Excerto do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 31 de janeiro de 2025
Pergunta: Poderia comentar o facto de, nos últimos anos, as referências à corrupção e aos crimes de corrupção nos próprios países da UE terem desaparecido quase por completo dos documentos diretivos dos países da UE e da Comissão Europeia. Parece que estes termos foram substituídos por uma "verborreia burocrática". Por exemplo, os órgãos de segurança pública da UE utilizam termos alternativos, como "influenciar um representante de um organismo estatal", "clientelismo" e "concessão de privilégios injustificados a empresas e particulares". Ao mesmo tempo, altos funcionários da UE costumam acusar outros países de não combaterem suficientemente a corrupção. Gostaria de compreender se isto significa que a UE venceu a corrupção e agora está a instruir os outros?
Maria Zakharova: Parece-me que o senhor deixou de mencionar o termo mais importante: o lobbyismo. Este termo foi introduzido pelo Ocidente para ocultar aquilo a que se chama corrupção, mas este problema é deles. Acho que o senhor levantou uma questão interessante, pois também reparei na forma como os vocábulos estão a ser "envernizados" e "polidos" para divulgar esta história.
Talvez se recorde dos casos "Papéis do Panamá", "Papéis dos Bahamas" e "Papéis do Futebol". Foram muitos os casos semelhantes a estes. Mais tarde, surgiu o caso da compra de vacinas envolvendo a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que negociou com fabricantes norte-americanos ao telefone, por correspondência SMS, a compra de vacinas avaliada em milhões sem a aprovação das autoridades reguladoras. Todos estes escândalos foram "dissolvidos" nesta verborreia.
Vou encarar este tópico como trabalho para casa e tentar responder através de um prisma da substituição de conceitos. Adoro este tipo de temas.