Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 17 de março de 2022
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, recebe homólogo dos Emiratos Árabes Unidos
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, manterá, no dia 17 do corrente mês de março, conversações em Moscovo com o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah bin Zayed bin Sultan Al Nahyan.
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, concede entrevista ao canal de televisão RT
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, concede, no dia 18 de março, às 11h30, uma entrevista em direto em inglês ao canal de televisão RT sobre a política externa atual e questões internacionais.
A entrevista pode ser assistida no website do Ministério na secção "Vídeo" e nas suas contas nas redes sociais com a tradução simultânea para o russo.
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, reúne-se com finalistas da secção "Internacional" do Concurso de Gestão Internacional "Rússia é País de Oportunidades"
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, reúne-se, no dia 19 de março, com os finalistas da secção "Internacional" do Concurso de Gestão Internacional "Rússia é Pais de Oportunidades".
Na reunião, serão abordadas questões internacionais e a situação na Ucrânia.
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, discursa perante estudantes e professores da Universidade MGIMO
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, irá encontrar-se com os estudantes e professores da Universidade MGIMO (Relações Internacionais).
O Ministro falará sobre a atual situação internacional e as prioridades da política externa da Rússia. A situação na Ucrânia também estará entre os temas centrais.
O Ministro pretende também encontrar-se com especialistas da MGIMO em política externa e relações internacionais.
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, participa em reunião do Conselho de Curadores da Fundação Alexander Gorchakov
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, presidirá, no dia 25 de março, a uma reunião do Conselho de Curadores da Fundação Aleksander Gorchakov de Apoio à Diplomacia Pública. A reunião fará o balanço das atividades da Fundação em 2021 e aprovará um plano de ação a longo prazo que atenda às mudanças globais que estão em curso nas relações internacionais.
A Fundação Aleksander Gorchakov foi criada em 2010, por ordem do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, para apoiar a diplomacia pública, contribuir para o envolvimento das ONGs na cooperação internacional e atrair instituições da sociedade civil para os processos de política externa.
Rússia celebra oitavo aniversário da reunificação com a Crimeia
Celebramos, no dia 18 de março, o oitavo aniversário da reunificação da Crimeia com a Federação da Rússia.
Este ano, as festividades na Crimeia serão realizadas sob o lema "Primavera da Crimeia: Juntos para Sempre". O lema reflete a determinação da maioria absoluta dos habitantes da Crimeia que tiveram de fazer uma escolha de importância vital na primavera de 2014 entre curvar-se perante uma vontade alheia ou lutar pelo direito de viver de acordo com a sua consciência, de falar a sua língua materna, de homenagear os seus heróis e não os colaboradores dos nazis e banderites. Esta era uma questão existencial, uma luta pela verdadeira liberdade, e não pela liberdade imaginária a que costumam chamar "processo democrático" (nada resta da verdadeira democracia). Naquela altura, decidia-se o destino da liberdade.
O povo da Crimeia não se vergou às ameaças dos nacionalistas ucranianos e neonazis no referendo de 16 de março de 2014, tendo votado a favor da reunificação com a Rússia.
Se naquele momento crítico o povo da Crimeia tivesse feito uma escolha diferente, teria experimentado as atrocidades dos nazis ucranianos. Provas disso estão a ser encontradas agora durante a libertação dos territórios das regiões de Donetsk e Lugansk que estiveram sob o controlo do regime de Kiev no âmbito da operação militar especial da Rússia. Agora podemos ver tudo, sendo impossível ignorar os factos que se tornaram públicos.
Quer algumas pessoas gostem ou não, o futuro da Crimeia está para sempre ligado ao da Rússia. Encerramos esta questão de uma vez para sempre. Nenhuma sanção ou ameaça nem a chantagem por parte dos EUA ou dos seus satélites que se consideram a si próprios donos do mundo, pode mudar a nossa posição.
A Crimeia mudou muito nos últimos oito anos, ganhando um novo alento e um novo ritmo de vida. Aqueles que visitam a região podem ver isso com os seus próprios olhos. O quadro pintado pelos meios de comunicação ocidentais é distorcido. É preciso visitar esta região, olhar e desfrutar das oportunidades proporcionadas.
O mundo está cada vez mais interessado em estabelecer diversos laços com a península. Todavia, número de parceiros estrangeiros da Crimeia seria muito maior se não fossem os esforços subversivos de alguns países, sobretudo dos EUA, sustentados por avultados recursos financeiros.
Continuaremos o nosso trabalho diplomático e jurídico no cenário internacional para apresentar à comunidade internacional o quadro real da situação da Crimeia.
Felicitamos a população da Crimeia e todos os cidadãos russos pela nossa festa comum.
Apresentação da brochura "Vinte e Cinco Perguntas sobre a Crimeia"
No dia 16 de março, realizou-se na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia uma apresentação da brochura "Vinte e Cinco Perguntas sobre a Crimeia". O evento foi inserido nas comemorações das referidas datas.
Todos os materiais já estão disponíveis no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros e nas nossas contas nas redes sociais. Aconselho os correspondentes estrangeiros e os interessados em saber a verdade sobre o caminho percorrido pela Crimeia nos últimos oito anos a consultá-los.
A publicação saiu em 20 línguas e estará disponível online. Enviámos estes materiais a muitas das nossas Embaixadas.
Ponto da situação na Ucrânia
A operação militar especial continua na Ucrânia. O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, falou mais uma vez detalhadamente sobre os seus principais objetivos no seu discurso de ontem.
Gostaria de salientar mais uma vez o que os meios de comunicação social e o establishment ocidentais não querem ver. Esta operação especial não visa os civis da Ucrânia. O seu objetivo não é confiscar o seu território, destruir o Estado ucraniano ou derrubar o atual Presidente. Não deixamos de repeti-lo. Chamamos a atenção dos meios de comunicação ocidentais para este facto, porque estão a distorcer o que aí se está a passar. Sendo um instrumento de propaganda nas mãos dos seus políticos, os mass media estão a desinformar a população dos seus respetivos países.
Estamos indignados com os métodos de guerra adotados pela Ucrânia. A 14 de março, as Forças Armadas Ucranianas lançaram um míssil de fragmentação Tochka-U sobre o centro da cidade de Donetsk, matando e ferindo dezenas de civis. Este é um ato terrorista bárbaro. Os radicais de Kiev voltaram a mostrar a sua verdadeira face.
A tragédia de Donetsk poderia ter acontecido de novo no dia seguinte.
Aparentemente, estes criminosos ficaram entusiasmados com o número de vítimas em Donetsk e decidiram repetir a sua "façanha". Lançaram os mesmos mísseis contra Makeyevka. As ações coordenadas da Milícia Popular permitiram evitar consequências terríveis. Felizmente, desta feita, ninguém morreu, embora alguns civis, entre os quais crianças, tenham ficado feridos. Uma menina de 10 anos de idade ficou gravemente ferida num olho. As Forças Armadas Ucranianas continuam a lutar contra as crianças da Região de Donbass. A Alameda dos Anjos em Donetsk não é suficiente para Kiev? Estamos novamente a assistir à atitude indiferente do Ocidente que silenciou as novas atrocidades dos seus protegidos. Como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse havido massacre de civis. Algumas pessoas tiraram fotografias deste terrível incidente com os seus telemóveis nos primeiros minutos da tragédia.
A situação é muito pior. Mentir é terrível e perigoso, mas a mentira pode ser desmentida. Verifica-se que os Grandes Média ocidentais estão a produzir não apenas notícias falsas, estão a distorcer as perceções da sua audiência.
O que o La Stampa italiano fez ontem é um verdadeiro crime. No auge da tragédia que se estava a desenrolar com a conivência dos países da NATO e o silêncio total dos meios de comunicação ocidentais um novo massacre de civis foi cometido em Donetsk pelas forças armadas ucranianas. Estas últimas integram batalhões nacionalistas compostos pelos seguidores do neonazismo. De modo geral, as forças armadas ucranianas estão completamente infetadas pelo vírus neonazi.
O jornal italiano apresentou imagens da tragédia em Donetsk como imagens das atrocidades cometidas em Kiev pelas tropas russas. O mundo conhece muitos factos de falsificações e distorções, mas este passa dos limites, sendo um exemplo eloquente do que tem acontecido no Ocidente durante todos estes anos, especialmente nos últimos oito anos. Todos os factos foram postos de cabeça para baixo como num "espelho torto": os inimigos foram declarados amigos, os criminosos foram glorificados como heróis, os factos foram substituídos por mentiras e inverdades. Tudo isto foi utilizado como base para tomar decisões políticas globais e reescrever a história moderna do mundo.
Os jornalistas de jornais, revistas e televisão, dos meios de comunicação social ocidentais implicados nestas coisas não conseguirão evitar a responsabilidade pelo que fizeram com as suas próprias mãos. Não fizeram uma só visita a Donetsk ou Lugansk em oito anos. Mesmo assim, não se cansavam de afirmar que Moscovo não cumpria os acordos de Minsk, referindo ainda os horrores alegadamente perpetrados na Ucrânia durante oito anos e esquecendo-se de dizer que Donetsk e Lugansk faziam sempre parte da Ucrânia. Preferiam não mencionar o que estava a acontecer ali. Para eles, as tragédias só existiam do lado da linha divisória controlada por Kiev e não havia nenhuma tragédia do outro lado. Esta era uma norma, um status quo, isto era aceitável.
Foi noticiado ontem que os batalhões dos nacionalistas tinham feito explodir o Teatro de Drama de Mariupol, onde, segundo os refugiados que conseguiram fugir da cidade e um efetivo do batalhão Azov feito prisioneiro, podiam ter estado reféns civis. Este "método" pode ter chocado as pessoas que não o conheciam, mas esta metodologia faz parte da ideologia e filosofia daqueles que incendiaram a Casa dos Sindicatos de Odessa. Eles atuaram precisamente deste modo: trancavam civis nas instalações infraestruturais como vítimas. A Casa dos Sindicatos de Odessa e o Teatro de Drama de Mariupol são locais civis. Eles trancam os civis dentro dos prédios para fazer sacrifícios humanos. Podem pensar que esta é uma figura de linguagem, não. Isso tem um significado profundo. Trata-se de sacrifícios humanos praticados pelos seguidores do neonazismo. Eles acreditam que é algo normal e uma coisa certa sacrificar aqueles que não cederam. Não veem a diferença entre os civis e os militares. Não são forças armadas clássicas, nem soldados que prestaram juramento, têm uma noção da honra, consciência e dignidade, que sabem o que é o direito humanitário e que conhecem a história. Estas pessoas foram criadas com sangue e no espírito de nacionalismo. Juraram fidelidade ao neonazismo e ao fascismo, e usam símbolos fascistas e nazis nas suas mangas, homenageando aqueles que fuzilaram civis há muitos anos (como eles estão a fazer hoje) e celebrando os seus aniversários como datas nacionais.
Sem dúvida, o regime de Kiev não tardou a acusar os militares russos de explosão do Teatro de Drama de Mariupol. Para eles, os militares russos lançaram uma bomba aérea sobre o Teatro. É uma mentira. As nossas forças armadas não bombardeiam áreas urbanas. Todos estão bem cientes disso. Não importa quantos vídeos a NATO cozinhe, não importa quantos vídeos ou fotos falsas se ponham em circulação, a verdade virá, de qualquer maneira, à tona. Faremos os possíveis para que estes crimes contra a humanidade não fiquem impunes.
O regime de Kiev continua a distribuir irresponsavelmente armas entre todos os interessados. De acordo com o Ministério do Interior ucraniano, os civis já têm em seu poder mais de 25.000 fuzis, 10 milhões de cartuchos, milhares de granadas e centenas de lança-granadas anticarro portáteis. Os números são do Ministério do Interior ucraniano. Aparentemente, é um motivo de orgulho para eles.
Estamos muito preocupados com a lei sancionada pelo Presidente Vladimir Zelensky que permite aos ucranianos e aos estrangeiros utilizar armas de fogo para fins de "resistência nacional". Criminosos e ex-efetivos de batalhões punitivos, com a experiência em combates reais adquirida na Região de Donbass, são soltos das prisões. Contudo, não se apressam a lutar pela sua pátria "independente", nem pelo regime nem mesmo por aqueles que os libertaram. Ao receberem armas "de Zelensky", dedicam-se a saques e violência contra civis. Não há coisas sagradas para eles. Eles perderam há muito a aparência humana e tornaram-se tão perigosos que o regime de Kiev achou por bem enclausurá-los. Agora foram soltos. Isso foi feito propositadamente. Porque não? As pessoas que estavam à frente da Ucrânia não têm misericórdia, não consideram o povo da Ucrânia como seus compatriotas. Quanto mais vítimas, melhor. Aparentemente, os governantes ucranianos não se ralam nada com as vidas humanas e não querem saber se russos ou ucranianos são mortos. Neste momento, eles só estão interessados em que o número de vítimas cresça. Não pararão por nada para servir as suas ideias loucas. Isto está a tornar-se claro.
Notámos que as missões diplomáticas da Ucrânia no estrangeiro estão a recrutar cidadãos estrangeiros para "o corpo de voluntários estrangeiros Zelensky". Os ideólogos do EI teriam invejado um salto de imaginação como este. Muitos "soldados da fortuna" chegam à Ucrânia, principalmente através da Polónia, aparentemente, também sob a égide e gestão direta de pessoas que jamais se preocuparão com o destino dos ucranianos ou da Ucrânia. A maioria deles está conscientemente a empenhar-se nisto, confirmando assim a sua fidelidade aos "ideais" do neonazismo ucraniano e as suas determinações anti-russas. O ataque efetuado pelas Forças Armadas russas contra as instalações de treino dos mercenários de Yavorsky, perto de Lviv, trouxe os "soldados da fortuna" de volta à realidade. Espero que esta ação preventiva tenha um efeito terapêutico sobre os mercenários desejosos de ir à Ucrânia. Serão acolhidos desta maneira.
Vemos como Kiev está a tentar intimidar ainda mais a população que não concorda com a sua política destrutiva antirrussa. O respetivo quadro legal já foi criado. A 15 de março, o Presidente Vladimir Zelensky promulgou uma lei sobre o colaboracionismo destinado a ampliar as capacidades punitivas das autoridades ucranianas. Agora podem facilmente encerrar partidos políticos e organizações simplesmente por desejarem cooperar com a Rússia.
Os nacionalistas ucranianos continuam a recusar-se a abrir corredores humanitários para os civis apesar de o respetivo acordo ter sido alcançado durante as negociações russo-ucranianas. As pessoas não são autorizadas a ir na direção da Rússia; são obrigadas a retirar-se para o oeste da Ucrânia. Aqueles que se recusam a fazê-lo são alvejados pelas costas pelos nacionalistas. Um exemplo recente disso foi um bombardeamento de um comboio de refugiados de Kharkov que seguia para o leste perpetrado pelos nacionalistas. Quatro pessoas morreram.
Neste contexto, a prática de amarrar pessoas a postes de luz é de assustar. Não é uma metáfora nem um " salto de imaginação". É uma realidade que tem vindo a acontecer há algum tempo, tornando-se mais frequente nos últimos tempos. Os nacionalistas amarram as pessoas aos postes de iluminação com uma fita adesiva e colam-lhes autocolantes e cartões. Mas não é uma atitude do regime de Kiev ou dos nacionalistas ucranianos para com os criminosos que escaparam ao castigo nem justiça finalmente feita aos pedófilos ou violadores, não. Trata-se de pessoas que não se adequam às diretrizes ideológicas ucranianas. Em 2022, elas são amarradas a postes de luz e deixadas a critério de uma multidão que é exortada a fazer justiça. Será isto normal para a Europa?
Nos últimos dias, com a assistência ativa do Ministério da Defesa russo, mais de 31.000 pessoas, entre as quais 250 estrangeiros (nacionais da Turquia, Paquistão, Suécia, Bahrain, Egipto, Itália, Azerbaijão, Jordânia, Líbano, Marrocos e Tunísia) e 38 crianças, foram retiradas da Ucrânia.
A Rússia continua a prestar ajuda humanitária à população da Ucrânia. Mais de 2.700 toneladas de ajuda humanitária (alimentos, alimentos para bebés, água engarrafada, medicamentos e bens de primeira necessidade) foram feitas seguir para as regiões de Kiev, Zaporozhye, Sumy, Chernigov, Kharkov e Kherson. As populações das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk também estão a receber ajuda.
Progressos nas negociações russo-ucranianas
As negociações prosseguem via videoconferência e concentram-se nos aspetos militares, políticos e humanitários. As exigências da Rússia são extremamente claras e simples. Decorrem das metas e objetivos da operação militar especial. Esperamos que Kiev venha finalmente a compreender que tem de ser encontrada uma solução pacífica para o problema da desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, e a sua transformação num estado neutro em benefício da população ucraniana e de toda a Europa. Quanto mais cedo os representantes do regime de Kiev compreenderem isto, mais cedo terminará a operação militar especial. Instamos o governo de Vladimir Zelensky a pensar no futuro do país e na vida da sua população, a tirar conclusões corretas e a tomar decisões adequadas.
Sobre novas sanções antirrussas da UE
Não consideramos necessário fazer um comentário à parte sobre o último produto da linha de montagem de sanções da UE. A posição da Rússia sobre as restrições unilaterais ilegítimas da UE é muito clara e tem sido expressa em muitas ocasiões. A liderança da União Europeia e dos países comunitários continua a destruir com entusiasmo o sistema comercial e financeiro multilateral e as cadeias de transporte e logística criadas ao longo dos anos. Ao mesmo tempo, a burocracia de Bruxelas e os seus tutores anglo-saxónicos declaram cinicamente que toda a comunidade internacional e, sobretudo, os cidadãos europeus comuns terão de pagar pelos pogroms russófobos.
Dizem que a Rússia é a culpada da nova realidade em que têm de viver (inflação, preços dos combustíveis, inconvenientes logísticos, falta de transporte e restrições impostas devido ao coronavírus). Não dizem nada sobre os métodos, sanções e ameaças que os países ocidentais e os seus governos aplicam contra o nosso país e que levaram às mudanças tectónicas nos sectores financeiro, económico e humanitário. Nem uma só palavra foi dita sobre as suas façanhas. Com efeito, existe uma boa frase: a culpa é da Rússia.
Não importa quanto tempo eles continuem a enganar os seus cidadãos, tanto na Europa como nos EUA, dizendo-lhes que algures na Rússia alguém é o culpado pela situação atual. Este mito não vai durar; tudo vai dissipar-se como um nevoeiro. Muitas pessoas já compreendem quem começou este jogo, porquê e quem o quer. Os europeus e os políticos europeus não precisam disso, mas não podem fazer nada. Eles estão sob pressão, estão a sofrer com isso. Nem os movimentos políticos na Europa que estão no poder ou que estão na oposição precisam disto. Ninguém precisa disso. Todos compreendem que esta é uma onda destrutiva. Os que precisam disso estão ali, do outro lado do oceano. Precisam disso para que os conflitos nunca acabem e para que possam deitar azeite na fogueira, precisam disso para enfraquecer a Europa, a União Europeia, para nos colocar uns contra os outros mais uma vez. Para nos impedir de interagir normalmente. Isto é óbvio. A Ucrânia, outrora próspera, bela e forte, foi sacrificada para estes fins. Eles serviram-se dos pontos fracos desse país e dos seus líderes políticos, valeram-se cinicamente das expetativas da população. Fizeram-lhe promessas e não cumpriram o prometido. É apenas um instrumento para eles. Manipularam a Ucrânia a sangue frio de forma cínica e cruel. O mesmo está agora a ser feito com outros países europeus. Os contribuintes e eleitores ainda terão de avaliar as ações destrutivas dos líderes da UE que não só estão apenas orientados para os EUA, mas também transmitem a sua vontade.
Quando uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou forças políticas advogam uma ideia, têm alguma autonomia na tomada de decisões. Tal não ó caso destas. Estas foram infiltradas e estão a ser controladas por Washington com o uso de diferentes métodos, o que é óbvio.
Sobre a decisão do Comité de Ministros do Conselho da Europa de expulsar Rússia
É da categoria de "tudo é a seu gosto". A 15 de março, a Federação da Rússia notificou o Secretário-Geral do Conselho da Europa (CE) sobre a sua retirada deste organismo.
A Rússia tomou esta decisão por si própria e iniciou o respetivo procedimento.
Contudo, no dia seguinte, num ataque de raiva impotente – não encontro outras palavras adequadas - o Comité de Ministros do Conselho da Europa (CMCE) tomou a uma decisão unilateral sobre a expulsão da Rússia a partir de 16 de março. Por outras palavras, não foi você, Rússia, que se retirou do Conselho da Europa a 15 de março, fomos nós, o Conselho da Europa, que a expulsamos das nossas fileiras "cerradas" a 16 de março. O que posso dizer a este respeito?
Na realidade, esta démarche não muda nada, mostrando mais uma vez que estamos a retirar-nos da organização por nossa própria iniciativa. Esta decisão tardia tomada pelo CMCE, convocado apressadamente, desobriga-nos a cumprir as formalidades e os compromissos que ainda restam e nos foram impostos.
A partir de 16 de março, não nos consideramos mais vinculados pelas convenções ou outros atos jurídicos impostos aos membros do CE. Há muito que tentamos defender este organismo contra as tentativas de alguns países de usá-lo no seu interesse e fazer com este mecanismo internacional seja utilizado para o bem do nosso continente. Há muito que lutamos pela sua sobrevivência. No entanto, o trabalho subversivo desenvolvido principalmente pela NATO (apoiada pelos EUA) teve resultado enquanto os restantes membros do CE não tinham imunidade para fazer frente à ideologia de destruição, confrontação e intermináveis acusações que, a dada altura, começou a bloquear as possibilidades de alcançar acordos.
Prestámos atenção à declaração conjunta, de 15 de março, da Presidência italiana do Comité de Ministros, do Presidente da Assembleia Parlamentar e do Secretário-Geral do Conselho da Europa. Os três usurparam o direito de afirmar que os interesses do povo russo foram alegadamente afetados por causa da retirada da Rússia do Conselho da Europa. Estou curiosa para saber se os interesses do povo russo só foram violados a 15 de março e nunca o tinha sido antes? Interessa salientar que isto é proferido por aqueles que, durante décadas a fio, fizeram vista grossa à discriminação em massa contra os russos e a população russófona dos países bálticos, à perseguição e aos assassinato de ucranianos de origem russa e de ucranianos russófonos na Ucrânia, ao genocídio dos nossos compatriotas na Região de Donbass, prestando apoio ideológico à expansão da NATO para as fronteiras da Rússia sem pensar nos interesses do povo russo e à criação de ameaças para a segurança do povo com o qual se preocupam agora. Estamos agradecidos, conseguiremos passar sem vocês.
Devem ter esquecido quantas sanções foram impostas ao nosso país pelos países membros da CE, cujos representantes estão agora à frente deste organismo internacional a manifestar preocupação com os interesses do povo russo, e afetaram os nossos cidadãos. Já se esqueceram disso? Renovaram-nas regularmente, inventando os mais diversos pretextos. Tentaram justificar-se dizendo que estavam sob enorme pressão e que não tinham forças suficientes para resistir, pedindo-nos que os entendêssemos e os perdoássemos. Pensaram então no povo russo? Não, não pensaram. Nunca pensaram. A única coisa em que pensam é nos seus próprios interesses, em como tirar daí o máximo possível: recursos naturais e dinheiro, em como tirar proveito do povo do nosso país. Não é do benefício dos seus povos que vocês estão a pensar, mas em como preservar o vosso sistema de governo que está podre e deixa de funcionar. É para isso que tudo isso foi concebido. Todos compreenderam isso há muito tempo.
Não podemos aceitar as alegações infundadas de que, depois da retirada da Rússia do CE, os nossos cidadãos irão alegadamente perder o acesso ao assim chamado, e passo a citar: "sistema de defesa dos direitos humanos mais perfeito do mundo ". Digam isso a Julian Assange. Ele precisa de notícias positivas, contem-lhe esta história sobre o "sistema de defesa dos direitos humanos mais perfeito do mundo" para o fazer rir. Digam isso a pelo menos uma pessoa.
Se este sistema fosse tão perfeito, não teria ficado cego, surdo e indiferente às dezenas de milhares de problemas que existem no espaço abrangido por esta organização. Teria feito tudo para pôr fim ao derramamento de sangue na Região de Donbass, encontraria palavras, teses e ideais elevados para forçar o regime de Kiev a cumprir os acordos de Minsk e para erradicar à nascença quaisquer manifestações de neonazismo na Ucrânia. Como? Tenho uma receita simples. Citámo-la várias vezes: não há nada mais fácil do que relacionar a disponibilização de empréstimos ao regime de Kiev com o cumprimento dos acordos de Minsk. Cumprido o primeiro ponto, desembolsa-se a primeira tranche, cumprido o segundo, desembolsa-se a segunda tranche, pronto. Conhecemos bem o regime de Kiev: para ele o "dinheiro vale tudo enquanto o povo não vale nada". Este esquema teria dado certo se alguém no Conselho da Europa tivesse, pelo menos uma vez, adotado uma resolução que relacionasse a concessão de créditos à elite de Kiev com a implementação dos acordos de Minsk. Não aconteceu. Vamos dar-lhes muito dinheiro, disseram os países membros do CE (que votaram constantemente contra o povo russo e adotaram novas e novas resoluções), para combaterem a corrupção. Prometem? Claro que prometeram lutar contra a corrupção. Uma semana após terem recebido outra parcela multimilionária, o dinheiro recebido foi parar em bancos europeus para ser foi transferido de volta para as contas bancárias privadas de pessoas ligadas ao regime de Kiev. Quem não estava ciente disso? Todos sabiam disso. Algumas semanas mais tarde, os membros dos clãs do regime de Kiev iam à Europa para gastar este dinheiro. Pronto. Este esquema mostra como o potencial desta e de outras organizações internacionais poderia ser utilizado para provar que o sistema, inclusive o do Conselho da Europa, é o mais perfeito que existe. Mas ninguém estava sequer a planear fazer isto, uma vez que os objetivos traçados eram completamente diferentes.
Gostaríamos de lembrar-vos que a Rússia participa nos principais tratados internacionais universais de direitos humanos concluídos no quadro da ONU. Trata-se do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, do Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais, da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Convenção sobre os Direitos da Criança e de outros tratados que garantem uma gama mais vasta de direitos e liberdades humanos do que os documentos regionais do CE. Tudo vai correr bem connosco, inclusive nesta área.
Documento do PACE sobre os acontecimentos na Ucrânia faz referência à Transnístria
Houve muitas questões relativas a uma resolução da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) sobre os acontecimentos na Ucrânia. Os líderes moldavos não tardaram a reagir. A PACE adotou este documento a 15 de março do corrente ano. Trata-se de uma resolução dedicada aos acontecimentos na Ucrânia que, porém, menciona também outras regiões, entre as quais a Transnístria, chamando-lhe "zona ocupada pela Rússia".
Consideramos o nome atribuído pela resolução da PACE à Transnístria inaceitável e divorciada da realidade. Quanto à nova exigência da Presidente da Moldávia, Maia Sandu, de retirar as tropas russas da margem esquerda do rio Dniestre, gostaríamos de recordar que um contingente de tropas russas limitado permanece na Transnístria, em conformidade com o Acordo sobre os Princípios da Resolução Pacífica do Conflito Armado na Transnístria da República da Moldávia, de 21 de julho de 1992. Faço lembrar que as tropas russas estão a desempenhar ali uma missão de manutenção da paz. Como resultado, o povo desta região vive em paz há 30 anos, e os depósitos de munições que se encontram nesta região desde os tempos soviéticos permanecem sob a guarda. Estamos dispostos a debater medidas práticas para o seu desmantelamento com representantes moldavos.
Quanto às declarações dos EUA sobre laboratórios biológicos na Ucrânia
Prestámos atenção a uma série de comentários feitos por políticos ocidentais tanto nos meios de comunicação social como em fóruns internacionais, inclusive durante o debate temático iniciado pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU a 11 de março, e dedicados aos factos revelados sobre as atividades biológicas para fins militares desenvolvidas com o apoio dos EUA no território da Ucrânia em violação das disposições da Convenção sobre as Armas Biológicas e Toxínicas (BTWC). Muitas personalidades usaram de palavra. Entre elas o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, que também comentou a questão química. Aparentemente, esta exaltada reação ao documento nacional russo sobre possíveis provocações químicas na Ucrânia divulgado na Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e no Conselho de Segurança da ONU já se tornou uma tradição. Esta reação nervosa e fútil, sem qualquer fundamento, só comprova que as reclamações russas sobre estas atividades altamente perigosas e ilegais têm razões de ser. Todos os argumentos dos EUA resumem-se a um mantra: "Vocês são a Rússia e vocês são os culpados".
Mais uma vez, exigimos que Kiev e Washington concedam toda a informação disponível sobre as atividades biológicas para fins militares realizadas em laboratórios no território ucraniano e tomem todas as medidas necessárias para resolver esta questão. Não adianta dizerem alguma coisa ao microfone, não precisam, é melhor disponibilizarem-nos os documentos para consulta. Tivemos a mesma posição no caso do Novichok, nos casos Salisbury e Aylesbury e em muitos outros. Qual é o problema? Houve patrocinadores? Sim. Os patrocinadores foram os EUA e o Pentágono. Houve controlo por parte dos EUA? Claro que sim. Ninguém nega isso. Podemos ver os documentos? O que estavam lá a fazer? Se não há nada de terrível, tudo bem. Mas algo nos leva a crer que há. Silêncio obstinado, relutância em falar sobre isto em fóruns internacionais, ocultação de factos, destruição de provas e uma reação nervosa.
Não podemos excluir a aplicação do disposto nos artigos 5º e 6º da Convenção, segundo os quais os Estados participantes devem consultar-se mutuamente na resolução de quaisquer questões relacionadas com o objetivo da Convenção ou com a implementação das suas disposições e devem cooperar na realização de quaisquer investigações sobre eventuais violações dos seus compromissos ao abrigo deste documento.
Quanto às alegações dos EUA de que a Rússia tem vindo a desenvolver, há muito tempo, programas de armas biológicas, só podemos interpretá-las como tentativa de desviar a atenção da comunidade internacional dos próprios passos poucos decorosos nesta área sensível (incluindo fora das suas fronteiras nacionais) dados ao arrepio da Convenção. A informação sobre as instalações biológicas russas fornecidas anualmente no âmbito das medidas de confiança da Convenção comprova a nossa fidelidade aos nossos compromissos assumidos ao abrigo deste documento e mostra o carácter puramente pacífico de todas as atividades biológicas da Rússia. Os EUA recusam-se a fornecer tais informações sobre as suas atividades biológicas para fins militares no estrangeiro.
Sobre achados descobertos nas bases das unidades de extrema-direita das forças armadas da Ucrânia
Os nossos colegas do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular de Donetsk entregaram-nos fotografias de achados, descobertos nos territórios libertados da Região de Donbass. Ficámos curiosos com os "artefactos" encontrados nas bases de unidades de extrema-direita das forças armadas da Ucrânia. Entre eles estava o diário de V. Sulyev, comandante de pelotão do 24º batalhão de assalto Aidar da 53ª brigada mecanizada das forças armadas da Ucrânia. O diário foi encontrado na aldeia de Starognatovka (perto da cidade de Volnovakha, na República Popular de Donetsk) no final de fevereiro passado. Os textos sobre a temática militar com esquemas desenhados de acordo com as normas da NATO são profusamente adornados com símbolos neonazis. Segundo o diário, a 14 de fevereiro passado, a unidade comandada por V. Sulyev foi treinada para usar lança-granadas anticarro de fabrico sueco, transportado para a Ucrânia pelo Reino Unido, e preparou posições para o uso dos mesmos.
Para aqueles que não sabem ou podem ter esquecido: desde 2014, o batalhão Aidar deixou um rasto sangrento dos crimes em massa perpetrados contra civis na Região de Donbass. As atrocidades foram tão horríveis que até os ativistas dos direitos humanos da Amnistia Internacional, conhecidos pelas suas abordagens seletivas, foram obrigados a emitir um relatório ressonante para descrever as atrocidades cometidas pelos efetivos do batalhão Aidar. Têm alguma ideia de quantas vezes falámos sobre isto? Publicámos dados e relatórios, citámos declarações, lemos documentos.
Tenho uma pergunta para aqueles, incluindo jornalistas russos, que estão agora a chorar dizendo que a sua vida estaria a chegar ao fim. Onde é que estiveram? Onde é que estiveram os vossos artigos? Onde é que estiveram os vossos posts? Onde é que esteve a vossa posição de cidadão? Não houve nada disso. Não porque não tenha havido informação nem porque não se tenham interessado por isso. Não puderam deixar de ouvir falar sobre isso. Contámos-vos sobre isto. A razão é que vocês não precisavam desta informação, pois estava fora do vosso âmbito de interesse e poderia ter-vos colocado fora de equilíbrio, porque teriam precisado de reagir às atrocidades praticadas nas vastidões europeias contra os representantes do nosso povo comum.
Lá estavam cidadãos do nosso país e famílias que já tinham obtido o certificado de residência permanente na Rússia ou nacionalidade russa ou as suas famílias. Relatámos isto todas as semanas. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, falou sobre isto, muitos dos vossos colegas, jornalistas russos, também falaram sobre isto. Foram para lá e voltaram de lá pessoas diferentes, porque tinham visto tudo isto. Onde é que estiveram os vossos posts e a vossa posição de cidadão? A vossa vida, a vida daqueles que não haviam visto isso, terminou quando os restaurantes McDonald's fecharam portas, porque as vossas vidas estavam lá e tinham por base um pãozinho e um big mac.
As fotografias das insígnias do grupo de assalto subversivo "SS Medvedi" (SS Ursos) encontradas no início de março nas proximidades da cidade de Shirokino (arredores de Mariupol) não deixam dúvidas sobre com quem as milícias Donbass e os militares russos têm de lidar durante a desnazificação da Ucrânia. Foram estes "ursos" que usaram escudos humanos no meio da celeuma nos meios de comunicação social ocidentais que lhe prestavam apoio mediático. Os neonazis não permitem que a população civil utilize corredores humanitários, fazendo mulheres, crianças e idosos reféns.
A sua bandeira ostenta uma inscrição Waffen SS, sigla da organização nazi reconhecida criminosa pelos Julgamentos de Nuremberga, e uma inscrição em alemão Meine Ehreheißt Treue (A minha honra chama-se lealdade). O que é isso? É também um lema das SS. Querem dizer que isto também foi inventado? Não, tudo isto é verdade e realmente existiu durante todos estes anos. Ninguém prestou atenção a isto, porque isto estava longe.
A propósito, este lema é ilegal na Alemanha e na Áustria, nos países que agora simpatizam com "estas" pessoas, falando sobre o fornecimento de armas, do dinheiro nem falo. Há muitos anos que o dinheiro chegava para eles em grandes quantidades.
Não seria exagero dizer que, na Ucrânia, as armas anticarro alemãs caem novamente em "boas" mãos nazis e estão a ser usadas sob bandeiras nazis. Este facto não incomoda ninguém em Berlim ou noutras capitais ocidentais. É lógico, porque, como o Chanceler alemão, Olaf Scholz, disse na Conferência de Segurança de Munique, "é ridículo que a Rússia tenha chamado à situação na Região de Donbass genocídio". Estou curiosa para saber: quanto tempo é que ele vai-se rir?
Sobre posição do Secretariado da ONU sobre a situação na Ucrânia
A posição do Secretariado da ONU sobre a situação na Ucrânia não pode deixar de causar preocupação. É lamentável que o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e outros representantes do Secretariado da ONU se estejam a desviar cada vez mais de uma posição imparcial relativamente aos acontecimentos naquele país.
A liderança do Secretariado continua a fazer acusações unilaterais contra a Rússia, ignorando a responsabilidade das autoridades de Kiev pela situação atual. As coisas chegaram a tal ponto que se fazem afirmações absurdas de que as nossas forças armadas estariam a destruir intencionalmente instalações e infraestruturas civis da Ucrânia. Ao mesmo tempo, os seus autores fazem vista grossa aos bombardeamentos dos territórios das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk pelas forças armadas ucranianas. Ninguém quer ver vários civis que foram mortos ou feridos. Estes dados "foram apagados" do espaço mediático e da consciência social. Dos oitos anos passados nem falo, é como se não tivesse existido.
Apelamos ao Secretário-Geral e aos seus subordinados para que voltem a agir de acordo com o estatuto de funcionário internacional, o que implica uma posição equidistante que consiste em procurar oportunidades de diálogo e cooperação. Todavia, esta equidistância não deve equivaler à indiferença, mas sim à objetividade. É impossível não ver o que está mesmo a acontecer.
Sobre a situação da segurança da Central Nuclear de Chernobyl
Ultimamente, representantes do regime de Kiev, incluindo a Inspeção Nacional de Regulamentação Nuclear da Ucrânia, plantaram uma série de notícias falsas sobre a situação em torno da Central Nuclear de Chernobyl. Estes relatórios não têm nada a ver com a realidade. Já as desmentimos como desinformação. Mais uma vez, gostaríamos de destacar os seguintes aspetos.
A Central Nuclear de Chernobyl foi tomada sob controlo pelos militares russos de forma a não prejudicar a segurança. Chegaram a acordo com os militares ucranianos responsáveis pela segurança da instalação para manter conjuntamente a segurança das unidades de energia e do sarcófago da central. O nível de radiação na central não supera o limite legal, a informação foi confirmada, inclusive, pela AIEA.
Mesmo assim, as unidades controladas pelo regime de Kiev estão a realizar provocações para criar uma situação de emergência nesta zona. A 9 de março, as forças armadas ucranianas danificaram a linha de transmissão de energia elétrica que alimenta o sistema de arrefecimento da instalação de armazenamento de combustível nuclear usado situado no território da central. O fornecimento de energia foi restabelecido.
Provocações como esta são utilizadas pelos países ocidentais para fomentar a histeria antirrussa em organizações internacionais, em particular na AIEA, e a russofobia entre as suas populações.
As consequências deste ato subversivo foram prontamente superadas: os geradores diesel de reserva foram ligados, e mais tarde o fornecimento de energia foi restabelecido através do sistema energético bielorrusso.
Tencionamos continuar a fazer todos os esforços para garantir a segurança da central.
Os ataques contra as suas próprias instalações nucleares já se tornaram um "cartão de visita" do regime ucraniano. A culpa é toda de Kiev, dos patrões norte-americanos de Vladimir Zelensky e dos seus vassalos na NATO. Sem o seu apoio, estas provocações teriam perdido todo o sentido. Ninguém teria escrito sobre o assunto. Agora vemos o que está a acontecer. Toda a campanha política e de informação está a ser orquestrada.
Os aventureiros políticos do Ocidente encorajam Vladimir Zelensky e põem em perigo as vidas não só de cidadãos ucranianos e russos, mas de toda a Europa.
Missões diplomáticas ucranianas recrutam japoneses para lutar na Ucrânia
Como eu disse várias vezes, as missões diplomáticas ucranianas recrutam estrangeiros para combater na Ucrânia. Gostaria de me debruçar mais detalhadamente sobre a campanha de recrutamento no Japão.
De acordo com notícias dos media japoneses, a Embaixada da Ucrânia em Tóquio está a recrutar japoneses para combater na Ucrânia. As autoridades japonesas não coíbem esta prática, limitando-se a recomendar, em termos gerais, aos seus cidadãos que se abstenham de ir à Ucrânia. Não há nada de surpreendente. Esta não é a primeira vez na sua história que Tóquio apoia forças neonazis. Talvez isto seja uma consequência da campanha de desnazificação indevidamente levada à prática. É difícil não perguntar em que medida o Japão é independente como entidade jurídica do sistema de relações internacionais? Primeiro, segue submissa na cauda das guerras de informação e de sanções desencadeadas pelos EUA e a UE contra a Rússia, depois permite que representantes estrangeiros, disfarçados de diplomatas, recrutem mercenários japoneses no seu próprio território.
Não ouvi dizer que o Japão tem fronteira com a Ucrânia. Não vi as últimas recomendações de Oxford e do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico sobre o assunto. Têm por vezes problemas com a geografia. Mas o Japão não faz fronteira com a Ucrânia. O Japão não tem nada com que se preocupar; esta não é a sua história. Não tem nada a ver com eles.
Gostaríamos de avisar que, em qualquer caso, apenas o lado japonês será responsável pela vida dos seus compatriotas que são cinicamente atraídos para a zona de combates pelos seus "amigos" ucranianos.
Sobre démarche do MNE da Albânia por danos infligidos ao Consulado Honorário albanês em Kharkov
Notámos que o Ministério para a Europa e os Negócios Estrangeiros da Albânia havia condenado os alegados ataques das forças russas efetuados a 6 de março que danificaram o edifício do Consulado Honorário do país em Kharkov, na Ucrânia.
Negamos resolutamente estas acusações. Assim que a operação especial na Ucrânia começou, dissemos claramente que as forças armadas russas não bombardeavam instalações civis, num esforço para evitar baixas civis.
Infelizmente, as autoridades ucranianas e o comando das forças armadas ucranianas recorrem a táticas terroristas, colocando as suas posições de tiro e material de guerra em áreas residenciais para bombardear áreas urbanas. Eles usam escudos humanos para aumentar baixas entre a população civil. Além disso, os militares ucranianos impedem os civis de abandonarem a zona de combate, inclusive a cidade de Kharkov, pelos corredores humanitários abertos pela Rússia, ameaçando-os de morte.
Precisamente estas ações e a tática desumana devem ser condenadas como crimes contra a humanidade. Exigimos avaliações objetivas e transmissão de informações verdadeiras à sociedade.
Crónica dos crimes norte-americanos e britânicos
Todos os que estão a gritar, a vociferar, a lançar fakes, a escalar e a desinformar, poderiam dedicar algum tempo a si próprios. Conheço a tática ocidental: a história não existe, é algo inútil, para que lhe fazer referências. Não é preciso dar olhada para ela. Mas nós vamos ajudar.
Quero apresentar uma nova rubrica no nosso site, em que vamos colocar, em ordem cronológica, as informações detalhadas sobre os crimes militares e não apenas militares dos EUA e do Reino Unido, mas no mundo inteiro. Os historiadores e especialistas em relações internacionais conhecem bem estes assuntos. Agora, os largos círculos sociais também. Não é frequente ouvir os media ocidentais falarem deles – e se falam, selecionam alguns enredos “heroicos” que em seu próprio benefício. A causa é bem conhecida. Qualquer destes episódios da história mundial não apenas coloca um sinal de interrogação em negrito contra as alegações das possibilidades e objetivos “democratizadores” do Ocidente. Cada uma destas histórias vem privar completamente Washington, Londres e os seus colaboradores nestas operações de qualquer direito de agir como autoridade moral e um arbitro em assuntos que têm a ver com outros países e povos. São exemplos de como banharam a metade do mundo em sangue.
Ontem, no 54o aniversário da tragédia da aldeia vietnamita de My Lai, onde soldados norte-americanos mataram 567 civis. Já tocámos neste assunto, divulgámos materiais.
A seguir, passo a citar mais alguns exemplos para quem se esqueceu do próprio “valor”.
A 24 de março de 1999, começou a operação militar do bloco NATO contra a República Federal da Jugoslávia “Allied Force”, que durou até 10 de junho de 1999. O ultimato dado às forças sérvias serviu de causa formal, exigindo a retirada imediata de todas as forças de Kosovo e Metóquia, territórios legais da Sérvia. A operação consistiu de bombardeios em massa de posições dos militares sérvios em Kosovo e outros alvos no território da Sérvia, inclusive bairros habitados, estações de radiodifusão e canais televisivos, hospitais, centrais e fábricas, bem como várias zonas de infraestrutura. Além dos EUA, participaram na operação mais 14 países da NATO. Diversos tipos de obuses proibidos foram usados nos ataques aéreos, com elementos radioativos, urânio empobrecido principalmente. Muitas instalações civis foram atacadas: 82 pontes ferroviárias e automóveis, 48 hospitais, 25 locais dos correios e telégrafo, 70 escolas, 9 prédios universitários e 4 residências estudantis, 18 creches, 35 igrejas e 29 mosteiros (entre eles, locais do Património Mundial, protegidos pela UNESCO), o centro de TV em Belgrado, uma coluna de refugiados albaneses, o prédio da Embaixada da China na Sérvia.
De acordo com as avaliações das autoridades da Sérvia, cerca de 2,5 mil pessoas morreram ao longo dos bombardeios, inclusive 89 crianças. 12,5 mil pessoas foram feridas. Cerca de 863 mil pessoas, a maioria delas sérvios residentes em Kosovo, deixaram a região, mais 590 mil foram forçados a ser refugiados. O montante exato do prejuízo sofrido pela infraestrutura industrial, dos transportes e civis da Jugoslávia não foi divulgado. De acordo com várias avaliações, podia ser de 30 a 100 mil milhões de dólares.
A comissão independente para a investigação dos crimes militares dos dirigentes da NATO contra a Jugoslávia, criada a 6 de agosto de 1999 por iniciativa do Primeiro-Ministro da Suécia, Hans Goran Persson, chegou à conclusão de que a intervenção militar da NATO era ilegal, porque a Aliança não tinha obtido a aprovação preliminar do Conselho de Segurança da ONU. A Comissão criticou o uso de bombas de fragmentação pela aviação da NATO e também o bombardeamento de complexos químicos industriais e centrais petroleiras jugoslavas o que produziu graves danos à ecologia. Em março de 2002, a ONU confirmou que havia contaminação radioativa em Kosovo, resultante dos bombardeamentos da NATO.
É interessante mencionar que foram usados precisamente obuses com urânio empobrecido. São componentes radioativos. Em resultado disso, deu-se um surto de doenças oncológicas, registadas no território atual da Sérvia pelas pessoas que moravam lá. Convém lembrar as recentes palavras de um jornalista ucraniano, na televisão. Foi uma transmissão ao vivo, quando ele lançou um apelo direto de matar cidadãos da Rússia (inclusive crianças, familiares), porque “é o único jeito de erradicar o povo”. Não é a mesma lógica? Usar obuses com componentes radioativos para destruir um povo, não aquele persiste agora, mas aquelas pessoas que iriam lembrar-se disso, continuar a viver, transmitir a memória de eventos passados. Esta lógica era seguida em 1999 pelo pessoal da NATO, e agora pelo regime de Kiev, por todos quem lhe juraram lealdade e quem o orienta e supervisiona. São as mesmas pessoas e estruturas.
Publicámos um vídeo nas nossas contas nas redes sociais. É uma intervenção de Joe Biden, por aquela altura não Presidente dos EUA, mas uma figura política muito ativa na política internacional nos anos 90. Ao usar da palavra no Congresso, ele contou soberbo que tinha apelado a bombardear Belgrado. Há uma nuance interessante: Joe Biden fala assim durante as audiências no Congresso em 1998, ou seja, antes dos bombardeamentos. Porquê? Porque ele o justificava alegando que era necessário bombardear Belgrado e então 200 mil pessoas poderiam sobreviver e não morrer sendo vítimas da situação que surgiu na ex-Jugoslávia. Bombardear a capital e habitantes civis em nome de um objetivo: não permitir a eliminação, o assassinato de outras pessoas. O próprio Joe Biden ocupa-se das atividades internacionais. Quais são os seus princípios e métodos? Faz tudo como antes ou mudou alguma coisa? Uma boa pergunta. Durante oito anos o sangue foi derramado em Donbass, aconteceram enterros em massa, mortes de crianças e civis, grandes fluxos de refugiados.
A 20 de março de 2003, começou a operação de invasão do Iraque sob o nome de código Liberdade Iraquiana. Após ter invadido o Afeganistão e derrubado o poder do Talibã lá, os EUA centraram-se no Iraque, acusando as autoridades do país de cooperar com a al-Qaeda e de criar armas de destruição em massa. A inteligência norte-americana fornecia dados diametralmente opostos, mas a administração de George Bush júnior os ignorava. O Kuwait serviu de plataforma de lançamento, já que o parlamento da Turquia se recusara categoricamente de oferecer o seu território para tal aventura. Quase de imediato, sem golpes aéreos prolongados, foram usadas as tropas terrestres que não encontraram grande resistência. A 9 de abril, Bagdad foi tomada sem combate, e a 15 de abril, a tomada de Tikrit marcou o fim da fase ativa das hostilidades. Passou-se à guerrilha.
De acordo com os dados oficiais, os EUA perderam 149 pessoas em 21 dias da fase militar ativa. Um grande número de vítimas foi registado entre civis (cerca de 7300 pessoas). Um facto interessante: Washington atacou o Iraque sem anunciar formalmente a guerra. Não havia o aval do CS da ONU, mesmo que os EUA tivessem “abordado” o Conselho por muito anos, sem nunca obter aprovação. As “abordagens” eram erradas: sem exposição de fotos, nem nomes das crianças e sem listas de civis mortos. Simplesmente chegaram para mostrar algumas provetas e se foram embora. George W. Bush deu às forças a ordem de atacar esse país. Simplesmente assim. Pois que não havia nada lá que ameaçasse os EUA. Não havia ninguém a salvar. Não havia partes em conflito. Os EUA não compartem fronteira com o Iraque. Tudo foi inventado. De acordo com a estimativa da Organização Mundial da Saúde, cerca de 151 mil iraquianos morreram vítimas de violência entre o início da operação e os meados de 2006. São apenas dados médios, não confirmados. As ONGs falam de centenas de milhares, de milhões de civis. Vou lembrar que a coligação estava composta pelo Reino Unido, Austrália e Polónia. Vou dizer mais: a Ucrânia também esteve lá. Querem lembrar-se do que vocês faziam no Iraque?
A 19 de março de 2011, começou a intrusão na Líbia efetuada pela coligação militar da NATO. O resultado foi a mudança do regime, o assassinato do líder legítimo, Muammar Kadhafi, o gozo por esta causa (lembramo-nos bem da reação de Washington) e a desintegração do país. A Líbia não ameaçou a ninguém, ela não faz fronteira com os EUA e com outros países da coligação. Antes da “eliminação” do seu Estado, o país já havia sido alvo de ataque por parte dos países da NATO – não através de intervenção nos assuntos internos, mas através de modelação de conflitos internos e divergências.
Os EUA intervieram na guerra civil na Líbia do lado dos insurgentes contra o regime de Muammar Kadhafi, deturpando assim a Resolução 1973 do CS da ONU. Esta última havia previsto a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o que os países da NATO aproveitaram, mas não a fim de proteger os civis, mas para bombardear. Como tudo é simples, cínico e violento.
Inicialmente, os norte-americanos eram foram apoiados pela França, pelo Reino Unido e pelo Canadá; depois, o bloco militar da NATO assumiu o controlo da operação. A parte norte-americana desta intervenção foi chamada de Odisseia do Amanhecer. A operação previa golpes de mísseis e bombas contra alvos militares sem ações terrestres. A operação terminou a 31 de outubro, com o derrube do poder e a morte horrenda de Muammar Kadhafi. Infelizmente, todo o mundo viu estas imagens. São impossíveis de ver. No resultado, ficou destruído o Estado líbio e começou a crise migratória na Europa de muitos anos.
Cemitérios soviéticos vandalizados na Polónia
Infelizmente, as notícias sobre o vandalismo praticado em cemitérios soviéticos na Polónia tornam-se sistémicas. Já deixaram de ser casos isolados. Uma avalanche de barbaridades passou pela Polónia.
Entre os dias 4 e 6 de março, indivíduos desconhecidos derramaram tinta no obelisco instalado no cemitério dos guerreiros soviéticos em Posnânia (voivodia da Grande Polónia). Os mass media polacos informam que em Lubawa (voivodia da Vármia-Mazúria), as pessoas não identificadas removeram a estrela vermelha do obelisco no cemitério soviético, e na noite de 5 para 6 de março, cobriram-no com um manto. Na noite de 8 para 9 de março foi cometido um ato de vandalismo (presumivelmente, com o uso de pá mecânica) na zona soviética do cemitério municipal de Koszalin (voivodia da Pomerânia Ocidental): o monumento central foi destruído. Recebemos também mensagens sobre atos de vandalismo no cemitério soviético em Breslávia (voivodia da Baixa Silésia) e em outras localidades.
Gostaríamos que os funcionários polacos prestassem atenção a esta situação indignante, os responsáveis que contam quão atenta a Polónia é com os cemitérios, ofendendo-se pelo facto de nós não percebermos isso. Percebemos, sim, mas não aquela imagem feliz que Varsóvia procura apresentar na comunicação social e nos contactos com a parte russa, mas a situação real em toda a sua dimensão arrogante.
Encaminhamos protestos à parte polaca sobre cada um dos incidentes. Varsóvia tem a possibilidade de reagir, tomando medidas necessárias, ou ignorar tudo tradicionalmente, confirmando desta maneira que todos os incidentes não são casos separados, mas a escolha consciente da política do vandalismo estatal pela Polónia.
Não podemos dar uma resposta recíproca a isso, mas haverá conclusões práticas.
Eslováquia expulsa diplomatas russos
Ficámos indignados com mais um passo não amigável por parte das autoridades da Eslováquia, que decidiram, a pretextos inventados, expulsar três diplomatas dos estabelecimentos estrangeiros russos em 72 horas.
Bratislava, em evidente tentativa de seguir o exemplo de outros países ocidentais inamistosos, meteu-se a escalar uma campanha antirrussa com a mesma obsessão, parecendo não perceber a onde vai levá-la. No contexto da demonização das relações com a Rússia pelo Ocidente, essa prática de piora consciente das relações bilaterais vem agravando a situação e conduz à degradação da nossa cooperação.
As decisões tomadas pela Eslováquia não vão, claro, ficar sem reação.
Respostas às perguntas dos jornalistas:
Pergunta: O Primeiro-Ministro da Polónia sugeriu usar os ativos confiscados da Rússia para a recuperação da Ucrânia. Que medidas o MNE da Rússia vai tomar nesta hipótese?
Porta-voz Maria Zakharova: Novidades da russofobia da Polónia. Ao tornar-se vítima desta histeria russófoba, o Primeiro-Ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, apelou a confiscar todos os “ativos congelados da Rússia e dos oligarcas russos” para entregá-los às “vítimas do regime”.
Nem preciso falar de novo do absurdo e da ilegitimidade de tais considerações. Os dirigentes dos países ocidentais demonstram, com a evidência cada vez maior, a omissão patente das normas do direito internacional, do bom-senso e da imagem humana. Estão prontos para abandonar os seus últimos laços que os ligam à civilização para alcançar os seus objetivos. Talvez na visão dos arquitetos do Ocidente, esse seja um mundo gerido pela ordem baseada em regras que eles inventam. É uma transição para a pirataria direta. O que será depois? Violência contra civis passa a ser norma?
De um lado, é de se surpreender que a propriedade privada tenha começado a ser apreendida. E as estruturas oficiais e os governos dão o seu aval total a isso. Do outro lado, em 2016, roubaram-nos - e para usar léxico frívolo, pode-se dizer “surripilharam” cinco instalações imóveis nos EUA. Não foram vândalos, mas sim o governo desse país.
As crianças não são permitidas ser menino e menina: dizem que vão definir isso quando crescerem. Se olhamos para a cadeia dos acontecimentos, fica óbvia a tendência: a substituição de noções, do negro pelo branco e ao invés. Tudo deve ser considerado na sua integridade. Como se chama a situação em que o pai não é pai, a mãe não é mãe, uma mulher não pode ser chamada de mulher? Diversidade de gênero, e não conceito estabelecido. Cada um porta-se como lhe apetece.
Então, não deve surpreender-nos que a propriedade já não seja propriedade. Tudo lógico, comparado ao resto. Apenas dá susto do ponto de vista… onde o mundo foi parar.
Pergunta: Como a Rússia encara o resultado das negociações com a Ucrânia do ponto de vista de documentos juridicamente vinculativos ou declarativos? É um pacote de documentos ou um tratado abrangente? A Rússia considera a participação de terceiros países enquanto garantes do eventual acordo?
Porta-voz Maria Zakharova: Não vou revelar o teor das negociações. Seria incorreto. A situação é difícil: não são apenas negociações, mas também a fase ativa da operação especial. Há negociadores, representantes e a chefia do grupo, eles concedem comentários após as reuniões.
Quanto ao resultado final, eu já o mencionei hoje. As autoridades da Rússia anunciaram abertamente os objetivos e as tarefas. São claros. As negociações visam dar-lhes a forma necessária. Os representantes da delegação russa dispõem de pormenores.
Pergunta: No caso de a Ucrânia consentir cumprir todas as exigências do nosso país, o que a Rússia vai fazer depois? Como vai construir as relações com o resto do mundo, em cuja retórica vai provavelmente permanecer como “agressor”? Ou Moscovo espera que isso possa mudar após a solução na Ucrânia?
Porta-voz Maria Zakharova: Pode não comparar todo o mundo com o Ocidente coletivo. São noções diferentes. Há o Ocidente, há alta autoridade que manda, um duo anglo-saxónico, mas existe o mundo em toda a sua diversidade e um grande número de países que têm uma posição própria a respeito de todo um leque de assuntos.
Nós não somos os primeiros, nem os últimos, a passar por tempos difíceis do ponto de vista da operação especial. Um grande número de países já atravessou períodos muito mais difíceis. Assim é a vida. A situação não foi criada por nós. Nós esforçávamo-nos por não a permitir. Aplicámos o máximo de esforços diplomáticos.
Daquela parte, o “encargo” era diferente. O programa estava em fase de cumprimento. Enchiam a Ucrânia de armas e munições, forneciam um grande número do material bélico, dinheiro e mantimentos fluíam sem cessar. Havia processamento político, atividades de informação e propaganda. Neste caso, temos uma imagem clara de todas as nossas ações que visavam parar tal cenário. Então, as apostas daquela parte eram tão grandes que todos não se preocupavam de forma alguma com o futuro da Ucrânia e da Europa em geral (ou pode ser que esse era um futuro previsto).
O Ocidente parou todas as negociações, fechou todos os mecanismos para eventual contacto. Encorajou a Ucrânia, prometeu-lhe tudo o que podia e criou ameaças reais baseadas no massacre selvagem que durou oito anos na Ucrânia e na região. Nós temos todos os materiais. Falávamos deles sem ocultar nada, apelávamos, trabalhávamos. Até o último dia, promovíamos ativamente as possibilidades do processo de negociações. Isso nos foi recusado.
Não adianta acreditar que este “encargo” de histeria antirrussa tenha sido formado apenas após o dia 24 de fevereiro deste ano. Isso não é verdade. A encomenda estava a ser cumprida por muitos anos e em todo um leque de direções. Desligaram os canais russos apenas agora? Desligavam-nos por décadas. Os jornalistas russos não eram perseguidos? Agora apenas entraram em regime “turbo-dinâmico”. Tudo havia antes. Não havia sanções económicas e listas negras? Hoje, isso passou para o estado de ira impotente. Acontecia por muitos anos. Viam-nos como iguais no desporto? Víamos uma cooperação adequada, igualitária nos assuntos dos vistos? Não. Tínhamos direitos iguais como todos de participar na história energética universal? Queríamos continuar a vender as nossas matérias-primas a preços aprovados por todos os países nas negociações. Nem isso deixavam-nos fazer durante muitos anos. O Nord Stream 2 devia ser lançado há uns meses. Não havia nenhuma escalada. Estavam em curso as negociações, o diálogo aberto da nossa parte.
Não adianta acreditar que o Ocidente coletivo adotou esta tática de relações com o nosso país, apelando aos outros Estados a escolherem esta abordagem, apenas por causa da operação especial da Rússia. Isso não é verdade. Este estado era “latente”, muitas vezes a escalada ficava quase iminente, mas vivíamos nele muitos anos.
Um pormenor importante. Tudo o que se expõe agora como a solidariedade universal é alcançado por meio de pressão, chantagem e ameaças diretas. Muitos líderes políticos dizem em público porque foram forçados a adotar as suas decisões. Isso pode levar ao desequilíbrio global. Devido a Washington que precisa de promover a sua visão do evoluir da situação o mundo será colocado num extremo grave e perigoso. O equilíbrio dos interesses será violado. O mundo não pode existir dominado por um só Estado. Isso não acontece nem na vida cotidiana, nem nos processos globais mundiais. Deve existir o equilíbrio dos interesses. Senão, vai ser uma catástrofe.
Não adianta acreditar que tudo começou a 24 de fevereiro de 2022. Nós já tínhamos vivido neste estado desde havia muito. Apesar de que muito do que nos faziam a nós já naquela altura havia exigido reações rígidas e nada ambíguas, ficávamos a apelar para negociações e o diálogo. A nossa paciência durou muito.
Pergunta: O MNE tem informações sobre a possibilidade de empresas russas, principalmente bancos, entrarem nas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk?
Porta-voz Maria Zakharova: A tarefa essencial lá é agora estabelecer a paz, cessar os tiroteios. Vamos partir da premissa que deve ser resolvida. Tudo o resto será resolvido progressivamente. Vejam os documentos assinados entre a Rússia, a RPL e a RPD. Ficam lá proscritas muitas áreas de cooperação. Estes documentos têm natureza do direito internacional.
Pergunta: O Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, pediu ao Congresso dos EUA garantir o fornecimento dos complexos S-300 e outros sistemas de defesa antiaérea como alternativa à zona de exclusão aérea. Como essas declarações se relacionam com as negociações que as delegações russa e ucraniana estão a manter sobre a paz e o cessar-fogo?
Porta-voz Maria Zakharova: Isso cabe na política absolutamente não ponderada e desumana de Vladimir Zelensky em relação ao seu próprio povo e à Ucrânia. Essas declarações são extremamente perigosas. Como os representantes da administração do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disseram, tais fornecimentos seriam um fator de desestabilização, que não poderá, nem hipoteticamente dar paz à Ucrânia. Do ponto de vista da perspetiva de longo prazo, as consequências podem ser mais perigosas.
Pergunta (via intérprete do inglês): Há sinais de progresso sobre as negociações que estão em curso? Existe o receio de que a Ucrânia esteja a agir sem boa-vontade?
Porta-voz Maria Zakharova: O senhor vai afundar-se nos elevados postulados teóricos. Vou “aterrá-lo” um pouco.
Acho que o facto de as negociações estarem em curso já é um sinal de progresso. Comentar a essência do que se discute é impossível sem revelar o conteúdo das negociações. Porém, são as conversações que decorrem à porta fechada.
Partimos da tese de que as próprias negociações, o seu avanço, sinaliza que o processo está em andamento. Isso é o progresso. Não posso entrar em pormenores. Quando somos capazes de comunicar algo, isso é feito imediatamente pelos negociadores.
Pergunta: A Rússia tem muitas vezes declarado desejar resolver a crise na Ucrânia por via diplomática. Porém, as partes agora levam três semanas sem poder chegar a uma solução comum. A seu ver, o que impede o avanço positivo das negociações russo-ucranianas? Quanto, a seu ver, podem durar antes que algum documento seja assinado?
Porta-voz Maria Zakharova: É incorreto formular a pergunta deste modo. São negociações e não uma troca de opiniões. Tem-se em vista a procura de abordagens mutuamente aceitáveis sobre todo um leque de assuntos complicadíssimos. Não posso comunicar-lhe nenhuma expetativa temporária.
Pergunta: Já que se tornaram frequentes casos de russofobia patente e xenofobia contra os russos nos países ocidentais, o MNE da Rússia recebia, sob este pano de fundo, pedidos de cidadãos russos que tinham saído nos anos 90 e posteriores, solicitando o regresso ao país? Se for assim, um novo programa de repatriação será criado? Ou basta contar com o programa que já existe?
Porta-voz Maria Zakharova: Está em marcha, a partir de 2007, o Programa Estatal de Auxílio à Repatriação Voluntária à Federação da Rússia dos Compatriotas Residentes no Estrangeiro. 80 unidades administrativas da Federação da Rússia adotaram programas regionais de repatriação, que ajudam a organizar o trabalho com os participantes do programa estatal e os membros das suas famílias. Os compatriotas têm o direito de receber subsídios e medidas de apoio social previstos pelo programa estatal. De acordo com o coordenador do programa estatal, o Ministério do Interior da Rússia, o número dos repatriantes superou 1 milhão de pessoas. No final de 2021, o interesse pelo programa estatal manifestado por compatriotas no estrangeiro cresceu mais de 60%.
Acreditamos que o potencial do programa estatal está longe de ser esgotado e permite adaptar os seus mecanismos às novas realidades. O trabalho nesta direção está a ser executado.
Claro que a situação em torno da Ucrânia coloca metas novas e adicionais. A propaganda norte-americana pode ficar a falar que os cidadãos da Ucrânia apenas procuram a União Europeia, mas isso é absolutamente errado. O senhor deve saber a situação nas zonas fronteiriças melhor do que eu.
As nossas Embaixadas recebem solicitações de pessoas que saíram da parte ocidental da Ucrânia, através da Polónia, etc. Dirigem-se às nossas missões diplomáticas e pedem ajuda para chegar à Federação da Rússia. Temem os nacionalistas, sabem o que e como está a acontecer lá, dado que este bacilo nacionalista já foi solto. Recebemos regularmente pedidos também de grupos de pessoas, bem como pedidos individuais de auxílio. Com efeito, é uma nova componente que deve ser levada em conta.
Pergunta (via intérprete do inglês): A Rússia alega ter encontrado mais de 30 laboratórios biológicos patrocinados pelos EUA na Ucrânia. A Duma de Estado afirma que pretende organizar uma investigação parlamentar. Há novos dados e provas sobre a existência destes laboratórios?
Porta-voz Maria Zakharova: A 11 de março, os deputados da Duma de Estado da Assembleia Federal da Federação da Rússia enviaram um apelo à ONU e à Assembleia Parlamentar da OSCE para investigar as atividades dos laboratórios biológicos na Ucrânia.
De acordo com as informações que temos, a formação do grupo de peritos parlamentar está em andamento. Esperamos que a russofobia, que atingiu muitas plataformas internacionais, não se torne pretexto para não ver ameaças reais. Os laboratórios biológicos situados no território de um país não dirigido há muito pelos seus cidadãos através de procedimentos democráticos, mas comandado por fora pelo ministério da Defesa dos EUA, constitui realmente uma ameaça para os países próximos da Ucrânia. Não se trata apenas dos laboratórios biológicos na Ucrânia. A imagem é muito mais ampla. Estes laboratórios biológicos norte-americanos estão localizados também na Ásia Central, na Geórgia e em outros países. Neste caso, a situação vem agravar-se pelo facto de o poder democrático ter estado ausente na Ucrânia por muitos anos, substituído pela gestão externa por parte de toda uma série de Estados, os EUA e a NATO antes de tudo. Estes laboratórios obedeciam ao Pentágono.
Da nossa parte, não excluímos a aplicação de mecanismos estabelecidos nos artigos V e VI da Convenção para a Proibição das Armas Químicas (CPAQ), que postulam que os Estados membros devem consultar-se para resolver qualquer dúvida a respeito do objetivo da Convenção ou a respeito do cumprimento das suas cláusulas, e cooperar em quaisquer investigações de eventuais violações das obrigações no âmbito da CPAQ.
Quanto aos novos factos de atividades biológico-militares exercidas à revelia da CPAQ na plataforma dos laboratórios biológicos ucraniano-americanos mencionados, informaremos atempadamente.
Pergunta (via intérprete do inglês): O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse ontem que era necessária investigação no âmbito da Convenção. Nós todos sabemos que os EUA têm impedido por décadas tal atuação no seio da OPAQ. O que pretendem fazer neste contexto?
Porta-voz Maria Zakharova: O jornal alemão Bild publicou uma fake, um artigo alegando que o Ministro Serguei Lavrov viajara à noite à China com um objetivo oculto, porém o avião tomou caminho de regresso quando estava no céu sobre Novosibirsk. A imprensa alemã alude que talvez a China não quisesse aceitar, ou que talvez o Presidente da Rússia já não quisesse enviar o ministro russo a Pequim. É uma fake descarada que a propaganda ocidental lançou sobre as nossas relações bilaterais. Já vimos isso muitas vezes. Querem colidir-nos. Não permitiremos isso.
Aproveitando a ocasião, quero prestar a sua atenção ao facto de que surgem muitas informações falsas nos media ocidentais relativas às relações bilaterais entre a Rússia e a China.
Nós temos feito muitas declarações sobre riscos graves no contexto de garantia de segurança em virtude de construção nos Estados vizinhos da Rússia de laboratórios que exercem atividades biológicas com o auxílio do ministério da Defesa dos EUA. A instalação destes laboratórios na proximidade imediata das nossas fronteiras é ligada ao desejo de garantir o fornecimento e o envio aos EUA de estirpes de microrganismos perigosos, específicos para a região, que possuem focos naturais e são capazes de serem transmitidos aos humanos, o estudo do biomaterial da população local, e também uma pesquisa científica sobre potenciais agentes de armas biológicas visando determinados grupos étnicos.
Dizíamos muito sobre isso. Exigíamos conceder a possibilidade a especialistas para visitarem estes laboratórios para estudar e examinar a sua atividade. Tal exigência aplicava-se aos laboratórios na Geórgia.
Esta atividade dos EUA tem uma natureza maciça. A pretexto de ajuda epidemiológica, o Pentágono garantiu a construção em série e a modernização de laboratórios microbiológicos nas repúblicas da ex-URSS. A acumulação das atividades biológico-militares dos EUA e dos seus aliados fora das fronteiras nacionais suscitam certas perguntas no contexto do cumprimento da Convenção sobre as Armas Químicas e Biológicas (BWC). Em virtude da ausência de um mecanismo de verificação no seio da BWC, cuja elaboração vem a ser bloqueada desde 2001 pelos EUA precisamente, é impossível controlar o grau de envolvimento destas unidades em programas de pesquisa fechados a cargo da defesa norte-americana. Isso evidencia que os norte-americanos não apenas exercem atividades proibidas, mas têm vindo a bloquear todas as possibilidades das instituições internacionais especializadas de examinar as suas atividades proibidas na área de armas biológicas.
Manifestamo-nos consequentemente pela consolidação do regime da BWC. Particularmente, sugerimos retomar a elaboração do protocolo juridicamente vinculativo à Convenção com um mecanismo de exame eficaz, incluindo nele os relatórios anuais dos Estados membros no âmbito das medidas de confiança, contendo informações das atividades biológico-militares no estrangeiro. É de notar que os EUA se recusam de apresentar esses dados.
Pergunta: John Sullivan, conselheiro de Biden para assuntos de segurança nacional, ameaçou a China com consequências por qualquer ação que possa reduzir a pressão das sanções sobre a Rússia. Como a senhora comenta isso?
Porta-voz Maria Zakharova: Ainda não nasceu um Sullivan que possa ameaçar grandes países, como a Rússia e a China. É a clássica insolência da elite política norte-americana, que se permite nos últimos anos. Não tenho outras palavras para isso.
O tom de mentor e as ameaças por parte de altos funcionários norte-americanos não surpreendem já a ninguém, apenas indignam. O principal: eles impedem a continuação do diálogo com eles em formatos anteriores. Consideramos a afirmação de John Sullivan como mais uma manifestação de imperialismo, de ambições hegemónicas de Washington, de tentativa de se intervir nos assuntos internos de Estados soberanos e de aplicação arbitrária de restrições ilegais que contradizem às bases do sistema das relações internacionais.
As sanções golpeiam inevitavelmente também os países que as introduzem. Podem ver o exemplo de um grande número de Estados que primeiro introduziram sanções contra a Rússia e agora deparam-se com as suas consequências para os seus próprios cidadãos. Os passos atuais dos EUA não ajudarão a consolidar o modelo americanocêntrico da globalização económica, senão estimularão a sua descomposição.
Gostaríamos de sublinhar que as relações russo-chinesas de parceria abrangente e de cooperação estratégica têm um valor próprio natural, ficamos a sublinhar isso sempre, elas têm uma motivação interna forte e não são expostas à conjuntura internacional momentânea. As relações com terceiros países (e com os EUA também) não as afetam criticamente. Na nova realidade mundial, a escolha estratégica de continuar a reforçá-las não tem alternativa para ambos os países.
Pergunta: A Rússia ampliou a lista dos países “inamistosos”. O que isso significo do ponto de vista do funcionamento das representações destes países na Rússia e das representações russas nestes países?
Porta-voz Maria Zakharova: Não significa nada de bom para eles.
Pergunta: Josep Borrell divagava há pouco das “promessas incumpridas” dadas a Kiev a respeito da adesão à UE, à NATO. O que espera as relações da Rússia com a União Europeia, qual é a utilidade delas?
Porta-voz Maria Zakharova: Não se trata de promessas incumpridas. Por que essas divagações aparecem agora? Para isentar-se da responsabilidade. Não são promessas incumpridas. Aqui está errado. São promessas que nem podem ser cumpridas. Como se diz: “Quando prometíamos, já sabíamos que não íamos cumprir a promessa”. É da mesma peça. Não é que não tenham podido cumprir, mas que algo andou mal. Sabiam que não iam cumprir e enganavam. Quantas vezes falávamos disso?
Já afirmávamos muitas vezes que não se planeava nenhum processo integracionista com a Ucrânia, com a sua economia e espaço humanitário. A NATO (agora não podemos considerar a UE autónoma) reservou à Ucrânia o papel de ferramenta. O cinismo reside nisso. As conversas altas, belas, muito interessantes sobre o futuro da Ucrânia integrada, com possibilidades fantásticas, escondiam apenas uma coisa: a intenção de usar este país como uma plataforma, ferramenta, meio de pressão. Ninguém no Ocidente se preocupava pelo preço. Importava realizar as suas ideias fanáticas de contenção da Rússia. Para os EUA, mesmo se pareça estranho, as mesmas ideias fanáticas aplicam-se ao continente europeu em geral. Os EUA não consideravam, por alguma razão, vantajosa nesta etapa histórica essa ligação, interação que iria garantir a paz progressiva para décadas.
Os presidentes norte-americanos sempre falavam da necessidade de apoiar a política de longo prazo no continente europeu no sentido de “recolher” os países europeus num único “coro”, protegido de conflitos internos, guerras, etc. Os EUA investiram muito nesta vertente. A cooperação energética da URSS, que começou há 50 anos, uniu-nos aos países da Europa Ocidental, criando uma artéria, um organismo único. Foi o maior projeto de união do desenvolvimento industrial, das economias. Mesmo com sistemas diferentes. Foi uma tentativa de visão global para a união da Europa em condições de diversidade preservada. Foi uma experiência muito interessante.
Mas os EUA precisaram de cortar esta artéria. O volume do sangue perdido, digamos assim, não os interessava. O Nord Stream 2, a cooperação energética, o bisturi cortou tudo. Por alguma razão, precisaram de desestabilizar a situação no continente europeu nesta etapa histórica.
Os cientistas políticos têm avançado muitas versões: é a crise no continente americano, a impossibilidade de se desenvolver o pensamento liberal centrado no Ocidente, que se proclamara nos anos 80, 90, 2000, ganhou vulto sem levantar mais voo, chegando ao impasse. Pode-se adivinhar, predizer e analisar muito. Factos são factos. Deve-se falar do que, quando todas essas promessas eram dadas à Ucrânia naquela altura, todos sabiam que papel era reservado a ela. Outro assunto é que os nossos apelos à Ucrânia para ouvir e compreender que estão a ser usados, não foram ouvidos. Ficaram mergulhados demais nessa histeria antirrussa. Há uma fórmula absolutamente clara do problema com que a Ucrânia se deparou: os curadores ocidentais faziam-na tornar numa “anti-Rússia”. Uma tese surpreendente (e que parece “impossível” para o mundo contemporâneo), mas que demonstra com clareza o que aconteceu com a Ucrânia.
É difícil dizer o que fez o chefe da diplomacia europeia comentar publicamente a justificação das garantias prestadas à Ucrânia (e à Geórgia) na cimeira da NATO em Bucareste em 2008, das promessas de adesão à Aliança. Não sei por que apenas agora começou a divagar sobre este assunto. Nem tudo é escrito por ele próprio. Muita coisa que ele assina não foi escrito por ele.
Até recentemente, o pessoal da UE assegurava-nos de não ter nada a ver com a NATO. Compreendo que o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, claro, deve verificar e acompanhar todos os processos, inclusive os ocorridos na NATO. Ele tem um amigo, parceiro e irmão, o Secretário-Geral da NATO, que poderia tecer considerações sobre esse assunto. Mas por alguma razão, eles ficam a trocar papéis. Até me parece que já ficaram enraizados um no outro. Parece que todas estas assegurações de que a UE e a NATO são as duas estruturas diferentes eram um mito, uma ficção.
Lembremos que no decurso da entrevista ao canal de TV francês TF1 que o senhor mencionou, Josep Borrell fez mais uma confissão: que a União Europeia “não fez o suficiente” para se aproximar da Rússia. A visão pode ser diferente também. De um lado, é difícil objetar, do outro: quem abranda a imagem real e esquiva-se à responsabilidade? Fez pouco para a aproximação da Rússia, mas fez muito para o afastamento da Rússia, para a rutura das relações, para complicar o máximo possível não somente a aproximação, mas um diálogo normal. Não fez o suficiente para ajudar a Ucrânia a se integrar, não fez o suficiente para se aproximar da Rússia. Mas sabiam desde início que não iam integrar a Ucrânia. Fizeram tudo para não se aproximar, mas para complicar ao máximo a conversa com a Rússia em todas as áreas. Considere apenas as teses de Federica Mogherini, desenvolvidas depois nas teses de Josep Borrell. Sobre a “contenção”. Como a contenção pode ser um fator de aproximação? Trata-se do contrário.
Antes dos acontecimentos de 2014, a nossa cooperação baseava-se na compreensão, declarada por ambas as partes, da nossa tarefa fundamental comum. Tratava-se de superar definitivamente o legado da Guerra Fria e terminar o trabalho de reunificação do continente europeu através da construção do espaço económico e humanitário comum de Lisboa a Vladivostok sem “linhas divisórias”, do espaço comum de segurança, com a preservação da soberania, da visão soberana sobre assuntos essenciais.
A Rússia encarava essa tarefa com a máxima seriedade. Tínhamos a intenção de construir conjuntamente quatro espaços comuns, mantínhamos negociações sobre um novo acordo básico, sugeríamos à União Europeia a criação do Comité para Assuntos da Política Externa e Segurança Rússia-UE, além de outros mecanismos mutuamente vantajosos da união de esforços na área de solução de crises. Esforçávamo-nos honestamente por facilitar o regime sem vistos para os cidadãos dos nossos países. Hoje, muitos na UE não hesitam em fazer de conta que aqueles projetos eram cedências à Rússia para a sua “boa conduta”. Mas na realidade, se calhar, a UE ganhava ela própria com a aproximação com a Rússia em base igualitária e mutuamente vantajosa.
Quanto ao regime sem vistos, sem dúvida, isso foi o momento de pressão política sobre os países. Adequem-se aos aspetos, às regras que eles consideraram importantes, então vamos conceder o formato sem visto. Se não se adequam, não vão ter o regime de vistos simplificado.
Às filosofias de construção da parceria estratégica Rússia-UE como dois polos interdependentes de integração mundial, algo a que sempre estivemos e estamos prontos, Bruxelas preferiu a lógica de polas vantagens unilaterais do modelo das relações por nós criado. E depois aderiram-se à política de contenção do nosso país.
Continuaremos a reforçar a cooperação multilateral e multiplano com os Estados que não politizam as relações bilaterais. Naturalmente, as relações bilaterais não podem ficar fora da política. É impossível colocar a condição prévia de subjugar os interesses do outro Estado aos interesses políticos, condicionando por isso o desenvolvimento de outras vertentes da cooperação. As relações não podem ser reféns das próprias abordagens hipócritas, que preveem dividir as partes em “mentores” e “alunos. E esta é, infelizmente, a abordagem que vemos da parte de Bruxelas.
Pergunta: O serviço de pesquisas do Congresso dos EUA encaminhou aos parlamentares o relatório sobre a possível resposta da ONU à operação da Ucrânia. O mesmo observa que “um número a cada vez r maior de Estados pode pôr em causa a participação da Rússia na ONU e o facto de ela ser membro da Organização”. No entanto, o Serviço de Pesquisa notou que as autoridades norte-americanas desempenham um certo papel na tomada de decisões no sistema da ONU. Qual é a probabilidade disso? Que medidas Moscovo vai tomar se a Rússia for excluída da ONU?
Porta-voz Maria Zakharova: A ideia de excluir a Rússia da ONU, apesar do crescimento drástico da propaganda antirrussa nos media ocidentais, permanece entre as marginais.
Quando falamos da probabilidade de “um número maior de Estados” (de acordo com os media) poderem anunciar tal proposta, é importante aqui comentar: Washington e os seus aliados “subjugados”, que apoiavam as sanções contra o nosso país, nem fazem a maioria simples na Assembleia Geral da ONU, sem falar da maioria qualificada de dois terços dos seus membros do órgão. O resto dos participantes da comunidade mundial confirmam a prontidão de desenvolver relações construtivas e mutuamente vantajosas com a Rússia, apesar da pressão e chantagem grosseira da parte do Ocidente coletivo.
Mas se continuar esta abordagem visando promover os interesses por meio da chantagem e ameaças diretas aos países membros contra funcionários políticos, ameaças contra o povo inteiro, contra um país separado por parte de Washington, surgirá a pergunta: como a ONU vai viver com isso? Poderá sobreviver nestas condições? Esta união de interesses, preservação de equilíbrios, busca de compromissos. Foi criada para isso. E se for apenas a atuação por parte da postura da maioria alcançada pela força, se não for a ONU, mas a NATO ou outras organizações que se baseiam no princípio “Um decide, os demais se submetem”. Mas este não é certamente o caso da ONU.
Seja como for, o cenário da privação da Rússia de estatuto de membro da ONU é impossível. O artigo 6 da Carta da Organização Mundial prevê, com efeito, a possibilidade de excluir um Estado da ONU mediante recomendação da Assembleia Geral. Já falei da possibilidade: o CS da ONU dificilmente pronunciar-se-á por essa causa, visto que para adotar a resolução precisam-se não apenas os votos dos nove membros “a favor”, mas a aprovação pelos cinco membros dos membros permanentes com o direito de veto, dos qual a Rússia faz parte.
Todas estas insinuações a respeito de não merecermos o direito de ser parte do CS da ONU começaram ainda antes de 24 de fevereiro de 2022. Eles já tinham falado disso durante todos esses anos. O seu regime matava os civis, eles apresentavam pretensões ao nosso país.
Pergunta: Uma catástrofe humanitária dura mais de uma semana em Nagorno-Karabakh após a parte azeri ter explodido o gasoduto e as autoridades do Azerbaijão terem impedido a sua reparação. Há falta de gás na república e grandes problemas com a eletricidade em condições de tempo frio. Aliás, os militares azeris atacam regularmente os povoados do Artsakh, disparando armas ligeiras e até fazendo fogo de morteiros, exigem que os moradores abandonem as suas casas, violando a declaração trilateral de 9 de novembro de 2020.
Como a Rússia avalia estas ações de Baku e o que está as ser feito para garantir a segurança dos habitantes de Nagorno-Karabakh e retomar o fornecimento de gás e eletricidade?
Porta-voz Maria Zakharova: Estamos preocupados pela situação na região e em certas zonas da fronteira azeri-arménia. A partir de março, temos observado violações regulares do cessar-fogo. O contingente pacificador russo toma medidas necessárias para garantir a estabilidade e controlar a situação. Graças a estes esforços, incidentes armados não se registam desde 13 de março. Quanto à fronteira azeri-arménia, estamos a favor do lançamento rápido da sua delimitação, com a criação da respetiva comissão bilateral.
Sabemos também da grave situação humanitária, provocada pelo acidente no gasoduto. Estamos em contacto com ambas as partes, o Azerbaijão e a Arménia, tentando resolver este problema.
A nossa posição consiste em que se deve evitar quaisquer passos que criem problemas aos habitantes, civis, e que agravem a situação humanitária complicada.
Pergunta: Moscovo vê que Baku quer aproveitar-se da situação, da participação russa na operação especial na Ucrânia?
Porta-voz Maria Zakharova: Partimos da premissa de que estamos a trabalhar nesta área além da situação em outras áreas, tanto internacionais, quanto da política externa. Para nós, a situação da solução na região mencionada é prioritária. Todos os participantes sabem disso.
Pergunta: O MNE da Arménia declarou que Yerevan respondeu à proposta de Baku e pediu aos copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE para organizar negociações sobre o tratado de paz entre a Arménia e o Azerbaijão, baseado na Carta da ONU, no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Ata Final de Helsínquia. Como Moscovo encara esta proposta? É provável que o tratado de paz seja celebrado em breve?
Porta-voz Maria Zakharova: Aplaudimos a prontidão de Baku e de Yerevan de começar a elaborar o tratado de paz entre a República do Azerbaijão e a República da Arménia. Confirmamos o nosso desejo de auxiliar o processo das negociações. É ainda cedo falar dos prazos e da assinatura do tratado de paz.
Pergunta: Como a Rússia avalia os cinco princípios do tratado de paz com a Arménia propostos pelo Azerbaijão, nomeadamente o reconhecimento da integridade territorial, a recusa das pretensões territoriais, a recusa à agressão, a delimitação das fronteiras e a abertura das comunicações?
Porta-voz Maria Zakharova: Acabo de responder a esta pergunta. Congratulamo-nos com esta prontidão. Estamos dispostos para facilitar isso. As partes vão resolver todas as questões entre si. Terão toda a ajuda e auxílio da nossa parte. Sem dúvida, é um processo de negociações.
Pergunta: A Índia aproveitou a situação entre a Rússia e a Ucrânia para lançar um míssil contra o Paquistão. Após dois dias de silêncio, a Índia informou que isso era “um erro”. Seja isso premeditado ou não, o lançamento do míssil preocupa o Paquistão. A comunidade internacional deve qualificar isso, especialmente agora, quando a situação é muito tensa no mundo. Como a Rússia vê isso no contexto da situação mundial?
Porta-voz Maria Zakharova: Acompanhamos também esta situação. Vimos e registámos a declaração do Ministério da Defesa da Índia informando que o míssil foi lançado por causa de uma falha técnica. É a posição oficial do país.
Manifestamos a sincera esperança de que este incidente não complique as relações entre o Paquistão e a Índia.
Pergunta: A senhora mencionou hoje cidadãos paquistaneses evacuados de Mariupol. Quantos paquistaneses foram retirados?
Porta-voz Maria Zakharova: 250 pessoas foram evacuadas, inclusive cidadãos do Paquistão. Posso precisar quantos, vou informar-lhe.
Estamos em contacto com a parte paquistanesa a este respeito.
Pergunta: Divulgar documentos sobre a situação atual nos seus briefings é importante. Continue. É um passo forte. Em xadrez, ganharia dois pontos exclamativos.
Porta-voz Maria Zakharova: Nós não jogamos xadrez. O xadrez ficou nos tempos da Guerra Fria, e antes dela.
É um jogo desconhecido, que prossegue com a violação das regras, direitos, das leis e normas. O jogo de xadrez não tem nada a ver com o que o Ocidente coletivo está a fazer. É um jogo sem regras. Nem é um jogo, senão uma grande desgraça para eles próprios e para os cidadãos destes países.
Não preciso contar-lhe que consequências acarretam as suas aventuras. Nem são aventuras, porque “aventura” é algo que é arriscado, mas pode levar a um resultado positivo (ou negativo). Isso não é um jogo, não é uma aventura, isso é atividade destrutiva.
Nós continuaremos a divulgar todos os factos. Acompanhem as nossas contas nas redes sociais, as contas do Ministério da Defesa também. Compreendo que em muitos países os nossos sites estão inacessíveis, bloqueados, há lugares onde a Runet está bloqueada. Tentamos divulgar as informações através de várias fontes.
Pergunta: Quase todos os media russos estão bloqueados no Ocidente, e informações unilaterais sobre os acontecimentos principais são divulgados lá.
Nestas condições, os media e as redes sociais dos compatriotas são a única fonte de informações verdadeiras, pois têm influência maior graças aos contactos de confiança, ao domínio da língua dos países de residência e à capacidade de estabelecer comunicação interpessoal com muitos cidadãos estrangeiros.
Há algumas medidas novas, devido à nova situação, de apoio aos media dos compatriotas?
Porta-voz Maria Zakharova: Acaba de ser realizado o Sétimo Congresso Mundial, no qual todas as questões dos compatriotas foram discutidas. Vamos analisar as possibilidades de novas formas de cooperação.
Concordo que agora, nas condições de bloqueio mediático absoluto do nosso país, o senhor tem toda a razão: os compatriotas, as pessoas que conhecem a situação por dentro, são capazes de cometer façanhas. Estão expostos a uma pressão fortíssima. Até políticos eminentes não resistem, o que então falar de pessoas simples. Há ameaças, chantagem, assédio de todos os tipos.
Vamos pensar como podemos elevar este trabalho a um novo patamar.
Pergunta: Tais passos não podem quebrar os compatriotas patrióticos.
Porta-voz Maria Zakharova: Sei disso. É um momento da verdade. Separa o patriotismo verdadeiro do conjuntural. Há este tipo de patriotismo também. Agora, o patriotismo verdadeiro revelou-se.
Pergunta: Há notícias preocupantes da UE. Numa escola checa, após o “controlo de opiniões” sobre os acontecimentos na Ucrânia, uma dezena de crianças russas e os seus pais foram advertidos: as opiniões das crianças divergem da posição da UE, são baseadas na desinformação russa. Se as opiniões da criança não mudarem, as autoridades irão dirigir-se à justiça juvenil. Como já sabemos da grande experiência na “Europa democrática e livre”, isso pode levar à tragédia, à retirada da criança da sua família…
Tais factos são conhecidos e há alguma possibilidade de proteger os filhos dos compatriotas?
Porta-voz Maria Zakharova: Sim, são conhecidos. Nesta etapa, têm ligação à Ucrânia e à situação em torno da Ucrânia e da Rússia. Recolhemos os factos de violação dos direitos dos compatriotas, crianças e adultos. Asseguro que não são um segredo.
Os compatriotas já organizaram vários eventos públicos, dedicados à defesa dos direitos. Há a possibilidade de proteger os compatriotas no estrangeiro, inclusive ao nível legislativo.
Lembro as medidas previstas pela Lei Federal “Sobre medidas de influência sobre pessoas envolvidas em violações dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, dos direitos e das liberdades dos cidadãos da Federação da Rússia” (também conhecido como a Lei Dima Yakovlev).
No contexto do apoio mediático, consideramos importante comunicar aos nossos cidadãos os materiais e a argumentação baseados na legislação dos países de residência no contexto da proteção dos direitos das minorias nacionais e da inadmissibilidade da discriminação. O trabalho é realizado inclusive pelas estruturas de defesa dos direitos dos próprios compatriotas e das organizações especializadas russas, inclusive o Fundo de Apoio e de Defesa dos Direitos dos Compatriotas Residentes no Estrangeiro.
Quero dirigir-me aos nossos cidadãos, aos compatriotas que estão no estrangeiro. Praticamente cada Embaixada e cada consulado tem telefone 24/7. Apelo-os a denunciar todas as violações, pressão, chantagem, ameaças, qualquer forma de discriminação dos seus direitos. Vamos sistematizar tudo isso para trabalhar com as autoridades locais, nas organizações internacionais, para pôr fim à persecução dos russos onde houver essas manifestações.
Com efeito, há divergências na interpretação da palavra “russos”. É porque no Ocidente, “russo” significa qualquer cidadão do nosso país. No nosso país multinacional, vivem pessoas de várias etnias, mas não dividimos ninguém neste caso. Compreendemos de que se trata. Não se trata da etnia, nem da cidadania. Trata-se da postura e comportamento que transformam em “russo” pessoas de qualquer etnia e com qualquer passaporte que querem saber a verdade, que sabem a verdade e querem protegê-la, que nunca se quebram. É um fenómeno histórico surpreendente, mas é um facto. Como todo este Ocidente coletivo ficou irado por esta razão e deseja que a verdade não triunfe. Quer impor um ponto de vista e alterar o ângulo da visão, quebrar a pessoa pela chantagem e pressão.
Tudo isso não começou hoje. Quanto à pressão sobre as crianças, não começou hoje. Não se trata somente das questões da Rússia, trata-se também de muitos outros assuntos.
Contaram-me uma história de pessoas que eu conheço. O seu filho, há uns anos, escreveu uma composição nos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki. Contou que os EUA haviam bombardeado estas cidades japonesas com as armas nucleares, cidades com habitantes civis. E que isso não era necessário estrategicamente para terminar a Segunda Guerra Mundial. Chamaram os pais à escola e perguntaram de onde eles sabem estes factos “secretos”. Já se torna um “grande segredo” no Japão, nos EUA e em outros países que precisamente Washington foi a primeiro – e, graças a Deus, o único regime a usar armas nucleares contra civis, sem haver a necessidade estratégica. Outros conhecimentos também se esquecem e se expurgam. Quando crianças contam disso em escolas, escrevem disso nos seus trabalhos e nas suas teses, os pais são chamados à escola para falar com mestres dos seus filhos.
Não se trata apenas dos factos históricos, mas da atitude das crianças e dos seus pais para com os princípios básicos. O que eu falei: quando forçam a criança a aplicar conceitos de “diversidade de gênero”, forçam uma menina a vestir-se de menino, menino de menina, visitar (me desculpam) banheiros do sexo oposto, usar modelos que preveem alterar a consciência da criança para o sexo oposto. Os pais que se opõem a que o seu filho participe nestas coisas, em “projetos educacionais”, ficam expostos à pressão e ao assédio colossais. Ficam expulsos da vida social. Não começou hoje. Esta é uma das manifestações. Este mal acaba por sair, como de um furúnculo. Mas isso tem durado muitos anos já.
Acredito que a verdade venha a prevalecer.