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Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 24 de março de 2022

615-24-03-2022

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, preside à reunião do Conselho de Curadores da Fundação de Diplomacia Pública Aleksander Gorchakov

 

Como informámos no briefing anterior, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, presidirá, no dia 25 de março, a uma reunião do Conselho de Curadores da Fundação de Diplomacia Pública Aleksander Gorchakov. Os participantes analisarão o desempenho da Fundação em 2021 e aprovarão um plano de ação face à transformação global em curso das relações internacionais.

 

Comissão de Cooperação Internacional e Apoio às Comunidades Russas no Estrangeiro do "Rússia Unida" realiza reunião

 

A Comissão de Cooperação Internacional e Apoio às Comunidades Russas no Estrangeiro do Conselho Geral do Partido "Rússia Unida" criada por ordem do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, realiza, no dia 28 de março, na Mansão do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a sua segunda reunião. A reunião será presidida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e terá como tema central as violações dos direitos da população russófona da Região de Donbass e da Ucrânia, garantias da segurança e a defesa dos direitos e interesses dos russos que vivem no estrangeiro, a luta abrangente contra a campanha antirrussa desencadeada pelos meios de comunicação social e as sanções ilegais do Ocidente coletivo. Também serão abordadas questões relacionadas com o desenvolvimento da cooperação entre os partidos dos países da CEI, países asiáticos, africanos e latino-americanos.

 

China acolhe a 3ª edição da Conferência Ministerial dos países vizinhos do Afeganistão

 

A 3ª Edição da Conferência Ministerial dos países vizinhos do Afeganistão (Rússia, China, Irão, Paquistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão) realiza-se no dia 31 de março, em Tunxi, na China. A delegação russa será chefiada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.

A próxima reunião é uma boa oportunidade para discutir a coordenação dos esforços regionais para a prestação de uma ajuda humanitária e socioeconómica ao Afeganistão e para concertar as posições no combate às ameaças do terrorismo e do tráfico de droga provenientes do território do Afeganistão.

Estão previstas uma reunião entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países vizinhos do Afeganistão e uma delegação dos Talibãs à margem do evento e uma reunião de representantes especiais da "troika alargada" sobre o Afeganistão (Rússia, China, EUA e Paquistão).

Se o Ministro dos Negócios Estrangeiros tiver reuniões extra-agenda, iremos informar-vos prontamente.

 

Ponto da situação na Ucrânia

 

Passou-se um mês desde o início da operação militar especial na Ucrânia. Os seus objetivos continuam inalterados: desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, defender os habitantes das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk contra a agressão do regime de Kiev e de acabar com as ameaças à Rússia que emanam daquele país. A operação realiza-se de acordo com o plano elaborado. Todos os objetivos declarados serão alcançados.

Gostaria de salientar em especial que os militares russos estão a cumprir as missões que lhes foram atribuídas com precisão e com grande cuidado para não prejudicar os civis, abrindo unilateralmente corredores humanitários para que possam sair em segurança das zonas de combates. As forças armadas da Ucrânia e os batalhões nacionalistas que delas fazem estão a tentar impedir que isto aconteça. A vida normal está a ser restaurada nas áreas libertadas dos nacionalistas.

As autoridades de Kiev não querem saber dos seus cidadãos. As unidades militares ucranianas utilizam civis como escudo humano (o mundo não viu coisas como estas na história moderna), mantêm-nos à força nas cidades cercadas e impedem-nos de se retirar para a Rússia, sob pena de morte. Alguns cidadãos ucranianos querem deixar as regiões perigosas na direção da Rússia onde têm familiares e amigos. As unidades punitivas ucranianas não lhes permitem fazê-lo.

Os corredores humanitários só começaram a funcionar depois de a milícia de Donetsk, apoiada pelas Forças Armadas russas, ter quebrado a resistência dos neonazis na cidade de Mariupol. Os militares ucranianos, que retiveram civis como reféns, estão de novo a esconder-se vergonhosamente atrás das costas de mulheres e crianças, tentando fugir disfarçados de cidadãos comuns.

As embaixadas ucranianas no estrangeiro continuam a recrutar voluntários e mercenários para combater no seu país, uma coisa que não tem precedentes. Os governos de muitos países cujos cidadãos estão a ser recrutados pelos ucranianos fazem vista grossa a esta violação do direito internacional, principalmente da Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas e das suas legislações nacionais.

Os países membros da NATO continuam a inundar a Ucrânia com armas, o que não só prolonga as hostilidades, mas também pode ter consequências imprevisíveis. Nas últimas semanas, só Washington enviou a Kiev uma ajuda militar no valor total de mil milhões de dólares. Trata-se de centenas de MANPAD Stinger, milhares de mísseis anticarro Javelin, lança-granadas e outras armas. De acordo com a Casa Branca, pelo menos outros 30 países forneceram à Ucrânia diversos tipos de armas. Isto representa uma ameaça à segurança da população civil, dado que os nacionalistas e militantes ucranianos estão a usar civis como escudo humano e escondem-se atrás das suas costas em áreas residenciais.

Fornecendo armas à Ucrânia, os países ocidentais estão a violar grosseiramente os seus próprios compromissos em matéria de não proliferação e armazenamento seguro de armas, incluindo os documentos da OSCE sobre armas ligeiras, os Princípios que regem as transferências de armas convencionais e os Princípios para o Controlo das Exportações de Sistemas de Defesa Antiaérea Portáteis.

Que os nossos "parceiros" ocidentais não fiquem surpreendidos quando as armas que outrora forneceram a Kiev surgirem nos locais menos esperados, como sempre acontecia antes. As suas ações contribuíram para criar uma ameaça terrorista para a Europa e para todo o mundo. Já vimos como as aeronaves civis foram abatidas pelos MANPADS fornecidos pelos EUA aos terroristas e militantes nas regiões onde os EUA apoiaram mudanças de regimes ou extremistas moderados e onde consideraram necessário "apoiar a democracia". Com o tempo, estas armas foram usadas pelos extremistas para abater aviões em que seguiam nacionais de países da NATO. Os exemplos disso chegam e sobram.

Os militares ucranianos criaram graves riscos para a navegação no Mar Negro e noutros mares. Trata-se de 400 minas âncora ucranianas obsoletas instaladas nas águas próximas dos portos de Odessa, Ochakov, Chernomorsk e Yuzhny. Como resultado, cerca de 60 navios não podem abandonar os portos ucranianos. As minas navais desancoradas flutuam na direção do Estreito do Bósforo e podem mesmo chegar ao Mar Mediterrâneo, o que representa uma ameaça para a navegação civil. O Departamento de Hidrografia, Navegação e Oceanografia da Marinha da Turquia emitiu um aviso a este respeito.

As delegações russa e ucraniana continuam a negociar por videoconferência o projeto de acordo sobre a resolução da situação na Ucrânia, a sua neutralidade e garantias da sua segurança. Os aspetos militares, políticos e humanitários também estão a ser discutidos.

Esperamos que Kiev venha a compreender a inevitabilidade de uma solução pacífica para o problema da desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, e a sua transformação num país neutro em benefício do seu povo e de toda a Europa. Quanto mais rápido o regime de Kiev e os seus tutores compreenderem isto, mais rápido a operação militar especial terminará. Exortamos a administração Zelensky a refletir sobre o futuro do seu país e do seu povo, a tirar conclusões e a tomar as respetivas decisões.

Eles já perderam a grande oportunidade de manter a Ucrânia soberana e independente dentro das suas fronteiras em 2014 e 2015. Durante sete anos, tentámos persuadir as equipas do Presidente Petro Poroshenko e depois do Presidente Vladimir Zelensky a aproveitá-la para tornar o seu país próspero. Para tanto, utilizámos todos os fóruns, incluindo os canais internacionais e bilaterais, para lhes explicar que não havia outra opção a não ser tomar as medidas previstas pelo Plano de Ação de Minsk. Caso contrário, o país esboroar-se-ia, é ao que estamos a assistir neste momento. Isto está a acontecer diante dos olhos de todo o mundo. Ao que parece, a "vontade" do tutor principal do regime de Kiev, que não precisava da Ucrânia como país, é demasiadamente forte. Para Washington, a Ucrânia e o povo ucraniano são um instrumento, um objeto inanimado. Foram lançados para a "fornalha" para manter ardentes as ambições e a "excecionalismo" norte-americanos.

Agora, a oportunidade realmente existe, apesar de estarmos a ouvir perguntas sobre a razão por que estamos a dialogar com os indivíduos que odeiam o seu próprio povo e estão dispostos a fazer qualquer coisa em prol da ideologia que lhes foi imposta. Acreditamos que ainda a oportunidade ainda existe.

 

Sobre o recrutamento de militantes na Síria para a Ucrânia

 

Uma campanha de recrutamento de estrangeiros para combater na Ucrânia contra a Rússia está em curso no Médio Oriente. Os mercenários estão a ser recrutados com a ajuda das embaixadas ucranianas em violação da Convenção de Viena de 1961.

De acordo com os dados disponíveis, a campanha está a ser realizada em estreita coordenação entre os serviços secretos ocidentais e o Serviço de Segurança da Ucrânia. Com efeito, esta é mais uma tentativa de alguns círculos ocidentais de "domesticar" os radicais do Médio Oriente e canalizar a sua energia destrutiva para a luta contra a Rússia e, em geral, contra a ordem internacional baseada no direito internacional. Os fracassos das experiências anteriores não fazem os engenheiros geopolíticos anglo-saxónicos parar. Ao que parece, o frenesim russófobo bloqueou-lhes completamente a memória, pelo que não se lembram aparentemente dos atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque, ataques terroristas em Londres e outras capitais europeias, milhares dos seus compatriotas mortos no Iraque e da sua vergonhosa retirada do Afeganistão. Eles esperam que a experiência ucraniana tenha êxito e que consigam criar terroristas "submissos" que lhes obedeçam no futuro. O Ocidente tem tido tais ilusões há décadas, criando terroristas que, mais tarde, se viravam, contra os seus criadores, atacando-os de forma feroz. Extremistas e terroristas deste tipo criam-se com sangue. Agora é o sangue dos russos, ucranianos e de outros grupos étnicos que vivem na região. Para os extremistas importados do Médio Oriente para a Ucrânia somos todos iguais. Eles não distinguem um soldado russo de um ucraniano, um húngaro, um polaco, um judeu ou um grego. Irão simplesmente inebriar-se com a oportunidade de praticar violência proporcionada pelos seus recrutadores.

O cinismo extraordinário dos ocidentais está no facto de a campanha de recrutamento nas regiões não controladas pelo governo sírio estar a ganhar largas proporções. Os militares dos EUA e de outros países da NATO estão ali ilegalmente presentes desde 2014 sob o pretexto de combater o terrorismo internacional. Não pretendem prestar contas a ninguém, nem jogar cinzas sobre a cabeça. Estão simplesmente presentes no local a extrair petróleo, a recrutar terroristas e a enviá-los para outras regiões do mundo. Eles precisam de lá estar e estão lá. Os jornalistas não fazem nenhumas perguntas aos seus governos. Quem morre às mãos dos militares norte-americanos? Porque estão lá? Quem lucra com a venda ilegal de petróleo e outros recursos naturais sírios deste país independente? Ao que parece, esta luta evoluiu, com o tempo, para uma " irmandade de armas" que permite a estas pessoas contar com a ajuda dos prisioneiros de guerra do grupo terrorista EI na "defesa da Ucrânia democrática contra a agressão russa".

Gostaria de perguntar: como é que estes passos se coadunam com o mecanismo de desconflito russo-norte-americano que funciona na Síria? Haverá alguém do outro lado da linha em Washington que possa responder?

Advertimos novamente que o flerte com terroristas não terá bom efeito. Quem põem um cão raivoso contra o seu vizinho corre o risco de ser atacado.

 

Secretário de Defesa britânico recebe um telefonema de pregadores de partidas russos

 

Prestámos atenção a um acontecimento curioso que chocou não só a Rússia como também o Reino Unido. Trata-se de uma excelente entrevista concedida pelo Secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, a pregadores de partidas russos.

No início, estávamos curiosos para saber se era um vídeo verdadeiro ou uma falsificação? De acordo com as declarações do Ministério da Defesa do Reino Unido, é, de facto, uma entrevista real concedida pelo Secretário de Defesa britânico.

O que é surpreendente não é que Ben Wallace não tenha sido capaz de distinguir os brincalhões de funcionários ucranianos. Deixo isso para o julgamento do público britânico. O que é verdadeiramente espantoso é a facilidade com que os funcionários britânicos falam sobre a possibilidade de Ucrânia obter armas nucleares e sobre o apoio de Londres. Não há protesto, não há perguntas e nem sequer espanto. Esta situação confirma apenas uma coisa: estes planos foram acalentados não só pela Ucrânia como também pela NATO. Estavam prontos para este desdobramento.

Compreendo os protestos do Ministério da Defesa do Reino Unido, que exige que o YouTube remova o vídeo. Dizem que "representa uma ameaça para a segurança nacional do Reino Unido". De facto, o vídeo revela os planos daquilo que deveria ser feito à Ucrânia.

O plano era o seguinte: primeiro encher o país de armas, depois pôr militarmente fim à "história" em Donbass, e depois instalar ali tudo o que implica uma presença da NATO. A criação e desenvolvimento de armas nucleares deveria ter sido uma cereja do bolo. Claro que, do seu ponto de vista, o vídeo deveria ser retirado com urgência, pois se trata de um facto histórico.

 

Sobre briefing do Comandante das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia, Igor Kirillov

 

No contexto da visão dos ideólogos da NATO sobre como os acontecimentos deveriam ter-se desenvolvido na Ucrânia, gostaria de chamar a vossa atenção para um briefing de Igor Kirillov, Comandante das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia. Ele e eu estamos na mesma lista de pessoas visadas pelas sanções, provavelmente porque ambos citamos factos que são impossíveis de desmentir.

Hoje, Igor Kirillov fez o seu briefing em que disse haver novas provas e relatórios que permitem refazer o esquema de interação da máquina administrativa dos EUA com as instalações biológicas ucranianas. Estavam diretamente ligadas entre si.

"É de salientar que as estruturas que estão diretamente ligadas à atual administração dos EUA, por exemplo o Fundo de Investimento Rosemont Seneca, estão envolvidas no financiamento das referidas atividades". O fundo é presidido por um tal Hunter Biden. "O fundo tem recursos financeiros substanciais e está estreitamente ligado aos principais empreiteiros do Departamento de Defesa dos EUA, incluindo a Metabiota, uma empresa que é, juntamente com a Black&Veatch, é um dos principais fornecedores de equipamento para os laboratórios biológicos do Pentágono em todo o mundo".

A ligação entre a família Biden e as empresas ucranianas é bem conhecida, tanto nos EUA como no mundo afora. Mas desta vez, surgiram novas provas horríveis. O que lá iam fazer é realmente o "caminho para o inferno". Trata-se do envolvimento do setor público norte-americano e de grandes empresas norte-americanas, de facto assiste-se a um elo de corrupção, em atividades ilegais relacionadas com os laboratórios biológicos e o desenvolvimento de armas biológicas na Ucrânia.

Gostaria de chamar mais uma vez a vossa atenção para o briefing de Igor Kirillov, Comandante das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia. Ele cita provas que não podem ser refutadas por declarações ocas de representantes da Casa Branca, do Departamento de Estado ou do Pentágono. Os secretários de imprensa não têm o que fazer ali. Este deve ser confiado a especialistas e advogados que devem investigar as atividades criminosas dos EUA na Ucrânia.

Isto representa uma ameaça não só para a Ucrânia e para toda a região. Isto representa uma ameaça para continentes inteiros, principalmente para a Europa, Ásia e Eurásia.

 

Ativista ucraniana Yelena Berezhnaya é presa na Ucrânia

 

Estamos muito preocupados com as detenções de ativistas da sociedade civil da Ucrânia.

É o caso de Yelena Berezhnaya que dirige o Instituto de Política Jurídica e Proteção Social e foi presa a 17 de março corrente.

Yelena Berezhnaya é ativista de direitos humanos internacionalmente conhecida. Em 2014, ela discursou várias vezes na ONU, na OSCE e no Conselho da Europa para criticar as políticas discriminatórias do governo ucraniano contra a população russófona da Ucrânia, apresentar provas de perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana e protestar contra as tentativas de implantar o culto de Stepan Bandera e de outros cúmplices nazis na Ucrânia.

Temos motivos sérios para nos preocupar com a vida e a integridade física de Yelena Berezhnaya por causa da sua detenção. Vemos o que se passa na Ucrânia: pessoas estão a ser tomadas como reféns, usadas como escudos humanos ou raptadas, tanto adultos como crianças. Exigimos que a ativista ucraniana e as outras figuras da sociedade civil e civis ilegalmente detidos sejam imediatamente libertados.

Esperamos também que as estruturas e agências internacionais especializadas da ONU e da OSCE reajam e se interfiram nesta situação, uma vez que não se cansam de declarar que estão sempre muito atentos à problemática da repressão contra os ativistas de direitos humanos.

 

Sobre declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros da França

 

Prestámos atenção às declarações sobre a Rússia feitas há dias pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, a propósito da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

Gostaria de salientar que os Ministros dos Negócios Estrangeiros de alguns países ocidentais, esquecendo-se das regras básicas de boas maneiras e legalidade, se permitem declarações que vão contra a ética profissional e os aspetos legais do assunto em questão. Entre eles está   Jean-Yves Le Drian que usou alguns meios de comunicação social para se exercitar na retórica, fazendo declarações emocionantes anti-russas em que acusa o governo da Rússia de crimes de guerra na Ucrânia e de ter desencadeado uma "guerra de informação e propaganda". É a nos que ele acusa disso? Penso que ele errou um pouco. Pode ser que não tenha aprendido a história do seu país? Que leia alguns materiais publicados sobre a Líbia, uma guerra de propaganda e informação, têm de tudo. Que leia os materiais sobre o assunto publicados pelos mass media franceses. O governante francês já viu um número do jornal francês Charlie Hebdo dedicado à Ucrânia? Se ele não lê a imprensa, posso dizer-lhe que esta "publicação satírica" chamou aos ucranianos "animais". Pode pensar o que quiser sobre políticos e regimes, pode exercitar-se na sátira e no humor, mas se apoia pessoas, civis, tem de estar atento ao que os meios de comunicação e jornalistas do seu país dizem sobre eles. Compreendemos que a situação na Ucrânia e as declarações dos jornalistas ucranianos passam dos limites legais (é por isso que a operação de desnazificação está a ser realizada na Ucrânia), mas os jornalistas franceses têm sido sempre tratados bem na Ucrânia com base nos princípios da liberdade de expressão. O que se passa ali? Onde está a perspetiva objetiva e o pluralismo de opiniões? Será que as pessoas forçadas a fugir do seu país e procurar refúgio na Europa não merecem pelo menos algum respeito? Muitas delas querem ir à Rússia, sendo, contudo, impedidas de fazê-lo e chamadas de "animais" pelos mass media franceses. A julgar por estas declarações, tal Ministro dos Negócios Estrangeiros, tal publicação satírica.

Tenho uma pergunta. Porque, passados tantos anos, Paris não se deu o trabalho de apurar as causas da crise ucraniana? No final de contas, eles copatrocinaram a busca de uma solução. Gostaria de lembrar que a França teve oito anos para garantir e mediar (embora em vão, como podemos ver agora), juntamente com a Alemanha, o conflito no sudeste da Ucrânia no âmbito do formato Normandia. Desde o momento em que os dramáticos acontecimentos começaram na Ucrânia, na sequência do golpe de Estado inconstitucional apoiado pelo Ocidente e perpetrado por extremistas, temos vindo a dizer com paciência a Paris e a Berlim que assumem posições seletivas em relação aos acontecimentos na Ucrânia e que a prática, por elas adotadas, de silenciar as ações ilegais russófobas por parte do regime de Kiev e a sua recusa aberta em cumprir os acordos de Minsk que resultou numa contínua agressão militar da parte do regime de Kiev, das forças armadas ucranianas e dos batalhões nacionalistas que se tinham infiltrado no exército ucraniano, contra a população da Região de Donbass é perniciosa. O Ocidente coletivo também deixou passar despercebidas as numerosas baixas civis na Região de Donbass.

Atualmente, os nossos parceiros ocidentais estão a fornecer energicamente às desacreditadas autoridades de Kiev armas de toda a espécie, incluindo MANPADS.  Não é segredo para ninguém que estas armas estão a ser distribuídas a quem desejar obtê-las e aos criminosos soltos da prisão. Acho que o governo de Paris deve compreender para onde estes criminosos armados com MANPADS irão mais tarde.  Não pararão na Polónia, nem na República Checa, irão adiante. O Ocidente está a moldar agora o seu futuro. Não adianta fazer perguntas retóricas sobre onde e quando as armas ocidentais que foram distribuídas na Ucrânia e caíram nas mãos dos nacionalistas e criminosos libertados das prisões irão disparar e quem estará na mira? A resposta é clara: estas armas começarão a disparar nos países da NATO que estão agora a aplaudir os fornecimentos militares. Podem perguntar: porquê? Porque tem sido sempre assim. Todos os extremistas e militantes ensinados e armados pelo Ocidente acabaram por se virar contra ele. Não sei se alguma "lei da filosofia" ou uma força mística maior está por detrás disto. Não sei dizer. Mas sempre foi assim, e sê-lo-á agora.

Esta ligação lógica, aparentemente estranha, é descrita em numerosas obras de ficção e documentários. É melhor compreenderem-no agora. Pode ser que Paris, Berlim e Londres achem que a Europa de Leste poderá servir de zona de tampão para fazer parar os extremistas? Não servirá. Eles conseguirão chegar ao destino cobiçado, como sempre o fizeram. Não estou a tentar assustar ninguém. Estou apenas a avisar e a explicar o que vai acontecer.

Antes de especularem sobre "crimes de guerra", deveriam, para começar, recordar a sua própria história e os ataques aéreos da NATO contra a Jugoslávia e a Líbia, o Iraque. Sei que a França não esteve envolvida, mas como país membro da NATO participou em muitos outras operações. Agora todos esqueceram rapidamente que a Ucrânia também havia participado na campanha contra o Iraque e ninguém a condena. Vão-se rir, mas a própria Nadezhda Savchenko serviu no contingente de tropas ucraniano enviado para o Iraque para apoiar a NATO. Coisas que acontecem na história. Nesta altura, a história seguirá o mesmo curso.

Paris desempenhou o papel de "concertino" no colapso do Estado líbio. Como resultado, o país, outrora próspero, ficou mergulhado num desastre humanitário que tem assolado a Líbia desde 2011. Quando é que os que estão nos Campos Elísios serão levados à justiça para responder pelas suas ações naquele país? Nunca?  É uma pena. Neste contexto, gostaríamos de recordar ao Ministro dos Negócios Estrangeiros francês que as ações da França resultaram no aparecimento de numerosos grupos terroristas de todos os matizes que se espalharam rapidamente na Líbia e na região do Saara-Sahel. As tentativas de fazer frente à ameaça terrorista na região do Saara-Sahel feitas pela França ao longo dos últimos dez anos não deram resultado. Talvez Paris se lembre dos ataques terroristas perpetrados recentemente em diversas regiões da França? Não foi de repente que foram efetuados. Devem também ter tido algo como causa. Coisas como estas acontecem sempre que se fazem experiências de mudança de regimes e fornecimento de armas a extremistas e terroristas. Existe uma lei da história que diz: tudo volta por onde vem. Todas as críticas lançadas pela França e outros países ocidentais contra a Rússia resumem-se a um ditado russo que diz: "Vemos o argueiro no olho alheio, e não vemos a trave no nosso". 

 

Sobre declaração de um grupo de países ocidentais sobre o aniversário dos acontecimentos na Síria

 

Tomámos nota da declaração conjunta dos EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Itália, publicada a 15 de março de 2022, por ocasião do 11º aniversário daquilo a que os autores da declaração chamam "sublevação síria".

Gostaria de recordar que o imperativo político da Rússia na Síria foi sempre e continua a ser o respeito pela soberania, independência e integridade territorial da República Árabe Síria. Não imaginam quantas referências negativas foram feitas à Rússia, quantas vezes fomos intimidados ou quantos benefícios nos foram prometidos. A história colocou tudo no seu lugar. Graças às ações da Rússia, a campanha de destruição do sistema estatal dos países do Médio Oriente lançada pelo Ocidente malogrou-se. De contrário, o resultado teria sido catastrófico para todo o mundo, visto que na região há tecnologias que podem ser utilizadas para a produção de uma arma de extermínio em massa, embora suja, há muitas armas, extremistas, terroristas e a ideologia fundamentalista.

A campanha lançada pela NATO, e principalmente pelos EUA, poderia ter resultado numa catástrofe total. Esta hipótese foi evitada pela Rússia que contribuiu decisivamente para a derrota do maior grupo terrorista da história, o EIIL. Já se esqueceram dele? Agora não há nada que recorde ao Ocidente a ameaça global que existia? A Rússia infligiu um golpe demolidor em unidades paramilitares ilegais. É pena não se lembrarem disso. As ruínas do sistema estatal de países como o Iraque, das suas forças armadas após a chegada de estrangeiros transformaram-se em unidades armadas desorganizadas e desirmanadas inspiradas pela ideologia fundamentalista que vieram constituir um " meio nutritivo" para o EIIL. No entanto, não vemos nos promotores destas campanhas nenhum arrependimento nenhuns sentimentos de culpa.

O exemplo da Líbia mostra que as atividades da NATO provocaram o caos na região, cujas consequências são sentidas e vividas por quase todos os países do Norte de África e da região do Saara-Sahel. O bombardeamento da Líbia por países da NATO não pode ser qualificado senão como crime de guerra que destruiu o sistema estatal do país, trouxe a pobreza, fome e uma guerra civil ao país e provocou o êxodo de emigrantes.

Este produto propagandístico reflete a interpretação deficiente dada pelo Ocidente aos acontecimentos na Síria, está repleto de preconceitos e padrões duplos. Pelos vistos, o Ocidente quis aproveitar a situação atual para inverter a interpretação daqueles acontecimentos. Vã tentativa. A declaração acima referida está de pleno acordo com a política do Ocidente coletivo de difundir a desinformação para levar ao engano a comunidade internacional sobre os acontecimentos na Síria e em outras regiões do mundo. A declaração reproduz as acusações habituais contra as autoridades sírias legítimas e contra a Rússia, tentando cinicamente traçar um paralelo entre o conflito na Síria e a situação na Ucrânia. Em ambos os casos, a Rússia é acusada de causar uma catástrofe humanitária (coisas de que mais gostamos). Se há alguma semelhança entre as duas situações é a que a Rússia agiu para atender aos pedidos feitos pelos líderes dos Estados soberanos para defender o seu povo, ajudar a estabilizar a situação desestabilizada, aliás, pela atuação do Ocidente.

Consideramos necessário recordar novamente o papel destrutivo dos EUA e dos seus aliados que fomentaram deliberadamente o conflito na Síria desde o seu início. Apegados aos seus interesses egoístas, momentâneos e conjunturais, eles não se constrangeram a apoiar por todos os meios todas e quaisquer forças que se opunham ao governo sírio, criando novos e novos extremistas e novos terroristas internacionais. Ao mesmo tempo, o Ocidente não podia deixar de perceber que essa política teria como consequência a continuação da crise e do derramamento de sangue. Este era provavelmente um dos seus objetivos.

A Coligação Antiterrorista Internacional liderada pelos EUA não lutou tanto contra o EIIL como bombardeou o território sírio, fazendo numerosos mortos e feridos entre os civis e destruindo infraestruturas civis.

Os seus ataques visavam frequentemente os militares sírios que estavam a libertar o seu país de hordas de terroristas, trazidos ao país e armados pelo Ocidente. Gostaria de vos recordar as provocações químicas sujas levadas a cabo por grupos controlados pelos serviços secretos ocidentais. Rotulados como "entidades de defesa dos direitos humanos e humanitárias" (lembrem-se dos Capacetes Brancos), estes grupos faziam parte de uma cadeia extremista, prestando apoio aos terroristas com o dinheiro do Ocidente. O Departamento de Estado dos EUA financiava abertamente todas as atividades dos Capacetes Brancos que eram dirigidos por um agente dos serviços secretos britânicos reformado que acabou por ser "aniquilado" por se tornar desnecessário e inconveniente.

Os norte-americanos continuam a impedir a restauração da soberania da Síria sobre o Trans-Eufrates, incitando ao separatismo os curdos locais e visando a divisão do país. Os EUA continuam a ocupar uma " zona de desconflito" de 55 quilómetros em torno da sua base militar ilegal em Al-Tanf, no sul do país, impossibilitando o governo sírio de aceder aos depósitos de hidrocarbonetos e outros recursos naturais no nordeste do país.

Continuam a declarar a melhoria da situação humanitária na Síria. De facto, os EUA e os seus aliados, estão a fazer os possíveis para tardar a recuperação do país após a crise, ampliando o conjunto de medidas restritivas unilaterais contra Damasco. Lembramo-nos de como isso foi feito apesar do agravamento da situação local devido à pandemia. Vibraram um golpe após outro para piorar a situação da população civil da Síria e pressionar Damasco. Uma história horrível. Primeiro, tentativas de mudar o regime, desestabilização, caos no país, fornecimento de armas à Síria, recrutamento de extremistas e militantes, experiências perigosas e ataques terroristas, inclusive com o uso de armas químicas, bombardeamentos aéreos, extração de petróleo e pilhagem do país, depois, quando malograram devido às ações enérgicas da Rússia, começaram a impor, no meio da pandemia, sanções sufocantes à Síria que lutou e tentou sobreviver durante dez anos.

Quando os jornalistas ocidentais perguntaram, nos anos 90, (naquela altura, ainda podiam permitir-se estas coisas), à então Secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, sobre o que EUA pensavam da morte de milhares de crianças (citou-se um número próximo de meio milhão) que haviam morrido devido às sanções dos EUA contra o Iraque, ela respondeu calmamente (existe um vídeo) que aquelas medidas tinham razões de ser. Pronto. Mais tarde eles cunharam o termo "perdas colaterais" para designar o sacrifício a ser feito para garantir a supremacia do ponto de vista norte-americano e o excecionalismo dos EUA. Simplesmente "vítimas justificadas".  Agora estão a calcular o número de refugiados na Ucrânia, etc. É melhor calcularem o número de baixas civis resultantes das sanções dos EUA só na América Latina, no Médio Oriente. Falarei adiante sobre os bombardeamentos. Na Síria, o processo de resolução política e de regresso de refugiados e deslocados internos está a ser artificialmente dificultado. A responsabilidade é também do Ocidente.

Gostaria de salientar que os países que divulgaram a referida declaração são os principais responsáveis pelos trágicos acontecimentos na Síria que causaram quase meio milhão de mortos e ainda mais feridos, prejuízos multimilionários à economia e infraestruturas sociais do país, sofrimentos ao povo que, na sua maioria esmagadora, rejeitou o projeto geopolítico do Ocidente. Eles não têm o direito de condenar a Síria e a Rússia que desempenhou um papel fundamental na derrota do EIIL e continua a envidar coerentemente esforços para que a paz tão longamente almejada se faça no solo sírio.

Exortámo-los a fazê-lo em conjunto, a criar uma coligação global anti-EIIL, antiterrorista. Isso foi em 2015. Eles só se riram de nós em resposta porque isso não se enquadrava nos seus planos. Eles pensaram que não conseguiríamos fazê-lo. Nós conseguimos. Aparentemente, eles decidiram vingar-se. Vão novamente malograr.

 

Sobre o aniversário da agressão da NATO contra a Jugoslávia

 

No dia em 24 de março de 1999, há 23 anos, a NATO agrediu a Jugoslávia, país europeu e membro de pleno direito da ONU, da OSCE e de outras estruturas multilaterais. A NATO espezinhou tudo, a Carta das Nações Unidas e os princípios fundamentais do direito internacional. Durante 78 dias, os EUA e os seus aliados bombardearam cidades e vilas, infraestruturas civis, pontes, comboios de passageiros e autocarros, matando mulheres, crianças e velhos. Centenas de agentes dos serviços de segurança jugoslavos morreram corajosamente a defender o seu país. Foi então que o Ocidente destruiu com as suas próprias mãos os alicerces da segurança europeia no pós-guerra.

Há quem diga que a Europa nunca viu nada de parecido, numa referência à Ucrânia. É mesmo? Esqueceram-se do que estavam a fazer nos anos 90 na Europa de Leste, em particular na Jugoslávia? Talvez se tenham esquecido, mas os de lá lembram-se. Nós lembramo-nos. O mundo não se esquecerá.

Washington e os seus satélites usurparam arrogantemente o direito de usar a força sempre quando acharem necessário. Naquela altura, usaram a força pela simples razão de que a sua experiência geopolítica começou a fracassar, nem tudo corria bem nem todos aplaudiam. Os povos da Jugoslávia, Iraque, Síria, Líbia e de outros países pagaram um enorme tributo ao Moloch da NATO.

Centenas de milhares de pessoas morreram. Alguns dos sobreviventes foram atingidos com urânio empobrecido proveniente das munições utilizadas pelos ocidentais contra os jugoslavos. Houve vítimas entre os cidadãos de outros países e do outro lado, refiro-me aos contingentes de tropas da NATO instalados no local. Ninguém foi reconhecido culpado, nenhuma ação judicial foi movida. O problema foi varrido para debaixo do tapete e acabou.

Ninguém sofreu uma punição em nenhum dos casos julgados. Tudo foi apresentado como "perdas colaterais". Estas perdas acompanham as ambições geopolíticas dos EUA, Reino Unido e dos seus satélites. Só depois de se terem descobertos alguns casos de assassínios flagrantes de civis, as tropas norte-americanas pediram desculpa. Só isso.

Nestas circunstâncias em que se trata de defender as pessoas que sofreram, durante oito anos, genocídio, abusos, torturas e opressão na Ucrânia, os EUA e os seus aliados estão hipocritamente a expressar uma "justa indignação" e a apontar cinicamente as alegadas violações do direito internacional que eles próprios destruíram em 1999, repetindo a sua experiência "bem-sucedida" várias vezes nos anos 2000.

Eles não têm o direito de pregar moral a outros.

 

Sobre marcha dos legionários da Waffen-SS em Riga

 

Falamos disto todos os anos, não havendo nenhuma reação de organizações internacionais, ONG e entidades de direitos humanos.

A 16 de março de 2022, uma marcha tradicional de antigos legionários da Waffen-SS e dos seus apoiantes de organizações nacionalistas radicais locais teve lugar no centro de Riga. Entretanto, a Câmara Municipal da cidade rejeitou o pedido do Comité Antifascista Letão para realizar um protesto. Esta é uma prova da verdadeira atitude das autoridades letãs para com o tema do neonazismo. E isto está a acontecer no centro da Europa, até agora.

Qualificamos este evento que glorifica antigos efetivos da SS como zombaria flagrante da memória daqueles que deram as suas vidas para salvar o mundo da peste castanha. Isto acontece há mais de 70 anos. Imediatamente após a guerra, estes indivíduos ainda tinham vergonha de não o fazer. Agora não. A NATO "soltou o travão": começou a reescrever a história, livros escolares, a deturpar a história da Segunda Guerra Mundial, a destruir a memória dos heróis, a transformar os criminosos em heróis. Agora estão a colher os resultados das suas próprias experiências sangrentas e da sua lógica pervertida.

As autoridades letãs indulgenciam novamente este fenómeno que deveria ser vergonhoso para a Europa moderna. E não me digam que o número de participantes na marcha foi insignificante e não constitui motivo de preocupação. Estas pessoas têm muitos seguidores. Esta marcha foi um sinal para eles. Eles sabem que isto é "normal". Tudo foi invertido. Os que marcharam não foram lutadores pela liberdade europeia, mas simplesmente colaboracionistas. Tudo isso não é de surpreender, dado o apoio prestado pela Letônia ao regime pró-nazi na Ucrânia.

 

BRICS lança centro de investigação de vacinas

 

No dia 22 de março corrente, realizou-se uma cerimônia de inauguração do Centro de Investigação e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS.

A ideia de criar o centro de investigação de vacinas foi estipulada na declaração final da cimeira dos BRICS realizada em Joanesburgo nos dias 26 e 27 de julho de 2018. O Centro engloba os melhores institutos e empresas de investigação dos países BRICS, entre os quais a Fundação Oswaldo Cruz (Brasil), o Instituto Anatoly Smorodintsev de Investigação Científica de Influenza (Rússia), o Conselho Indiano de Investigação Médica (Índia), a empresa Sinovac Life Sciences (China) e o Conselho de Investigação Médica da África do Sul (África do Sul).

O principal objetivo do Centro é partilhar as melhores práticas e reforçar a cooperação prática na investigação, desenvolvimento, produção e distribuição de vacinas para garantir a sua maior disponibilidade. O projeto foi concebido para desenvolver mecanismos de prevenção, diagnóstico e resposta rápida a novos vírus, bem como para garantir a vacinação Covid-19 atempada e generalizada.

O Ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, sublinhou o importante papel do Centro na coordenação dos esforços dos países BRICS para o controlo das infeções existentes, em particular a gripe, tuberculose e HIV, bem como as potenciais ameaças biológicas.

Consideramos a inauguração do Centro de investigação de vacinas do BRICS como realização importante da cooperação dos cinco países no ano da presidência chinesa do BRICS. Esperamos que a cooperação no setor de saúde continue a consolidar-se, mediante inclusive a concretização da iniciativa russa de criar um Sistema Integrado de Alerta Precoce do BRICS para prevenir riscos de doenças infeciosas em massa.

 

Sobre Dia da Independência da Grécia

 

O dia 25 de março é um feriado nacional na Grécia, Dia da Independência.

No início do século XIX, a Rússia apoiou a luta de libertação nacional dos gregos, dando uma contribuição decisiva para o seu sucesso e para o desenvolvimento do Estado grego. O ano 2022 marca o 195º aniversário da vitória da força aliada dos navios britânicos, franceses e russos na Batalha de Navarino, que precipitou a libertação da Grécia.

Os povos da Rússia e da Grécia enfrentaram ameaças comuns, lutando ombro a ombro, ajudando-se mutuamente em tempos difíceis, inclusive na luta contra o fascismo e o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

As relações entre os dois países e povos baseiam-se nos princípios de igualdade e de respeito mútuo, numa sólida base dos seus laços seculares de amizade e compreensão mútua, de afinidade cultural e espiritual. Estamos certos de que os cidadãos gregos partilham esta visão.

Ultimamente, políticos gregos têm feito muitas declarações. A minha mensagem não é para eles (pode ser que já não faça sentido dizer-lhes alguma coisa), mas para o povo da Grécia. Enfrentar o fascismo e o neonazismo está no vosso código cultural. A vossa cultura do século XX reflete as provações que sofreram por causa do nazismo e do fascismo. Será possível não compreenderem como a Região de Donbass sofreu durante oito anos, que terrível desastre ocorreu na Ucrânia quando os batalhões nacionalistas se tornaram parte do seu exército? Eles foram incitados a acabar com a população que não se vergou à sua vontade. Não podem tirar uma lição da vossa própria história para compreender o que realmente está a acontecer? Creio que virão a compreender! Não podem trair a vossa memória.

 

Sobre 30º aniversário da Assembleia Interparlamentar da CEI

 

O acordo sobre a criação da Assembleia Interparlamentar da Comunidade de Estados Independentes foi assinado a 27 de março de 1992. Criada quase simultaneamente com a CEI, a AIP tornou-se o principal fórum para a diplomacia parlamentar no espaço pós-soviético. Em 30 anos de existência, a AIP tornou-se um instrumento eficaz de ajustamento das legislações dos Estados da CEI e criação de condições para uma integração regional global. A AIP centra-se na elaboração de um quadro legal para o espaço económico comum dos países da CEI, no reforço da cooperação internacional, e no estudo e promoção do parlamentarismo.

Numa altura em que se esboça uma nova ordem mundial e o Ocidente liderado pelos EUA exerce uma pressão sem precedentes, tentando impor as suas opiniões e regras ao resto do mundo, as instituições de diplomacia popular, incluindo os fóruns interparlamentares, vêm-se tornando cada vez mais relevantes.

 

Sobre Concurso Gromyko para Jovens Especialistas em Relações Internacionais da CEI

 

Gostaria de informar sobre um edital de chamada de trabalhos para o Concurso Andrey Gromyko para Jovens Especialistas em Relações Internacionais da CEI publicado no nosso sítio web.

O Concurso Gromyko foi realizado pela primeira vez em 2018 e ocorre anualmente. Em quatro anos de existência, o concurso reuniu mais de 1.100 jovens cientistas de 11 países, 243 cidades e 252 universidades. O concurso foi avaliado positivamente pela Presidente do Conselho da Federação, Valentina Matviyenko, e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, que exerce a presidência honorária do Conselho de Curadores da Associação Andrey Gromyko de Estudos de Política Externa.

Os candidatos devem preencher, até 12 de maio de 2022, um formulário eletrónico que está disponível no website do concurso, anexar um formulário de participante e o seu trabalho.

 

Rússia levanta restrições temporárias à entrada no país

 

De acordo com o Despacho nº 522-r, de 17 de março de 2022, do Governo da Federação da Rússia, ficam levantadas, a partir do dia 18 de março, as restrições temporárias à entrada na Federação da Rússia de cidadãos estrangeiros e apátridas, incluindo cidadãos ucranianos que entram na Rússia a partir do território das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk e da Ucrânia.

Ficam igualmente levantadas as restrições para os cidadãos da República da Bielorrússia, que entram na Rússia através da fronteira russo-bielorrussa, e para os cidadãos russos que entram na República da Bielorrússia através da fronteira russo-bielorrussa.

 

Respostas a perguntas dos jornalistas:

Pergunta: A Itália viu ameaças nos comentários do diretor do Primeiro Departamento Europeu do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Alexander Paramonov. Ele falou inclusive sobre a cooperação bilateral em energia. Como você poderia comentar?

Maria Zakharova: Recebemos uma ampla resposta às declarações absurdas feitas pelas autoridades italianas nas últimas semanas. Isto é primeiro. Em segundo lugar, no quadro das atitudes russofóbicas anti-russas, muita coisa agora na Itália está focada na busca de ameaças inexistentes e isolamento de significados. É por isso que a entrevista do diretor do Primeiro Departamento Europeu em 19 de março deste ano foi tão grosseira e cinicamente distorcida.

Nesta entrevista, os factos foram relatados de maneira calma e sem confrontos e foram expressas preocupações em relação ao aumento do grau de declarações anti-russas por parte de políticos italianos. Ele também chamou a atenção para a degradação das relações russo-italianas. Tudo isso foi apresentado por alguns elementos da indústria da informação como uma espécie de ameaça latente à Itália. Talvez seja um problema de tradução. É preciso se esforçar para ver nessas linhas algum tipo de ameaça velada à Itália. Talvez esta seja uma perceção interna através do prisma das suas próprias fobias. Não há nada que atribuam mais a ele.

O que foi lançado na media e foi além é um clássico fake: uma frase é retirada do contexto, um significado vem intrometido, mas lá não estava. Além disso, uma guerra de informação está a ser desencadeada, que, não está claro por que, é usada pelo establishment italiano.

Não gostaria de acreditar que nas relações russo-italianas, com a sua história secular e exemplos vívidos de interação frutífera, chegou a era da “caça às bruxas”, a perseguição de tudo relacionado coma a Rússia.

O principal é não sucumbir nem à media italiana nem aos políticos às provocações, que são claramente organizadas pelas instituições da OTAN na esfera da informação.

Pergunta: A Letônia planeia proibir a entrada de navios russos nos portos. O anúncio foi feito na segunda-feira pelo Ministro dos Transportes Talis Linkaits. Ele pediu proibição em nome da União Europeia. Como avalia as perspetivas e consequências de tal decisão da UE?

Maria Zakharova: Tal iniciativa é absurda. Aparentemente, os autores, em um frenesim antirrusso, decidiram dar a sua contribuição e atacar as cadeias internacionais de transporte e logística. Mesmo sem essa iniciativa, a sua violação levou a um surto de inflação, à escassez de mercadorias na Europa, na União Europeia em particular. Precisa aumentar ainda mais o sofrimento da sua própria população?

Compreendo perfeitamente que em nenhuma Letónia pensam nos cidadãos da Letónia, nem nos cidadãos da Estónia e da Lituânia, e mais ainda não pensam nos cidadãos da Rússia ou na mesma Ucrânia. Eles mal pensam nos cidadãos da Polônia. Eles também devem entender que mesmo os seus curadores em Bruxelas sofrerão um golpe direto.

Você e eu sabemos que os países bálticos, o seu estabelecimento político é controlado diretamente de Londres e Washington através das estruturas da NATO ou propositalmente de modo manual. Aparentemente, isso é benéfico para o dueto anglo-saxão, mas na Letônia eles devem entender que eles mesmos sofrerão.

Quanto aos portos do Báltico, a dinâmica a que estamos a assistir agora (quero dizer, a dinâmica descendente do carregamento) é conhecida por todos. Se os políticos desses países decidirem reduzir ainda mais a circulação de cargas nos seus próprios portos, isso é um problema deles. É notório que a vontade de sacrificar os próprios interesses económicos vai de par em par com os pedidos dirigidos a Bruxelas sobre uma compensação adequada. Caso outra decisão antirrussa seja tomada pela Letônia e Lituânia, os nossos fluxos de cargas serão redirecionados conforme necessário. Os portos russos nas bacias do Báltico e do Mar Negro continuarão a funcionar e a desenvolver-se rapidamente, mas os interesses económicos dos países europeus serão inevitavelmente prejudicados. Eles percebem isso com certeza.

Pergunta: O que acontecerá ao pessoal diplomático russo se a Rússia se retirar do Conselho da Europa? Quando se pretende fechar o escritório?

Maria Zakharova: Face à saída da Rússia do Conselho da Europa, a Representação Permanente da Rússia em Estrasburgo interromperá os seus trabalhos. Termos específicos, modalidades, formulários estão sujeitos a um acordo adicional.

Gostaria de lembrar que, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, as autoridades do país anfitrião (neste caso, estamos a falar da França) obriga-se a prestar a assistência necessária à nossa missão diplomática, inclusive em matéria de garantia da segurança dos seus funcionários e dos seus familiares, instalações e bens.

Pergunta: O chefe da diplomacia europeia, Joseph Borrell, e o Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas V. Sinkevičius acusaram a Rússia de usar os recursos hídricos da Ucrânia como arma. Como poderia o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia comentar tais declarações?

Maria Zakharova: Esta é uma obra-prima e um bom exemplo da profundidade do declínio moral e profissional em Bruxelas.

Em primeiro lugar, a Câmara Municipal de Mariupol ainda em 19 de fevereiro deste ano, ou seja, mesmo antes do início da operação especial russa na Ucrânia, informou que devido aos danos causados ao aqueduto South-Donbass, que fornece água do rio para Seversky Donets, a cidade passou a abastecer água de backup do reservatório local de Starokrymsky. Afirmou-se que "a situação continua totalmente controlada, e "os habitantes sentiram uma falta temporária breve de abastecimento de água".

Em 11 de março deste ano os responsáveis municipais relataram que no dia anterior, o abastecimento de água começara a se recuperar. Naquela época, a distribuição da água era assim: 30% - pela tubulação de água, 70% - a partir do reservatório. Em regime normal, a proporção é invertida.

Isso significa que há água para a cidade. Em princípio, a questão será retirada da agenda quando as tropas da RPD, com o apoio das forças russas, libertarem a própria Mariupol e o resto do território da república dos radicais nacionais, e a Ucrânia será desmilitarizada.

Em segundo lugar, acusando as tropas russas de supostamente “cortar” propositalmente a população civil de Mariupol da água, a União Europeia e os seus líderes ignoram o facto de que dois dias antes, em 20 de março deste ano, a Sede de Coordenação Interdepartamental para a Resposta Humanitária informou que o Ministério da Defesa russo abria em 21 de março deste ano os corredores humanitários para a saída de Mariupol tanto da população civil como dos militares ucranianos, mas sem armas. Também se anunciava o «regime de silêncio".

A declaração não menciona que os nacionalistas ucranianos continuam a esconder-se atrás da população civil local usando-a como um "escudo humano". Nos dias anteriores, de 80 a 235 civis por dia eram mortos por militantes enquanto tentavam deixar a cidade. Isso também não é mencionado. Não se diz que em Mariupol em 21 de março deste ano os comboios humanitários russos foram organizados do lado oriental; que de Mariupol, sem qualquer participação das autoridades de Kiev, os militares russos conseguiram evacuar (até o final do dia 28 de março) 68 mil pessoas. Ontem, no dia 23 de março deste ano, as forças armadas da Federação Russa anunciaram mais duas rotas de Mariupol - na direção de Rostov-on-Don e Zaporozhye.

Além disso, os corredores humanitários são abertos diariamente nas direções Kiev, Chernihiv, Sumy e Kharkiv - um corredor humanitário para a Rússia e outro para o oeste. Ao mesmo tempo, nenhum corredor em direção à Rússia foi acordado por Kiev oficial. A União Europeia não quer ver isso. Onde está a declaração da UE sobre isso? Simplesmente não existe. Talvez, através dos jornalistas, seja de alguma forma possível obter uma reação de Joseph Borrell sobre este assunto. Pelo menos talvez venha dizer alguma palavra sobre a verdade.

Terceiro aspeto. Pode valer a pena ouvir as lamentações de Bruxelas a este respeito, se não uma “nuance”. A partir de abril de 2014 e nos oito anos seguintes, a União Europeia poderia protestar com energia comparável contra o corte do fornecimento de água do Dnieper à Península da Crimeia através do Canal da Crimeia do Norte. Mas ela nunca fez isso, nunca, apesar do facto de que todos os materiais estavam lá. Até 2014, deixe-me lembrá-lo, este canal forneceu até 90% de água doce da Crimeia. Primeiro, o regime de Kiev fechou esses portões e, em 2017, ergueu uma verdadeira barragem de concreto. Assim, o abastecimento de água foi bloqueado. Mais ainda, foram instaladas lá várias estruturas para «cimentar» essa decisão para sempre.

Por tais ações, a Ucrânia violou as suas obrigações internacionais sob o Artigo B do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, respetivos artigos 11, 12 do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o artigo 6º da Convenção sobre os Direitos da Criança, os artigos 1 e 2 da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Falamos muito sobre a meteria nos nossos briefings! Quantos materiais foram enviados a todas as organizações internacionais! Quantas vezes os representantes permanentes russos em organizações internacionais se manifestaram a esse respeito! Nenhuma palavra foi dada em resposta. Nem Joseph Borrell, nem os seus antecessores, nem quaisquer outras figuras públicas, ativistas ambientais ou autoridades internacionais falaram sobre este assunto. E aconteceu que as pessoas erradas sofreram, os civis errados foram privados de água. Isso está de acordo com uma atitude "seletiva", plantando uma segregação real. E tudo isso no contexto de afirmações de que algumas pessoas são excecionais, enquanto outras são os seres comuns. Que alguns podem e devem lutar pela sua existência, enquanto outros se recusam a fazê-lo. Que algumas pessoas precisam de água, enquanto outras podem sofrer sem água por muitos anos. Por uns oito anos. Sabemos como se chama. Tudo isso já passou. Sobre tudo isso avisámos.

Nunca em todos estes anos a União Europeia cuidou desta questão. Esta é uma culpa direta, inclusive dos meios de comunicação ocidentais que servem os interesses de Bruxelas.  Mais de uma vez enviaram pedidos nesse sentido, nem fizer histórias. A União Europeia não se preocupou com esta questão durante todos estes anos. Sem água, sem direitos humanos. Não houve declarações de Bruxelas dirigidas a Kiev de que a água nunca deveria ser usada como arma de guerra. Eles só deram dinheiro. Tranches, milhões de somas de dinheiros, empréstimos, armas, tecnologia. Além disso, a União Europeia apoiou a política de discriminação contra os crimeanos, tentando punir os habitantes da península com as suas próprias restrições pela sua escolha democrática em favor da Rússia. “Pessoas erradas”, separação clara. Eles simplesmente não chamaram isso assim, mas a política foi realizada exatamente nesse sentido.

A Rússia resolveu o problema do abastecimento de água da Crimeia por conta própria. Nós já informámos sobre isso. Uma série de obras foi realizada para usar as suas próprias fontes de água na península. Foram construídas novas fontes e condutas de água. Nos primeiros dias da operação especial em 26 de fevereiro deste ano a barragem que bloqueava o Canal da Crimeia do Norte foi explodida. A água do Dnieper chegou novamente à Crimeia, como aconteceu há muitos anos.

Coloca-se a questão de saber se Bruxelas conhece os factos que enumerei ou se simplesmente não os quer saber. Nós publicámo-los constantemente, o que eles fizeram com eles na sede da UE? Colocaram-nos debaixo do pé uma cadeira “torta”? Dependendo da resposta, será possível concluir se é uma questão de falta de profissionalismo banal dos funcionários europeus ou desinformação cínica da comunidade internacional europeia.

Pergunta: Como a Rússia qualifica o facto das propostas regulares sobre eventual mediação da Turquia na situação com a Ucrânia? Assistimos ao encontro de Serguei Lavrov com o seu homólogo ucraniano através da mediação do Ministro dos Negócios Estrangeiros turco. Sabe-se que Baku declarou repetidamente a sua prontidão para fornecer a sua plataforma para negociações. Como o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia encara essas propostas?

Maria Zakharova: Você respondeu à sua própria pergunta. Nunca recusámos a assistência que os outros países têm oferecido. Partimos da premissa de que ao longo de todos os oito anos, os Estados que manifestaram tal desejo poderiam exercer as suas atividades no sentido de influenciar o regime de Kiev e induzi-lo a cumprir as suas obrigações.

Agora estamos a considerar todas as propostas construtivas. Respondemos a iniciativas úteis e eficazes (pelo menos, que podem levar a alguns resultados). Você mesmo mencionou vários exemplos.

Por outro lado, reuniões em prol de reuniões e iniciativas a favor de iniciativas não são uma opção. Qualquer coisa construtiva será, com efeito, examinada.

Agradecemos a todos que, mesmo nas palavras, manifestam a disponibilidade e opção a favor de tal mediação e assistência visando um acordo diplomático, que também está em andamento.

Pergunta: O ministro Serguei Lavrov teve conversas telefónicas com o seu colega do Azerbaijão. Entre outros assuntos, discutiram os preparativos para a celebração em abril do 30º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas. Você poderia revelar quais eventos específicos estão a ser planeados e avaliar o nível das nossas relações?

Maria Zakharova: Deixe-me recordar vos que as relações diplomáticas foram estabelecidas há 30 anos, em 4 de abril de 1992. A história das relações entre os nossos povos é muito mais longa, mais profunda, com as raízes históricas, mas há também um lado formal. Estamos a falar das relações diplomáticas. Vários eventos significativos foram preparados para esta data de aniversário com amigos do Azerbaijão. Isso inclui a troca de mensagens oficiais de felicitações e reuniões em vários níveis.

Tem sido dada uma especial ênfase ao desenvolvimento da cooperação cultural e humanitária. Exposições e concertos começaram no âmbito dos dias do Azerbaijão na Rússia. O Ministério da Cultura do nosso país está a preparar uma série de eventos no Azerbaijão.

É simbólico que o 30º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas seja celebrado tendo como um pano de fundo a assinatura em 22 de fevereiro deste ano em Moscovo pelos Presidentes da Rússia e do Azerbaijão da Declaração sobre a Interação Aliada entre a Federação Russa e a República do Azerbaijão. Este documento abre novas oportunidades para fortalecer ainda mais a cooperação bilateral em todas as áreas, incluindo as esferas comercial, econômica, político-militar, cultural e humanitária.

Este ano vamos celebrar os 30 anos do estabelecimento das relações diplomáticas com vários outros estados membros da CEI. Há também eventos cruzados. Portanto, estamos a preparar e a implementá-los. Vamos falar sobre isso regularmente.

Pergunta: Está prevista uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros?

Maria Zakharova: Ainda não há uma data exata. Vamos prosseguir a partir do que será acordado. Sempre compartilhamos essas informações.

Pergunta: No âmbito de conversas telefónicas, os ministros discutiram a implementação das principais disposições dos acordos trilaterais sobre o acordo armênio-azeri. Em que etapa se encontra a implementação dos acordos, quais questões atuais estão a ser resolvidas no momento, inclusive no sentido de desbloqueio das vias de transporte e laços económicos e a criação de uma comissão de delimitação e demarcação?

Maria Zakharova: As conversas estão a ser realizadas à porta fechada. Partilhamos todas as informações que podemos. Um comunicado de imprensa correspondente foi publicado em 21 de março deste ano. (1, 2)

Na implementação dos acordos de 9 de novembro de 2020, 11 de janeiro e 26 de novembro de 2021, a ênfase está em várias áreas prioritárias. No âmbito do Grupo de Trabalho Trilateral, co-presidido pelos Vice-Primeiros-Ministros, está a ser coordenado um pacote de projetos para o desenvolvimento de vias de transporte, com destaque para as comunicações ferroviárias e rodoviárias. Em termos de lançamento do processo de delimitação e subsequente demarcação da fronteira Azerbaijão-Armênia, com a assistência consultiva da Rússia, os contatos interdepartamentais continuam.

Pergunta: Recentemente, uma deterioração significativa na situação humanitária foi observada em Artsakh. Apesar dos apelos, o lado azeri tem vindo a dificultar o fornecimento de gás para Artsakh. Durante as obras de reparação do gasoduto explodido, o lado azeri instalou uma válvula e, após uma retomada de curto prazo do fornecimento de gás em 18 de março deste ano, no dia seguinte desligou o fornecimento de gás manualmente. Como o lado russo avalia as ações da parte azeri que veio criar sérios problemas humanitários para a população de Artsakh?

Maria Zakharova: Anteriormente comentávamos este tema. Em contatos com ambas as partes, apelamos no sentido de resolver o problema com o fornecimento de gás para a região o mais rápido possível. Um trabalho importante e está a realizar-se através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do Ministério da Defesa, do Ministério da Energia da Rússia e da Gazprom. Partimos da premissa de que é impossível agravar a já difícil situação humanitária. As pessoas comuns não devem sofrer.

Pergunta: De acordo com a declaração feita pelo Centro de Informação de Artsakh hoje às 16:00, as forças armadas do Azerbaijão violaram a linha de contato na direção da vila de Parukh, região de Askeran. Representantes das forças de paz russas estão a tentar, por meio de negociações, impedir o avanço do inimigo e fazer recuá-lo para as suas posições iniciais. Como avalia esta evidente violação da declaração tripartida?

Maria Zakharova: Isso deve ser avaliado pelas nossas forças de paz estacionadas lá. Repito o que foi dito hoje: a situação mantém-se tensa e complicada. Não deve ser agravada pelas ações de nenhum dos lados.

Pergunta: Este ano marca o 30º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a Arménia e a Rússia, bem como o 25º aniversário da assinatura do Tratado Arménio-Russo de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua. Que eventos bilaterais estão previstos em relação a estes aniversários?

Maria Zakharova: Com certeza daremos material detalhado sobre este assunto. Hoje já falei sobre como estamos a preparar os eventos de aniversário. Com certeza compartilharei as informações.

Pergunta: Deixe-me voltar à ofensiva de hoje das tropas do Azerbaijão. Não importa o que diga respeito às forças de manutenção da paz, vemos uma forte reação na sociedade arménia. Existem analogias com a operação "Anel" dos tempos da União Soviética. Como a Rússia planeia implementar a declaração tripartida?

Maria Zakharova: Por falar em declaração política, já disse: nenhum dos lados deve agravar a situação, que já é tensa. Se falarmos da situação "in loco" em face dos factos, então esta é uma questão dos especialistas militares que estão lá.

Vou ver se têm novos factos. Assim poderemos dar alguns comentários adicionais.

Pergunta: Neste momento, as ações e declarações abertamente fascistas estão a vir da Ucrânia. Há vídeos com a tortura dos nossos militares, cidadãos ucranianos. Antes havia declarações sobre a castração dos nossos prisioneiros de guerra, vingança aos nossos militares após a operação especial e às suas famílias, a comparação de russos com baratas ...

Será esta uma razão para convocar uma sessão extraordinária da ONU, na qual será possível indicar e censurar as fontes oficiais ucranianas, excluindo acusações da propaganda russa. Claro que não conseguiremos transmitir aos Estados Unidos e à Europa, é inútil provar algo a eles. Mas de alguma forma podemos sair e falar sobre isso?

Maria Zakharova: De alguma forma podemos. Agora estamos empenhados no processo de desnazificação. E antes disso, durante muitos anos transmitíamos materiais, convocávamos conferências, distribuíamos vídeos de documentos oficiais. Não estamos a falar apenas de declarações públicas, um feio “inebriamento”, mas do facto de que, sob essa ideologia, o Ocidente forneceu armas para lá e incorporou batalhões nacionalistas sob os seus auspícios nas fileiras das Forças Armadas da Ucrânia, infetando-as com o bacilo do neonazismo. É aqui que está o problema.

Quanto às perspetivas de armas de destruição em massa. Hoje eu já falei sobre isso. Não há necessidade de voltar um ano, dois, três, cinco anos atrás. Passámos por tudo isso e usámos meios diversos: chamávamos os jornalistas de lá, distribuíamos materiais, falávamos sobre isso em cada briefing, citávamos, enviávamos, traduzíamos materiais. Mas eles mantêm-se empenhados na destruição do seu próprio Estado. Fizeram isso na região, definindo como o objetivo a aniquilação de cidadãos russos e russos que vivem tanto em seu território quanto no território de Donetsk e Lugansk e no território do nosso país. Isso tem sido apregoado reiteradas vezes. Ninguém desmentiu. Não houve investigações. Sobre o que estamos a conversar? De que investigação da retórica nacionalista se pode falar, quando os assassinatos cruéis não foram investigados no território da Ucrânia. Eles foram cometidos contra figuras públicas, publicistas, jornalistas, a população civil pelo simples facto do seu desacordo. As pessoas foram empurradas para a Casa dos Sindicatos em Odessa e depois incendiadas. Eles gritaram, imploraram para serem soltos, e a multidão se enfureceu e viu como as pessoas se iam ardendo e se queimaram lá. E você pede para mostrar alguma coisa, enfatizar, distribuir esses materiais. Já foram publicados livros sobre o tema da tragédia em Odessa. Mas paralelamente à publicação de livros contando sobre essa tragédia, cresceu e se formou uma geração de nacionalistas que se juntaram às fileiras dos “batalhões” e que foram treinados (inclusive sobre essa tragédia) como futuros “grandes guerreiros” que deveriam lutar contra a Rússia e a cultura russa.

Quanto às declarações e ameaças nacionalistas específicas de hoje. O Comitê de Investigação da Federação Russa está a trabalhar sobre esta temática. Você pode visitar o site deles. Publicam-se materiais relevantes sobre as decisões tomadas. Já existem muitos processos penais. Eu não sou representante dessa estrutura, então vou simplesmente redirecioná-los para lá para que vocês possam ver a fonte original.

Quanto aos curadores ocidentais. Esta é uma pergunta frequente para mim: “Você já tentou informá-los?” “Como você combate a ameaça da informação?” A quem informar? Talvez devêssemos informar os britânicos? Sobre os horrores que a população da Ucrânia enfrentou por oito anos? Olha o que eles estão a fazer agora. Publicaram as listas de cidadãos russos que possuem os bens e imóveis no Reino Unido. Para que? A fim, de alguma forma, aproveitar-se destes bens imóveis. Mas eles já os tinham ocupado, havendo então apelos de os povoar. O que é isso? Onde está o conceito de propriedade privada? Mesmo que haja dúvidas sobre a origem desse dinheiro. Há procedimentos judiciais, investigação, direito, legalidade, advogados. A onde tudo isso vai?

É um mal-entendido que a Europa já passou por tudo isso. Você se lembra da Arianização? Havia tal termo. De acordo com as mesmas listas de proprietários e donos dos bens eles foram selecionados nesta mesma Europa. A sua propriedade foi tirada e transferida para a propriedade de outros. Sem julgamento ou investigação, uma mudança no curso político do país ou no sistema político. Não por causa da revolução, rebeliões, mas pelo governo legítimo, a propriedade foi retirada da posse de pessoas de uma nacionalidade e transferida para as pessoas de outra nacionalidade. Você vê algo novo agora, o que está a acontecer na Europa? Sim, é tudo igual. A quem vamos contar e provar algo? Nós já fizemos isso. Agora eles mostraram a sua verdadeira natureza, repetindo o que fizeram em 1930-1940.

Pergunta: A senhora tem algum sinal de que o Ocidente começa a entender aonde a sua histeria anti-Rússia estaria a levar? Alguma possível resposta russa está a ser elaborada para evitar o massacre dos russos que poderá acontecer?

Maria Zakharova: Todos os avisos relevantes foram emitidos e serão emitidos por nós aos governos desses países. Estamos a trabalhar tanto por meio das nossas embaixadas quanto com as suas missões diplomáticas aqui. Estamos a fazer declarações públicas alertando sobre os perigos de tais eventos e o seu desenvolvimento se esse nacionalismo continuar a se desenvolver na Europa. Apresentamos factos históricos, paralelos, analogias, etc.

Sobre se eles entendem ou não. Parte da sociedade entende. Pessoas que já estão a enfrentar a violência doméstica por motivos étnicos. Aqueles que são esclarecidos e educados sabem não por experiência própria, mas por exemplos históricos.

Essa consciência começa a chegar às pessoas que veem propaganda unilateral, assustadora, assustadora e nacionalista por meio da sua mass media. Declaro com responsabilidade: se um povo é acusado de todos os males e problemas, por muitos anos e até décadas, isso se chama nacionalismo. Os factos não são expostos, todos os argumentos em que eles se baseiam são falsos, e qualquer ação do povo acusado é qualificada de forma negativa, então tal ação é chamada de propaganda nacionalista.

Vemos tudo isso em relação aos cidadãos do nosso país e do nosso povo. Em inglês, em relação a todas as pessoas do nosso país, é usado o termo "russo". Eles nem mesmo escondem.

Pergunta: O Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Ryabkov, disse que "os Estados Unidos estão a levar as coisas para uma rutura, não há dúvida sobre isso". Se ocorrer um corte das relações com os Estados Unidos - além do encerramento das missões diplomáticas, o que isso significa? Quais são as consequências imediatas para os cidadãos, a economia?

Maria Zakharova: O comportamento absolutamente inaceitável do governo dos EUA, ditado pela raiva impotente pelo facto de que o plano de transformar a Ucrânia em "anti-Rússia" e depois usar a Ucrânia como um enorme trampolim de grande escala para atacar o território do nosso país, frustrou, praticamente levou a um ponto virtual "sem retorno" nas relações bilaterais. Este era o caminho deles. Já avisámos muitas vezes. Mas eles continuam a sua política.

Os norte-americanos aparentemente pensavam (e contavam com isso) que depois de terem introduzido as "sanções infernais sem precedentes" (aqui nem a palavra "expropriação" convém, porque há, pelo menos, algum quadro legal para este termo), devíamos recuar.  Foi um roubo de bens, de uma parte das reservas cambiais em bancos ocidentais, o bloqueio de contas, as ameaças de apreensão de bens). Não sei o que imaginaram ali. Aparentemente, não se esperava que a Rússia resistisse ao golpe, e os problemas - de acordo com a lei dos vasos comunicantes - começariam a se multiplicar nos próprios Estados Unidos, sem falar dos satélites da UE cantando em coro com eles. Isso é o que eles não esperavam. Pensaram que seria um tal "bilhete só de ida," mas foi assim que "o comboio voltou". É aqui que residem as raízes da retórica agressiva e dos insultos pessoais que ultrapassam os limites da decência, inclusive, feitos pelo Presidente norte-americano, refletindo a turbulência interna, a incerteza e a irritação com o facto de que eles falharam (como sempre fizeram, como foi planeado desta vez) em jogar a "carta" ucraniana: "defecar" e não limpar depois de si mesmos.

Sim, por culpa de Washington, as nossas missões diplomáticas são literalmente "sangradas" por expulsões mútuas de diplomatas. A situação tem sido agravada pela decisão destrutiva dos Estados Unidos de deixar de emitir vistos de entrada para cidadãos russos na embaixada americana na Rússia. Claro que se as missões diplomáticas em Washington e Moscovo forem fechadas, ninguém se sentirá melhor. Será impossível resolver os problemas. Mas o facto é que foram as autoridades americanas que fizeram o possível para reduzir os contatos em vários campos, do desporto até a estabilidade estratégica. Ficou demonstrada a veracidade da abordagem dos EUA em relação às suas obrigações: é possível administrar a justiça, mas contando com a lei; você pode-se considerar, provavelmente, o mais inteligente, honesto e verdadeiro, mas baseado em factos. Fora disto tudo, ocorre a verdadeira pirataria internacional, sendo isso que as elites políticas norte-americanas estão a praticar.

A guerra económica declarada à Rússia ameaça desmoronar completamente as relações bilaterais. Isso, claro, não é do nosso interesse, pois partimos da premissa de que as relações diplomáticas e, em princípio, as relações entre os Estados devem servir os interesses nacionais, os interesses dos povos que vivem no território desses países.

Por muitos anos, foi oferecido a Washington um diálogo aberto normal sobre os princípios de reciprocidade e respeito pelos interesses nacionais russos. Talvez ainda haja uma chance de chegar a um acordo. Se eles seguirem esse caminho errado, perderão essa chance mais uma vez.

Pergunta: A senhora disse que os americanos pararam de emitir vistos e assim por diante. O nosso país não planeia, pelo contrário, simplificar esse procedimento para os cidadãos dos EUA, para que o maior número possível de pessoas venha até nós e veja o que está a acontecer no nosso país?

Maria Zakharova: Mesmo antes disso, todos esses anos tínhamos o regime mais simplificado de emissão de vistos russos para cidadãos norte-americanos. Este regime não exigiu uma entrevista ou quaisquer formalidades especiais. A maioria dos procedimentos envolveu uma papelada remota. Isso era contrário à prática que os norte-americanos estavam a fazer aqui.  Aconteceu que muitos meses, e às vezes até um ano, aguardava-se uma entrevista com a apresentação de documentos, solicitações, recusas, a retoma de conversas sobre cada caso específico. Nunca tivemos problemas com isso. Os americanos sabem disso muito bem.

Os cidadãos americanos simplesmente nunca souberam como era para um cidadão russo obter um visto americano. Quando foram informados, não acreditaram que o seu governo no século XXI havia chegado ao ponto de não poder emitir um visto por nove a dez meses para as pessoas que têm emprego estável, renda, imóveis, cidadãos dignos que respeitam a lei. No final das contas, as autoridades dos EUA chegaram ao ponto de que os nossos cidadãos precisam viajar para fora da Rússia apenas para solicitar um visto. Os americanos não sabem disso. Porque é selvagem.

Pergunta (via intérprete do inglês): Há um recrutamento de mercenários e voluntários estrangeiros no Ocidente. A senhora tem preocupações de que militares da ativa dos EUA e aliados possam estar envolvidos no conflito e como a Rússia tratará esses militares – voluntários e mercenários?

Maria Zakharova: Nós comentámos várias vezes este tema. Não aceitamos o "recrutamento" de mercenários de outros países e o envio para as fileiras dos batalhões nacionalistas e das forças armadas da Ucrânia. Vemos que este trabalho está a ser realizado ativamente tanto abertamente - através das missões diplomáticas da Ucrânia no exterior, quanto através dos serviços de inteligência relevantes, principalmente dos Estados Unidos e outros países da NATO. Nós não aceitamos isso. Já alertamos esses países e os seus governos de que não aceitaremos nenhuma pergunta sobre o destino dessas pessoas. Também a este respeito, foram dadas claras explicações públicas pelos nossos embaixadores nos países onde, segundo os nossos dados, tal recrutamento foi realizado. Não há necessidade de nos contatar posteriormente, manifestando interesse pelo destino desses cidadãos. Está claro o que será deles. Não vamos falar sobre este tema e lidar com seu destino.

Pergunta: Há algum progresso nas conversações entre a Rússia e a Ucrânia? Que “barreiras” impedem o avanço das negociações?

Maria Zakharova: Não vou comentar sobre o "progresso". Não temos uma atitude muito correta em relação com esta palavra. Sempre pensámos que isso é algum tipo de avanço para melhor. É realmente apenas um movimento. Se partirmos do facto de que progresso é movimento, desenvolvimento, então sim, as negociações estão em andamento. Não disponho de informações que me permitam julgar se houve alguma melhora significativa alcançada durante as negociações.

O principal obstáculo é a falta de independência do regime de Kiev. Não é o regime de Kiev que toma a decisão. E as decisões tomadas não correspondem aos interesses do povo, dos cidadãos da Ucrânia. Tudo isso é feito por sugestão de Washington através dos canais de comunicação apropriados e é apresentado como uma decisão do lado ucraniano. Na verdade, essas decisões não refletem a realidade e não visam atender aos interesses do Estado ucraniano. Especialistas “apoiam” o regime de Kiev, realizando as suas “configurações” através deste regime. Este é o maior obstáculo. Quando se trata de negociadores que representam os seus países e povos, os seus interesses, é possível negociar algo com eles. Neste caso, as forças e os países por trás do regime de Kiev estão a levar a cabo a sua própria política, o que não implica uma rápida resolução desta crise, mas apenas o seu prolongamento. Vemos isso há oito anos. Eles não precisavam da implementação dos acordos de Minsk. O que era necessário era um beco sem saída absoluto. Eles usaram todo esse tempo para fornecer armas na Ucrânia, para educar uma nova geração de nacionalistas em oito anos, que se juntou às forças armadas da Ucrânia. Então, tendo criado um Estado soberano na aparência e na forma, mas ao mesmo tempo completamente subordinado política, econômica e militarmente às estruturas da NATO (principalmente aos Estados Unidos), tentava-se desferir um golpe apropriado que se tornaria destrutivo tanto para a região quanto para Europa. Aparentemente, também para a Ásia, dados os materiais sobre laboratórios biológicos que publicamos hoje e antes.

Pergunta: Após as críticas públicas feitas pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, ao presidente russo, Vladimir Putin, ainda há oportunidade de estabelecer um diálogo entre os líderes dos dois países?

Maria Zakharova: Já comentei essa história. O que significa a oportunidade de diálogo? A principal oportunidade de diálogo é o desejo. Não há outro. Há um desejo - haverá um diálogo. Não estragamos essas relações. Conhecendo a essência da política americana, eles ainda buscavam formas de interação, submetendo-se, inclusive a críticas "internas" dentro do país.

Disseram-nos: se sabemos que tipo de "parceiros" eles são, então porque estamos a dialogar com eles? Porque se faz amizade com amigos e com aqueles com quem vocês não têm pontos de vista comuns, vocês passam a negociar para encontrar um terreno comum. Conseguimos. Mas quando, em forma de ultimato, não se propõe sequer fazer uma escolha, restando apenas uma forma - submissão à vontade do "Ocidente coletivo" (que não é mais coletivo, mas tão centrado em Washington), então, desculpe-me, para que tal diálogo? Se houver vislumbres de pragmatismo (não me refirmo à moralidade), estamos sempre prontos para um diálogo normal de respeito mútuo. Mas se não, então não. Esta é a escolha deles.

Pergunta: Os Estados Unidos propuseram que Ancara entregasse o S-400 à Ucrânia em troca do levantamento das sanções anti turcas. Como a Rússia avalia a recusa da Turquia de transferir sistemas de mísseis russos para a Ucrânia?

Maria Zakharova: Vi que o chefe do Departamento da Indústria de Defesa da Turquia, I. Demir, fez um comentário refutando tal hipótese. Não tenho nada mais a acrescentar.

Pergunta: Cerca da metade do volume de negócios no comércio externo da Rússia cabe aos países que não se enquadram na categoria "hostil". Entre eles, com exceção da Singapura, estão os Estados da ASEAN com uma população de mais de 660 milhões de pessoas. Como o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia avalia as relações da Rússia com essa região? Quais são as perspetivas para o desenvolvimento dos laços comerciais e económicos?

Maria Zakharova: Independentemente da situação política, consideramos a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) o nosso parceiro confiável. Isso é confirmado pela atual linha do G-10 para a implementação de todas as decisões e programas que foram adotados no ano passado ao mais alto nível. Entre as tarefas de médio prazo mais urgentes está a implementação do Plano de Ação Abrangente para 2021-2025. Além das esferas de política e segurança, inclui um grande segmento comercial e econômico, abrangendo a ciência e tecnologia, digitalização, o combate a doenças infeciosas, educação, turismo e muito mais.

Não há mudanças nos planos de trabalho dos mecanismos conjuntos, tanto de alto nível quanto de especialistas. Tradicionalmente, são realizadas reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, reuniões de altos funcionários sobre energia e agricultura, combate ao terrorismo e crime transnacional, consultas sobre reação a situações de emergência, reuniões de grupos de trabalho sobre educação, ciência, tecnologia e inovação. Aliás, consultas sobre turismo já foram organizadas este ano. Além disso, eles atingiram o nível ministerial. Foi recentemente realizada a cerimónia de lançamento do Ano da Cooperação Científica e Técnica Rússia-ASEAN, no âmbito do qual está previsto um vasto programa de eventos.

Em 2021, o volume de negócios total com os dez primeiros países aumentou em mais de um quarto, atingindo quase 20 bilhões de dólares. O início deste ano mostrou a manutenção de tendências positivas no comércio mútuo - em janeiro, o seu volume aumentou 36,6%.

No contexto da pandemia de COVID-19, a luta conjunta contra a propagação da infeção por coronavírus tornou-se uma importante área de cooperação. Os Estados do Sudeste Asiático estão a manifestar interesse em formas de cooperação como ensaios clínicos conjuntos e produção de vacinas, e estabelecendo vínculos entre organizações de pesquisa especializadas. Esta semana em Vladivostok, sob os auspícios de Rospotrebnadzor, começaram os cursos de treinamento avançado para epidemiologistas da ASEAN.

Apesar de todos os obstáculos colocados pelo Ocidente, a Associação não questiona a necessidade de uma maior expansão da cooperação prática com a Rússia, que é pragmática, mutuamente benéfica e não politizada. Esperamos que essa atitude mútua ajude a manter o nosso diálogo no caminho do desenvolvimento sustentável.

Pergunta: O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Ryabkov, disse que não pode haver retorno ao passado nas relações com os países ocidentais. Como isso pode ser decifrado? Os resquícios de laços econômicos, comércio, investimento serão afetados? Por exemplo, o projeto Arctic LNG, que tem um participante francês?

Maria Zakharova: Não estamos interessados ​​em tal passado. Estamos interessados ​​no futuro. Estamos focados nisso. Partindo do nosso vocabulário habitual, eles simplesmente nos chatearam. Pela sua grosseria e desrespeito, atropelando os interesses alheios, falta de compreensão da situação, a ignorância banal dos factos, ignorância da história, incapacidade de negociar, hábito de usar apenas métodos de influência contundentes, destruição de contratos e mecanismos que sempre fizeram parte e a base das relações internacionais, independentemente das áreas em que nos afetaram - economia, finanças, negócios, cultura, laços humanitários, complexo militar-industrial, estratégia e segurança, enfrentando novos desafios e ameaças . Serguei Ryabkov falou sobre isso mais de uma vez. E desta vez também.

Se eles estão interessados ​​em preservar o que ainda não destruíram, então, provavelmente, trataremos isso com cuidado. Quanto aos resquícios de um relacionamento pré-existente. De facto, uma “construção” de comércio e investimento vem sendo construída há décadas. Devemos agora entender que uma guerra financeira e econômica de grande escala foi desencadeada contra nós por muitos anos. O seu objetivo é destruir a economia. Já disseram duas vezes que eramos destruídos, "despedaçados". Pela primeira vez na minha vida ouço como se pode “rasgar em pedaços” duas vezes. Mas eles "conseguiram" fazê-lo aparentemente. É assim que eles nos imaginam. Mas, ao mesmo tempo, o plano permaneceu. Se eles começaram duas vezes, eles não desistirão da sua ideia. Agora é claro a julgar por métodos pelos quais eles operam. Um dos métodos é minar o bem-estar dos nossos cidadãos. Os nossos cidadãos têm de compreender de onde vem tudo isto. Se antes eles mascaravam tudo, agora os americanos não escondem. Eles estão orgulhosos disso. Isso faz parte da política deles. Selvagem, terrível, desenfreada e isenta de quaisquer normas legais. Aparentemente, esta é uma questão de orgulho especial. É assim que os Estados Unidos veem a sua exclusividade. Nisso eu gostaria de concordar com eles. Não existem mais países assim, com tal ideologia. Portanto, colocam-se acima de todas as normas de moral e direito existentes! Como podem ser tão hipócritas. Então usam-se as instituições democráticas que eles criam para fazer propaganda, para implantar mensagens falsas, para atropelar tudo o que foi considerado certo e bom.

As restrições impostas são a anunciada rejeição do regime de relações comerciais normais, a cessação das exportações e importações de grupos inteiros de bens, a lista negra maciça dos nossos cidadãos e empresas, a cessação do fornecimento de produtos de alta tecnologia, restrições aos investimentos em setores competitivos da economia, tentativas de bloqueio de transporte, etc. – tudo isso significa apenas uma coisa: as velhas regras globais dos negócios internacionais são enviadas pelos Estados Unidos da América para a "lixeira". O movimento mais hostil é o roubo real de nossas reservas cambiais. Temos visto isso repetidamente. Agora eles fizeram isso em tal escala. Os Estados Unidos declararam assim um incumprimento das suas obrigações, que não vão cumprir. Os cidadãos norte-americanos devem entender isso claramente. Se o Estado e o governo procedem ao roubo total, eles não poderão cumprir as suas obrigações. Isso significa o default deles.

Quanto à cooperação econômica russo-norte-americana, sempre partimos de sua natureza mutuamente benéfica. Se representa um benefício apenas para um lado, isso não é cooperação, nem interação. Pode haver diferentes opções. Mas isso não tem nada a ver com a cooperação. Mesmo em condições em que as restrições ultrapassaram os limites razoáveis, ainda estávamos prontos para a interação. Mas enfatizámos que isso deve trazer resultados para ambos os lados. Mesmo nas condições das instituições não-jurídicas que utilizam. Mas agora isso já não existe. Até mesmo alguma eficiência das sobras.

É possível hoje discutir as perspetivas para as relações comerciais e econômicas se os EUA proibiram a importação de recursos energéticos russos e novos investimentos no setor energético doméstico, que era um elemento-chave dos laços econômicos bilaterais? Vocês não veem isso? É uma rejeição da realidade. Definitivamente não iremos por esse caminho. Se Washington já a nível legislativo quer consolidar a recusa de aplicação das regras da OMC em relação ao nosso país, como tratar isso? Ou quando a Casa Branca obriga as empresas a deixar a Rússia e, em seus briefings, eles dizem que não têm nada a ver com isso. É apenas um negócio norte-americano que surgiu sozinho. Eles "parecem" assim. Eles decidiram por si mesmos. Ao mesmo tempo, sabemos que estão a realizar-se reuniões à porta fechada, cartas correspondentes estão a ser enviadas e o trabalho está a ser feito com ameaças e chantagens de funcionários do governo americano contra representantes de grandes e médias empresas. Por um lado, eles realizam esses briefings à porta fechada, por outro, enviam cartas. E depois dizem que não têm nada a ver com isso. Claro que sim, têm muita coisa a ver. Nenhuma empresa jamais sairia (leia-se obras de K. Marx) de onde costuma ter lucro. Especialmente a partir do território do nosso país. Eles podem sair (isso é o capitalismo) apenas quando se criam condições que não limitem a sua capacidade de conduzir um negócio, mas que ponham em causa a sua própria existência. O governo americano colocou os seus próprios empresários nessas condições. Todas as perguntas sobre quem destruiu algo não devem ser dirigidas a nós. Eles devem ser endereçados aos líderes dos países ocidentais. Em primeiro lugar, aos Estados Unidos, que ameaçam com novas sanções e incitam a todos, impõem-lhes esta política de sanções.

Da nossa parte, gostaríamos de destacar que nunca expulsámos círculos de negócios estrangeiros da nossa economia, apenas os saudamos. Todas as sanções foram toleradas. Ao mesmo tempo, realizávamos fóruns de investimento, convidávamos parceiros, criávamos condições favoráveis ​​para empresas estrangeiras. Não têm havido decisões de que o negócio estrangeiro (quero dizer ocidental, não faz sentido falar de outras áreas, porque ali se mantêm uma atitude sensata diante da realidade) seja colocado para sempre em condições de algum tipo de segregação. Claro que não. Também partiremos da realidade.

Estamos interessados ​​em uma cooperação igualitária e de longo prazo com todos os parceiros de negócios (incluindo o Ocidente), que são forçados a se adaptar à pressão e às atitudes anti-russas de sua liderança política. Isso é selvageria, a destruição de toda a economia de livre mercado. Mas esta é a verdade da vida que vemos. Reagimos em conformidade.

Quanto aos mercados de energia, não acho necessário falar sobre o que vai acontecendo lá. A situação atual, provocada pelos Estados Unidos, tem principalmente um impacto negativo nos mercados globais de energia. Por mais que digam que o aumento do preço da gasolina nos Estados Unidos é “pessoalmente por causa de Putin”, todos sabem perfeitamente que essa é a reação do mercado às sanções impostas pelos Estados Unidos ao nosso país e ao próprio cluster energético.  Esta é uma reação à política que os EUA vêm perseguindo há muitos anos no setor de energia. Para quem eles estão a contar isso? Seria possível, em teoria, não entender. Por muitos anos, os cidadãos norte-americanos não entenderam quando falávamos sobre o Nord Stream 2, que era necessário, que a política não deveria se tornar parte da energia. É a mensagem americana que eles esqueceram. O assunto nunca havia tocado um norte-americano médio antes. Ele foi ao posto de gasolina em fevereiro-março deste ano e imediatamente a teoria se tornou prática. A história tornou-se realidade. Por culpa dos Estados Unidos da América, a situação atual tem um impacto negativo nos mercados de energia. Os especialistas estão bem cientes de que a rejeição das transportadoras de energia russas desequilibrará o sistema global de energia e prejudicará os iniciadores de restrições e consumidores.

Gostaria de salientar que não foi a Rússia que iniciou o confronto no setor energético. Todo esse tempo temos tentado adaptar-nos, passar entre o Scylla e o Charybdis da economia livre e as restrições políticas dos Estados Unidos, para nos encaixarmos neste mundo energético. Os últimos passos dados pelos Estados Unidos são devastadores para o mundo inteiro e para o setor energético.

A Rússia sempre se opôs e continua a opor-se à politização da cooperação energética mutuamente vantajosa. Apesar de todas as dificuldades, continuamos a cumprir as nossas obrigações contratuais de fornecimento de gás, incluindo o seu trânsito para a Europa através da tubulação ucraniana. Não vou esconder como as palavras do Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, sobre a transição para rublos nos pagamentos pelo fornecimento de gás russo foram recebidas ontem como feriado nacional. Esta é realmente uma grande conquista para a economia russa e para todo o nosso povo. Porque temos uma moeda nacional. Por nenhuma palavra, mas apenas por atos, ele pode vir a ser elevado a esse nível. Esta decisão histórica ocorreu ontem, que foi expressa e apoiada pelo nosso povo.

Estamos prontos para continuar a cooperação na área de energia tradicional e verde. Todos os projetos lançados serão implementados, incluindo o projeto Arctic LNG. Se os nossos parceiros europeus não estão interessados ​​em uma maior cooperação, é o direito deles. Devemos ser honestos e não nos envolveremos em um estranho negócio "subversivo". Vocês só precisam dizer aos seus cidadãos quem e como destrói o seu bem-estar. Cooperaremos com aqueles que estiverem interessados ​​em garantir a sua própria segurança energética.

Pergunta: Os EUA e a Europa estão comprometidos em fortalecer as relações de defesa e segurança com a Índia e estão a investir cada vez mais na região do Indo-Pacífico. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a posição da Índia sobre a Ucrânia - o único país do diálogo de segurança quadripartido, que também inclui Estados Unidos, Japão e Austrália - é "um pouco instável". Todos os países do QUAD, exceto a Índia, impuseram sanções às empresas russas. Até que ponto os esforços de Washington serão direcionados para tentar atrair a Índia para o bloco antirrusso?

Maria Zakharova: Não vou comentar sobre o envolvimento dos EUA em nossos laços bilaterais com outros países. A Índia é uma grande potência, um ator importante no cenário mundial, um país com uma antiga civilização, cultura, história, com as suas próprias conquistas e realizações. O nosso amigo comprovado e parceiro estratégico. Apreciamos a sua posição tradicionalmente equilibrada em questões atuais da agenda regional e internacional, bem como a sua linha de política externa independente, não sujeita a qualquer pressão externa.

Quero dizer que essa posição da Índia e da liderança indiana tem uma base histórica específica. Eles estudaram muito bem todas as "caretas" da ideologia ocidental e do mundo ocidental na história do seu país. Eles sabem o que é. Eles sabem o preço desta conjuntura.

Pergunta: É possível que a Federação Russa aplique sanções contra aqueles que cometam atos de russofobia e ações específicas discriminatórias e outras contra os nossos cidadãos e compatriotas no exterior em instituições educacionais, médicas e outras instituições?

Maria Zakharova: Sim. Eles deveriam saber disso.

Pergunta: É possível recusar vistos de entrada para a Rússia para aqueles que apoiam a russofobia ou cometem atos contra os nossos cidadãos e o Estado?

Maria Zakharova: Porque você se limitou apenas à questão de vistos? Acho que a sua pergunta anterior foi muito mais ampla. E eu respondi afirmativamente.

Pergunta: Em sua opinião, é possível agora que surja uma situação em que muitos compatriotas da UE sejam forçados a partir para a Rússia ou precisem de ser evacuados ou protegidos rapidamente?

Maria Zakharova: Eles podem inscrever-se nas nossas embaixadas. Receberão o apoio necessário. Podem escrever diretamente para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, relatando os factos da sua discriminação e infrações, pedindo apoio e proteção.

Pergunta: É possível, em casos de emergência, urgentes e excecionais, que as nossas agências no exterior possam emitir rapidamente passaportes da Federação Russa para filhos de compatriotas que ainda não tiveram tempo de obter a cidadania russa?

Maria Zakharova: A emissão de passaporte de cidadão da Federação Russa para um cidadão estrangeiro ou apátrida que não adquiriu a cidadania russa da maneira prescrita é uma ofensa criminal de acordo com o artigo 292.1 do Código Penal da Federação Russa.

Assim, para obter um passaporte estrangeiro russo para os filhos de compatriotas, é necessário, antes de tudo, resolver a questão de adquirir a cidadania da Federação Russa por eles. Nesse sentido, as seguintes opções são possíveis:

– O registo da cidadania da Federação Russa por nascimento de uma criança cujos pais eram cidadãos da Federação Russa no dia do seu nascimento.

As formalidades necessárias para o registo da presença de cidadania russa e passaporte para essa criança são realizadas, como regra, em pouco tempo, dependendo da carga de trabalho da instituição estrangeira russa. Nesse caso, faremos o possível para responder prontamente a tais solicitações.

 – A aquisição da cidadania russa por uma criança nascida no exterior em um casamento misto de um cidadão da Federação Russa e um estrangeiro, a pedido pessoal do progenitor russo e sujeito ao consentimento por escrito do outro progenitor. A admissão à cidadania é formalizada por uma decisão do chefe de uma missão diplomática ou escritório consular da Federação Russa.

Se a criança tinha menos de 14 anos no dia do pedido, a consideração do referido pedido, a adoção de uma decisão sobre ele e a emissão de passaporte podem ser realizadas o mais rápido possível.

Ao obter a cidadania para uma criança de 14 a 18 anos, as decisões sobre os pedidos são consideradas de acordo com as autoridades russas competentes em até 6 meses.

Gostaria de chamar a sua atenção para o anúncio que fiz hoje. Estamos a falar de um evento marcado para 28 de março: uma reunião da Comissão do Conselho Geral do Partido Rússia Unida sobre a cooperação internacional e apoio a compatriotas no exterior, criada por ordem do Presidente russo, Vladimir Putin. Lá, muitas das questões – a russofobia, o nacionalismo e a segregação - tudo isso deve e será discutido. Se você tiver dúvidas antes deste evento, não como representante da media, mas como representante dos compatriotas, você pode enviar um apelo correspondente.

Pergunta: É possível agora, na situação aguda em torno dos nossos compatriotas no exterior, emitir urgentemente (por precaução) vistos para filhos menores de famílias de compatriotas que ainda não obtiveram a cidadania?

Maria Zakharova: Se estamos a falar de filhos menores de compatriotas russos, eles podem ser extraditados de acordo com as partes 4 e 4.2 do artigo 25 da Lei Federal nº 114-FZ de 15 de agosto de 1996 "Sobre o procedimento de saída da Federação Russa e entrada na Federação Russa" com base na decisão do chefe da missão diplomática ou escritório consular da Federação Russa, tomada a pedido do pai.

Se necessário, esses vistos podem ser emitidos o mais rápido possível. Informações detalhadas sobre o procedimento de apresentação dos pedidos acima mencionados, o conjunto de documentos necessários para a obtenção de vistos privados está disponível nos sites oficiais das missões diplomáticas russas e escritórios consulares no exterior.

É sintomático que a próxima reunião da AIP da CEI agendada para 29 de março, se realize em Almaty, onde o acordo sobre a sua criação foi assinado há 30 anos.

 

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