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Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 6 de abril de 2022

742-06-04-2022

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, recebe homólogo arménio

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, recebe, no dia 8 de abril, o Ministro dos Negócios Estrangeiros arménio, Ararat Mirzoyan, que fará uma visita de trabalho à Rússia.

A reunião versará sobre medidas para a promoção da cooperação bilateral em todas as áreas e no âmbito das associações de integração: a UEE, a OTSC e a CEI, e a conjugação dos esforços em outros fóruns internacionais. Os dois Ministros trocarão opiniões sobre a implementação dos acordos alcançados pelos líderes da Armênia, do Azerbaijão e da Rússia a 9 de novembro de 2020, 11 de janeiro e 26 de novembro de 2021.

Esperamos que as próximas conversações em Moscovo contribuam para o aprofundamento da cooperação aliada com Erevan e a promoção da paz e estabilidade no sul do Cáucaso.

 

Ponto da situação na Ucrânia

 

A operação militar especial continua na Ucrânia. Os seus objetivos e missões são libertar as Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia e acabar com as ameaças à Rússia provenientes do território ucraniano dominado pelos nazis. Os militares russos estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar vítimas entre a população civil, não atacando instalações civis e abrindo diariamente corredores humanitários para que as pessoas possam deixar locais perigosos.

Neste contexto, o regime de Kiev, apoiado pelos patrocinadores norte-americanos e europeus que continuam a aumentar os fornecimentos de armas letais ao mesmo, está a bombardear povoações, destruindo o seu próprio povo e levando o país para uma catástrofe humanitária.

Ultimamente, a principal arma dos nacionalistas ucranianos têm sido provocações, desinformação e encenações com o objetivo de acusar a Rússia de crimes de guerra. Vimos espetáculos semelhantes há anos na Síria e não só.

No passado dia 3 de abril, o mundo assistiu a outro crime cometido pelas autoridades ucranianas na cidade de Bucha, onde foi encenado o massacre de civis pelos militares russos. Após verificar os relatórios e cruzar as informações obtidas, o Ministério da Defesa russo fez uma declaração em desmentido. Entre o dia 30 de março passado, quando as tropas russas saíram da cidade de Bucha, e o 3 de abril, os civis circularam livremente pela cidade e utilizaram telemóveis, podendo, portanto, ter-se queixado de tudo, inclusive das ações dos militares russos. Os militares russos haviam distribuído entre a população de Bucha e de outras povoações da Região de Kiev 452 toneladas de ajuda humanitária. Enquanto a cidade de Bucha estava sob o controlo das tropas russas, nenhum dos civis locais sofreu agressões. Não houve nenhuma informação que relatasse tais factos. As estradas entre Bucha e outros locais, incluindo Kiev, não foram bloqueadas, embora as tropas ucranianas bombardeassem, durante as 24 horas por dia, a periferia sul da cidade, incluindo as suas áreas residenciais (como fazem sempre em todos outros lugares), utilizando peças de artilharia de grande calibre, carros de combate e lançadores múltiplos de foguetes.

Numa mensagem em vídeo divulgada a 31 de março passado, o Presidente da Câmara de Bucha, Anatoly Fedoruk, disse que as tropas russas haviam abandonado a cidade, não dizendo, porém, uma só palavra sobre o massacre de civis. Apressem-se a vê-la antes que seja removida no YouTube, Twitter e outras plataformas norte-americanas envolvidas nesta ação criminosa. Ao espalhar notícias falsas e ao bloquear a verdade, opiniões alternativas, material de investigação e falas de pessoas, estas plataformas tornaram-se cúmplices desta terrível tragédia em Bucha resultante das ações criminosas de Kiev. Se não foi cometida a mando do regime de Kiev, então foi cometida pelas forças que escaparam ao controlo do Presidente Vladimir Zelensky ou que nunca obedeceram a ninguém.

Estou a acusar os meios de comunicação ocidentais e principalmente os norte-americanos de divulgarem notícias falsas e desinformação e de terem comparticipado no crime cometido na cidade de Bucha. Jornais, televisão e analistas são comparsas neste ato punitivo. Sei que não foi a primeira vez que o fizeram.

O mundo já havia assistido a operações semelhantes realizadas infelizmente no continente europeu. Em outubro de 1944, altura em que o exército soviético já lutava na Alemanha, as tropas soviéticas tomaram a cidade de Nemmersdorf. Quando as tropas soviéticas tiveram de se retirar, a cidade foi invadida por especialistas alemães em propaganda, entre os quais o diretor do Departamento de Propaganda do NSDAP para a Prússia Oriental, Karl Gebhardt. Após uma sangrenta campanha de informação de dois dias, o jornal nazi Volkischer Beobachter publicou um artigo intitulado "Raiva das Bestas Soviéticas". Os tempos mudaram, a rapidez com que este tipo de trabalhos é executado permanece a mesma. Acontece que podem trabalhar rapidamente quando é necessário. Não vos faz lembrar nada? Até os títulos são quase idênticos; nem sequer se deram ao incômodo de inventar algo de novo, simplesmente copiaram o que já havia sido dito nos tempos cuja reencarnação estamos agora a combater. O artigo que mencionei dizia sobre os "horrores" e "danos" infligidos à população civil de Nemmersdorf por soldados soviéticos, descrevendo em pormenor as provas de "torturas" e "assassinatos" alegadamente encontradas pelos nazis na cidade.

O Terceiro Reich organizou uma "comissão internacional" para investigar o massacre e convidou representantes de governos fantoches, nomeadamente da Estónia. Daí a uma semana, a comissão de Hjalmar Mae publicou um relatório que punha a culpa em Moscovo. Quanto aos títulos, tudo está claro. E que dizer da reação internacional? Também foi igual à atual.  Num ápice, as declarações de representantes, altos responsáveis e líderes europeus que tiraram as suas conclusões e distribuíram as culpas só de olhar para as fotografias, correram o mundo.

A "comissão internacional" lavrou uma decisão "clara". O relatório de Hjalmar Mae foi o documento mais citado jamais divulgado pela máquina de propaganda de Goebbels nos finais de 1944. As suas cópias em línguas estrangeiras foram enviadas a todas as agências noticiosas internacionais. Berlim ordenou utilizar o "caso Nemmersdorf" como prova das "atrocidades" alegadamente cometidas pelas tropas soviéticas.

Muitos historiadores investigaram este episódio no pós-guerra. O historiador militar alemão Bernhard Fisch, que havia participou nos combates de Nemmersdorf, escreveu que as autoridades alemãs não tentaram sequer identificar os corpos encontrados na cidade e que as fotos publicadas mostravam os corpos trazidos para a cidade de várias aldeias da Prússia Oriental. Não se assemelha ao que aconteceu em Srebrenica? Assemelha-se. Ao que aconteceu na Síria ou em Aleppo ou em Douma? Assemelha-se. Quem está a pagar por isto? Washington, Londres e Bruxelas coletiva.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão admitiu no século XXI que a falsificação de Nemmersdorf havia sido fabricada pelo tenente Pfeiffer da polícia militar secreta da Wehrmacht e divulgada por Berlim. Parece que os ideólogos e especialistas em relações públicas que encenaram o massacre de Bucha sabiam disso. Mas como é que fizeram isso? Terão trazido os corpos de outros locais ou os militares ucranianos os terão matado no local? Isto tem de ser investigado. Os métodos, formas e objetivos são idênticos. A maneira como tudo isso foi encenado é a mesma. As provas da inocência das forças russas são tão numerosas que as acusações contra elas devem ser retiradas e apresentadas contra o regime de Kiev e todos aqueles que o ajudaram ou inspiraram este espetáculo.

Os meios de comunicação social ocidentais podem bloquear-nos no Twitter o quanto quiserem. Podem remover as nossas publicações, marcá-las, ameaçar os utilizadores e dizer que as informações por nós publicadas "fazem mal à saúde humana", apresentando como factos histórias falsas, podem fazer isto o quanto quiserem, mas devem ter sempre presente que a história põe sempre os pontos nos "is" e que a verdade sempre vence e vencerá neste caso. Passados apenas alguns dias, até os nossos críticos mais extremados calaram-se. Aperceberam-se da dimensão do que foi feito em Bucha por extremistas, neonazis, forças de segurança ou não-humanos ucranianos, como quer que lhes chamem.

Assim, no passado dia 3 de abril, depois de funcionários do Serviço de Segurança da Ucrânia e, provavelmente dos serviços secretos de outros países (isto terá de ser apurado) terem chegado à cidade, foram encontradas as provas do que foi deixado na cidade. Na verdade, não foi deixado, mas cometido depois da chegada à cidade de militantes controlados (ou não controlados) pelo regime de Kiev.

Sem fazer uma única tentativa de verificar pelo menos as fotos para ver se eram falsas ou autênticas, os políticos e os meios de comunicação ocidentais não tardaram a acusar a Rússia. Terá havido algo de novo nisso? Durante muitos anos, eles fizeram o mesmo: lavraram uma sentença e concretizaram as suas ameaças sem se dar o trabalho de confrontar as informações obtidas. O Presidente da França, o Chanceler Federal da Alemanha e o Secretário de Estado norte-americano exigiram sem qualquer fundamento que as autoridades russas fossem levadas à justiça. Todas estas pessoas são pessoalmente responsáveis pelo apoio ao crime cometido pelo regime de Kiev e pelas forças por ele controladas (ou não controladas).

Perguntaram-me por que razão Moscovo não começou a desmentir as notícias assim que estas foram publicadas. Acho que, antes de confirmar ou desmentir uma notícia, é necessário descobrir o que aconteceu, para o que é necessário tempo. Eles apostam no elemento surpresa, no plantio em massa de notícias falsas para provocar comentários. No entanto, é impossível fazer comentários oficiais sem uma verificação preliminar. Neste caso, tudo isso foi feito. Era difícil acreditar que falsificações como esta se pudessem espalhar em tantas quantidades de forma tão intensa. Apesar da absurdidade das declarações e acusações apresentadas, todas as informações foram verificadas.

Após a verificação, a Rússia solicitou a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir esta situação e provavelmente para trocar informações se alguém tivesse provas adicionais. Era também importante chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes: chamar à provocação criminosa "provocação criminosa". Contudo, a Presidência britânica do Conselho de Segurança da ONU pôs de lado o nosso pedido duas vezes num mesmo dia. A reunião sobre a situação na Ucrânia só foi realizada ontem como parte do programa anteriormente planeado. Temos direito de pedir uma reunião urgente, tendo em conta a dimensão das falsificações fabricadas e divulgadas e as acusações que nos foram feitas. O mais importante, porém, é o que vimos nas fotografias. Sabemos como Londres atua: não precisa de um único facto para lançar acusações, lavrar uma sentença e executá-la, tudo o que precisa é apenas do seu desejo e da sua decisão de agir.

Utilizámos a reunião do Conselho de Segurança da ONU para expor ao mundo os nossos factos e recordar a todos que Kiev não cumpriu as suas promessas de acabar com a guerra na Região de Donbass e de respeitar os direitos do povo de língua russa. O lado russo apelou a todos para que, pelo menos, tivessem em mente o facto de se tratar dos civis. A Ucrânia e o seu povo deveriam deixar de ser pau-mandado no jogo feito durante muitos anos no seu território pelos países que não têm sequer fronteira com ela. Eles não têm interesses vitais no seu território. Estão simplesmente a concretizar mais um roteiro geopolítico de caos global.

Utilizámos a reunião do Conselho de Segurança da ONU para chamar a atenção da comunidade internacional para os fornecimentos maciços de armas de toda espécie à Ucrânia. Forneceram tantas armas à Ucrânia que esvaziaram os seus armazéns. Reparem, não se trata de ajuda humanitária nem de pão, cereais, ou medicamentos, mas de armas para que os que ali estão continuem a estropiar-se. Segundo funcionários de Berlim, a Alemanha não tem mais nada para fornecer à Ucrânia. Conseguem imaginar? Não obstante, as armas continuam a chegar. O mesmo está a ser feito no leste, centro e norte da Europa.

Os debates no Conselho de Segurança da ONU mostraram que os nossos colegas ocidentais se recusaram a ver que as peças não se encaixavam nos vídeos captados em Bucha e divulgados pelos mass media. De facto, eles não pretendiam discutir nada daquilo que foi mostrado nos vídeos. Fizeram as suas declarações acusatórias e deram por encerrada a questão. Tem sido sempre assim, não é verdade? Houve algo diferente depois da provocação na Síria? Ou depois das falsificações em Salisbúria ou Amesbury? Alguma vez e algures a investigação realizada com base na lei foi levada a termo? Nunca. Nada. Todos os processos terminaram inacabados. Por outro lado, fazer acusações políticas, expulsar diplomatas e impor sanções é já uma tradição.

Obviamente, esta falsificação terrível e criminosa foi fabricada para justificar outro pacote de sanções, entre as quais a expulsão em massa de diplomatas russos de alguns países ocidentais, e para complicar (se não fazer abortar) as conversações em que Kiev começou a dar sinais de uma abordagem realista. O terceiro fator importante é fomentar mais uma vez as tensões na região e no resto do mundo. Com efeito, têm de explicar às suas populações a razão por que as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia se viraram contra elas e ricochetearam e atingiram todo o mundo.

Terão de explicar também porque as sanções continuam a ser impostas. Pessoas de todo o mundo estão a tomar as ruas e a exigir que os seus representantes, responsáveis governamentais e círculos políticos expliquem porque os seus países estão a sofrer ou a apoiar as sanções impostas à Rússia e porque as populações dos países não envolvidos na situação em torno da Ucrânia ou nos problemas da Europa em geral estão a ser afetadas por estas restrições.

Penso que estes países e as forças políticas já foram abordados para explicar às suas populações porque os preços de combustível batem recordes e porque crises alimentares e problemas na cadeia logística devido a cancelamentos de voos, fechamentos das fronteiras, etc. estão a eclodir. Deveriam ter dado alguma explicação, não conseguiram, pelo que tiraram da gaveta a peça de 1944 e levaram-na à cena.

É por isso que estamos a chamar a estas pessoas na Ucrânia neonazis e esquadrões punitivos. Professam a mesma lógica. Não há nada nelas que as distinga dos a quem chamavam, na altura, fascistas e nazis. Eles glorificam essa ideologia, inebriam-se com ela, e acreditam que seja um instrumento eficaz para ajustar as contas e intimidar e matar aqueles que não partilham a sua ideologia ou não se juntam às suas fileiras sob as suas bandeiras. É contra isso que estamos a lutar. Foi contra isso que as regiões ucranianas se revoltaram. Lutaram, durante muitos anos, defendendo os seus direitos, sobrevivendo e morrendo inquebrantáveis pela máquina neonazi. Só pode ser aceite uma única vez. Esta "escuridão" suga toda a gente e não há como voltar atrás.

Há crime e há castigo. Os seres humanos não são anjos, nem santos. Todos podem cometer um erro, fazer algo de mau, infringir a lei e sofrer uma punição. No entanto, é outra coisa. Não é do crime e do castigo que se trata, mas da desumanização. Este processo pode não ser reversível. As pessoas ficam completamente infetadas com esta ideologia que é abrangente e não faz exceções.

Num pano de fundo marcado com as falsificações sobre o massacre alegadamente perpetrado pela Rússia, os nacionalistas ucranianos continuam a cometer crimes de guerra. Poderia citar como exemplo a explosão de recipientes químicos ontem ocorrida na cidade de Rubezhnoye, na República Popular de Lugansk. A explosão foi organizada de modo a levar em conta a direção do vento para garantir que a nuvem venenosa se movesse para o leste para as regiões interiores da República Popular de Lugansk. Este é mais um ato de genocídio contra o povo da Região de Donbass.

À medida que as tropas russas libertam a cidade de Mariupol e retiram civis, novas e novas atrocidades perpetradas pelos neonazis tornam-se do conhecimento público. São relatadas por habitantes da cidade. Crimes monstruosos foram revelados na prisão secreta conhecida como "biblioteca" no aeroporto de Mariupol, onde nacionalistas ucranianos torturaram e mataram pessoas durante anos. Existem provas disso, mas nenhuma delas chega às mãos dos meios de comunicação ocidentais.

Agora é clara a razão por que as redes sociais norte-americanas declararam a sua política de bloqueio de tais vídeos. Não conseguirão encontrá-los nos mass media ocidentais. Este é um genocídio de informação. Pode assumir formas diferentes, entre as quais a remoção da informação que é objetiva e substantiva para as pessoas que representam um povo e um país. Esta prática de remoção equivale a um genocídio de informação.

Não verão ali relatos sobre "esquadrões da morte" de nazis ucranianos que rodavam pelas ruas de Kharkov em carros tirados a civis, disparando aleatoriamente contra edifícios residenciais para intimidar a população. Apenas alguns poucos de centenas de milhares de jornalistas atrever-se-ão a relatá-lo. Mas serão "amarrados com fita adesiva" a um "poste de luz" (como é comum atualmente na Ucrânia) e ostracizados se se atreverem a dizer uma só palavra contra a política oficial.

Não dirão nada sobre desaparecimentos em massa nesta cidade daqueles que foram suspeitos de simpatia pela Rússia ou de se manterem fiéis às suas opiniões. A crueldade selvagem e o sadismo com que os nazis ucranianos tratam os prisioneiros de guerra russos não têm nenhuma justificação e estão para além da compreensão humana. Os vídeos de espancamentos, torturas e assassinatos que podem ser considerados como sacrifícios ao mal correram a internet. Estamos a falar do século XXI, que pôs fim à época monstruosa do fascismo e do nazismo com as suas câmaras de gás e experiências com pessoas vivas. Não. Tudo está a começar de novo.

Falei com os meus colegas. Eles pediram-me para eu não ver estes vídeos. Eu não vi tudo. Algumas coisas são demasiadas para suportar. Não me refiro a aguentar as torturas, mas à tortura de ver estes vídeos: olhos arrancados, corpos desmembrados vivos, tudo isso acontece no coração da Europa. A quem está a defender, Sr. Di Maio, Sr. Macron? Dos britânicos nem falo. Não faz sentido. Vocês são europeus, são dos países onde a democracia e o atual sistema jurídico da Europa e do resto do mundo nasceram.

Infelizmente, os ocidentais não veem isto, não porque não haja informação, mas porque não querem vê-lo. Colocaram-se do outro lado da história. Fecharam os olhos aos crimes de guerra do regime de Kiev na Região de Donbass durante oito anos. Simplesmente não os queriam ver. Sabiam deles, mas não os queriam ver.

No que diz respeito às atrocidades desumanas cometidas pelas forças ucranianas contra os nossos militares, gostaria de dizer que estamos a trabalhar com a informação recebida. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e as nossas missões no estrangeiro estão a recolher provas. Estamos a coordenar os nossos esforços com os nossos colegas do Ministério da Defesa, do Comité de Investigação da Rússia e da Procuradoria-Geral com vista a enviar estas informações aos respetivos organismos internacionais. Evidentemente, não esperamos poder contar com a sua reação. Estamos a ver como as instituições mundiais se estão a desacreditar umas após as outras, não porque estejam mal estruturadas.

Os fundadores das Nações Unidas fizeram um bom trabalho para tornar a ONU em uma organização universal. Todavia, as pessoas que ali estão agora a tomar decisões estão a desacreditar as Nações Unidas com a sua inação e a sua posição tendenciosa.

A liderança do nosso país e as nossas autoridades competentes em matéria de crimes deixaram bem claro: todos os envolvidos nos crimes contra os militares russos serão localizados e levados à justiça, a decisão sobre como isso será feito será tomada mais tarde. Eles acabarão por ter o que merecem.

 

Sobre a campanha de vários países ocidentais para "cancelar a cultura russa"

 

 

O Ocidente ficou horrorizado consigo mesmo, lançando outra campanha para "cancelar a cultura russa". O que acabamos de ver nos seus respetivos marcos.  Esta não é uma raiva justa, mas algo que se acende nas pessoas. Isso é feito por "profissionais". Aqui, por exemplo, está a declaração do vice-primeiro-ministro, ministro da Cultura e Patrimônio Nacional da Polônia, Piotr Glinsky, de que "a cultura russa deve desaparecer do espaço público". Quem é você, Ministro da Cultura da Polônia, para dizer essas coisas? Quem lhe deu esse direito? Um bilhão de anos não é suficiente para estudar o assunto que ele quer abolir. Mesmo a sua dimensão não pode ser compreender, falando da cultura russa. Como, em geral, podem ser nomeados responsáveis ​​pela cultura se querem abolir a cultura das nações e dos povos? Sim, isso aconteceu na história - nas décadas de 1930 e 1940. É isso que estamos a enfrentar e combater.

Isto se enquadra na categoria “não dá para inventar de propósito”, mas no século XXI acabou por acontecer. A Galeria Nacional de Londres veio mudar o nome o quadro do artista impressionista francês Edgar Degas "Dançarinas Russas". Agora eles deixaram de ser russos. Acontece. Isso é normal para o Ocidente. Eles podem ter um homem de manhã, uma mulher à noite, e no dia seguinte é “isso”. Você também pode mudar de nacionalidade. Além disso, Degas morreu há muito tempo. Tomam uma coisa e a remodelam, passam a reescrever Este é apenas um nome, por isso não implica a mudança de passaporte, nem fazer operação para alterar o sexo. Basta riscar. Eles cancelaram a história há muito tempo. Por isso, monumentos foram demolidos por toda a Europa para que não fossem lembrados e as crianças não perguntassem aos pais, ou melhor ao parente “A” e ao parente “B”, de quem é um monumento a solado com uma estrela no boné. Para que nada lembre a história cancelada, a cultura também deve ser cancelada.

Tchaikovsky, Shostakovitch, Rachmaninov estão a ser removidos dos cartazes de shows em vários países. As digressões do Conjunto Nacional Académico de Canções e Dança que traz o nome de A.N. Kvasov foram canceladas na Holanda. Agora a vida na Holanda certamente vai melhorar.

Escritores russos e os seus livros são proibidos. A Universidade Estatal Bicocca de Milão cancelou um ciclo de quatro palestras do escritor P. Nori sobre a obra de Fiodor Dostoievski, "para não provocar polêmica". Novamente, nenhuma pergunta foi feita. Não pode haver disputas no estado que George Orwell descreveu. Há uma verdade. Na manhã seguinte, esta decisão foi negada. Mas o precedente foi estabelecido. O Teatro Govi ​​em Gênova cancelou de facto o anual Festival Dostoievski. E não mudou de ideia. Releia "Demônios" da autoria dele. Parece que a ação se desenrola hoje em dia. Seja lá como for, é uma obra única e imortal. Cancele, não cancele – tal foi é e será.

Afirmamos que infelizmente a russofobia está a progredir rapidamente no Ocidente, e as medidas selvagens tomadas têm vindo a violar todos os princípios do comportamento civilizado. A imposição agressiva da "cultura de cancelamento" degenera em um "cancelamento da cultura", ameaçando os participantes do "processo" com uma perda total de coordenação no mundo moderno. Agora é difícil entender quem está na sua frente - ele, ela, isso. Que gênero em que hora do dia "ele" prefere. É difícil entender quem escreveu uma ou outra obra. Afinal, o nome pode ser alterado em algumas horas. É difícil entender o que era verdade e o que não era. O que aconteceu na história passada? Monumentos estão a ser destruídos, museus estão a ser fechados, a história está a ser reescrita em livros didáticos para crianças. Não está claro quem atacou e quem foi alvo de ataque. Não porque não existam factos, mas porque as datas, direções, números, geografia mudaram. Tudo mudou. O que você quer de uma pessoa? Fazê-la perder completamente qualquer senso de realidade? O ostracismo público, o silêncio e o esquecimento de factos e nomes óbvios é autodestruição.

Sabemos das tentativas do Ocidente de "cancelar" a contribuição do Exército Vermelho para a vitória sobre o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Temos falado disso a cada semana por décadas. Já está a acontecer. No brasão do museu na cidade alemã de Karlshorst, onde em 1945 foi assinado o ato de rendição incondicional da Alemanha, a bandeira russa foi removida e a menção da Rússia foi encoberta na placa do museu. Quem estava lá? Digam-me. Quem deu liberdade a quem?  Teriam sido os alemães ocidentais a libertar os orientais? Qual é a nova versão?

Todo esse "sabat cultural", a bem dizer, "incivilizado" transforma-se cada vez mais em uma reminiscência do obscurantismo da Idade Média. Então, sob a estandarte do cristianismo (não da barbárie, não do regresso aos rituais religiosos), do Novo Testamento que nos ensina ter amor e a compaixão pelo próximo, montes de livros foram queimados nas estacas da Inquisição. Bem como se queimavam pessoas para não acender o fogo duas vezes. Não se lembra de nada? Eles desejavam fazer o bem. E bem sabiam como motivar. A Segunda Guerra Mundial também começou com altos ideais. Os nossos ancestrais foram informados de como viver. Quem é "limpo", quem "não é limpo". Que raça humana tem o direito de existir e libertar a qual não o teria.  Mais assustador ainda é a analogia com a campanha visando destruir a literatura inconveniente realizada pelos nazistas na Alemanha. A mesma campanha foi realizada ano após ano na Ucrânia. Todos os tipos de livros estavam "a ser queimados na fogueira" – a literatura histórica, de cariz etnocultural, religiosa e confessional, infantil. Até mesmo livros de receitas culinárias foram proibidos. Por quê? Porque era impossível compartilhar receita de preparação do borstch. Esse prato era suposto pertencer a apenas um povo e a uma só nacionalidade. Para torná-lo comum, em cada cidade e região a anfitriã poderia cozinhá-lo à sua maneira - não. Eles não queriam se comprometer. É disso que estamos a falar: temos deparado com a xenofobia, nazismo, extremismo em todas as formas.

Nesta "cultura do cancelamento" estamos a lidar com o fenômeno da "extinção" de uma cultura do campo público em prol de outras, que não é tão incomum na história europeia e americana. Ou apenas para glorificar algo. Não se trata apenas do nosso país. É uma prática generalizada deles. Um par de anos atrás, a China caiu em sua desgraça. Tentaram acusá-la de criar o coronavírus, supostamente por um morcego que tivesse infetado todos. Não deu. Contudo, afetaram os chineses, já que se falava muito da sinofobia, antes de tudo, nos EUA. Antes disso, os outros países haviam tentado “cancelar” certos países.  No início dos anos 2000 foi empreendida tentativa de “cancelar” temporariamente a cultura francesa quando Paris não apoiou Washington na campanha anti-Iraque. Os EUA até tentaram remover as batatas fritas de circulação, que em inglês seria “French Fries” - a palavra “french” que consta do nome. Não estou a falar de filmes, etc. Tudo era mais ou menos o mesmo. Não houve um único talk show em que os franceses não tivessem recebido um “gancho de cabelo” devido à sua posição de princípios, o que acabou por ser a verdade. Então a liderança da França tinha a independência suficiente para examinar os factos e entender o que era verdade e o que era mentira.

Essa "cultura do cancelamento" não tem décadas, nem mesmo centenas. Não existe uma analogia direta, mas, de uma forma ou de outra, até os antigos romanos introduziram o termo Damnatio memoriae (“maldição/esquecimento da morte”) no seu direito jurídico. Após a morte de uma pessoa, a memória dele teve que ser removida da consciência pública, da vida social. Ela devia ser esquecida. Não foi um jeito natural, mas fizeram de tudo para que não houvesse lembrança dele, porque naquele momento ele foi condenado. Vocês podem tratá-lo de forma diferente, mas o facto permanece.

As potências coloniais da Europa e da América apagaram qualquer menção ao nacional em seus protetorados, destruindo dezenas de amostras inestimáveis ​​de patrimônio cultural. Mais tarde, Michel Foucault chamaria esse processo feio de "imperialismo cultural". As sociedades inteiras receberam o status de "subalternas". De acordo com a filosofia dos pesquisadores do colonialismo A. Gramsci e G. Spivak, o seu traço cultural permaneceu “invisível” para a cultura dominante e esse estado de coisas foi conscientemente apoiado pelo Ocidente.

Os ideólogos do Terceiro Reich chegaram aos picos inatingíveis (até recentemente - inatingíveis, agora os novos picos estão a ser conquistados, mais precisamente, “um novo fundo está a ser lançado”) nos anos 30 do século XX, retirando qualquer menção à contribuição de cientistas e artistas judeus para a formação da vida espiritual da Alemanha. Como se não existissem tais pessoas. Tudo recomeça. Conquistas de apenas uma nacionalidade ou algumas raças selecionadas são o que importa houve outras raças, mas isso já não tem importância.

Esse fenômeno foi estetizado, levado "ao tribunal". Eles chamaram isso de "arianização cultural". Havia um programa, instalações, ideólogos e aqueles que implementaram esse conceito e acompanharam a sua implementação.  

Ao longo da segunda metade do século passado, houve uma “caça às bruxas”, a luta contra o comunismo justificou a exclusão de tudo que havia de “comunista” nos Estados Unidos (o famigerado “macarthismo”). A ideologia é a mesma. Agora é uma "cultura do cancelamento" e um novo genocídio cultural. Desta vez, praticado em relação ao grande legado russo. Aplica-se a tudo. Não há nada de novo. Uma velha doença do Ocidente.

É impossível imaginar isso no nosso país. Durante séculos, mestres nacionais de literatura, música e belas artes deram à humanidade as obras-primas que se tornaram marcos morais e espirituais para as gerações inteiras e entraram no tesouro da cultura mundial. Ao mesmo tempo, a Rússia sempre valorizou e popularizou muito as obras de mestres de arte estrangeiros, independentemente do nível de relações com os Estados de origem. O ano de 1812 não seria indicador nesse sentido? Leia o romance Guerra e Paz. Também muito impressionante. Partimos do facto de que a esfera humanitária se deve “destacar”. Este é um bem, um poço de água potável, que permitirá à humanidade ficar salva. Este canal de comunicação entre as pessoas em todos os momentos possibilitou desenvolver um diálogo, buscar um terreno comum, entendimento mútuo e simplesmente sobreviver.

 

Sobre a reação dos italianos à operação especial russa na Ucrânia

 

Não em toda a parte e nem em todos os lugares e não inteiramente, a russofobia foi capaz de dominar o mundo. Existem muitos exemplos. Eu vou citar um.

Depois que as “engrenagens” da campanha russofóbica foram acionadas e a perseguição a todos os russos foi anunciada, recebemos um grande número de cartas de apoio e chamadas telefónicas por meio de nossas Embaixadas.

Os cidadãos da Itália expressam a solidariedade com o nosso país e cidadãos. Outro conjunto de apelos veio do Consulado-Geral da Rússia em Milão. São centenas de cartas endereçadas ao Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, redigidas por italianos comuns: jornalistas independentes, advogados internacionais, representantes da comunidade acadêmica, empresários, figuras culturais e públicas. Eles contêm não apenas emoções reais e genuínas, mas também uma análise profunda do que está a passar, o que não é exposto por aqueles que são obrigados a fazer isso - o establishment político.

Citarei apenas alguns deles: “nem todos os italianos são fantoches americanos”, “sempre considerei o povo russo fraterno, porque em 1945 os russos devolveram o meu pai para mim que era um soldado italiano cativo”. Enquanto a Itália estava do outro lado. “Expresso solidariedade com o povo e as autoridades russas e discordo da vergonhosa campanha russofóbica”, “Farei todos os esforços para provar que apenas sanções contra a Ucrânia, que está sob o domínio dos nazistas, são justificadas”, “o governo criminoso da Ucrânia é o único responsável pelas inevitáveis ​​baixas civis”, “a propaganda de ódio alimentada pela media italiana desacredita o meu país e denigre a grande civilização russa”, “distancio-me das medidas políticas e econômicas do governo italiano, continuarei a trabalhar com convidados russos”, “continuaremos a promover projetos que confirmam a media plenitude da cultura russa.

As sanções são a chave para compreender toda a situação. Porque em 24 de fevereiro de 2022 foi declarado que as demais opções se esgotaram. Vemos hoje como o "Ocidente coletivo" sob o "arranjo" dos Estados Unidos, não só aplica, mas inventa sanções mais sofisticadas: compõem-se listas pessoais, fazem-se proibições, acusações, ameaças, bloqueios econômicos, expropriações, apreensões, roubos, bloqueios, congelamentos. Tudo foi aplicado. Eles sabem fazê-lo e podem. Nada é necessário para bloquear uma conta, assaltar a propriedade privada de outra pessoa, mesmo cidadãos do Estado onde isso acontece, apesar de também serem cidadãos da Rússia ou terem vínculos, negócios com nosso país. Nada impede que os países ocidentais apliquem todo tipo de restrições para alcançar uma solução política.

Porque, durante oito anos, nada disso, mesmo em uma bilionésima parte, foi aplicado ao regime de Kiev para induzi-lo a cumprir os acordos de Minsk, que são assinados, inclusive pelo Presidente da Ucrânia. Poderia ter sido feito. Bastava que não lhes enviassem dinheiro uma vez, ao qual eles não tinham direito e estava a fomentar o desenvolvimento do regime de Kiev. O dinheiro foi enviado assim. Mas também desvaneceu. Poderiam dizer, pelo menos uma vez, que o dinheiro em forma de bilhões de tranches seria entregue quando completassem um item e começassem a implementar um outro qualquer. Conhecemos bem os representantes do regime de Kiev do século XXI. Essas pessoas vão se enforcar por um centavo e estrangular todo mundo. Eles teriam cumprido em pleno e muito mais os acordos de Minsk. Fariam de tudo para ver o dinheiro nas suas contas novamente. "Nas suas contas bancárias" e não são contas estatais, mas sim nas privadas, abertas nos países para onde migraram. Não. Nada do que foi feito em relação a diferentes países foi aplicado ao regime de Kiev.

O regime de Kiev cometeu muitos crimes: assassinatos, violência, sequestros, fechamento de canais de TV, intimidação de jornalistas. Factos de genocídio de pessoas que vivem em um determinado território. O que impediu que as iluminadas Bruxelas, Paris, Roma, Londres até já fica à parte, nem a mencionamos, tudo está claro com ela, mas Madrid, Lisboa, Berlim - o que as impediu pelo menos uma vez fazer atrasar pagamentos não devidos a Kiev, mas os pagamentos de bónus, e vinculá-los à implementação dos acordos de Minsk. Nada teria acontecido daquilo que se passa agora. Se a situação política interna na Ucrânia tivesse sido resolvida há muito tempo, as duas regiões teriam as garantias legislativas apropriadas, o idioma (mesmo em sua parte), oportunidades para a vida econômica e benefícios sociais. Tudo ficaria bem. Mas eles não o fizeram. Eles só pagavam a Kiev pelo não cumprimento dos acordos de Minsk.

Voltando à reação dos cidadãos italianos. Não são mensagens anônimas, cada uma é assinada por pessoas específicas que não têm medo, falam diretamente sobre isso e entendem o que está a acontecer.

Existem muitas cartas do género. Por exemplo, apenas num dia, a 25 de março deste ano a Embaixada da Rússia na Itália recebeu quase 2 000 cartas. Não de natureza agressiva, como vemos daqueles que apoiam os neonazistas no território da Ucrânia, mas contendo as palavras normais, humanas de apoio e compreensão. Talvez não de apoio e solidariedade, mas manifestando a compreensão da etimologia da crise em causa. Eles falam abertamente de desacordo com a política seguida pela liderança italiana, que não atende aos interesses do povo italiano, expressam votos de uma vitória antecipada para a Rússia, gratidão pela ajuda na luta contra a pandemia como parte do esforço humanitário russo na missão nos Apeninos. A mensagem mais comum é “este governo não me representa, não age em meu nome”. A hashtag correspondente - "#notinmyname" - está ganhando cada vez mais popularidade no segmento italiano da Internet. Reúne todas essas pessoas e o que elas pensam.

Gostaria de fazer lembrar, inclusive ao governo italiano, que tantas vezes fala sobre a Rússia. Veja-se a pandemia 2020. A Itália tornou-se a primeira vítima europeia de uma doença nova, então inexplorada, para a qual não havia cura ou vacina. Terão esquecido como eles queriam “cancelar” a Itália? Esqueceram. Eu vou lembrar. Vocês fizeram um vídeo maravilhoso, o seu pessoal criativo, figuras públicas filmaram um curta-metragem fantástico por alguns minutos sobre o que é a Itália. Que a Itália é um país que deu ao mundo compositores, artistas, arquitetos, designers de moda e designers incríveis. E vocês dirigiram-se aos povos da Europa e do mundo com uma pergunta: como vocês podem esquecer e abolir a cultura italiana, a Itália e o povo italiano? Vocês não sentiram isso? Não sentiram a dor então? Eles não fizeram nada a vocês que agora estão a tentar fazer àquelas pessoas que sofreram por oito anos e que agora foram crucificadas duas vezes. Lembram-se de 2020? Vocês lembram-se de quem os ajudou então? Lembre-se de quem então socorreu para suprir a “canhoneira"? Sim, era a Rússia. Foram as forças armadas russas. Vocês fazem pergunta - porque fizemos isso? Uma vez, o Sr. Di Maio pode interrogar-se - porque foi necessário? Nós, então, como um país, tivemos que acumular nossas forças. Para nós próprios. Mas compartilhamos com vocês a ajuda, conhecimentos, habilidades, oportunidades, amor. Nós compartilhamos com vocês, e agora vocês, não representando o verdadeiro povo da Itália (porque eles escrevem sobre vocês assim), lançaram uma luta antirrussa, passando a liderar a comunidade europeia. Não é a nós que a andam a cancelar, mas a si mesmos.

Um comentário postado nas contas oficiais da Embaixada da Rússia na Itália no Facebook, Twitter e Telegram com a gratidão aos cidadãos da Itália que expressaram apoio ao nosso país causou uma reação positiva sem precedentes, ganhando centenas de milhares de visualizações, dezenas de milhares de curtidas, milhares de republicações. Eu sei que isso não se prolongará por muito tempo. Eu sei que as redes sociais americanas vão remover tudo isso, vão acabar com isso, vão fazer como se nunca tivesse acontecido. Mas foi e será.

Vemos e apreciamos muito que o povo italiano não se deixa enganar pela media tendenciosa e, mesmo nos momentos mais difíceis, tempos de mudança global, se esforça por manter os laços estreitos com a Rússia, com a sua história e a cultura. Os dados das últimas pesquisas de opinião, avançados pelo canal de televisão estatal RAI são eloquentes: os 55% dos italianos são contra o envio de armas letais ao regime de Kiev, 69% acreditam que um diálogo deve ser mantido com a Rússia. Gostaria que a Itália e outros países da União Europeia ouvissem esse tipo de opinião e se guiassem pela vontade de seus próprios povos.

 

Sobre restrições nas páginas do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e outros órgãos estatais russos nas redes sociais ocidentais

 

As corporações americanas de TI continuam a limpeza total do espaço digital de qualquer ponto de vista alternativo, cumprindo metodicamente a ordem política de Washington como parte da agressão informativa desencadeada contra a Rússia.

Há 15 anos, lembro-me muito bem como essas mesmas corporações globais gritavam, faziam barulho, culpando a China por não as deixar entrar para o seu mercado. Algo deu errado agora. E tudo o que era então imputado ao Estado soberano da China (que não era obrigado a deixar as corporações americanas entrarem no seu espaço de informação), tudo de que Pequim era acusada, agora eles mesmos estão a fazer. Eles estão engajados em bloquear, apreender, intimidar pessoas, impedir que os usuários acedam ao conteúdo dessa parte substantiva, e muitas outras coisas sobre as quais falarei agora.

Hoje, a hospedagem de vídeos do YouTube cometeu outro ato de censura digital aberta contra uma conta verificada do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, excluindo o vídeo do meu briefing datado de 17 de março deste ano motivando-o com algumas “violações das regras da comunidade”, nomeadamente, a preocupação com a prevenção de “declarações discriminatórias”. Por favor, dê exemplos do tipo de declarações discriminatórias que fiz. Galeria de Londres foi expulsa do YouTube? Pela renomeação discriminatória da pintura de E. Degas. Talvez eles tenham proibido a transmissão ou bloqueado um dos políticos ocidentais por declarações discriminatórias sobre a Rússia, a cultura russa e a língua russa? Não? Não ouviram? Nem eu.

Quais são essas declarações, só podemos adivinhar: a plataforma nunca se preocupa com explicações específicas. Podemos apenas supor que a administração do serviço não estivesse satisfeita com os factos então expressos da ideologia nazista generalizada nas Forças Armadas da Ucrânia, as circunstâncias dos ataques das forças armadas ucranianas à população civil de Donbass ou, por exemplo, os detalhes revelados dos programas biológicos militares dos EUA no território da Ucrânia. E isso é cem por cento. Tudo relacionado com os programas biológicos é apagado em todos os lugares. Isso os irrita muito. É disso que eles têm muito medo, porque a verdade foi revelada. Não posso descartar que toda essa história terrível com a cidade de Bucha e toda essa provocação criminosa foi engendrada precisamente por perguntas da população em vários países ocidentais sobre o que os seus governos estavam a fazer nesses laboratórios biológicos. Estes não eram apenas laboratórios biológicos norte-americanos - quero dizer aqueles que, sob a cobertura do Ministério da Saúde da Ucrânia, agiam com o dinheiro do Pentágono, a Alemanha também estava lá, havia outros países.

Então e o YouTube? Esse tipo de violação bárbara das normas fundamentais de livre acesso à informação por parte da plataforma, que nem sequer tenta agora fingir ser neutra. Tenho certeza que agora podemos dizer definitivamente que era apenas uma questão de tempo. Eles sabiam o que iriam fazer, eles fizeram isso, bloquearam várias investigações jornalísticas, canais de media inteiros do seu site. Vídeos e pessoas específicos foram bloqueados, algumas restrições foram impostas, etc. Nós observamos e comentamos constantemente sobre o assunto. Agora somos nós os afetados. Agora, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao que parece, não pode conduzir os seus briefings no YouTube. Abrimos uma conta no RuTube há cerca de um ano. Em breve estaremos transmitindo lá. Essa hospedagem de vídeo pseudo-imparcial já lidou com contas daa media russa, mas agora começou a arbitrariedade digital em relação aos canais das autoridades públicas. É necessário instar o YouTube e o seu proprietário, Google Corporation, para serem prudentes e responsáveis? Ou faremos algo diferente? Já chega de palavras. Provavelmente, é hora de passar aos atos e não para medidas e meias medidas.

Sempre e em todos os lugares pronunciámo-nos pela liberdade de expressão, pela busca de compromissos, etc. Mas aqui eles cruzaram todos os limites possíveis. Há muito que deixámos de ter ilusões sobre como a plataforma continuaria a se comportar. Sim, agora foi anunciado que a medida restritiva era temporária, mas ao mesmo tempo estamos bem cientes de que a atitude geral do Ocidente, dos serviços de inteligência dos EUA e da superestrutura política é óbvia e compreensível. Esta é uma rejeição frenética de tudo o que o deixa desconfortável. Aparentemente, eles tocaram num assunto relativo ao próprio paciente - laboratórios biológicos e também aos laços da família do Presidente dos EUA, Joe Biden, à desgraça presente no território da Ucrânia no contexto de laboratórios biológicos e projetos em andamento lá.

Gostaria de vos recordar que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia criou a sua conta no YouTube em 2012. Em tais realidades, o formato e, em geral, a conveniência de interagir com a plataforma obviamente exigirá uma profunda reflexão. Mas não fomos nós a começar a repensar. Nós teríamos trabalhado. Mas como vocês podem trabalhar se não têm a permissão para trabalhar? Reservamo-nos o direito de entrar em contato com as autoridades competentes da Federação da Rússia para tomar medidas apropriadas no contexto do bloqueio.

Este incidente mais uma vez demonstra uma falta absoluta de escrúpulos dos gigantes americanos de TI, o seu total envolvimento na guerra de informação que está a ser travada contra a Rússia. Ainda ontem, em comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, eles apontaram a inaceitabilidade de restrições por parte do Twitter em relação aos materiais sobre uma provocação na vila ucraniana de Bucha. Em menos de um dia, a mesma plataforma anunciou novos passos. Já oficialmente, não com base nas regras da comunidade, mas alterando essas regras em movimento. Agora eles vão minimizar o acesso dos seus usuários aos materiais das agências governamentais russas. Não vale a pena os seus utentes se "alimentarem" junto das fontes alternativas. Que leiam despachos informativos a cargo do Departamento de Estado. Ou da Casa Branca. Tudo está bem ali. Com relação às agências governamentais na Rússia, o Twitter planeia desabilitar as funções de recomendação de conteúdo, ou seja, elas não serão oferecidas automaticamente para leitura mesmo no caso de altas classificações de visualização. A ideia é que os utentes tenham que procurar as nossas publicações por conta própria, percorrendo a paliçada de tweets "confiáveis". É até outra coisa. Isto é o que eles anunciaram. O "motor" será organizado de forma que os nossos materiais não sejam pesquisados, mesmo que o usuário queira.

Não menos escandalosos são os planos do Twitter no sentido de remover postagens com prisioneiros de guerra se forem compartilhadas por meio de contas associadas a um Estado específico. Como é? As forças armadas do país estão ligadas aos órgãos estatais. Como vocês podem impedir que agências governamentais distribuam essas informações (quero dizer, nas suas plataformas)? Eu traduzo para russo. Muitas fotos e evidências de vídeo sobre a arbitrariedade terrível e tratamento de militares russos, capturados por grupos armados ucranianos, por militantes e extremistas penetram na rede. Vocês não encontrarão nada assim em relação aos prisioneiros de guerra ucranianos em nenhum lugar. Por trás da redação distorcida do Twitter está o desejo de proteger a comunidade internacional em geral de qualquer tentativa da Rússia de transmitir a imagem real das práticas desumanas do regime de Kiev e impedir que as informações sobre a máquina neonazista na Ucrânia cheguem a qualquer lugar. Acho que não há necessidade de lembrar sobre a política russofóbica do livro da reconhecida empresa extremista Meta. Tudo foi limpo e está a ser limpado.

Nessas condições, tem-se falado repetidamente sobre a procura por serviços de Internet alternativos, comparáveis ​​em funcionalidade e competitividade, que professem uma abordagem de conteúdo fundamentalmente diferente para moderação de conteúdo dentro da estrutura da legislação russa. Já estamos no RuTube.

Queremos que não apenas nós estejamos lá. Todos os órgãos estatais da Federação da Rússia consideram esta plataforma como a principal, abrem contas lá e carregam conteúdo lá.

Espero que essa poderosa procura pública seja convertida em breve em produtos de software específicos a ritmos acelerados e essa plataforma se desenvolva.

 

Sobre declarações antirrussas das autoridades japonesas

 

As autoridades japonesas mostram uma perseverança invejável para fomentar a histeria antirrussa na sociedade japonesa e a impor uma agenda ideologizada aos seus parceiros estrangeiros, cumprindo as ordens recebidas dos EUA. Fica-se com a impressão de que a liderança japonesa considera este aspeto das suas atividades mais importante do que a recuperação pós-Covid-19 e o desenvolvimento económico sustentável do seu país.

Consequentemente, as autoridades japonesas estão consistentemente a destruir as realizações positivas obtidas na cooperação mutuamente benéfica pelos seus antecessores ao longo de muitos anos. Atuando de acordo com o famoso princípio "depois de nós o dilúvio", a administração de Fumio Kishida está a sacrificar propositadamente os interesses socioeconómicos a longo prazo do povo e da   comunidade empresarial japonesa aos objetivos políticos egoístas, tentando dificultar ao máximo o trabalho daqueles que terão de "fazer obras" nas relações bilaterais mais cedo ou mais tarde.

Da nossa parte tencionamos elaborar e implementar eficazmente as nossas contramedidas.

 

FIFA adota o russo como língua oficial

 

Com a campanha de suspensão dos atletas russos de competições internacionais importantes a continuar, cada vez mais pessoas começam a pronunciar-se em defesa dos direitos dos atletas russos. A contribuição dos russos para o desenvolvimento do movimento desportivo internacional no contexto histórico e para a promoção de diferentes modalidades desportivas não pode ser cancelada por uma simples proibição de tudo o que é russo. Neste contexto, a decisão da Federação Internacional de Futebol (FIFA) de incluir a língua russa na lista de idiomas oficias da organização foi simbólica. A decisão ocorreu no dia 31 de março passado no 72º Congresso da FIFA no Qatar, com 187 países a votarem a favor e apenas quatro a votarem contra.

Este é um bom sinal que mostra que a maioria dos responsáveis internacionais é sensata e reconhece a importância do futebol russo.

Esperamos que o movimento desportivo internacional venha a compreender o desenvolvimento do desporto internacional é impossível sem a Rússia. Esperamos que este passo da FIFA sirva de impulso positivo para outras organizações e federações desportivas internacionais no sentido de levantarem as restrições discriminatórias impostas aos nossos atletas.

 

Sobre a iniciativa de criar Dia Mundial da Língua Russa

 

Visando promover o plurilinguismo em organizações internacionais, gostaríamos de chamar a vossa atenção para a iniciativa de criar um Dia Mundial da Língua Russa a ser examinada nos próximos dias na 214ª sessão do Conselho Executivo da UNEOCX na sede da Organização em Paris. A iniciativa é coautorada pela Federação da Rússia, Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, China, Cuba, Irão, Cazaquistão, República Popular Democrática da Coreia, Quirguizistão, Nicarágua, Palestina, Síria, Tajiquistão, Turquemenistão, Uzbequistão e Venezuela. Esperamos que outros copatrocinadores se juntem a este projeto.

Atualmente, o russo é a língua eslava mais falada e uma das línguas mais faladas no mundo. É falada por mais de 258 milhões de pessoas em todos os continentes. Cerca de 50 por cento dos falantes de russo vivem no estrangeiro. A língua russa é usada como idioma oficial em cinco países membros da UNEOCX e tem estatuto de língua oficial ou de língua de trabalho na maioria esmagadora das organizações da ONU e de associações internacionais de dimensão continental. É muito utilizada no ensino, ciência, cultura, comunicação e informação, refletindo o rico legado cultural e civilizacional, sendo uma ferramenta de transmissão das tradições, valores e conceitos de toda uma série de povos que habitam o vasto espaço eurasiático e unidos por uma história e cultura comuns.

A ideia de criar um Dia Mundial da Língua Russa visa aumentar o interesse da comunidade internacional, reforçar o plurilinguismo, valor fundamental das organizações da família da ONU, estimular o diálogo entre as diferentes culturas e civilizações e a compreensão mútua entre as nações. A iniciativa apresentada é puramente humanitária e despolitizada, e corresponde plenamente à prática da UNEOCX de proclamar "jornadas de línguas". Nos anos anteriores, a Organização criou dias mundiais do árabe, do português, do romani e do suaíli.

Esperamos que o Conselho Executivo seja imparcial e não discriminatório ao abordar a questão da língua russa e que as tentativas de alguns países de "cancelar a cultura russa" que, infelizmente, atingiram também as atividades da UNEOCX não prejudiquem a nossa iniciativa que foi previamente apoiada pela Diretora-Geral da Organização, Audrey Azoulay.

 

Sobre a 41ª reunião do Conselho Mundial de Coordenação das Comunidades Russas

 

A 5 de abril, o Conselho Mundial de Coordenação das Comunidades Russas realizou uma reunião por videoconferência. A reunião contou com a presença do Secretário Executivo da Comissão do Governo para as Comunidades Russas e do Diretor do Departamento de Comunidades Russas do MNE da Rússia, Alexander Nurizade. 

A reunião assinalou a importância de as comunidades russas no estrangeiro se manterem coesas face à russofobia que atingiu muitos países de todo o mundo e abordaram questões relativas às próximas comemorações do Dia da Vitória e à realização das iniciativas patrióticas tradicionais "Fita Georgiana" e "Regimento Imortal".

Os participantes dispensaram especial atenção às questões relacionadas com a melhoria da estrutura do Conselho e decidiram criar no seu seio uma Comissão Permanente para a Preservação da Verdade Histórica.

 

Sobre a promoção das relações Rússia-ASEAN

 

As relações Rússia-ASEAN têm registado a intensificação das atividades nos últimos tempos. O diálogo da Rússia com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) tem vindo a desenvolver-se dinamicamente, de acordo com o Plano de Ação Global para 2021-2025, aprovado pelos líderes da Rússia e dos dez países na sua reunião de outubro passado.

Entre os dias 25 e 29 de março passado, os principais órgãos de trabalho deste diálogo, o Comité Misto de Cooperação e o Comité Misto de Planeamento e Gestão, realizaram as suas reuniões regulares a nível de representantes permanentes junto da ASEAN. As reuniões centraram-se na busca de soluções para as questões relacionadas com o reforço da parceria estratégica entre a Rússia e a ASEAN em matéria de política, segurança, economia e cultura. A participação de mais de uma dúzia de ministérios e organizações sectoriais da Rússia conferiu à reunião um aspeto prático.

A ordem de trabalhos incluía a discussão das questões relativas à continuação das Consultas Rússia-ASEAN de Altos Representantes para as Questões da Segurança, lançadas em 2021, e do Diálogo Rússia-ASEAN sobre questões relacionadas com a segurança das TIC, além da organização da próxima reunião informal dos Ministros da Defesa. A Rússia encara como iniciativa muito útil a realização dos primeiros exercícios navais Rússia-ASEAN em dezembro de 2021.

Nas atuais circunstâncias, as atenções estão centradas na cooperação em áreas de ciência intensiva e de alta tecnologia capazes de assegurar um avanço inovador na economia. Neste contexto, o lançamento do Ano de Cooperação Científica e Técnica entre a Rússia e a ASEAN, em fevereiro deste ano, teve importância crucial. Estão prestes a ser concluídos os ajustamentos do projeto de Plano de Trabalho Rússia-ASEAN para a Educação. Vemos que os nossos parceiros têm muito interesse em concretizar conjuntamente projetos em matéria de ensino, energia, digitalização, medicina, interconectividade, mudança climática, e cidades inteligentes. Mianmar e as Filipinas apresentaram iniciativas setoriais interessantes.

A experiência do combate à pandemia da COVID-19 confirmou ser importante conjugar os esforços para combater as doenças infeciosas. Neste contexto, a reabertura, em Vladivostok, em março de 2022, dos cursos de aperfeiçoamento profissional para epidemiologistas dos países da ASEAN sob a égide do Serviço Federal de Supervisão em matéria de Proteção dos Direitos do Consumidor e Bem-Estar Humano na Rússia (Rospotrebnadzor) foi extremamente importante. A primeira reunião dos Ministros do Turismo Rússia-ASEAN, realizada por videoconferência em janeiro passado, foi parte importante do esforço para a implementação do Plano de Ação Global. Uma das nossas prioridades é recuperar, o mais rapidamente possível, a indústria do turismo que foi mais atingida pela pandemia da Covid-19 e tem grande importância para as economias do Sudeste Asiático. A implementação do respetivo plano de trabalho para 2022-2024 permitirá intensificar a cooperação neste sector. Neste contexto, devemos também referir-nos ao projeto de Singapura de utilizar as redes sociais para impulsionar a intensificação das trocas turísticas mútuas.

A Rússia e a ASEAN estão decididas a manter os atuais ritmos de cooperação e a procurar novas oportunidades com enfoque nos aspetos práticos.

 

Relações diplomáticas entre Rússia e Tajiquistão completam 30 anos

 

O dia 8 de abril marca o 30º aniversário das relações diplomáticas entre a Federação da Rússia e a República do Tajiquistão.

Nos últimos 30 anos, os dois países têm trabalhado juntos nas questões mais importantes do desenvolvimento social e económico, interação cultural e humanitária, e reforço das capacidades de defesa e segurança da Rússia e do Tajiquistão, o que teve um impacto positivo na situação de toda a região da Ásia Central.

Os nossos dois países mantêm um diálogo intenso. Os líderes dos dois países realizam reuniões regulares tanto no formato bilateral como em fóruns multilaterais como a OTSC, CEI e OCX. Os Ministros dos Negócios Estrangeiros, os Presidentes dos Parlamentos e Diretores de Departamentos realizam consultas regulares.

Os nossos dois países condenam veementemente todas as formas de discriminação por razões raciais, linguísticas e religiosas e as tentativas de reescrever a história e os resultados da Segunda Guerra Mundial.

A Federação da Rússia e a República do Tajiquistão valorizam as realizações obtidas no âmbito da sua parceria estratégica e das relações aliadas que se baseiam nos interesses e valores comuns e na amizade secular.

 

Relações diplomáticas entre Rússia e Turquemenistão completam 30 anos

 

O dia 8 de abril marca o 30º aniversário das relações diplomáticas entre a Federação da Rússia e o Turquemenistão.

As relações entre Moscovo e Asgabat, elevadas, em 2017, ao nível de parceria estratégica, caracterizam-se pela igualdade e respeito mútuo e a consideração dos interesses das partes. Os seus pilares são os laços económicos e comerciais dinâmicos, a cooperação mutuamente vantajosa entre regiões, a cooperação construtiva nos principais fóruns internacionais e regionais, incluindo a CEI, o G5 do Cáspio, a ONU, a OTSC e o mecanismo de diálogo G5 da Ásia Central + Rússia.

As nossas posições sobre os assuntos internacionais relevantes são idênticas ou convergentes. A Rússia valoriza o estatuto neutro do Turquemenistão, que desempenha o papel de defensor da paz, segurança e desenvolvimento sustentável na Ásia Central e na região do Mar Cáspio.

Para assinalar o 30º aniversário das nossas relações diplomáticas, temos agendada toda uma série de eventos comemorativos conjuntos, entre os quais exposições, conferências científicas e intercâmbios culturais. Os Ministérios dos Negócios Estrangeiros russo e turquemeno darão o seu contributo para este trabalho.

 

Relações diplomáticas entre Rússia e Índia completam 75 anos

 

No dia 13 de abril de 1947, foram estabelecidas relações diplomáticas com a Índia, parceiro confiável da Rússia com quem estamos unidos há séculos por laços de amizade e confiança mútua.

As nossas relações bilaterais têm-se caraterizado pela profunda simpatia entre os nossos povos, interesse mútuo pelos valores espirituais e realizações culturais dos dois países e a disponibilidade de respeitar e ter em conta os interesses da outra parte.

A cooperação Rússia-Índia atingiu um novo nível de parceria estratégica altamente privilegiada que tem como característica uma cooperação abrangente, apoio mútuo no cenário internacional e estreitamento coerente da cooperação humanitária, incluindo o combate à pandemia da COVID-19.

Um dos traços marcantes das relações entre a Índia e a Rússia são contactos bilaterais muito intensos. Todos os anos, os dois países realizam reuniões de alto e mais alto nível. No dia 6 de dezembro de 2021, realizou-se, em Nova Deli, mais uma reunião cimeira Rússia-Índia. Na reunião, o Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, e o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, abordaram questões-chave da cooperação bilateral e tópicos globais e regionais relevantes. No dia 1 de abril de 2022, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, visitou Nova Deli onde se reuniu com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e foi recebido pelo Primeiro Ministro, Narendra Modi.

 

Sobre ofensiva das tropas soviéticas na Crimeia durante a Segunda Guerra Mundial (8 de abril de 1944)

 

O 17º Exército alemão composto por cinco divisões alemãs e sete divisões romenas, com cerca de 200.000 efetivos, mais de 3.500 peças de artilharia e morteiros, 215 carros de combate e material de artilharia de assalto e cerca de 150 aviões, foi bloqueado na Crimeia nos finais do verão de 1943. O inimigo criava uma ameaça para a retaguarda soviética na margem direita, na Ucrânia, protegendo o seu flanco estratégico nos Balcãs e as comunicações marítimas entre os estreitos e os portos marítimos da costa ocidental do Mar Negro, no alto Danúbio.

O Exército Vermelho levou a cabo a ofensiva para libertar a Crimeia dos invasores. Lançada a 8 de abril, a operação durou até 12 de maio de 1944, e foi levada a cabo pela 4ª Frente Ucraniana (comandada pelo general do exército, Fyodor Tolbukhin) em coordenação com a Frota do Mar Negro (comandada pelo almirante Filipp Oktyabrsky) e a flotilha do Mar de Azov (comandada pelo contra-almirante Sergey Gorshkov). O Chefe do Estado-Maior do Exército Vermelho, marechal da União Soviética, Alexander Vasilevsky, coordenou a operação.

Na manhã do dia 8 de abril de 1944 (após cinco dias de bombardeamento), o 51º Exército da 4ª Frente Ucraniana vibrou um golpe a partir de uma cabeça-de-ponte na costa sul do Sivash e quebrou a defesa alemã, após dois dias de combates, atingindo o flanco das tropas nazis instaladas em Perekop. Ao mesmo tempo, o 2º Exército libertou Armyansk. Em abril, o Exército Vermelho libertou Dzhankoi, Kerch, Yevpatoria, Simferopol, Feodosia, Bakhchisarai, Alushta e Yalta. Nos dias 15 e 16 de abril, as tropas soviéticas cercaram a cidade de Sebastopol por três lados.

Apoiadas pela aviação, as tropas soviéticas quebraram a defesa do inimigo e tomaram o Monte Sapun a 7 de maio. No dia 9 de maio, a cidade foi libertada.

Os restos das tropas hitlerianas perseguidos pelo 19º Corpo de Cavalaria Blindada retiraram-se para o cabo de Chersonesus onde foram completamente destruídos.

A vitória na Crimeia permitiu ao país recuperar uma região economicamente importante. O Exército Vermelho libertou uma área de cerca de 26.000 quilómetros quadrados. Durante a ocupação, os invasores hitlerianos causaram tremendos danos à Crimeia, destruindo mais de 300 unidades industriais, abatendo quase todo o rebanho de gado local, arruinando cidades e estâncias de férias. As cidades mais atingidas foram Sebastopol, Kerch, Feodosia e Yevpatoria. Por exemplo, dos 109 mil habitantes da cidade de Sebastopol registados antes da guerra, restavam apenas três mil. Apenas 6 por cento das casas residências escaparam à destruição.

No dia 10 de maio de 1944, Moscovo celebrou a libertação de Sebastopol com 24 salvas de fogo de artifício produzidas por 324 canhões. Na sequência da ofensiva da Crimeia, 160 unidades militares receberam os nomes das cidades de Yevpatoria, Kerch, Perekop, Sebastopol, Sivash, Simferopol, Feodosia e Yalta.

O Decreto, de 22 de dezembro de 1942, da Mesa da Presidência do Soviete Supremo da URSS criou a "Medalha de Defesa de Sebastopol" para recompensar mais de 39 defensores da cidade. As cidades de Sebastopol e de Kerch receberam o título "Cidade Herói", a 8 de maio de 1965 e a 14 de setembro de 1973, respetivamente.

 

Sobre a libertação de Odessa dos invasores nazis (10 de abril de 1944)

 

A cidade de Odessa esteve sob a ocupação alemã e romena durante 907 dias, entre outubro de 1941 e abril de 1944. Mais de 82.000 habitantes da cidade morreram e sete mil foram levados para a Alemanha como mão de obra escrava.

Nos finais de março de 1944, a 3ª Frente Ucraniana, sob o comando do general do exército Rodion Malinovsky, lançou uma operação ofensiva perto das povoações de Bereznegovatoye e de Sneguiri, atravessou o rio Bug do Sul e lançou uma ofensiva na direção de Nikolayev e Odessa.

A operação envolveu 470.000 efetivos, de 13.000 peças de artilharia e morteiros, 435 carros de combate e canhões autopropulsados e 436 aviões. O apoio aéreo foi providenciado pelo 17º Exército Aéreo e os navios da Frota do Mar Negro comandada por Filipp Oktyabrsky.

A 3ª Frente Ucraniana enfrentava o 6º Exército alemão e o 3º Exército romeno do Grupo de Exércitos "A" (rebatizado a 5 de abril de "Ucrânia do Sul"), com 350.000 soldados, mais de 3.000 peças de artilharia e morteiros, 160 carros de combate e canhões de assalto e 550 aviões.

As unidades de guerrilha soviéticas também deram uma grande contribuição para a libertação da cidade, matando mais de 5.000 soldados e oficiais, dinamitando 27 comboios militares, destruindo 248 carros e salvando cerca de 20.000 civis do envio à Alemanha como mão de obra escrava.

Em resultado da ofensiva de Odessa, os hitlerianos perderam 27.000 mil homens entre mortos, tendo 11.000 efetivos alemães sido feitos prisioneiros, 952 peças de artilharia, 443 carros de combate e canhões de assalto, 95 armazéns de munições e alimentos.

Antes de se retirar da cidade, as tropas alemãs colocaram minas em edifícios importantes, nas fábricas, na central elétrica e no porto marítimo. No entanto, não conseguiram dinamitar todas as instalações minadas. As docas e instalações portuárias foram as que sofreram os danos maios graves. Muitos edifícios históricos foram destruídos. Na estação ferroviária estavam concentradas composições ferroviárias carregadas de equipamento, maquinaria e estruturas metálicas que os alemães não conseguiram fazer seguir ao Reich.

Odessa foi libertada a 10 de abril de 1944. Uma bandeira soviética foi hasteada em cima o edifício do teatro de ópera e bailado local. As obras de restauração começaram quase imediatamente. Muitas fábricas e unidades de produção industrial estavam em ruínas, mais de 2.000 edifícios foram destruídos ou queimados, o porto marítimo, hospitais, clínicas e estâncias de saúde foram destruídos. Em 907 dias de ocupação, a população da cidade que havia somado antes da guerra 604.000 habitantes diminuiu em quase metade.

Moscovo assinalou a libertação de Odessa com 24 salvas de fogos de artifício produzidas por 324 canhões. O Decreto, de 22 de dezembro de 1942, da Mesa da Presidência do Soviete Supremo da União Soviética criou a "Medalha de Defesa de Odessa" para recompensar mais de 30.000 defensores da cidade.

Com a entrega do nome "de Odessa" às 27 unidades militares, o país reconheceu a sua contribuição para a libertação da cidade. O título "Herói da União Soviética" foi concedido a 14 militares, mais de duas mil pessoas foram condecoradas com ordens e medalhas de mérito militar. No dia 1 de maio de 1945, a cidade de Odessa recebeu o título "Cidade-Herói", tendo sido condecorada, a 8 de maio de 1965, com a Ordem Lenine e a Medalha "Estrela de Ouro".

 

Sobre a revolta no campo de extermínio nazi de Buchenwald (11 de abril de 1945)

 

O Dia Internacional da Libertação dos Presos do Campo de Concentração Nazi é assinalado todos os anos a 11 de abril. A data foi criada para comemorar a revolta heroica no campo de concentração de Buchenwald, um dos maiores campos de concentração do Terceiro Reich. Cerca de 250.000 prisioneiros provenientes de todos os países da Europa e da URSS passaram por Buchenwald, tendo 56.000 morrido mártires. Destes, 8.500 foram soviéticos.    

Os prisioneiros viviam em condições desumanas e eram utilizados como mão de obra escrava para trabalhos pesados, inclusive em fábricas de guerra subterrâneas, ou para experiências médicas monstruosas. Não obstante, no campo de concentração de Buchenwald havia grupos de resistência clandestinos, dos quais o grupo composto por prisioneiros de guerra soviéticos era o mais forte. No verão de 1943, por iniciativa dos antifascistas alemães, foi criado um comité internacional local para coordenar os preparativos para uma revolta. 

Na primavera de 1945, com as tropas aliadas a aproximarem-se do campo, a administração alemã deu a ordem de matar os presos, o que deu início à revolta que ocorreu a 11 de abril de 1945. Os rebeldes capturaram mais de 200 oficiais e carcereiros e controlaram o campo de concentração durante dois dias. A 13 de abril, unidades do 3º Exército dos EUA entraram em Buchenwald.    

A administração e quase todos os carcereiros do campo de Buchenwald foram julgados pelo Tribunal Militar Internacional e levaram o castigo merecido.

 

Sobre a exposição "NATO. Crónica da Crueldade"

 

O Museu de História Moderna da Rússia abriu, ontem, uma exposição chamada "NATO: Uma História da Crueldade". Patrocinada pela Sociedade Histórica Russa, a Universidade de Relações Internacionais de Moscovo (MGIMO), a Associação de Parques Históricos "Rússia - A Minha História", a agência noticiosa TASS e a Agência Noticiosa Internacional "Rossiya Segodnya", a mostra expõe ao público fotografias provenientes das coleções das agências acima referidas, artefactos e documentos dos acervos do museu relativos ao período da Guerra Fria. A exposição estará patente até ao dia 24 de abril e insere-se no aniversário da Aliança do Atlântico Norte (4 de abril de 1949), relatando os principais acontecimentos internacionais relacionados com as atividades militares da Aliança desde o início da Guerra Fria até aos dias de hoje.

A exposição tem nove secções dedicadas aos planos dos EUA e dos seus aliados de agredir a URSS, que foram elaborados logo após a Segunda Guerra Mundial, e aos conflitos locais que ocorreram nos finais do século XX, princípio do XXI, incluindo o bombardeamento da Jugoslávia em 1999, as guerras no Iraque e no Afeganistão nos anos 2000, e o conflito na Síria, bem como os acontecimentos atuais na Ucrânia provocados pela cooperação Ucrânia-NATO.  

Convidamos todos aqueles que ainda acreditam no Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, quando diz que a "NATO é uma aliança de defesa" a ver as provas documentais da sua política de "defesa" expostas na mostra.

 

Sobre declaração do Comité Coordenador da Rússia para a Resposta Humanitária na Ucrânia

 

Gostaria de chamar a vossa atenção para uma declaração do Comité Coordenador da Rússia para a Resposta Humanitária na Ucrânia. É uma informação arrepiante.

A Rússia e a Ucrânia negociaram um plano de troca de prisioneiros de guerra. Pretendia-se fazer tudo de acordo com o procedimento estabelecido, conforme estipulado pelas normas humanitárias e em cooperação com organizações internacionais. A Comissária para os Direitos Humanos da Federação da Rússia, Tatiana Moskalkova, havia visitado os prisioneiros de guerra ucranianos no território da Federação da Rússia para ver as condições em que estes estavam a ser mantidos. A sua viagem recebeu ampla cobertura mediática.

As partes concordaram em trocar prisioneiros, conforme exigido pela Convenção de Genebra relativa ao Tratamento dos Prisioneiros de Guerra. A troca deveria ter tido lugar hoje, mas não chegou a acontecer devido à Ucrânia. Este não foi a primeira vez. As trocas não acontecem por culpa da Ucrânia, porque o regime de Kiev não deseja trocar prisioneiros.

Representantes do Ministério da Defesa russo contactaram várias vezes com o lado ucraniano para confrontar as listas e marcar as datas, trabalhando dia e noite. No entanto, o regime de Kiev manipulou as datas, condicionando-as a alguns fatores e diminuindo cada vez o número de prisioneiros a trocar, embora o seu número tenha sido previamente acordado. No final de contas, o número de prisioneiros a trocar diminuiu para 38. Esta manhã, a Ucrânia rejeitou todas as propostas e acordos alcançados.

Por sua vez, a Federação da Rússia fez todo o trabalho necessário para preparar os prisioneiros de guerra ucranianos para a troca e levou-os para o local acordado. Temos todos os motivos para pensar que a situação dos prisioneiros de guerra russos retidos pelo lado ucraniano deixa a desejar.

Verificou-se que os prisioneiros de guerra russos são torturados, espancados e sujeitos a tratamentos degradantes, ou seja, às torturas de toda a espécie semelhantes às praticadas pelas unidades punitivas nazis durante a Grande Guerra Patriótica. Algumas provas disso estão disponíveis na internet. Também temos provas disso, mas ainda não as publicámos. A comunidade internacional ignora este facto flagrante. Não me refiro às pessoas comuns nem aos meios de comunicação social, mas às instituições especializadas, entre as quais a ONU, a OSCE e o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Os países ocidentais não só estão cientes das violações grosseiras do direito humanitário internacional cometidas pelo regime de Kiev em relação aos prisioneiros de guerra russos (recebem todas as informações) como também tentam ajudar as autoridades ucranianas a fugir à responsabilidade. Eles não querem entregar os prisioneiros de guerra com sinais de tortura, receando que estes possam comentar como foram torturados. Parece que o regime de Kiev não tem a intenção de o fazer.

Outra prova disso é a de que, já no dia 1 de abril de 2022, o regime de Kiev notificou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico de que não iria observar a Convenção de Genebra em relação aos prisioneiros de guerra russos. Não foi hoje que isso começou. Isso durou os oito anos e atingiu outras pessoas, incluindo milícias, civis, nomeadamente crianças, mulheres e velhos. Eles enterraram civis vivos, mataram-nos e marcaram os seus corpos com os seus símbolos rituais.

Estas manipulações em torno dos prisioneiros de guerra russos mostram que as autoridades de muitos países ocidentais estão a tornar-se cúmplices dos crimes desumanos perpetrados pelos neonazis ucranianos.

Hoje, a Rússia pediu à ONU, à OSCE, ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e a outras organizações internacionais, bem como à liderança da Alemanha, Turquia e França que obrigassem as autoridades ucranianas a permitir que representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha visitassem os prisioneiros de guerra russos para ver as condições em que estes estão a ser mantidos e para submete-los a um exame médico. Os seus relatórios deverão ser posteriormente apresentados ao lado russo e às organizações internacionais. Esta é uma outra prova de quem a Rússia está a enfrentar nesta região. A liderança russa, o Ministério da Defesa e o Ministério dos Negócios Estrangeiros continuam a acompanhar esta questão.

 

Respostas a perguntas dos jornalistas:

Pergunta: A Representante Permanente dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que Washington iria procurar suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos. O que tem a dizer sobre a sua declaração? Que medidas irão tomar os diplomatas russos?

Maria Zakharova: Washington e os seus aliados apresentaram para a apreciação da Assembleia Geral da ONU um projeto de resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU, uma iniciativa em linha com a política de ataques à Rússia em fóruns multilaterais.

O projeto será votado a 7 de abril. Serão necessários dois terços dos votos das delegações presentes para que o documento seja aprovado.

Este passo faz parte da "cultura do cancelamento" e está de acordo com o modo de ser ocidental e norte-americano, segundo o qual os problemas não se resolvem, mas se deixam de mencionar. Espero que a atual Representante dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, esteja ciente de que os EUA se retiraram escandalosamente do Conselho de Direitos Humanos e anatematizaram o próprio órgão e os que ali ficaram após alguém no CDH ter ousado perguntar a Washington sobre o que estava a acontecer no Afeganistão, onde os EUA estiveram durante 20 anos a matar civis. Durante a presença da NATO liderada pelos EUA naquele país, ninguém lutou contra a produção de droga, pelo contrário, o tráfico de droga e a taxa de crimes associados atingiram proporções inéditas. Assim que o CDH começou a pronunciar-se a este respeito, os EUA saíram do órgão batendo com a porta. Agora querem "suspender" a Rússia do CDH. Esta é uma tentativa de punir o nosso país pela sua política interna e externa independente, inclusive em matéria de direitos humanos, política essa que não se encaixa nos padrões ocidentais.

Os países do "Ocidente coletivo", que se declararam como referência dos direitos humanos e da democracia, tentam utilizar fóruns internacionais, incluindo o CDH, para promover a sua visão da ordem internacional e do desenvolvimento da cultura, tradições e valores, direitos e liberdades humanos. Nos seus países, a situação neste domínio é boa, noutros países, a situação é ma se é diferente da deles. Não há opções. Utilizam cada vez com maior frequência o CDH para interferir nos assuntos internos de outros países e nos seus processos eleitorais, adotando resoluções tendenciosas contra países e regimes "inconvenientes" e criando "comissões internacionais independentes" para investigar violações dos direitos humanos. Esta política impede evidentemente melhorar a situação dos direitos humanos no mundo, minando a confiança na dimensão dos direitos humanos da ONU e no conceito de direitos humanos em geral.

Como a prática mostra, a visão e iniciativas ocidentais de resolver crises graves em matéria de direitos humanos no mundo fracassaram: não foi resolvido um só conflito. As receitas e roteiros propostos pelas democracias "maduras" agravaram ainda mais a situação dos direitos humanos em alguns países, inclusive graças à aplicação de medidas coercivas unilaterais, instrumento predileto do Ocidente.

Vou citar um exemplo. A Venezuela é alvo constante dos ataques dos EUA por motivos de direitos humanos. De ano para ano, durante muitos anos, os EUA exigiram a sua expulsão de fóruns internacionais. Com o advento da pandemia, os EUA e a democracia ocidental receberam uma boa oportunidade de ajudar os venezuelanos, enviar-lhes medicamentos, vacinas, alimentos. Nada disso aconteceu. Os EUA enrijeceram as sanções contra o país, pensando que a pandemia iria agravar ainda mais os problemas por eles criados, que o povo venezuelano iria levantar-se contra o seu governo e que a "democracia à norte-americana" triunfaria. Isto não aconteceu. O que aconteceu foi algo que os EUA não haviam esperado. De repente aperceberam-se de que precisavam realmente da Venezuela, e que a situação dos direitos humanos naquele país não era má. Como resultado, enviaram à Venezuela os seus altos responsáveis pelas questões energéticas à procura de uma cooperação no setor de energia. Isso aconteceu há algumas semanas. Assim que sentiram o cheiro de petróleo e de dinheiro, resolveram pôr de lado a situação dos direitos e liberdades humanos e o problema das eleições na Venezuela.

O "Ocidente coletivo" parece não poder compreender e muito menos aceitar o facto de que a sua política de "neocolonialismo em matéria de direitos humanos" falhou e que ele não pode mais impor as suas regras em nenhumas áreas, inclusive na área dos direitos humanos.

A Rússia sempre se opôs abertamente a estas abordagens. A nossa prioridade em matéria de direitos humanos tem sido sempre reforçar o diálogo construtivo, atrair todas as partes interessadas para a discussão e a tomada de decisões coletivas. Esta tem sido a nossa prioridade como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU. A suspensão da Rússia do CDH irá sem dúvida prejudicar o seu caráter universal e a sua eficácia e dará, de facto, aos países ocidentais a liberdade de exercer um controlo total sobre a esfera dos direitos humanos.

Pergunta: O regime de Kiev está a perder a guerra da informação para a Rússia no Sudeste Asiático ao cobrir a situação na Ucrânia, segundo o embaixador ucraniano na Austrália, Vassily Miroshnichenko. Poderia comentar este assunto?

Maria Zakharova: Para mim, esta declaração é absurda. Desde o início, os países do Sudeste Asiático mostraram a sua intenção de estudar a situação independentemente, sem o embaixador ucraniano, e ouvir atentamente informações imparciais. Eles têm informações, podem cruzá-las para compreender as razões que levaram a Rússia a lançar uma operação militar especial.

A maioria dos países da região sabe quanto vale o produto de informação promovido pelo Ocidente e Kiev. Eles já tiveram várias oportunidades de experimentar na sua pele coisas como estas. Não sucumbiram a uma pressão política sem precedentes, não se deixaram aliciar pelas promessas de mundos e fundos se se recusassem a cooperar com Moscovo. Têm vivido muitas coisas no passado recente e sabem o que é ser intransigente na versão ocidental. Hoje são solicitados a não cooperar com a Rússia e a fazer amizade com os EUA. No entanto, amanhã poderão tornar-se os maiores inimigos dos EUA se fizerem algo de errado na ótica de Washington. Já tiveram esta experiência. Estes países defendem o direito internacional, equilíbrio de interesses, multipolaridade, cooperação regional, igualdade e não interferência nos assuntos dos players extrarregionais e dos países soberanos. Apesar da histeria antirrussa global, os nossos parceiros mostram-se dispostos a continuar a cooperar e a dialogar connosco em todas as questões práticas.

Pergunta: O que a senhora tem a dizer sobre a reação do Vietname aos artigos atentatórios à imagem do líder vietnamita Ho Chi Minh   publicados por alguns meios de comunicação ucranianos? Ele é comparado a Pol Pot e acusado de morte de centenas de milhares de civis.

Maria Zakharova: É um ato repugnante. Por outro lado, é completamente normal para o regime de Kiev e para aqueles que seguem a sua política de deturpar a história. Desta vez, o alvo é o Vietname que percorreu um longo e difícil caminho, lutando pela independência, e alcançou bons resultados socioeconómicos.

Quanto à figura histórica de Ho Chi Minh, é um líder de renome mundial do movimento de libertação nacional, fundador do Partido Comunista do Vietname, e o primeiro Presidente da República Democrática do Vietname. Visitou o nosso país várias vezes e foi o nosso grande amigo. O exemplo da URSS foi para ele inspirador em muitos aspectos. Hoje em dia, Ho Chi Minh como figura histórica é apreciado pelos seus compatriotas pela parte progressista da comunidade internacional.

Mesmo que ponhamos de lado a sua reputação internacional, ele é um herói nacional, uma personalidade reconhecida por muitas gerações e as mais diversas camadas da população do país. Os meios de comunicação social do regime de Kiev não devem meter o nariz onde não são chamados. É uma outra manifestação da ideologia nacionalista que atingiu o regime de Kiev e o leva a denegrir a história de outros países.

Pergunta: Está Moscovo a considerar encerrar embaixadas europeias na Rússia em retaliação à expulsão em massa de diplomatas russos de países europeus? Podem os embaixadores russos ser chamados de volta dos países da UE?

Maria Zakharova: A campanha antirrussa na Europa passa dos limites. Infelizmente, eles escolheram a caça aos diplomatas como outra alavanca de pressão sobre a Rússia, criando problemas que eles próprios terão de enfrentar e não conseguirão resolver.

Estamos a assistir a uma hipocrisia extraordinária. Por um lado, eles dizem que a diplomacia é a melhor forma de resolver todos os problemas existentes, por outro, realizam a expulsão em massa de diplomatas a pretexto de "atividade indevida".

Reagimos em cada caso concreto, expressando estranheza, lamentando ou protestando, em função do está a acontecer. Claro que se trata de medidas de pressão sobre a Rússia inaceitáveis. Nunca impulsionámos guerras diplomáticas. Se tínhamos dúvidas quanto a diplomatas concretos, tirávamo-las bilateralmente com os países envolvidos, divulgando os factos só na base de reciprocidade. Contudo, nos últimos dez anos, o Ocidente escolheu este meio para exercer uma pressão política e mediática sobre o nosso país. A prática de declarar diplomatas persona non grata remonta há muitos séculos e faz parte de uma rotina diplomática. Nos últimos dez anos, esta prática tem adquirido uma tonalidade completamente diferente, sendo usada como instrumento de agressão contra o nosso país e para mostrar que existe mais uma possibilidade de exercer uma pressão sobre um país.

Encaramos a diplomacia como instrumento de comunicação entre os Estados, cuja importância vem crescendo na conjuntura atual.

Tomaremos medidas de retaliação em cada caso. O princípio da reciprocidade nas relações internacionais não foi anulado. Iremos decidir sobre medidas de retaliação concretas de acordo com os nossos interesses, as circunstâncias reais e a "contribuição" de cada país para o fomento da histeria antirrussa. Ao mesmo tempo, não estamos a considerar fechar as embaixadas europeias em Moscovo.

Pergunta: Os EUA impõem sanções contra os familiares do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov. A senhora tem algum comentário sobre isso?

Maria Zakharova: Não vi nenhuma notícia a este respeito. Sei que o seu genro, tal como outros russos, diplomatas e a sua esposa, sofreu restrições.

A expulsão dos nossos diplomatas é, na verdade, também uma sanção, e não apenas uma ordem para deixar o país. Os diplomatas ficam impossibilitados de trabalhar num país e proibidos de entrar nos países da UE, se se trata da UE, por cinco anos, no mínimo. Ao mesmo tempo, não podem entrar como particulares nem como integrantes de delegações no âmbito de intercâmbios culturais, científicos e outros.

Estas restrições contra os nossos diplomatas têm sido impostas há décadas. Centenas de diplomatas russos sofreram-nas. Agora, esta tendência atingiu um novo nível. As sanções visam não só os diplomatas que trabalham no estrangeiro, mas também os que trabalham em Moscovo, na sede da diplomacia russa, na Praça de Smolenskaya-Sennaya, e o nosso Ministro, ao arrepio da lógica.

Os diplomatas são as pessoas que mantêm contactos, explicam a posição do seu país no meio das crises. O que se passa agora não se harmoniza com a prática diplomática. Trata-se da destruição dos fundamentos da atual ordem mundial, de uma das suas componentes em que o Ocidente está a desferir um golpe. Não vi esta notícia, comentei a situação geral. A nossa posição é bem conhecida.

Pergunta: A senhora poderia comentar o incidente na Embaixada da Rússia em Bucareste?

Maria Zakharova: Foi um incidente arrepiante. A nossa Embaixada já o comentou. No início da manhã de 6 de abril, um carro ligeiro com a placa romena havia embatido na Embaixada russa em Bucareste. O choque provocou um incêndio e o condutor do veículo, de nacionalidade romena, segundo informações preliminares, acabou por morrer. Não vi nenhuma confirmação oficial, mas os peritos disseram-me que se tratava de um homem arrolado para um processo-crime que havia sido condenado no dia anterior. Por outras palavras, era um homem de difícil destino.

Não houve feridos entre os funcionários da missão diplomática russa. A Embaixada russa não tardou a entrar em contacto com a polícia romena e exigiu uma investigação rápida e exaustiva deste grave crime que colocou em risco a segurança da missão diplomática russa. Faço lembrar que o condutor de nacionalidade romena morreu. O homem caiu vítima da desenfreada campanha de propaganda que está nos mass media há muitos anos. A psique humana não é muito resistente. Gostaria de recordar (não só por causa deste incidente) que, de acordo com a Convenção de Viena, de 1961, sobre Relações Diplomáticas, o Estado anfitrião deve tomar todas as medidas necessárias para proteger as instalações das missões estrangeiras contra qualquer intrusão ou dano. Esperamos que as autoridades romenas atuem em conformidade com os seus compromissos internacionais. Estamos à espera dos resultados da investigação.

Pergunta: Na semana passada, o Reino Unido anunciou sanções contra as organizações de comunicação social russas que controlam o canal de televisão RT e a agência Sputnik e contra os seus jornalistas e editores. Numa mensagem divulgada a este respeito, a Ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Elizabeth Truss, disse que a "guerra de Putin na Ucrânia baseia-se numa torrente de mentiras". Poderia comentar as ações das autoridades britânicas e a declaração da Ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido?

Maria Zakharova: Posso dizer que o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e a sua atual titular, tal como muitos dos seus titulares anteriores, são especialistas em mentiras. Publicámos muitos documentos para o provar. Quase nenhuma investigação realizada pelo Reino Unido contra a Rússia teve resultado.

Lamento que o senhor só agora tenha começado a prestar atenção às perseguições os meios de comunicação russos no Reino Unido, como se nunca tivéssemos levantado este assunto todas as semanas ao longo dos últimos cinco anos. Não houve um mês em que não falássemos das perseguições contra os meios de comunicação russos nos EUA, Reino Unido, UE, países bálticos. As represálias variaram desde multas e acusações infundadas de parcialidade até à recusa em conceder vistos e acreditação a jornalistas e peritos convidados russos para assistir aos eventos mediáticos realizados no Reino Unido e dedicados à liberdade de imprensa e às atividades promovidas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros britânicas. Os factos não faltam e foram todos tornados públicos. Quer que eu lhos envie? Se quiser, posso fazer um apanhado para que possa ver que não foi hoje nem por causa da Ucrânia que este problema surgiu. Durante muitos anos, o Reino Unido tem feito os possíveis para desalojar os meios de comunicação social russos do seu espaço de informação e tem levado a cabo uma campanha de discriminação contra os mass media, jornalistas, repórteres, cadeias de televisão russos.

Não foi hoje que isso começou. Nas últimas semanas, o Reino Unido tem tomado medidas para restringir as transmissões das emissoras de TV russas no território britânico, emitido as respetivas declarações e aplicado sanções contra jornalistas russos. O senhor sabia que o Ocidente e a UE (naquela altura, o Reino Unido fazia parte da UE) impuseram sanções, bastante sensíveis, aos jornalistas russos, impedindo assim as atividades dos meios de comunicação social associados às agências chefiadas pelas pessoas visadas pelas sanções da UE. Refiro-me a Dmitry Kiselev que está sob sanções por chefiar a agência Rossiya Segodnya. Por esta razão, as organizações filiadas, inclusive aquelas registadas nos países da UE, nomeadamente nos países bálticos, foram declaradas fora da lei e submetidos às perseguições, tendo os seus funcionários sido levados para cadeias públicas, interrogados e submetidos à pressão psicológica. Medidas semelhantes foram tomadas contra Margarita Simonyan, a quem envio hoje os melhores votos de aniversário. Margarita, a Reuters está preocupada consigo e com o seu meio de comunicação social. Estou a explicar que isto já deveria ter sido feito antes. Estás há muito tempo sob sanções. Os EUA e o Ocidente declararam uma guerra ao RT em 2017. Portanto, não há nada de novo na situação atual. A única conquista da Ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Elizabeth Truss, é que os meios de comunicação social britânicos que operam na Rússia acabaram (ou acabarão) por ser retaliados.

Pergunta: Como descreveria as relações atuais da Rússia com a Coreia do Norte? Existem planos de afrouxar as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas à Coreia do Norte na área humanitária e noutras áreas civis?

Maria Zakharova: Temos vindo a manter relações de amizade e de boa vizinhança com a Coreia do Norte. Os nossos países têm opiniões semelhantes sobre muitas questões internacionais atuais, opondo-se a uma ordem internacional multipolar baseada em regras impostas pelo Ocidente. Valorizamos a compreensão e o apoio prestado pelas autoridades norte-coreanas à nossa decisão de realizar uma operação militar especial na Ucrânia. Esperamos podermos intensificar as nossas relações bilaterais após o levantamento das restrições devido à Covid-19.

Quanto ao eventual afrouxamento das sanções impostas a Pyongyang, nos finais de outubro de 2021, a Rússia e a China divulgaram no Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução sobre a Coreia do Norte para afrouxar as sanções impostas ao país na área humanitária e noutras áreas civis não ligadas ao seu programa de mísseis nucleares, tendo em conta a difícil situação no país e na região devido à pandemia de Covid-19.

Acreditamos que prestar assistência aos norte-coreanos no meio da pandemia seria um passo oportuno e responsável por parte da comunidade internacional. A adoção desta resolução poderia ajudar a criar confiança entre os países envolvidos e dar um impulso para o relançamento do diálogo político.

No entanto, existe sempre uma ressalva. Os EUA e os seus aliados europeus não quiseram aceitar estes argumentos. Apenas se dizem preocupados com os direitos humanos, insistindo, na prática, em dar continuidade à política de sanções e pressão sobre a Coreia do Norte, que se tem revelado ineficaz, sem avançar quaisquer ideias construtivas. Acreditamos que esta política de Washington, contrária aos princípios da Declaração de Singapura assinada pelos líderes norte-coreanos e norte-americanos a 12 de junho de 2018, é a verdadeira causa da falta de avanços na questão norte-coreana.

Pergunta: Há hipótese de a Rússia continuar a cooperar com os EUA e o Ocidente no formato multilateral sobre o programa de mísseis nucleares da Coreia do Norte? 

Maria Zakharova: Tencionamos continuar a cooperar com todas as partes envolvidas na questão norte-coreana, incluindo os EUA e os seus aliados ocidentais. Como sempre, não iremos nortear-nos pelos pedidos de ajuda de alguns países empenhados em resolver os seus problemas, mas pelos nossos interesses nacionais que consistem em encontrar uma solução abrangente para a problemática da segurança no Nordeste Asiático.

Pergunta: Suponhamos que a administração Biden chegue a um novo acordo nuclear com o Irão. Existem garantias de que, após a eventual mudança de poder em Washington em 2024, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) não venha a ser novamente anulado? Qual é a posição da Rússia sobre o acordo nuclear com o Irão e as relações com Washington depois de se tornarem públicas as informações sobre o programa de laboratórios biológicos nos países limítrofes à Rússia?

Maria Zakharova: Conhece a nossa posição sobre o JCPOA. Em primeiro lugar, defendíamos a conclusão deste acordo, em segundo lugar, insistíamos em mantê-lo em vigor e, em terceiro lugar, éramos a favor da sua renovação, o mais rapidamente possível. Declarámos e reafirmámos várias vezes a nossa posição nas negociações.

Quanto à hipótese de o JCPOA ser anulado em 2024, quem sabe qual será a posição de Washington na noite de hoje, amanhã ou dentro de uma hora? Hoje já citei o exemplo da Venezuela: os EUA não quiseram reconhecer o Presidente legítimo, proclamaram arbitrariamente um tal Juan Guaidó como líder do país, recebendo na Casa Branca um pseudo-presidente que não existe oficialmente no cenário político. Washington proibiu os seus satélites de contactar com o governo legítimo da Venezuela. Todavia, tudo mudou num instante quando Washington se deparou com a necessidade de resolver o problema energético. Deixou de reclamar da situação dos direitos humanos no país e do seu governo e de falar de Juan Guaidó. A bem da verdade, trará tudo isso de volta à luz quando considerar necessário ou deixará tudo na gaveta.  Quero dizer a mesma coisa respondendo à sua pergunta.

Pode-se esperar qualquer coisa daqueles que desrespeitam o direito internacional, os acordos, a diplomacia e agem conforme os seus interesses conjunturais. Eles são absolutamente imprevisíveis. 

Pergunta (via intérprete do inglês): A dimensão do banho de sangue na Ucrânia terá um impacto negativo na atitude do povo russo para com o conflito?

Maria Zakharova: Formulou a sua pergunta de forma curiosa: como os acontecimentos na Ucrânia impactaram a opinião pública. Esqueceu-se de colocar os meios de comunicação social no meio. Os meios de comunicação social situam-se sempre entre os eventos e a opinião pública. Revistas, jornais, televisão, meios de comunicação social e jornalismo são os meios que formam a opinião pública.

A opinião pública ocidental não soube nada da situação na Ucrânia e na Região de Donbass durante oito anos. Os mass media ocidentais não se interessaram por este assunto pois não foram solicitados a fazê-lo.

Como podia ser que os meios de comunicação social não escrevessem nada sobre os acontecimentos trágicos que estavam a ocorrer no centro da Europa. Perguntei a muitos jornalistas ocidentais como escolhiam o que relatar e o que não relatar. Aconteceu que tudo era muito simples: eles só davam cobertura ao que era comentado pela Casa Branca, o que a Casa Branca não comentava não era para relatar. Portanto, tudo começa quando um tema receba um impulso da máquina de Estado dos EUA e da UE. Depois, os meios de comunicação social entram em ação para formar uma opinião pública. Se as pessoas virem fotos sem legendas, uma opinião pública não será formada, pois são necessários factos. Como o senhor muito bem disse, a opinião pública fica formada quando recebe um guião pronto sobre como deve reagir às fotos apresentadas. Hoje em dia, o mundo tem assistido a uma tremenda falsificação. Falámos muito sobre isto neste briefing. A falsificação é a de que na verdade não houve nenhumas vítimas entre civis na cidade de Bucha enquanto as tropas russas estiveram ali presentes. A mensagem de vídeo gravada pelo autarca local após a retirada das tropas russas é uma prova disso. No vídeo, ele aparece sorridente e otimista a falar da normalização da situação. Não disse uma só palavra sobre as vítimas.

Outro aspeto a destacar. Nenhum dos habitantes da cidade mencionou o massacre, atrocidades ou outras ilegalidades cometidas pelas tropas russas na cidade. Toda a gente tinha telemóveis e acesso à Internet para relatar as ilegalidades. Nenhuma denúncia foi publicada nas redes sociais nem feita ao telefone. As reportagens com denúncias começaram a ser publicadas depois que os militares ucranianos entraram na cidade. O mundo assistiu a uma tremenda falsificação. Já tivemos a oportunidade de ver coisas semelhantes. Citei o incidente ocorrido em 1944 na cidade alemã de Nemmersdorf. Vimos "espetáculos" encenados pelos Capacetes Brancos.

Lembram-se de como eles "testemunharam" os crimes do regime sírio que teria utilizado armas químicas contra civis? Os Capacetes Brancos chegaram rapidamente ao local para "resgatar" os civis, deitando-lhes água fria, dando-lhes comprimidos e aplicando-lhes injeções. O processo foi filmado e apresentado como "missão humanitária" dos Capacetes Brancos destinada a salvar sírios do regime de Damasco. Depois, verificou-se o contrário. Foram as autoridades sírias que tentaram defender a sua população contra as provocações dos Capacetes Brancos estimulados por Londres. Londres financiou e, de facto, criou esta organização. O ex-agente dos serviços secretos britânicos James Le Mesurier dirigiu os Capacetes Brancos. Quando se tornou desnecessário, foi "colocado fora do campo", "tendo-se matado" em circunstâncias não apuradas. Vimos cenários semelhantes várias vezes. Que tremenda provocação, com consequências horríveis, havia sido encenada em Srebrenica. Naquela altura, não havia redes sociais e não era possível desmentir a falsificação posta em circulação e que provocou uma cadeia de decisões horríveis e ilegais por parte da comunidade internacional.  

Agora toda a informação está disponível. Todos os meus conhecidos podem discutir diferentes opiniões e políticos de diferentes países do mundo. Eles sabem o que se diz em Paris, Washington, Moscovo, Kiev, Pequim, Nova Deli e Islamabad.

As pessoas fazem conclusões com base nos materiais disponíveis. A diferença entre vós e nós é a de que a população deste país tem acesso a fontes alternativas de informação, enquanto a população dos países ocidentais não tem esta possibilidade porque os meios de comunicação russos não transmitem no Ocidente por terem sido retirados da grelha de programas. As fontes de informação russas são bloqueadas enquanto as pessoas locais, cidadãos dos países ocidentais, que procuram transmitir uma opinião alternativa, são perseguidos e cancelados.

Pergunta: A senhora acha que as mensagens divulgadas pela Casa Branca impactam a opinião pública na Rússia?

Maria Zakharova: Acho que o que impacta a opinião pública russa é o número de retrações feitas pelo Serviço de Imprensa da Casa Branca após as intervenções do Presidente dos EUA, Joe Biden. É o que verdadeiramente impacta a opinião pública no nosso país.

Pergunta: Há problemas com a transmissão do seu briefing no YouTube. Por vezes, não sai som ou imagem. O RuTube é uma ferramenta boa, mas nem todos o têm e só está disponível em russo.

Maria Zakharova: Todos os problemas serão resolvidos, garanto.

É verdade que, há algumas décadas, decidimos integrar-nos no espaço mediático internacional. Esta foi a nossa escolha. Acreditávamos que fizemos bem e que iríamos contactar com a comunidade internacional em condições de igualdade. Esperávamos que a abertura e o desenvolvimento dos nossos recursos de informação nos garantissem que seríamos ouvidos no mundo. Contudo, assim que começámos a falar em voz mais alta e os nossos recursos mediáticos se tornaram acessíveis ao publico estrangeiro, foi aí que os problemas começaram: começou-se a tentar desalojar-nos do espaço mediático.

Demos prioridade a plataformas globais em detrimento de plataformas nacionais. Não é a altura própria para discutirmos se esta escolha foi boa ou má. É assim que as coisas estão agora. Os últimos anos deixaram claro que devíamos desenvolver as nossas plataformas nacionais. Tenho falado sempre sobre isto em todas as minhas entrevistas. Sempre dissemos que o nosso futuro está infelizmente predeterminado e passa pela segmentação da Internet. Já o referi há quatro anos. Na altura, as pessoas estavam separadas por fronteiras e precisavam de passaportes e vistos para as cruzar. Olhando para trás, estou realmente espantada com a precisão da previsão que fiz na altura em que disse que as mesmas restrições iriam surgir na Internet. Porque é que eu disse isto? Porque percebia que a comunidade ocidental não tolerava nenhuma concorrência. Não está preparada para isso. Eles querem dominar e ser excecionais. Eles não precisam de nada para isso. Não precisam de concorrentes.

Utilizaremos todas as plataformas para expor a nossa posição. Dêem-nos algum tempo. Estaremos prontos em breve. Já podem ver as nossas transmissões no Telegram, RuTube, e VK em russo. Vamos aumentar a nossa presença em todos os recursos.

Pergunta: Durante a conferência de imprensa em Pequim, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, disse que a Rússia acolheria o primeiro diplomata afegão a representar o governo talibã. Quererá isso dizer que a Rússia reconheceu oficialmente o novo governo afegão? Que outras medidas pretende tomar para reforçar as relações entre os dois países?

Maria Zakharova: Ainda é cedo para falar do reconhecimento do regime talibã no Afeganistão. No entanto, devo notar que os contactos diplomáticos entre os nossos países não pararam após a mudança do regime em Cabul enquanto havíamos contactado com os talibãs antes de este chegar ao poder.

A Embaixada russa no Afeganistão continua a trabalhar em regime normal, enquanto os funcionários da missão diplomática afegã em Moscovo foram nomeados pelo governo anterior.

O primeiro diplomata afegão enviado pelo Governo Talibã, Jamal Garwal, chegou a Moscovo em fevereiro de 2022. Em março, obteve a acreditação junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Nos finais de março passado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afegão informou-nos que o Embaixador do Afeganistão, Jamal Garwal, havia concluído a sua missão no cargo e que Jamal Garwal iria desempenhar as funções de Encarregado de Negócios a.i. do Afeganistão em Moscovo, sendo o primeiro diplomata a representar o governo Talibã na Rússia.

Hoje, dia 6 de abril, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia enviou uma nota ao Governo do Afeganistão a dizer que reconhece oficialmente Jamal Garwal como Encarregado de Negócios a.i. do Afeganistão em Moscovo. Encaramos isto como passo no sentido de reatamento dos plenos contactos diplomáticos bilaterais.

Pergunta: A situação política no Paquistão é difícil. Foi decidido dissolver a Assembleia Nacional. Isto significa que o governo vai mudar em breve. Está a Rússia pronta para se relacionar com o novo governo do país?

Maria Zakharova: Gostaria de chamar a sua atenção para o comentário publicado no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros anteontem.

Quanto à situação no Paquistão, gostaria de dizer uma vez mais que se trata de mais uma tentativa descarada dos EUA de interferir nos assuntos internos de um país independente para atender aos seus interesses mesquinhos.

O Primeiro-Ministro do Paquistão foi pressionado a anular a sua viagem a Moscovo. Quando ele se recusou, os EUA decidiram punir Imran Khan "desobediente": um grupo de parlamentares do partido do Primeiro-Ministro juntou-se subitamente à oposição, após o que o parlamento propôs o voto de desconfiança ao Chefe de Governo. O próprio Primeiro-Ministro do Paquistão havia dito muitas vezes que a conspiração contra ele foi inspirada e financiada externamente. Esperamos que os eleitores paquistaneses sejam informados sobre isso quando forem às urnas. A eleição deve ter lugar nos 90 dias posteriores à dissolução da Assembleia Nacional.

Da nossa parte, estamos prontos para continuar a cooperar com o Paquistão em pé de igualdade de modo a ter-se em consideração os interesses da outra parte.

Pergunta: Temos detetado ultimamente as tentativas de países ocidentais de apagar a cultura russa da paisagem europeia devido aos acontecimentos na Ucrânia. Uma intensa polêmica foi provocada em torno da mudança do nome do quadro de Edgar Degas, agora está em debate a questão do regresso das pinturas da coleção Morozov de Paris. O que pensa Moscovo destas decisões dos países europeus? A Rússia responderá à altura?

Maria Zakharova: Hoje falei muito sobre a "cultura do cancelamento". Quanto à expulsão dos nossos diplomatas, vamos responder e já estamos a responder. Mas não devemos responder à loucura autodestrutiva.

Eles estão a cancelar o estudo das obras clássicas russas. Acreditamos que o estudo do património cultural enriquece uma pessoa, torna-a melhor. O interesse e o respeito pela cultura e história de outros países e povos é um dos traços marcantes e importantes do povo russo e do nosso país, onde coexistem diferentes culturas, opiniões, pontos de vista, tradições e peculiaridades. Já tivemos uma experiência. Sabemos perdoar e olhar para o futuro, ver os nossos erros e os erros dos outros, tirar conclusões e seguir em frente. A coisa mais importante que gostaria de dizer, algo que considero ser uma característica importante dos russos (esta é a minha opinião pessoal), é que intimidar e perseguir nunca fizeram parte da nossa cultura ou do nosso espírito nacional. Os russos podem rir-se, criticar e punir, bem como consolar, mas nunca intimidar ou perseguir. Mesmo que alguém esteja errado ou, pelo contrário, esteja certo ou ofendido imerecidamente, nunca deve ser intimidado ou perseguido.

Ao mesmo tempo, como podemos ver, a violência psicológica tornou-se um ex-líbris da comunidade ocidental. Assim que algo não lhes agrada, eles dão a ordem "ataca!". Esta psicologia é maléfica: obrigar outros, que podem nem sequer concordar, a abandonar o que é deles. Algo semelhante está descrito no Novo Testamento. A psicologia da traição implica abandonar aquilo a que só recentemente uma pessoa era fiel. Esta é a cultura do cancelamento: a traição, a rejeição e a violência psicológica, tudo dentro de uma só.

Pergunta: Os russos têm vindo a debater-se ultimamente com problemas burocráticos no estrangeiro, nomeadamente, os cidadãos russos que vivem na UE têm tido problemas em tirar novos passaportes para viagens internacionais nas nossas missões no estrangeiro. Por exemplo, para marcar uma entrevista no consulado em Bratislava, é preciso telefonar em maio próximo. O processo de reemissão do novo passaporte leva seis meses. Muitos dos russos residentes na UE estão numa situação difícil: o seu passaporte russo está a expirar. Como resultado, um dos membros de uma família mista terá de passar meses sem qualquer documento de identidade e enfrentar a pressão a pressão do sistema burocrático da UE.

Algumas pessoas perguntam-me: o que é que devem fazer? Talvez pedir a cidadania ucraniana? (Também ficam impossibilitados de obter alojamento e subsídios...). Além disso, com a russofobia a ser aí encorajada, os titulares de passaportes russos estão a ter problemas em todo o lado. Pode fazer-se alguma coisa para garantir a prorrogação dos passaportes que expiram no início de 2023? Haverá alguma possibilidade de os renovar legalmente?

Maria Zakharova: As medidas tomadas por alguns países membros da UE inamistosos para reduzir a presença diplomática terão de facto um impacto negativo na disponibilidade de serviços relacionados com a emissão de passaportes nas nossas missões no estrangeiro.

Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para emitir atempadamente passaportes para viagens internacionais e certificados russos aos nossos cidadãos. No entanto, ninguém pode garantir que isso seja feito muito rápido. A comprová-lo está o número de expulsões realizadas por alguns países. Nalguns países, as nossas missões diplomáticas possuem um pessoal suficiente para o funcionamento, noutros, só contam com a metade do efetivo. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance. Recomendamos que os titulares dos passaportes com o prazo de validade prestes a expirar façam uma marcação prévia no consulado ou considerem trocar os seus passaportes nos órgãos territoriais do Ministério do Interior na Rússia, na região do seu domicílio ou da sua estadia efetiva no território da Federação da Rússia.

É favor ter em atenção que a legislação russa não prevê a renovação automática dos passaportes para viagens internacionais.

Em casos humanitários, é necessário contactar as nossas embaixadas. Isto pode ser feito ao telefone, via e-mail, fax ou carta. Como sabe, respondemos sempre prontamente a histórias humanas.

Pergunta: Os nossos compatriotas estão naturalmente preocupados com a situação em torno da Rússia. Somos abordados por muitos cidadãos da UE para explicarmos a situação. É impossível permanecer em silêncio, por outro lado, falar demais também pode ser perigoso. As informações verdadeiras provenientes da Rússia não estão a chegar à UE.

O que a senhora tem a dizer sobre a seguinte posição: seria ingénuo pensar que o Ocidente não sabe a verdade sobre o que está realmente a acontecer na Rússia, na Ucrânia, e no resto do mundo. Há uma guerra, dura e cruel. A tecnologia moderna exclui a hipótese de decisões baseadas em informação insuficiente ou incorreta. Os responsáveis pela tomada de decisões sabem muito bem de tudo, tomando decisões com base nas informações fidedignas. Por isso, o objetivo não é denunciar os mentirosos ou orientar os iludidos. Isto não faz sentido: é mais fácil mentir do que desmentir uma falsificação. Estão a mentir deliberadamente, sabendo a verdade, por exemplo, sobre a situação na cidade de Bucha. Estão a mentir para alcançar os seus objetivos. É ingénuo pensar que o Ocidente está a travar uma guerra de informação contra nós sem saber a verdade por que está a errar. Está a travar esta a guerra porque sabe a verdade. Ele também sabe que os objetivos da Rússia e os do Ocidente são diferentes. É ingénuo pensar que apresentaremos a nossa verdade de tal forma que eles acreditarão imediatamente em nós e nos dirão quão bons nós somos... Por enquanto, estamos na defensiva e a tentar desmentir as falsificações. Será esta a nossa principal tarefa? Ou não? Ou o quê?

Maria Zakharova: De qual Ocidente o senhor está a falar? Do establishment político que está no poder a fornecer armas, a impor sanções e a fazer declarações, mentindo e deturpando propositadamente a realidade? Se o senhor está a falar da comunidade de peritos, as coisas podem ser diferentes. Alguns foram recrutados para fazer propaganda, outros podem estar sinceramente errados.

Veja o país que vos é vizinho, a República Checa, onde o segmento de língua russa da Internet está bloqueado, e é fisicamente impossível ter acesso à informação em russo. A utilização de meios de comunicação em língua russa é proibida e é punível com uma multa.

Se tomarmos o público em geral, há quem esteja realmente preocupado, sendo, contudo, obrigado a assumir uma determinada posição devido aos seus laços familiares e outros. Há quem tenha caído vítima de propaganda. Há quem não ligue à agenda atual.

Quantas pessoas, tantas opiniões.

 


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