cemitério, em valas comuns, jazem os restos mortais de 12 mil prisioneiros de guerra soviéticos que morreram no campo de concentração nazi de Zambrów em 1941 e 1942, cadetes e comandantes da escola de aviação da 86ª Divisão de Infantaria que morreram em 1941, e 78 militares do 3º Exército da 2ª Frente Bielorussa tombados nos combates por esta cidade em 1944.
Como já é hábito, as autoridades polacas não se deram o trabalho de informar as missões diplomáticas russas do incidente, como exigido pelo Artigo 3 do Acordo sobre os Locais de Enterramento e Homenagem às Vítimas de Guerras e Repressões entre os governos dois países. A comunicação social local também silenciou o episódio.
Gostaria de perguntar aos responsáveis governamentais polacos que se consideram a si próprios cristãos devotos onde é que está a sua atitude respeitosa para com a memória dos soldados soviéticos mortos de que estão constantemente a falar? Em geral, para com a memória de pessoas que deram as suas vidas pela vida de outras pessoas, para com a memória dos mortos? Ao mesmo tempo, são coniventes com incidentes como este porque, em primeiro lugar, não os consideram imorais e, em segundo lugar, nunca mandam investiga-los até ao fim, e, em terceiro lugar, assumem posições muito vagas relativamente à inadmissibilidade de tais atos.
É com pena que constatamos que os esforços de há muitos anos das autoridades polacas para destruir o património memorial soviético no país (esta é uma razão importante) e para reescrever a história apagam na população local os resquícios do respeito pela memória dos soldados soviéticos libertadores e se tornam um forte catalisador de atos de vandalismo. Para quem as autoridades polacas fazem pior? A resposta é óbvia: para elas próprias.
Exigimos que as autoridades polacas devolvam o aspeto original aos túmulos de soldados soviéticos na cidade de Zambrów, identifiquem e castiguem os vândalos.
Noruega inaugura monumento aos pilotos soviéticos
Um monumento em homenagem a seis pilotos soviéticos foi inaugurado, no início de outubro, na ilha de Søroya, na comuna Hasvik, no norte da Noruega. A cerimónia contou com a presença do Ministro da Defesa do país, do governador de Troms e Finnmark e de diplomatas russos. Os seis pilotos soviéticos haviam morrido a 17 de junho de 1944 quando o seu avião anfíbio "Catalina", em que seguiam dos EUA para a URSS ao abrigo do programa do Lend-Lease (empréstimo e arrendamento), se despenhou.
A abertura do monumento que representa uma estela em pedra com um baixo relevo em bronze, foi possível graças aos esforços conjuntos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Defesa da Rússia e das autoridades centrais e locais norueguesas. É de salientar uma importante contribuição pessoal para a implementação deste importante projeto do Presidente da Câmara de Hasvik, E. Husbyu. É graças à sua posição ativa que os nomes e a memória do feito dos pilotos soviéticos que morreram no solo norueguês serão preservados e transmitidos para as futuras gerações. Estamos-lhe muito gratos por isso.
Expressamos os nossos sinceros agradecimentos ao lado norueguês por ter sempre tratado com cuidados os locais de enterramento dos militares do Exército Vermelho que morreram na Noruega durante a Segunda Guerra Mundial e pelos seus esforços para preservar a nossa história comum. Isto é especialmente valioso face aos esforços propositados de alguns outros países (aos quais acabo de me referir) para distorcer a verdade histórica e glorificar o nazismo.
Portugal inaugura busto de Yuri Gagarin
Um busto do lendário cosmonauta soviético Yuri Gagarin, de autoria do escultor Aleksei Leonov, foi inaugurado, no dia 17 de outubro, em Oeiras (subúrbio de Lisboa). Inserido nas comemorações dos 60 anos do primeiro voo espacial tripulado, o monumento foi oferecido à cidade pela Fundação Internacional de Caridade "O Diálogo das Culturas – o Mundo Unido". A cerimónia ocorreu no Taguspark.
Anteriormente, no Observatório Astronómico de Lisboa, ocorrera uma cerimónia de apresentação de um postal emitido pelos Correios Portugueses em comemoração desta data. Esta iniciativa da Embaixada russa foi possível graças ao apoio da Agência Federal para a Comunidade de Estados Independentes, Comunidades Russas no Estrangeiro e Cooperação Humanitária Internacional (Rossotrudnichestvo) e da Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação com a Rússia Yuri Gagarin.
Consideramos estes dois eventos como mais um passo para o aprofundamento da cooperação russo-portuguesa na área cultural e humanitária.
Eslovénia inaugura monumento a Mikhail Lermontov
Um busto do poeta russo Mikhail Lermontov foi inaugurado, no dia 18 de outubro, na cidade de Kranj, o terceiro maior centro industrial e cultural da Eslovénia.
A cerimónia teve a presença do Embaixador russo na Eslovénia, Timur Eivazov, do Presidente da Câmara de Kranj, M. Rakovets, do Cônsul Honorário da Federação da Rússia, D. Durakovic, e de representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Eslovénia, da Sociedade de Amizade "Eslovénia-Rússia", quadrantes sócias e da comunicação social.
Este projeto foi implementado por iniciativa da Embaixada da Rússia na Eslovénia com o apoio financeiro da empresa Comita. O busto foi criado pelo jovem escultor esloveno B. Beja.
A abertura do monumento ao grande poeta russo na Eslovénia estimulará o interesse dos eslovenos pela língua, cultura, história e realizações da Rússia e dará um novo impulso à cooperação russo-eslovena nos mais diversos domínios.
Por ocasião do quinto aniversário do Centro Cultural Ortodoxo Russo em Paris
No dia 19 de outubro de 2016, numa das zonas mais belas de Paris, no Quai Branly, foi inaugurado um Centro Cultural Ortodoxo Russo. A iniciativa tornou-se um exemplo marcante de colaboração, criatividade e atividades conjuntas do Estado e da Igreja fora do nosso país. Em cinco anos, o Centro Cultural Ortodoxo Russo que engloba a Catedral da Santíssima Trindade, um núcleo de exposições, uma sala de conferências e um cluster educacional, tornou-se um ponto de atração no mapa das atividades públicas e culturais em Paris. Prova disso são 620 eventos realizados no Centro com a participação de mais de 45.000 pessoas (tirando os visitantes das exposições). Durante estes anos, o Centro ganhou merecidamente a reputação de plataforma hospitaleira e confortável de contactos entre profissionais e entusiastas, idosos e jovens, a comunidade russa e os franceses que têm interesse pela Rússia e pela cultura russa.
O Centro faz jus a ser visto como um dos ex-líbris da capital francesa. A imagem das cúpulas brilhantes da Catedral com a Torre Eiffel no fundo tão apreciada pelos parisienses e visitantes de Paris é um símbolo maravilhoso da comunhão e da proximidade das culturas da Rússia e da França, da natureza especial das relações entre os nossos dois países e povos.
Concebido para reforçar as relações russo-francesas, este projeto não teve, infelizmente, o seu potencial plenamente realizado. As autoridades francesas continuam a adiar a assinatura do acordo russo-francês que regula o estatuto jurídico do Centro. Por isso, o Centro não possui até agora um pessoal suficiente. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da França recusa-se a conceder vistos a alguns dos funcionários do Centro, o que tem um impacto negativo nas suas atividades. Por esta mesma razão, ficam dificultadas as atividades da Representação do Instituto Aleksandr Pushkin de Língua Russa. No entanto, apesar de todas as dificuldades, continuaremos a intensificar as atividades do Centro que são realmente necessárias para uma maior aproximação entre os povos da Rússia e da França.
Rússia presta ajuda humanitária à Nicarágua
A Federação da Rússia é um parceiro confiável em termos de prestação de ajuda humanitária, ampliando o seu mapa de ajuda em apoio a projetos de desenvolvimento sustentável, incluindo os que estão a ser implementados no âmbito do Programa Alimentar Mundial (PAM). A Rússia está a prestar uma ajuda à Nicarágua.
A Rússia deu uma contribuição voluntária de 5 milhões de dólares para o fundo do PAM para 2020-2024 para financiar a concretização de programas de alimentação escolar sustentáveis na Nicarágua, bem como 4 milhões para prestar assistência alimentar em 2021. A 14 de abril e 27 de setembro deste ano, a Rússia enviou à Nicarágua dois lotes de farinha de trigo vitaminado e óleo vegetal com mais de 1.892 toneladas e 787 toneladas, respetivamente, para fornecer refeições quentes aos alunos escolares das regiões da costa caribenha do país mais atingidas pelos Furacões Eta e Iota em 2020.
A Rússia continua a prestar ajuda na área da gestão de emergências, melhorando, inclusive, a capacidade logística dos serviços nicaraguenses especializados. A 22 de julho deste ano, no âmbito dos programas da Organização Internacional de Proteção Civil, a Rússia ofereceu ao exército nicaraguense um helicóptero de combate a incêndios, 15 veículos todo-o-terreno, equipamento para o Centro de Gestão de Crises em Manágua (inaugurado em agosto de 2020) e 20 sirenes costeiras.
Durante a pandemia global da COVID-19, a 23 de fevereiro deste ano, a Rússia entregou gratuitamente à Nicarágua 6 000 doses da vacina Sputnik V.
A doação foi associada a compras comerciais. Utilizam-se os chamados esquemas mistos de projetos de cooperação económica e comercial. Como passo russo ao seu desenvolvimento, a Rússia entregou, a 12 de outubro deste ano, aos seus parceiros nicaraguenses 33 mil toneladas de trigo a título de ajuda humanitária, bem como 250 autocarros KAVZ construídos pela fábrica de automóveis russa "Grupo GAZ" como assistência técnica. Num futuro próximo, a Rússia enviará à Nicarágua equipamento para a criação de um centro de manutenção de maquinaria fornecida ao país.
Rússia coopera com a República da Guiné no combate à infeção pelo coronavírus
A Rússia continua a cooperar com os seus parceiros guineenses em matéria de medicina e proteção da saúde. Para evitar a propagação da COVID-19, a Rússia fez chegar, no dia 18 de outubro, ao aeroporto de Conakry 310.000 doses do primeiro e segundo componentes da vacina russa "Sputnik V".
Assim, todas as disposições do contrato entre o Fundo Russo de Investimento Direto Fundo e o Ministério da Saúde da República da Guiné foram cumpridas na íntegra. Vale a pena recordar que a Rússia foi dos primeiros a responder prontamente aos pedidos do governo guineense para apoio na luta contra a COVID-19. Os especialistas russos que trabalham na Guiné continuam a prestar assistência eficaz no diagnóstico e tratamento de doentes. A Rússia ofereceu à Guiné equipamento médico e kits de diagnóstico. É muito importante para nós saber que a Guiné foi dos primeiros países de África a registar a Sputnik V e está também a considerar registar a vacina Sputnik Light. Acreditamos que a cooperação mutuamente benéfica entre as autoridades competentes dos nossos dois países empenhadas em combater a pandemia do coronavírus irá continuar.
Pergunta: Conforme a Convenção para a Proibição das Armas Químicas (CPAQ), vários países ocidentais e a Rússia trocaram perguntas e respostas, no decurso da sessão do Comité Executivo da OPAQ, sobre a situação em torno do “envenenamento” de Alexei Navalny. Como a parte russa reage às respostas que o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Suécia deram às perguntas feitas por Moscovo?
Porta-voz Maria Zakharova: A 18 de outubro, o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Suécia reagiram à resposta russa recíproca à situação em torno de Navalny. Conseguiram observar o prazo de dez dias previsto pela CPAQ, já que o Secretariado Técnico da OPAQ transmitiu a eles a nossa atitude a 8 de outubro.
As respostas que estes Estados deram de facto não têm conteúdo. São meras respostas formais, formuladas no gênero de “diplomacia de altavozes”, com obsoletas teses acusativas no admirado estilo de “highly likely”. Os colegas não apresentaram nada de informações que solicitávamos, que eles têm. E solicitámos estas informações por serem de grande importância para que possa ser levada a cabo a investigação preliminar iniciada pelo Ministério do Interior da Rússia que visa estabelecer se o que aconteceu com Aleksei Navalny constitui crime e, por consequente, se se pode iniciar um processo criminal, em que os nossos parceiros ocidentais insistem tanto. Todo um leque de perguntas essenciais permanece sem resposta.
Deixe que eu as enumere mais uma vez. Qual é a substância tóxica detetada pelos químicos militares alemães no material biológico do blogueiro russo? Quem é a pessoa que acompanhou Alexei Navalny a bordo do voo privado médico de Omsk para Berlim? Qual é o papel de Maria Pévtchikh em toda esta história? Gostaria que explicassem quantas cidadanias tem. Por que a sua participação em toda esta história fica ocultada minuciosamente tanto pelas autoridades alemãs, quanto pelas britânicas. As primeiras não a perceberam, as outras não viram. Acho que há muitos assuntos a discutir. Por que não deixam os órgãos de proteção da ordem pública interrogar a própria Maria Pévtchikh?
A Alemanha e o Secretariado Técnico da OPAQ esquivaram-se igualmente a apresentar a nós os vídeos que deviam esclarecer um pouco a situação. Porque os especialistas da OPAQ deviam filmar o processo de obtenção de amostras biológicas de Alexei Navalny na clínica Charité, de Berlim, e depois, o processo da sua separação e selagem na sede da OPAQ em Haia, para posterior entrega a dois laboratórios escolhidas para as analisarem.
É de notar que as respostas vazias com insinuações completamente injustificadas contra nós chegaram simultaneamente. Estas coincidências já não surpreendem. Percebemos que é um mecanismo em bom funcionamento. Isso tudo só vem confirmar que está em curso uma verdadeira provocação global contra a Rússia, baseada em russofobia descarada, desempenhada, infelizmente, por algumas forças na União Europeia e na NATO.
Resta responder à pergunta importantíssima: onde, quando e em que circunstâncias apareceram, fora da Federação da Rússia, traços da substância no material biológico de Alexei Navalny alegadamente detetada por químicos militares da Alemanha, França e Suécia e reconhecida por dois laboratórios especializados da OPAQ? A ausência de uma resposta a esta pergunta vem só esclarecer que os países do Ocidente tencionam continuar a provocação fabricada contra o nosso país. Não há coisa mais simples: responder a perguntas claras sem política nas entrelinhas, sem carga ideológica, mas a perguntas bem simples factológicas: vocês tomaram as amostras, então nos contem o que encontraram, onde encontraram, qual é o papel dessas pessoas que “acompanharam a viagem”. Quem são essas pessoas, como conseguiram chegar ao país (pois deviam ser admitidos na Alemanha, usando passaportes). Eu até posso compreender que podiam obter rapidamente o visto, em virtude da situação, se eles não eram cidadãos de países que têm regime sem visto com a Alemanha. Usaram passaportes. Tudo isso fica registado nos materiais e nos meios técnicos dos serviços de migração e de guarda de fronteira. Sabendo o pedantismo alemão, não duvidamos que tudo foi registado, especialmente se levarmos em conta a envergadura do visitante (vimos como foi acompanhado), hóspede pessoal da chanceler. Como podem ser desconhecidos os que chegaram com ele, que documentos foram usados para cruzar a fronteira? As perguntas são muitas.
Vamos insistir em receber respostas detalhadas a todas as nossas perguntas. Se alguém no Ocidente quer aproximar-se da verdade, estas são as perguntas que exigem resposta imediata. Seja como for, é preciso responder para que esta história não se “derreta” na história universal. Pelos vistos, julgando pela reação que o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Suécia têm às nossas solicitações, fica claro que o maior medo das suas capitais é que a verdade seja esclarecida, já que a aventura suja contra a Rússia já os levou mesmos ao impasse.
Pergunta: O Ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, disse que Moscovo detém a chave para resolver o problema da migração à Europa através da Bielorrússia. Como a senhora comentaria esta declaração?
Porta-voz Maria Zakharova: É um absurdo total. Acostumámo-nos a ser acusados de coisas ambíguas.
O mundo inteiro está a acompanhar a crise na fronteira comum de vários países europeus. Tudo é evidente. Dois fatores confluem: a transmissão ao vivo praticamente da fronteira e os factos históricos que levaram a esta situação, isso devia eliminar todas as perguntas a outros países que não tomam parte nesta história, impossibilitando quaisquer acusações contra o nosso país. Mas não, parece que não temos que subestimar os nossos parceiros ocidentais.
Repito, tais acusações são absurdas. As “chaves”, uma “chave”, várias “chaves” (já vou vos contar isso) podem estar em muitos lugares, mas não em Moscovo ou Minsk. Estão nas capitais dos nossos parceiros ocidentais, principalmente em Washington e Bruxelas. Foi o Ocidente coletivo que gerou a causa inicial da crise migratória, liderado pelos EUA, pelos países líderes da NATO. Trata-se das intervenções armadas no Iraque, na Líbia, na Síria, no Afeganistão.
Um representante alemão podia, ao menos, visitar – se não já tinha visitado antes – a Conferência sobre o Mediterrâneo, organizada regularmente, já ao longo de muitos anos, na Itália, para ouvir os seus próprios, digamos assim, “vizinhos” da União Europeia e da NATO explicarem a sua visão da situação atual. São estes custos provocados pelas intervenções e campanhas militares fracassadas (que ficam fora do âmbito da lei) que os próprios Estados ocidentais terão que suportar, inclusive na forma de vagas de migração ilegal, do surto de terrorismo, de crime organizado, de crises na fronteira, de problemas em grande número, inclusive os inter-religiosos, étnicos etc.
Os apelos a Minsk e a Moscovo a “pararem o êxodo dos migrantes”, como isso foi formulado, são improcedentes se levamos em conta as ações da coligação ocidental no Médio Oriente e no Norte da África, e agora no Afeganistão. O que Minsk e Moscovo têm a ver com isso? Como conseguiram unir estes assuntos? Isso fica pelo menos estranho. Nós vimos como foi organizada aquela “evacuação” do Afeganistão, quando dezenas de milhares de pessoas nesse país ficaram sem solução dos assuntos vitais. Eles fazem de tudo para sair do seu país. Faziam todo este tempo. Ficam em diferentes países, nas fronteiras, fogem para outros continentes. O que nós temos a ver com isso? Os ocidentais gastaram vinte anos nesta campanha no Afeganistão. Durante este tempo todo, apelávamos a eles a expor ao CS da ONU o que estavam a fazer lá. Durante todo este período, ouvíamos: ora retiram as forças, ora reforçam o contingente. As ações de Washington variavam “conforme a política do partido”. O partido que ocupava a casa Branca definia a atitude para com o Afeganistão. Mais do que isso, até a mesma Administração tinha conceções diferentes. Ninguém tinha uma visão e análise consistente da situação. Isso terminou num desastre global, tanto na retirada das suas forças, quanto na situação humanitária interna do Afeganistão. Isso suscitou uma nova onda da crise migratória. Sob que ângulo enxergam “aqui” a Rússia e particularmente a Bielorrússia? Não se pode desperceber o evidente: os países do Ocidente provocam premeditadamente a escalada da situação política interna na Bielorrússia, e no contexto da pressão externa aumentada e ameaças elevadas à segurança nacional, os órgãos de proteção da ordem púbica bielorrussos vêem-se obrigados a concentrar os seus recursos limitados na proteção da estabilidade interna. Ninguém compreende isso também? É evidente.
Os Estados da UE deveriam deixar de lado as “subversões” para resolver os assuntos que os preocupam e lidar com os migrantes ilegais através de contactos com as autoridades bielorrussas, que já tinham declarado estarem prontas para cooperar. É um círculo vicioso.
Estes países (refiro-me, em particular, aos países da UE vizinhos da Bielorrússia) tomam parte ativa na intervenção nos assuntos internos. Aliás, não reconhecem as autoridades oficiais, apelando à Bielorrússia a reagir de alguma maneira a esta situação.
A parte bielorrussa sugeriu à União Europeia, ainda em abril deste ano (e continua a sugerir durante este tempo todo) manter consultas sobre migração ilegal. O que pensam que a União Europeia respondeu? Será que o chefe do Ministério do Interior da Alemanha não sabe? A União Europeia recusa-se. Repito pela terceira vez: é um círculo vicioso. Quem quiser retificar o vício, que demonstre as suas melhores capacidades analíticas.
Pergunta: O líder do partido governante polaco Lei e Justiça, Jarosław Kaczyński, disse ao jornal Gazeta Polska que a Rússia estava a conduzir uma “guerra híbrida de vários escalões”. Como a senhora comentaria esta declaração?
Porta-voz Maria Zakharova: Varsóvia oficial tem repetido sempre o mesmo tema com diferentes entonações. Já fomos acusados de tudo. Valia tudo: os direitos humanos, as ameaças, as hostilidades globais, não sei contra quem. Fomos acusados de subversão, agora resulta que somos responsáveis pelas crises migratórias. Houve muita coisa. E agora, sai a entrevista com o Vice-Premiê da Polónia, Jarosław Kaczyński, que não podia deixar o assunto russo sem comentário. Voltou a acusar-nos, como disse, de uma “guerra híbrida de muitos escalões”. Parece que este termo foi bem pensado para sublinhar que somos uma ameaça em todas as áreas, por isso disseram “de muitos escalões”. Desta vez, a subversão moscovita contra Varsóvia manifesta-se alegadamente pela incitação da crise migratória na fronteira polaco-bielorrussa.
É um absurdo. Temos acompanhado, muitos anos, a situação em que os refugiados, cuja maioria são nacionais do Médio Oriente, tentam cruzar a fronteira da União Europeia. Observamos esta situação juntamente com os nossos parceiros, que muitos anos tentam resolver este problema, inclusive no âmbito da Conferência sobre o Mediterrâneo. Há milhares, dezenas, centenas de milhares de migrantes. Os locais de entrada à União Europeia também variam. E agora, lembram-se do nosso país.
As causas da situação atual na fronteira polaco-bielorrussa devem ser procuradas nas ações dos nossos parceiros ocidentais, que geraram as “ondas de muitos escalões” da migração. O Ocidente não consegue encontrar uma solução correta e eficaz deste problema, mas protege a sua impotência nesta área com acusações rotineiras contra a Rússia, tradicionalmente tentando responsabilizar-nos.
É difícil não ver as razões disso. É preciso levantar todo um acervo de materiais da Conferência sobre o Mediterrâneo: intervenções, relatórios, entrevistas no âmbito dela, para se mergulhar na essência dos factos, estudar estes documentos e deixar de inventar acusações inexistentes, absurdas.
Pergunta: Bruxelas está a enviar numerosos sinais de hostilidade ao nosso país, à Bielorrússia aliada. Surge a impressão de que o MNE e o Kremlin não estejam a lidar com as duas organizações distintas, a NATO e a UE, mas com uma “União NATO-Europeia” consolidada. O fio das relações com a NATO já se rompeu, o que resta a esperar das relações com a UE?
Porta-voz Maria Zakharova: Falámos muito hoje sobre a NATO. Tratando deste “fio” que a senhora mencionou, com a NATO isto fica perto da verdade, com efeito. A senhora vê como está a situação.
Após o fracasso da retirada da Aliança do Afeganistão, Bruxelas, que é a sede da NATO, começou a tentar justificar a sua existência, inchando aquela mítica “ameaça russa”, metendo-se a destruir os canais restantes da nossa cooperação. Parece que a cooperação com a Rússia é contrária à natureza da NATO atual. Esta organização não conseguiu superar a lógica da Guerra Fria no desenvolvimento das suas conceções. Grosso modo, ela mesma é um atavismo da Guerra Fria. Ao cessar toda a cooperação com a Rússia e ao suspender as relações no âmbito militar, a Aliança incrementou a velocidade de deslizamento rumo aos esquemas de confronto próprios daqueles tempos.
A política de contenção da Rússia, promovida na NATO por Washington não pode deixar de afetar a política da União Europeia. Dizíamos isso muitas vezes. Infelizmente, o que ocorre é a substituição de conceitos políticos. A UE vem perdendo gradualmente a palavra política e o peso político. Vive um momento de repressão da sua vontade política pela vontade da NATO, um momento perigoso.
Quem mantém o papel principal neste processo? É o “grupo de ataque”: vários países da UE que não eliminaram as fobias históricas irracionais em relação ao nosso país. Discutimos hoje algumas delas. Não somente exploram, mas criam mitos antirussos nos seus interesses de conjuntura, nos interesses do “contratante” global, que também bem sabemos quem é. Mas o essencial é que, “respondendo” pela destruição, eles tentam impor, implementar esta sua ideologia viciosa a outros países membros da UE. Infelizmente, fazem isso usando os mecanismos de tomada de decisões existentes na UE. O projeto foi de integração europeia, visava construção e não uma “amizade contra” alguém. Graças aos esforços deste grupo de países, está a consolidar-se consequentemente a relação institucional entre a UE e a NATO. Trata-se, em termos gerais, da predominância da Aliança sobre a UE. No resultado, a UE continua a guiar-se por premissas obsoletas e não construtivas na área das relações com a Rússia, premissas que condicionam todo o complexo das nossas relações pelo cumprimento dos Acordos de Minsk – que, como sabemos, são sistematicamente sabotados por Kiev.
Há um exemplo, uma prova de surgimento da UE. Surgiu da “U” e da “E”, ou seja, da “União Económica”. A base da cooperação, naturalmente, é ligada à economia. De que é que a economia trata em todas as áreas? Da prioridade, do interesse e da vantagem direta da cooperação com o nosso país. Mas a UE age contra os seus próprios interesses, contra os interesses nacionais, económicos dos países que são seus membros. Predomina esta carga antirrussa, política. Por que? Porque a opinião dos cidadãos dos países membros da UE não foi levada em conta completamente. São doutrinas políticas impostas de cima: por um grupo de países, pelos países que defendiam esta abordagem externa, esta pressão da NATO, estas conceções únicas que ligam todos estes países.
A tríade formulada neste ano pelas estruturas europeias: “dissuasão, imobilização, cooperação seletiva” – ameaça ser um verdadeiro “triângulo das Bermudas” onde se perderão definitivamente as premissas para a revisão das relações com a Rússia numa chave mais construtiva. De que modo a “dissuasão, imobilização, cooperação seletiva” correspondem a estas bases do fundamento da UE? Como podem os países integrar e cooperar com outro país de que dependem, com que têm mantido décadas de relações mutuamente dependentes em várias áreas? Tudo isso é feito com base na “dissuasão, imobilização, cooperação seletiva”.
Contudo, devo salientar que a maioria (21 de 27) Estados da UE são membros da NATO, mas isso não faz estas estruturas idênticas nem em teoria, nem praticamente. Não obstante as divergências que persistem entre nós, a UE permanece, além de ser o nosso vizinho geográfico, o nosso maior parceiro comercial. Os contactos entre a Rússia e a UE continuam, inclusive ao nível mais alto, abrangendo um amplo leque de assuntos. Recentemente, o Ministro Serguei Lavrov manteve uma reunião com os representantes do mundo de negócios europeu. Leiam mais uma vez sobre a vantagem mútua e a prioridade da nossa cooperação em muitas áreas. São coisas evidentes. Ambas as partes manifestam o interesse em cooperar em áreas tão promissoras como a saúde, a luta contra a alterações climáticas e outras novas ameaças e desafios, o diálogo sobre assuntos internacionais e regionais relevantes.
Temos sempre tido a esperança de poder manter relações normais e de boa-vizinhança com a União Europeia com base na igualdade dos direitos e respeito mútuo de interesses. Porque, junto com países membros da UE, estamos a desenvolver a cooperação não somente nas áreas que mencionei, mas essencialmente no âmbito de projetos integracionistas, económicos, energéticos de grande envergadura, o que pode servir de um bom exemplo para o resto. Seria bom se este “grupo” que impõe essa russofobia aos outros, compreendesse a sua própria vantagem, se abstivesse das premissas “impostas” e empreendesse ações reais em prol dos seus próprios povos.
Pergunta: Acho que Washington é hoje um responsável principal pela “previsibilidade e estabilidade” nas relações da Rússia com o Ocidente coletivo, já que Bruxelas caiu fora. Podemos considerar isso uma “perda da cara” para a NATO e para a UE?
Porta-voz Maria Zakharova: O Ocidente coletivo já “perdia a cara” mais de uma vez, e nem sempre foi no contexto das relações com o nosso país. “Perdiam a cara” muitas vezes. Falando de nós (da situação em que forçosamente fomos envolvidos), era o ano de 2014, quando um golpe de Estado com o uso da força e anticonstitucional foi realizado na Ucrânia com apoio dos países ocidentais. Levando em conta a proximidade geográfica, a união histórica dos nossos países e povos, a integração económica, os planos e os projetos que tínhamos de longa data, tudo ficou evidente para nós. Juntamente com a “cara”, todas as “máscaras” foram tiradas. Já não tínhamos ilusões relativas aos valores verdadeiros dos nossos parceiros ocidentais. Não aguardávamos, nem aguardamos boa vontade para com a Rússia se as coisas são assim.
Mas este exemplo não é o único. Seria incorreto acreditar que o Ocidente só “perdia a cara” no contexto das relações, ligações, “tensões” mútuas com o nosso país. O Médio Oriente, a dita Primavera Árabe, os experimentos no Iraque, a tentativa de mudar todo o mapa do Médio Oriente e do Norte da África (Síria, Líbia), a imposição da visão deles quanto ao desenvolvimento de regiões inteiras.
A América Latina. Não “perdiam a cara” lá também? Lá, não era o Ocidente coletivo em si, só Washington primeiro.
Cuba é mais um exemplo da “loucura” coletiva do Ocidente e da sua contradição aos seus próprios princípios. As atividades criminosas levadas a cabo por tantos anos: o cerco económico, as acusações políticas sem fim, a pressão por todas as partes. Quanto se enxergou uma conjuntura por parte da Administração de Barack Obama, tudo começou a virar. Depois, chegou a Administração de Donald Trump, e voltaram a retórica e as ações mais agressivas ainda para com Cuba.
Talvez não precise mencionar a Venezuela, pois comentamos isso frequentemente. Aqui há uma intervenção nos assuntos internos e a tentativa de lançar mão dos métodos mais indignos de pressionar esse país. Não obstante toda a gravidade do impacto da pandemia da Covid-19, o Ocidente não parou sequer um segundo de perseguir as suas próprias ambições. Lembremos estes “projetos” infinitos de figuras pseudo-públicas, como Juan Guaidó etc.
O Afeganistão foi o fracasso de tudo. Não somente “perderam a cara” aqui, mas perderam tudo. A senhora vê que os exemplos são muitos.
Falando da nossa política externa, inclusive para com o Ocidente, esta não se baseia nas emoções ou na ideologia, mas nos interesses nacionais. Perguntam-nos com frequência: será que não têm ideologia? Claro que temos, e é formulada como interesse nacional. É a ideologia do pragmatismo, de persecução dos interesses nacionais com base no direito internacional observando tudo o que consagra relativamente aos Estados. Os nossos interesses nacionais apoiam-se na proteção dos cidadãos e na criação de condições externas favoráveis ao desenvolvimento interno sustentável da Rússia. Ao agir no âmbito desta abordagem, não nos recusamos, mesmo nas condições da crise de confiança instaurada pelo Ocidente, de um diálogo sobre as questões que nos interessam com quem vir demonstrar o interesse recíproco. Infelizmente, o que observamos são manifestações óbvias do contrário. A redução deste trabalho consequente e multifacetado aos contactos com uma capital ocidental ou com um grupo de países vai contra desta lógica.
Pergunta: Como o MNE da Rússia avalia a visita à Ucrânia do Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin? É um gesto de respeito ou uma tentativa de estimular a cooperação militar?
Porta-voz Maria Zakharova: Acreditamos que cada país tem o direito de manter relações com outros Estados soberanos em todas as áreas onde haja interesse mútuo. Por isso não consideramos viável comentar as visitas internacionais de Ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, do bloco económico.
Contudo, observámos o tom agressivo russófobo do chefe do Pentágono, encorajando diretamente o revanchismo do “partido da guerra” em Kiev. Isso toca-nos imediatamente, já que não somente provoca a tensão ao longo da linha de contacto em Donbass, mas também gera perguntas sérias sobre a observância real de Washington das suas próprias garantias de favorecer o cumprimento dos Acordos de Minsk.
Pergunta: Após as negociações trilaterais dos chefes das diplomacias da Rússia, do Azerbaijão e da Arménia que tiveram lugar em Moscovo a 14 de outubro, a parte azeri entregou à parte arménia, com a intermediação da Rússia, cinco militares. Podemos esperar por novos passos humanitários ou outros em breve, após essa reunião dos Ministros? Sem dúvida, Moscovo enquanto intermediário principal na solução e na normalização das relações entre o Azerbaijão e a Arménia, pretende conseguir um resultado no desbloqueio do transporte e da economia na região. A seu ver, há razões para esperar um resultado concreto ainda neste ano?
Porta-voz Maria Zakharova: Ontem, ocorreu em Moscovo a oitava sessão do Grupo de Trabalho trilateral para o desbloqueio de todos os transportes e relações económicas no Sul do Cáucaso, copresidida pelos Vice-Primeiros-Ministros da Rússia, do Azerbaijão e da Arménia. Para detalhes, confira o comunicado do Governo da Federação da Rússia.
Um dia antes, a 19 de outubro, mais cinco presos arménios conseguiram voltar à casa do Azerbaijão, com a ajuda dos militares russos. Aplaudimos este passo de Baku e manifestamos a esperança que o processo de retorno dos presos continue.
Um grupo de 122 detidos foram trocados desde dezembro de 2020, inclusive graças à intermediação russa. 105 pessoas voltaram à Arménia e 17, ao Azerbaijão.
Tencionamos continuar a prestar o auxílio necessário para normalizar as relações entre Baku e Yerevan em todas as áreas.
Pergunta: A semana passada foi muito intensa nas relações russo-azeris, especialmente no contexto da pandemia, quando se reduziram as visitas mútuas. Moscovo foi visitada pela Vice-Presidente da Fundação Heydar Aliev, Leyla Alieva, a Presidente do Milli Mejlis, Sahiba Gafarova, o Ministro da Energia, Parviz Shahbazov. Uma série de eventos conjuntos foi realizada. A presidente do Conselho da Federação, Valentina Matvienko, sublinhou que “a cooperação russo-azeri foi elevada para um patamar inédito”. Como o MNE da Rússia comenta esta atividade? E que eventos são agendados para este ano no contexto das relações russo-azeris?
Porta-voz Maria Zakharova: Apesar da pandemia da Covid-19, os contactos bilaterais permanecem muito intensos. Além das visitas referidas, a 13 de outubro o Santíssimo Patriarca Kirill reuniu-se com o Presidente da Administração dos Muçulmanos do Cáucaso, Allahshukur Pashazadeh, a 14 de outubro, os Ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e do Azerbaijão conversaram em Minsk “à margem” do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da CEI. Isso tudo comprova um alto nível das relações russo-azeris e da ramificação das nossas relações.
Esperamos que mais algumas reuniões e eventos de alto nível ocorram antes do fim do ano, vamos informar.
Pergunta: Ontem, foi aberta em Baku a Exposição Internacional “Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Nagorno-Karabakh”, que conta com a participação de empresas russas. Como a senhora avalia o desejo das empresas russas de participar na recuperação dos territórios libertados do Azerbaijão? Como a senhora pode comentar o desejo de Moscovo, manifestado a alto nível, de desenvolver a cooperação russo-azeri nesta área?
Porta-voz Maria Zakharova: Se percebi bem, trata-se de zonas devolvidas ao Azerbaijão conforme a Declaração dos líderes da Rússia, do Azerbaijão e da Arménia de 9 de novembro de 2020. Operadoras económicas russas manifestaram prontidão para participar na recuperação destes territórios após o conflito. A 23 de julho deste ano, uma missão empresarial, encabeçada pelo Vice-Ministro do Desenvolvimento Económico, Dmitry Volvach, esteve em Baku para definir áreas com perspetiva de cooperação. A 17-18 de novembro, um grupo de empresas russas prevê repetir a visita ao Azerbaijão.
Um dos exemplos de manifestação prática da cooperação russo-azeri e esforços nesta área é a cerimónia de lançamento do fundamento do centro conjunto de manutenção da empresa Kamaz e do consórcio Gyandzha Autoplant, que teve lugar a 4 de outubro no distrito de Dzhebrail.
Estamos interessados em ampliar a presença empresarial russa no Azerbaijão. Consideramos este trabalho conjunto uma componente importante das relações entre Moscovo e Baku, vamos fomentar este aspeto.
Pergunta: Apesar dos esforços políticos e declarações trilaterais, pessoas continuam a morrer em Nagorno-Karabakh e na fronteira arménio-azeri. O Primeiro-Ministro da Arménia, Nikol Pashinian, sugeriu reforçar os mecanismos trilaterais de investigação de incidentes armados e de controlo do cessar-fogo. Como a parte russa encara isso?
Porta-voz Maria Zakharova: A situação na zona de responsabilidade do contingente pacificador russo, inclusive os recentes incidentes, foi objeto de discussão no decurso da reunião trilateral dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, do Azerbaijão e da Arménia a 14 de outubro em Minsk, no âmbito do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da CEI. É também objeto de contactos regulares ao nível do comando do contingente de paz russo e dos Estados-Maiores das forças armadas da Arménia e do Azerbaijão.
Aplicamos todos os esforços para não permitir violações do cessar-fogo na zona de responsabilidade do contingente pacificador russo.
Pergunta: O membro da Direção da Câmara de Comércio Irão-Rússia, Jalil Jalifar, disse recentemente que “em virtude dos acontecimentos no Noroeste, deparámo-nos com uma série de atos de sabotagem e com a recusa do governo do Azerbaijão de cooperar; o Azerbaijão dificulta as exportações do Irão à Rússia através do ponto de passagem de fronteira de Astana”. Como a senhora avalia estas dificuldades surgidas por culpa do Azerbaijão?
Porta-voz Maria Zakharova: Manifestamo-nos consequentemente pela redução das tensões na fronteira entre o Azerbaijão e o Irão. Estamos convencidos de que todas as questões nas relações entre estes dois Estados próximos devem ser resolvidas exclusivamente por meios político-diplomáticos, as divergências devem ser superadas na vertente de boa-vizinhança. Da nossa parte, empreendemos esforços no intuito de desbloquear todas as relações económicas e transportes no Cáucaso do Sul. Partimos da premissa de que este trabalho deve levar em conta os interesses de todos os países da região, inclusive o Irão, claro.
Pergunta: Como a Rússia avalia o estado atual do formato “três mais três”? Que obstáculos persistem ainda nesse caminho?
Porta-voz Maria Zakharova: A ideia de criar um mecanismo de consultas regional “três mais três” (Azerbaijão, Geórgia, Arménia mais Irão, Rússia, Turquia) foi sugerida pelos Presidentes do Azerbaijão, Ilham Aliev, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A Rússia apoiou esta iniciativa.
Partimos da premissa de que o fomento à cooperação regional multilateral corresponde aos interesses de todos os supostos participantes deste formato. A nosso ver, o seu lançamento iria ajudar a aumentar o nível de confiança nas relações interestatais, solução das divergências existentes e revelação do potencial económico, logístico e humanitário da região.
Vemos que vários países ocidentais, antes de tudo os EUA, tentam impedir certos processos, obstaculizar esta iniciativa. É característico que os parceiros americanos façam desinformação. Por exemplo, atribuem a iniciativa “três mais três” à autoria de Moscovo, montando mais um jogo estranho de cunho russófobo. São os factos. Sim, nós apoiámos este formato, mas a iniciativa partiu de outros países.
Da nossa parte, esperamos o rápido lançamento do mecanismo de consultas regionais “três mais três” para o bem de todos os seus participantes.
Pergunta: Recentemente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, comentou a situação no Sudão. Ele observou que a desestabilização da situação interna do país é a culpa de vários atores estrangeiros, antes de tudo, dos EUA. Tendo em vista as desordens que continuam em Cartum e as divergências visíveis no governo de transição, os interesses russos ficam arriscados? Atores externos afetam isso?
Porta-voz Maria Zakharova: Refere-se ao comentário do Ministro Serguei Lavrov feito no decurso da conferência de imprensa após as negociações com a sua colega da Guiné-Bissau. A transcrição da conferência é publicada no nosso site. Pode conferir o que disse o Ministro Serguei Lavrov ao responder a esta pergunta.
Eu só posso confirmar a nossa posição. Nós não iniciámos a divisão desse país. Espero que haja uma compreensão inicial da história do assunto. Ao ler-se os materiais a este respeito, cria-se a impressão de que novamente buscam “os culpados”. Vou lembrar que vários atores externos, antes de tudo os EUA, decidiram que seria melhor para os sudaneses viver em dois Estados independes.
Começou a campanha da intervenção externa, impunham-se atitudes relativas ao modo de os sudaneses construírem a democracia no sentido ocidental da palavra. No resultado, a estrutura tradicional da sociedade sudanesa está a sofrer uma tensão grave.
Partimos da tese de que é necessário parar toda a intervenção nos assuntos internos deste país (como os de outros países), que o povo sudanês deve ser quem define o seu destino. É o nosso princípio fundamental, baseado no direito internacional e na Carta da ONU. Esperamos que todos os que tentam opor-se a este princípio reconheçam plenamente a responsabilidade pelo destino do Estado e do povo cuja vida tencionam refazer em consonância com seus próprios moldes.
Pergunta: A senhora não acha que o encerramento de representações diplomáticas nos países ocidentais e em organizações diversas vai levar ao isolamento da Rússia na comunidade europeia?
Porta-voz Maria Zakharova: Percebe bem que a gente da NATO tem estado a reduzir progressivamente o pessoal da nossa missão. Os contactos dos diplomatas russos na sede da NATO ficaram reduzidos praticamente a comunicação restritiva. É uma aliança político-militar, as questões de segurança não podem ser discutidas sem a participação dos militares, todos os seus contactos ficaram cancelados. Não somos nós quem encerra, mas eles fazem de tudo para impedir o trabalho.
Nós sublinhamos que, em caso de questões urgentes ou “desejo de conversar”, poder-se-á dirigi-las à Embaixada da Rússia na Bélgica. Até recentemente, existiam três locais em Bruxelas: a Embaixada (trata das relações bilaterais com o Reino), a Representação Permanente junto à NATO e a Representação Permanente na UE. Em função das ações da Aliança, a Representação Permanente junto à NATO teve o destino que teve. Se eles quiserem conversar, podem dirigir-se diretamente à nossa Embaixada e ao Embaixador em Bruxelas.
Pergunta: Como a senhora perspetiva o futuro das relações entre a Rússia e a China nas condições de mudança da situação geopolítica mundial?
Porta-voz Maria Zakharova: Vou dividir a sua pergunta em duas. As relações entre a Rússia e a China têm um grande valor próprio. O seu progresso global não depende da situação mundial em outras áreas. A China é o parceiro chave da Rússia. As nossas relações nesta etapa estão a viver a melhor época historicamente, e esta história é longa. A qualidade das relações bilaterais é o resultado do trabalho assíduo conjunto de muitos anos, que conseguiu construir um modelo inédito de diálogo interestatal. O quadro legal da nossa cooperação fica consignado no Tratado de Boa-Vizinhança Amizade e Cooperação russo-chinês. Acabamos de comemorar 20 anos desde a sua assinatura. A qualidade essencial deste documento consiste em que não perdeu a relevância, apesar de ter sido assinado há vinte anos, acumulando grandes oportunidades para o desenvolvimento qualitativo das nossas relações conforme os desafios que vêm a surgir.
A cooperação com Pequim assenta-se nas normas universais do direito internacional e não é direcionada contra terceiros países. A coordenação eficiente dos passos políticos externos da Rússia e da China vem tornar-se um fator de estabilização da situação regional e global.
As relações russo-chinesas não precisam de ser equilibradas por um “jogo” de divergências americano-chinesas. Estamos convencidos de que a nossa cooperação é muito mais madura em termos de nível de confiança mútua, sustentabilidade e profundidade, do que as alianças políticas dos tempos da Guerra Fria, que eram construídas sobre um fundamento ideológico, com a hierarquia rígida, visando confronto com outros países, não permitindo que relações se desenvolvessem em outras partes do mundo e que atores regionais se fortalecessem. O diálogo entre a Rússia e a China baseia-se na recusa aos “jogos de soma zero”, no respeito mútuo e no respeito dos interesses de dois parceiros iguais, não tem assuntos proibidos, e a união das posturas consegue-se graças à troca construtiva de opiniões amplamente argumentadas.
O modelo de cooperação interestatal que a Rússia tem com a China é um belo exemplo de relações de duas potências responsáveis no século XXI. Acreditamos que é ótima e corresponde aos nossos interesses a longo prazo.
Pergunta: O Ministro russo Serguei Lavrov declarou que a NATO devia dar o primeiro passo se a Aliança quiser melhorar as relações com a Rússia. Que passos deve empreender a NATO? Em que condições a Rússia estaria pronta para o diálogo? Há algo concreto?
Porta-voz Maria Zakharova: Há muita coisa concreta. Não deixamos de dizer isso. Tudo está centrado na resposta à pergunta principal: o que é que a NATO quer? Qual é a posição da Aliança? Se quer o diálogo, deve haver diálogo. Mas um diálogo é impossível se “o cabo telefónico é cortado”. Vão “falar para o aparelho desconectado”. Será isso um diálogo? Mas é o que está a acontecer. Portanto, estas perguntas devem ser feitas à Aliança.
Mesmo nos tempos mais difíceis, deixávamos aberta a “porta diplomática” para a troca de opiniões, para o processo de negociações. Partíamos da premissa de que os problemas deviam ser resolvidos pelo diálogo. Infelizmente, recentemente todos os contactos ficavam reduzidos ao ouvirmos as teses obsoletas e rotineiras que nada tinham em comum com a realidade e que não respeitavam o ponto de vista do nosso país. Era o mesmo “disco” repetido muitas vezes. Alteram-se as reuniões, a sua geografia, a sua duração, mas só ouvimos a mesma coisa. Só que a velocidades diferentes.
Vejamos a infraestrutura deste diálogo. Os diplomatas trabalhavam, porém, os contactos ficaram impossíveis. A Aliança destruiu toda a infraestrutura necessária à comunicação e diálogo normais. O que fazer? É uma pergunta para a NATO. Compreendemos agora que eles queriam destruir as relações por completo. Se quiserem outra coisa, precisamos compreender o quê. A Aliança deve formular isso. Será que querem que nós não existamos? Isso não pode ser. Quanto ao resto, sempre serão precisas a análise, a diplomacia, os conhecimentos, o profissionalismo, a sabedoria e muitas outras coisas.