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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 26 de julho de 2023

1501-26-07-2023

Sobre a Segunda Cimeira Rússia-África

 

Nos dias 27 e 28 de julho, São Petersburgo acolherá a Segunda Cimeira Rússia-África que será dedicada ao desenvolvimento de toda a gama de relações com os países do continente africano e à promoção de um modelo de cooperação igual marcada pelo respeito mútuo com os nossos parceiros no contexto da formação de uma ordem mundial nova e mais justa. A ideia central do próximo evento é a disponibilidade da Rússia para fazer os possíveis para contribuir para o reforço da soberania dos países africanos e a defesa do princípio da sua igualdade soberana.

"À margem da cimeira, haverá um Fórum Económico e Humanitário Rússia-África, cujo programa inclui mais de 40 sessões temáticas em áreas-chave das nossas relações com os países do continente.

Em comparação com a Cimeira de Sochi (recorde-se que a primeira Cimeira Rússia-África se realizou em Sochi em 2019), a componente humanitária ganha uma dimensão muito alargada: a ordem de trabalhos inclui questões da cooperação em matéria de educação, formação de pessoal, saúde, ciência, cultura, meios de comunicação social, desporto e intercâmbio de jovens. Haverá também uma grande exposição com a participação dos nossos parceiros africanos.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, dirigentes do Ministério e peritos, participarão nos eventos da Cimeira. Vamos mantê-los informados.

 

Sobre a cooperação do nosso país com os países africanos

 

O espírito de compreensão e confiança mútuas formado ao longo dos anos de cooperação soviético-africana continua a servir de boa base para a elevada credibilidade da Rússia em África e uma importante plataforma para a intensificação da parceria nas novas condições.

Recorde-se que foi por insistência da URSS que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a "Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, de 14 de dezembro de 1960. É difícil sobrestimar o significado deste documento. A sua aprovação pela ONU criou uma base jurídica internacional para a assistência aos movimentos de libertação nacional e acelerou o processo de independência dos países africanos.

A luta contra o neocolonialismo nas suas manifestações modernas está sempre no centro das nossas atenções, sendo um dos desafios prioritários na construção da cooperação com o continente africano. Ao mesmo tempo, a Federação da Rússia apoia os esforços dos Estados africanos para levar o processo de descolonização a um fim definitivo e defende a importância de analisar o tráfico de escravos e as consequências deste facto vergonhoso na história da humanidade, incluindo no âmbito das principais organizações internacionais.

Na 216ª sessão do Conselho Executivo da UNESCO (Paris, maio de 2023), durante os debates da iniciativa "Caminhos dos Povos Escravizados", a parte russa apoiou os africanos interessados em ações mais ativas da UNESCO para promover as questões do combate ao legado do tráfico de escravos.

Com a participação de departamentos especializados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da Missão Permanente da Rússia em Nova Iorque, foi elaborado um projeto de resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o combate às práticas contemporâneas do neocolonialismo, que deverá ser apresentado para a apreciação da Assembleia Geral em dezembro próximo.

No âmbito da cooperação com as principais forças políticas da Ásia, África e América Latina, o partido político russo "Rússia Unida", com a assistência ativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, continua a trabalhar energicamente na preparação do Fórum de Apoiantes da Luta contra as Práticas Modernas do Neocolonialismo, a realizar em Moscovo no final de outubro próximo 2023. Prevê-se que participem no Fórum delegações de partidos estrangeiros construtivos e representantes proeminentes dos círculos sociopolíticos, científicos, de peritos e empresariais de 70 países.

A Federação da Rússia dispensa elevada atenção às necessidades humanitárias dos países do continente africano e presta assistência multifacetada à região.

Desde 2020, a Rússia aumentou em 10 milhões de dólares a sua contribuição adicional anual para o fundo do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas para assistência aos países africanos. Em 2022, devido às sanções impostas pelo "Ocidente coletivo" contra a Rússia, que atingiram as transações interbancárias, não foi possível transferir os fundos acima referidos para o PAM. Em 2023, em conformidade com a ordem do Governo da Federação da Rússia, o montante de 2,5 milhões de dólares será distribuído em parcelas iguais entre o Burkina Faso, o Sudão, a República Centro-Africana e a Etiópia.

Estamos a contribuir para a redução da dívida dos países do continente. Até à data, os países pobres altamente endividados tiveram perdoados mais de 20 mil milhões de dólares de dívida ao abrigo da "Iniciativa para os países pobres altamente endividados". Estamos a implementar programas de "dívida em troca de desenvolvimento" com Madagáscar, Moçambique e Tanzânia, estamos em negociação sobre esta questão com a Etiópia.

Estamos a ampliar a nossa cooperação com África no domínio da educação, em particular, na formação de pessoal para países africanos. Atualmente, cerca de 34.000 estudantes africanos estudam na Rússia. Destes, mais de 6.000 fazem cursos gratuitamente. No ano letivo de 2022/23, foram admitidos 2.124 africanos nas universidades russas. Para o ano letivo de 2023/24, está previsto o aumento do número de bolsas de estudo para 4.720. Temos um programa especial para o pessoal dos órgãos policiais e de força dos países africanos.

No Centro de Investigação Microbiológica e Tratamento de Doenças Epidemiológicas de Quindia, na República da Guiné, foi aberto um Centro de Investigação Russo-Guineano de Epidemiologia e Prevenção de Doenças Infeciosas, onde os especialistas guineanos são capacitados sob a orientação de especialistas russos em segurança biológica, diagnóstico laboratorial e prevenção de infeções particularmente perigosas e socialmente significativas.

O Rospotrebnadzor elaborou um programa de assistências aos países africanos no bem-estar sanitário e epidemiológico da população, prevenção e combate às infeções em 2023-2026 (apoio material e técnico, científico e metodológico, formação de pessoal, assistência no desenvolvimento de infraestruturas laboratoriais e reforço de capacidades de reação a epidemias).

Consideramos sempre o mundo árabe, incluindo o seu segmento norte-africano, como aliado natural da Rússia, que desempenha um papel significativo nos assuntos mundiais e possui o mais rico potencial cultural, económico e político. O reforço de um diálogo de confiança e de uma cooperação multifacetada e mutuamente benéfica com cada um dos países da região é do interesse tanto da Rússia como dos seus parceiros do Norte de África.

No contexto do confronto com o "Ocidente coletivo", a nossa interação com os países do Norte de África reveste-se de particular importância. Apesar da pressão sem precedentes e da chantagem dos Estados Unidos e dos seus aliados, os países da região, guiados em primeiro lugar e acima de tudo pelos seus interesses internos, tomaram uma posição equilibrada e responsável sobre a questão ucraniana.

Podemos agora dizer com certeza que as tentativas dos ocidentais de isolar a Rússia e causar discórdia nas nossas relações com os países do Médio Oriente e do Norte de África falharam. Os nossos contactos com os seus dirigentes continuam a ser regulares e intensos. Apesar das restrições ilegais impostas à Rússia, o comércio com os nossos principais parceiros está a crescer.

A época do domínio ocidental acabou. A ordem mundial unipolar está a dar lugar a uma ordem multipolar, assenta na diversidade civilizacional, na verdadeira soberania dos povos, na igualdade dos Estados e no reconhecimento dos seus direitos de escolherem autonomamente a sua própria via de desenvolvimento e sistema social. Hoje estamos a trabalhar em conjunto para promovê-lo. Fazemo-lo em pé de igualdade, respeitando-nos mutuamente.

Os alicerces de um sistema policêntrico foram lançados muito antes, na altura em que os países do mundo e do continente africano se libertaram da opressão colonial do Ocidente, para o que União Soviética contribuiu muito. Agora estamos a assistir a uma nova "cruzada" dos Estados Unidos e dos seus aliados contra todo o mundo extra-ocidental e uma ordem multipolar. Devemos fazer-lhe frente.

Não temos dúvidas de que a África pode tornar-se um dos centros de um mundo policêntrico. Tem todas as oportunidades para sê-lo. Os Estados africanos estão a seguir as suas políticas soberanas de forma cada vez mais resoluta, demonstrando a sua capacidade de resolver os seus problemas de forma independente, nomeadamente através de mecanismos pan-africanos e de associações de integração regionais.

Esperamos formar, em cooperação com os nossos amigos africanos, uma agenda global e não discriminatória, para levantar questões atuais que são importantes para nós e que estão em consonância com os interesses da maioria dos países do continente. Procuraremos formas de as resolver de uma forma construtiva. Trabalharemos no sentido de reforçar os princípios jurídicos internacionais nas relações entre Estados e de criar novas condições para uma coexistência pacífica baseada em objetivos e valores comuns.

Estamos interessados em intensificar o trabalho conjunto com os países correligionários para criar infraestruturas fora do controlo do Ocidente nas mais diversas esferas, mecanismos de cooperação económica e solucionar tarefas específicas de desenvolvimento comum. Acreditamos que é necessário trabalhar no sentido de enfraquecer o dólar norte-americano como meio praticamente monopolista de pagamentos e recebimentos e moeda de reserva. Por uma razão simples de que a moeda norte-americana é utilizada pelos Estados Unidos como instrumento não só na luta por vantagens competitivas, mas também como meio de agressão.

Consideramos importante trabalhar em conjunto e de forma consistente para impedir que o Ocidente nos imponha padrões "culturais" liberais, apresentando-os como universais, para fazer frente às tentativas de ilegalizar os valores morais tradicionais, de corroer as normas morais e pilares sociais.

 

Sobre o Festival de Cinema "Jornadas da Cultura e do Cinema Africanos"

 

O festival de cinema "Jornadas da Cultura e do Cinema Africanos" em São Petersburgo e Moscovo inserido no contexto da Segunda Cimeira Rússia-África, faz parte do festival "África: Caminhando Juntos para o Futuro". O evento realiza-se pela primeira vez e faz parte do programa do Festival da Cultura "Temporadas de São Petersburgo". É organizado pela Agência Nacional do Cinema ROSKINO com o apoio do Ministério da Cultura da Federação da Rússia.

No período de 25 de julho e ao final do mês, o evento inclui exibições gratuitas de cinema africano, cinco dos melhores filmes dos últimos anos de Angola, Quénia, Tanzânia e África do Sul, que foram apresentados em muitos festivais internacionais de cinema e ganharam vários prémios, bem como exposições de fotografia, master classes e recitais de poesia.

De acordo com os organizadores, a missão do evento é alargar as oportunidades de promoção de projetos russos, africanos e conjuntos nas indústrias criativas na Rússia e nos países africanos. O festival foi concebido para apresentar aos nossos espectadores a cultura africana contemporânea em toda a sua diversidade.

 

Ponto da situação na crise da Ucrânia

 

O regime de Kiev optou por atividades terroristas semelhantes às praticadas pelo EI e a al-Qaeda devido, sobretudo, ao fracasso da contraofensiva ucraniana, generosamente patrocinada pelos Estados Unidos e outros países da NATO.

A 17 de julho deste ano, foi perpetrado um atentado na Ponte da Crimeia. A 24 de julho deste ano, dois drones ucranianos tentaram atingir alvos em Moscovo e 17 drones tentaram atacar alvos na Crimeia. Estas tentativas foram repelidas pela defesa antiaérea russa e por equipamento de guerra eletrónica. Não houve vítimas humanas. A 20 de julho, um drone ucraniano atacou o vilarejo de Razdolnoe, na Crimeia, matando uma menina de 14 anos, aluna do oitavo ano. Os habitantes da Crimeia estão de luto e levam flores para um memorial criado espontaneamente no centro da localidade em homenagem à menina morta.

O regime de Vladimir Zelensky não se coíbe de reivindicar as ações de natureza terrorista, acreditando que não haverá qualquer condenação por parte do chamado mundo ocidental "civilizado". O Ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mikhail Fedorov, não só confirmou o envolvimento de Kiev em ataques de drones contra a Crimeia e Moscovo, como prometeu cinicamente que estes vão continuar e que o seu número vai aumentar.

Tenho uma pergunta para os norte-americanos, não tanto para o Departamento de Estado ou a Casa Branca, mas para os cidadãos comuns. Já se esqueceram dos ataques terroristas em Manhattan? Chamam-lhes "9/11 de setembro", ou seja, 11 de setembro de 2001. Gostaria de recordar àqueles que nos EUA se esqueceram, que o ataque foi perpetrado por meio de dois aviões que se despenharam contra edifícios de centros comerciais dados, em tempos, como símbolos do poderio económico norte-americano.

 Depois disso, os Estados Unidos reviram a sua política internacional, tendo lançado várias operações no estrangeiro para impedir novos ataques terroristas ao seu território. Gostaria de recordar as palavras do então Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Ele afirmou que "este ataque aos Estados Unidos foi literalmente qualificado como declaração de guerra a Washington". Muitos anos se passaram. Ao longo dos anos, a comunidade internacional uniu-se para rejeitar o terrorismo internacional. A Federação da Rússia foi, de facto, a primeira a estender a mão aos Estados Unidos e a prestar a assistência necessária na luta contra o terrorismo.

Tenho uma pergunta para os norte-americanos comuns: há alguma diferença entre os ataques com drones a casas, centros de escritórios, infraestruturas civis e a tragédia sofrida pelos EUA em 2001? A diferença está na dimensão? Estão à espera de que os ataques com drones venham atingir a mesma dimensão? Ou, no final de contas, acharão preferível retomar a noção básica de que não pode haver desculpa, e muito menos apoio, para o terrorismo internacional. 

Gostaria de recordar aos norte-americanos comuns que tudo o que está a acontecer neste momento, refiro-me aos ataques terroristas com drones às infraestruturas civis realizados pelo regime de Kiev, está a ser pago pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha, dois aliados. De facto, Washington e Londres estão a pagá-los com o dinheiro tirado do bolso dos contribuintes.

Os povos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha têm de compreender que estão a ser involuntariamente envolvidos no patrocínio do terrorismo internacional.

Todas estas infrações estão a ser minuciosamente investigadas pelo Comité de Investigação da Rússia. Os autores serão certamente identificados e punidos. Reservamo-nos o direito de tomar medidas de retaliação duras.

O regime de Kiev começou a utilizar ativamente no campo de batalha munições de fragmentação fornecidas pelos EUA. A 22 de julho, um veículo civil que transportava jornalistas foi atingido por uma munição de fragmentação, tendo o correspondente de guerra da agência noticiosa RIA Novosti, Rostislav Zhuravlev, sido morto. Quatro dos seus colegas ficaram feridos com gravidade variável.

De acordo com o governador da Região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, os militares ucranianos bombardearam, no sábado passado, a vila de Zhuravlevka, usando 21 projéteis de artilharia, três munições de fragmentação disparados pelos lançadores múltiplos de foguetes, um drone kamikaze e um lança-granadas.

Anteriormente, a comunidade internacional, políticos de dezenas de países e representantes de organizações especializadas instaram a não fornecer ao regime de Kiev munições de fragmentação e a não as utilizar na Ucrânia. Sublinharam que tais ações violariam as normas humanitárias. No entanto, parece que nenhuma exortação é capaz de chamar os nazis ucranianos e os seus patrões ocidentais à razão. A única coisa que pode pôr termo a estes crimes é uma reação dura e adequada.  

Recorde-se que a comunidade internacional também ficou horrorizada, em tempos, com os planos dos EUA, da Grã-Bretanha e dos seus satélites de atacar o Iraque. A comunidade internacional publicou cartas abertas, organizou "correntes humanas" para impedir os Estados Unidos de cometerem um crime. Os norte-americanos não quiseram saber. Fizeram o que fizeram. Compreendemos perfeitamente o que Washington está a fazer agora. Concebeu este projeto há muito tempo e está agora a concretizá-lo. Trata-se de um projeto incrível quanto aos montantes disponibilizados ao regime de Kiev para implementar as intenções agressivas norte-americanas em relação ao nosso país como ferramenta nas mãos de Washington, quanto ao volume de ajuda militar e apoio político.

As autoridades ucranianas continuam a lutar contra os monumentos aos soldados soviéticos. Só na região de Lviv, num só dia, a 22 de julho, vândalos nazis demoliram nove dos monumentos erguidos nas povoações de Orekhovchyk, Brody, Rudniki, Sukhovolya, Yazlovchyk, Ponikovitsa, Semiginov, Skelevka e Podkameni.

De acordo com os meios de comunicação social, no outro dia, em Lviv, foram registadas tentativas de abrir uma sepultura e roubar os restos mortais do agente dos serviços secretos soviéticos e herói da União Soviética, Nikolai Kuznetsov. Isto já parece um ato necrófilo. Durante a Grande Guerra Patriótica, Nikolai Kuznetsov, assassinou mais de uma dezena de generais nazis.

Depois disso, vão tentar fazer crer (estou a dirigir-me agora aos nossos "não parceiros" ocidentais) que não há nazismo na Ucrânia? Como é que não? Foram vocês que o fizeram ressurgir e estão a patrociná-lo. Estão a tentar tirar a desforra do fracasso dos seus planos sofrido há 80 anos. É por isso que os primeiros alvos da desforra são monumentos aos soldados da Grande Guerra Patriótica.

Os ucrofascistas são os melhores a combater monumentos aos soldados soviéticos. Não faz sentido apelar à consciência ou à memória histórica do atual regime de Kiev, até porque não as tem. Uma vez atingidos os objetivos da operação militar especial, todos os monumentos e memoriais destruídos na Ucrânia serão restaurados. A Rússia tem especialistas em restauro pós-guerra. Um exemplo do seu trabalho dedicado e do seu profissionalismo é a restauração de Palmira, na Síria.

Ao contrário do regime de Kiev, nós homenageamos os heróis da Grande Guerra Patriótica, que lutaram abnegadamente contra os nazis e os traidores colaboracionistas ucranianos.

A 22 de julho de 1944, há exatamente 79 anos, terminou a batalha de Brody, onde o Exército Vermelho cercou e derrotou oito divisões alemãs, entre as quais a 14ª Divisão de Granadeiros SS "Galizien" composta por traidores ucranianos e que se destacou sobretudo em operações punitivas, mostrando-se, porém, impotente na batalha contra o Exército soviético. O próprio comando alemão chamou à Divisão "Galizien" uma "ralé armada". Não se pode dizer o mesmo sobre o atual regime de Kiev? Podemos dizer que é uma ralé armada pelo Ocidente. Os tempos mudam, mas a qualidade dos nazis armados ucranianos e a sua baixa condição moral permanecem os mesmos.

Na opinião de Washington, a guerra é boa para a economia mundial. A afirmação é da Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen. E para melhor ajudar o mundo a desenvolver-se economicamente, a governante norte-americana exortou a duplicar a ajuda ao regime de Kiev. Num país onde os homens são chamados mulheres e as mulheres-homens afirmam que o seu corpo aloja vários "eles" (são-lhes entregues atestados médicos para ajudar a resolver os seus problemas psicológicos da coexistência de várias personalidades num só corpo, bem como medicamentos para fins médicos), as coisas como estas são possíveis. A afirmação da Secretária do Tesouro dos EUA está em linha com este paradigma. Todas as pessoas adequadas do mundo encaram as hostilidades, os conflitos armados como desgraça, perda de vidas, como dor e destruição. No entanto, tal não é o caso do governo norte-americano. Para ele, é mais uma razão para pensar no seu lucro. Foi alguma vez de um modo diferente nas épocas anteriores?

É mais fácil fazer planos geoestratégicos de longo alcance quando a guerra é travada por intermédio de outros e fora do seu território. De acordo com o conselheiro de segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, a administração norte-americana está a realizar consultas com Kiev sobre o momento em que a Ucrânia deve lançar as suas principais forças para uma contraofensiva.

E depois disso, os norte-americanos dizem-nos que não são "parte no conflito" e que não têm nada a ver com ele. E então, esta é uma luta do povo ucraniano pela independência? De que é que estão a falar?

Jake Sullivan admite que as forças armadas ucranianas já sofreram perdas significativas. Os patrões ocidentais do regime de Kiev comandam abertamente os combatentes ucranianos, decidindo quando e como os enviar para o abate. Os habitantes da Ucrânia deveriam sentir-se revoltados e protestar contra esta situação. No entanto, aqueles que foram pagos e aqueles que (como disse Vladimir Zelensky) estão a passar férias em estâncias de moda não têm simplesmente tempo para pensar no que está a acontecer ao seu povo. 

De acordo com numerosos testemunhos de militares russos, os principais alvos dos atiradores nazis são os médicos militares russos. Os combatentes ucranianos estão a tentar eliminar propositadamente o pessoal médico russo, em violação das normas do direito humanitário internacional. O comando nazi das tropas ucranianas até anuncia recompensas pela morte de médicos.

Nos termos da Convenção de Genebra de 1949, o pessoal médico, incluindo os que trabalham apenas para evacuar os feridos, e as instalações sanitárias não são combatentes, nem instalações militares. Não podem ser atacados e devem ser protegidos e respeitados por todas as partes em conflito. O regime de Kiev e os seus militantes há muito que ignoram estas normas por ser de cariz nazi e por ter optado por métodos terroristas. Isso o caracteriza da melhor maneira. A comunidade internacional levou muito tempo a tentar encontrar um termo para descrevê-lo. Alguns disseram que o regime de Kiev tinha "aspirações democráticas" e era composto por "jovens democratas" que estavam à procura de "uma nova identidade". Na verdade, tudo é simples: a sua identidade é velha e é nazi e, com tudo isso, veio à tona, o que não pode ser dito sobre os métodos por ele utilizados. Estes métodos, sim, são novos e combinam a metodologia dos terroristas internacionais com as capacidades tecnológicas dos países ocidentais desenvolvidos.

A 21 de julho deste ano, o Ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, manifestou a esperança de que o conflito ucraniano terminasse em breve. Segundo ele, chegou o momento de envidar todos os esforços para encontrar uma solução de paz e de negociação. Esta atitude merece ser apoiada. No entanto, neste caso, as palavras estão em contradição com os atos. As conversações sobre a paz deveriam começar com a decisão de deixar de fornecer armas ao regime de Kiev. Como podem ver, no Ocidente isso é inútil.  Ele [o regime] não só as utiliza para fins terroristas contra o nosso país e o nosso povo, como as partilha com outros terroristas e criminosos de todo o mundo. A comprová-lo está o recente relatório do Pentágono. O Ocidente deve acreditar neste documento. As informações nele contidas foram divulgadas pelos media norte-americanos. O relatório afirma que algumas das armas ocidentais enviadas para a Ucrânia foram desviadas. Também afirma que, de fevereiro a setembro de 2022, os norte-americanos não tiveram oportunidade de controlar as armas fornecidas e só no final de outubro de 2022 enviaram uma comissão especial à Ucrânia. E o que aconteceu antes de outubro de 2022? Os norte-americanos forneceram armas de forma descontrolada durante mais de meio ano. Sabemos o que são os funcionários de Kiev, não sentem pena nem da própria mãe, e Vladimir Zelensky, do próprio avô. Só podemos conjeturar quantas armas foram escoadas para os mercados negros durante este período e se esta comissão do Pentágono garante alguma proteção das restantes armas e equipamento militar dos ladrões e revendedores. A sua divulgação está para breve. É óbvio que as armas desviadas darão sinal de si em diferentes regiões do mundo e, infelizmente, já estão nas mãos de terroristas e criminosos.

Todos estes acontecimentos e factos, incluindo as novas notícias que surgem constantemente, provam a relevância das metas e dos objetivos da operação militar especial.

 

Sobre o Dia da Homenagem às Crianças Vítimas da Guerra no Donbass

 

A 27 de julho, a República Popular de Donetsk celebra uma data trágica, o Dia da Homenagem às Crianças Vítimas da Guerra no Donbass, criado por decreto do Governador local, a 11 de julho de 2022.

Neste dia, as crianças cujas vidas foram ceifadas pela guerra desencadeada pelo regime de Kiev em 2014 são recordadas no Donbass. Desde então, cerca de 200 crianças foram mortas na região e várias centenas ficaram feridas. A vítima mais jovem da agressão ucraniana tinha apenas 27 dias de idade no dia da sua morte.

As crianças morrem e sofrem ferimentos graves em consequência de bombardeamentos de artilharia e de tiros de franco-atiradores, explosão de minas colocadas pelos militares ucranianos nos anos 2014 e 2015 em caminhos florestais e perto de cursos de água. Conhecem-se 11 casos em que crianças foram atingidas por minas antipessoal PFM-1 "Lepestok" que são proibidas. Durante nove anos, as crianças do Donbass nasceram, estudaram, viveram e cresceram sob os bombardeamentos praticados pelas forças ucranianas. Os neonazis ucranianos atacam cinicamente jardins de infância, escolas e centros médicos. Costumavam negá-lo, mas agora orgulham-se disso. Dissemos muitas vezes sobre isso e citámos responsáveis governamentais do regime de Kiev que não se coibiam em dizer que colocavam as suas armas e blindados perto de instalações civis, escolas, jardins de infância e hospitais.

Ao longo dos últimos anos, os países dos Estados Unidos e os seus aliados têm estado a encher a Ucrânia de armas que o regime de Kiev está a utilizar contra civis e menores. Todos aqueles que lhe fornecem armas são cúmplices de crimes contra crianças e têm de responder por eles. Se pensarem que estou a referir os casos registados nos últimos doze meses, estão enganados. Tais casos já antes tinham tido lugar. Lembrem-se do que disse o ex-Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko. Segundo ele, os habitantes do Donbass, incluindo as crianças (ele estava a falar de crianças, em primeiro lugar), iriam viver em caves. É por este postulado que os neonazis estão a nortear-se e a elaborar a sua atitude para com as pessoas. Há pessoas de primeira categoria e há todas as outras. Ou servem as pessoas de primeira categoria ou não têm o direito de viver. Esta lógica é do colonialismo, do imperialismo, do nazismo e do fascismo que se elevou hoje a um novo patamar. Quando homenageamos as crianças cujas vidas foram tragicamente ceifadas, dizemos: "Não esqueceremos e não perdoaremos". Isto não pode ser perdoado porque isso leva ao fim da história. É o nosso dever fazer com que as crianças, não só do Donbass, mas de toda a Rússia, deixem de ser mortas pelas balas e obuses do regime de Kiev. É por isso que os militares russos, que participam na nossa operação militar especial, estão a lutar.

 

Sobre a próxima reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana

 

A reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOU) está agendada para 26 de julho deste ano, por iniciativa da Rússia. Esta reunião será o segundo evento oficial do Conselho de Segurança sobre a perseguição à Ortodoxia na Ucrânia organizado pelo nosso país este ano, além dos materiais que publicamos e enviamos diariamente às organizações internacionais.

O debate centrar-se-á na deterioração da situação da IOU, tendo em conta a crescente e grosseira pressão exercida por Kiev sobre a Igreja. Em particular, a Rússia chamará a atenção para os factos inaceitáveis e contínuos de assédio, detenções e espancamentos de clérigos, monges e paroquianos da IOU canónica. Salientamos as ameaças decorrentes das decisões ilegítimas e discriminatórias tomadas pelo regime de Kiev e que provocaram a invasão de partes dos edifícios do Mosteiro de Kiev-Pechersk e a violência contra os crentes. A questão da pilhagem de santuários ortodoxos merece atenção especial devido às notícias de que bens de valor cultural e histórico do Mosteiro de Kiev-Pechersk são levados para o estrangeiro, em conformidade com as piores práticas colonizadoras dos países ocidentais. Há exemplos disso nos tempos modernos. Recorde-se que quando os EUA, a Grã-Bretanha e outros países europeus atacaram o Iraque, saquearam imediatamente as ricas coleções dos museus de Bagdade. Estes objetos de valor foram levados a leilão no Ocidente e acabaram em coleções privadas. Não é por isso que os ocidentais vão "implantar a democracia" nesses países? Evidentemente, o seu objetivo é tomar o controlo dos seus recursos naturais e retirar dali tudo o que puderem.

 

Sobre o relatório relativo às ações ilegais do regime de Kiev contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana, o seu clero e os seus paroquianos

 

Hoje, 25 de julho, o sítio oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia publicou um relatório sobre as ações ilegais do regime de Kiev contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana, o seu clero e os seus paroquianos, com base em dados fornecidos pela Igreja Ortodoxa Russa. O relatório apresenta dados de perseguição sistémica à Igreja canónica. Os dados estão longe de ser exaustivos e abrangem apenas um período específico de 2022 a 2023, o que não significa que fiquemos por aqui. Sistematizaremos, como já fizemos anteriormente, todos estes dados. Trata-se de dados referentes aos últimos doze meses. Muitos dados sobre alguns casos concretos não podem ainda ser publicados, pois isso poria em perigo a vida e a saúde do clero, dos crentes, que estão agora a viver momentos de verdadeira confissão e martírio na Ucrânia.

A 20 de julho, foi publicada a mensagem do Metropolita Pavel, superior do Mosteiro de Kiev-Pecherski aos seus irmãos. Escutem o que ele escreveu em 2023: "Estou no Centro de Detenção Preventiva do bairro de Lukianoeski de Kiev, onde os irmãos do nosso Santo Mosteiro foram mantidos presos nas décadas de 1920 e 1930. Exigiram-me que nós deixássemos o Mosteiro, que lhes entregasse os vossos dados e os dos vossos familiares para as futuras chantagem e inspeções por parte do Serviço de Segurança da Ucrânia, o que não fiz. Todas as acusações que me são imputadas são falsas. As testemunhas falsas, incluindo as da nossa irmandade, convocadas para falar contra mim não podem dizer nada para sustentar a acusação. Os meus advogados são muito competentes, mas ninguém lhes dá ouvidos. Eu testemunho isto porque todos que se encontram encarcerados no meu bloco são vítimas de uma acusação política. O juiz tem sentenças pré-moldadas. O procurador, o juiz de instrução e o juiz fazem lembrar os tribunais a três (troika)...". Estamos em 2023. Isso está a acontecer hoje na Ucrânia. É difícil imaginar que, no século XXI, estejamos a assistir a uma perseguição desenfreada a uma Igreja de muitos milhões de pessoas, que não se manchou de forma alguma. Ao mesmo tempo, o Ocidente e as entidades de direitos humanos estão surdos e cegos, não se coibindo, porém, em outras ocasiões, em fazer um alvoroço global por causa de casos incomensuravelmente menos graves. Neste caso, guardam um silêncio sepulcral. Não porque não vejam ou não ouçam, mas porque foram eles que criaram esta crise e esta tragédia. Ela [a tragédia] foi criada pelos humanos, não tem causas naturais. Foi moldada durante muitos anos, peça por peça, e depois simplesmente levada à prática. O relatório apresenta dados recolhidos de várias fontes que demonstram toda a extensão da arbitrariedade política e ilegalidades crassas em relação à IOU, e a grave violação sistémica pelo regime de Kiev dos direitos dos cristãos ortodoxos. O relatório examina em pormenor as recentes leis e projetos de lei discriminatórios ucranianos; as ações dos serviços de segurança e órgãos policiais, das autoridades locais e dos organismos autónomos; cita numerosos factos de apreensões dos bens da IOU e de recadastramento ilegal de comunidades, a pressão das autoridades estatais e regionais sobre os mosteiros; exemplos de discursos de ódio, agressão desmotivada e violência contra o clero e os crentes da IOU; e acentua a reação de algumas organizações internacionais de direitos humanos. Se este relatório tivesse sido elaborado por confissões religiosas, elas teriam usado palavras como "demonização" e "satanismo". Utilizamos as teses e definições jurídicas internacionais da ciência política. Sem entrar em argumentos filosóficos e debates religiosos, mantendo-nos no quadro da terminologia jurídica internacional, vemos como tudo o que foi desenvolvido pela humanidade nos últimos 20-30-40-50 anos para a proteção da religião, da diversidade religiosa e da liberdade de religião está a ser espezinhado.

As ações do regime de Kiev são marcadas por uma malícia desumana e um profundo cinismo. As autoridades ucranianas revistam clérigos e paroquianos, fabricando e plantando "provas", humilhando as suas vítimas, por exemplo, obrigando-as a despir-se e fotografando-as, para depois publicarem essas imagens nas redes sociais com comentários insultuosos. O mundo já passou por isto muitas vezes. Agora estão a espancar os crentes, muitas vezes já derrubados no chão, com socos e pontapés. Os templos estão a ser arrombados durante os cultos. Na Internet, as plataformas norte-americanas, tão sensíveis noutras ocasiões, nem sequer tentam separar ou "esfregar" esses vídeos (como conteúdos perigosos). O Youtube tem inúmeros vídeos, relatos de testemunhas no terreno. Na minha opinião, esta plataforma não deveria tanto bloquear isto, mas sim tocar todos os sinos, vendo a crueldade que está a ser espalhada na sua plataforma.

O Ocidente, especificamente os Estados Unidos, é largamente responsável pela situação em que a Igreja Ortodoxa Ucraniana se encontra atualmente. Os seus jogos geopolíticos com as religiões, a sua manipulação do Patriarcado de Constantinopla, que se transformou num "noviço" de Washington, causaram o sofrimento de um grande número de crentes.

Repito, a crise da Ortodoxia na Ucrânia é um projeto artificial e antinatural concebido propositadamente pelos EUA e os seus satélites.

A publicação do relatório irá atrair a atenção de pessoas que se preocupam com o assunto. Tenho a certeza disso. Sei que existem pessoas assim, inclusivamente no Ocidente. A comunidade mundial, constituída não só pelos " mortos de espírito", mas também por aqueles que se preocupam em defender a verdade, as organizações internacionais constituídas por pessoas que não são indiferentes, os meios de comunicação social no Ocidente, que têm consciência. Estou certa de que haverá uma reação, tanto mais que o relatório foi traduzido para várias línguas (1,2,3).

 

Sobre a denúncia das atividades pró-ucranianas da Missão Especial de Observação da OSCE na Ucrânia

 

Analisámos as atividades da Missão Especial de Observação da OSCE na Ucrânia. A análise mostrou que a chefia da missão da OSCE passou, com o tempo, a servir os patrões ocidentais do regime de Kiev e que as suas atividades se tornaram, para dizer o mínimo, tendenciosas. De facto, está a fazer o jogo deles. Todos os esforços para monitorizar a situação na Ucrânia têm-se concentrado no Donbass. O que está a acontecer no resto do país, incluindo manifestações claras de nacionalismo e perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana e à língua russa, tem sido ignorado. Nos seus relatórios públicos, a missão silenciou deliberadamente os crimes de guerra cometidos pelas forças armadas ucranianas, fechou os olhos aos trabalhos de fortificação e ao reforço das capacidades de combate do lado ucraniano, pintando deliberadamente um quadro distorcido do que estava a acontecer. Reconhecemos os méritos dos muitos observadores da Missão Especial, especialmente nos primeiros anos do seu trabalho, quando a sua presença teve, pelo menos parcialmente, um efeito dissuasor sobre o regime de Kiev. Os russos trabalharam honestamente na Missão Especial, contribuindo muito não só para o nosso país, mas para a OSCE, incluindo os princípios que estão na base das suas atividades. No entanto, alguns funcionários da Missão Especial, entre os quais cidadãos ucranianos, agiram de forma contrária ao seu mandato, praticando ações de espionagem, recolhendo e transmitindo dados aos serviços secretos estrangeiros e às forças ucranianas. Estes dados incluíam, por exemplo, informações sobre a localização de equipamento militar, de unidades, sobre fábricas e empresas nas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. Ficou-se a saber que o equipamento da Missão destinado a registar as violações do cessar-fogo na linha de contacto havia sido usado no interesse das forças ucranianas, incluindo para orientar o fogo da artilharia. Muitos civis no Donbass sofreram devido a estas ações. Foram abertos processos-crime contra alguns membros da ex-Missão Especial de Observação da OSCE na Ucrânia por suspeita de atividades ilegais. Ao mesmo tempo, a Secretária-Geral da OSCE, Helga Schmid, está a tentar de todas as formas possíveis "branquear" o trabalho da Missão Especial e apresentar os ex-membros da Missão detidos, de nacionalidade ucraniana, como vítimas inocentes. Na reunião do Conselho Permanente de Viena, a 13 de julho deste ano, levantou a questão da sua libertação ou troca. Isso significaria, de facto, que admite que eles são culpados.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: No outro dia, o nosso colega, o correspondente de guerra Rostislav Zhuravlev, foi morto na sequência de um bombardeamento ucraniano e outros três dos seus colegas ficaram gravemente feridos. Como é que as instituições internacionais competentes reagiram a este último crime do regime de Kiev, se reagiram em geral, dada a parcialidade demonstrada por muitas dessas instituições em relação aos jornalistas e aos meios de comunicação social russos?

Maria Zakharova: Verificámos que, finalmente, a Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, fez uso do seu mandato e chamou a atenção para a morte do jornalista russo e para o facto de os seus colegas terem ficado feridos. Por outro lado, consideramos que a sua declaração representa apenas metade do deveria ter sido dito. O assassínio de Rostislav Zhuravlev foi designado simplesmente como "morte". Ele simplesmente morreu? Ele foi morto. Se a Sra. Audrey Azule não sabe, vou orientá-la: em vez da palavra "condenar" (condemn), ela utiliza a palavra «lamentar" (deplore). Isto parece-nos lógico: se se trata da morte, então se usa a palavra "lamentar". Porque condenar a morte (do ponto de vista da Sra. Audrey Azule)? No entanto, é do assassínio que se trata, por isso o assassínio deve ser condenado, o que não foi feito. A resolução "Condenação da violência contra os jornalistas", adotada pela 29ª sessão da Conferência da UNESCO a 12 de novembro de 1997, confere ao Diretor-Geral um mandato para condenar tais atos. O próprio título da resolução contém a palavra "condenação". A Sra. Azoulay utiliza este termo quando se refere a representantes dos meios de comunicação social ocidentais ou ucranianos, e não russos. Esta é segregação. É a isto que chamamos intolerância por motivos de nacionalidade e é contra isto que a UNESCO deve lutar. Trata-se de uma violação flagrante dos estatutos da Organização por parte da sua Diretora-Geral. Esta ação é simultaneamente uma violação e um precedente muito perigoso. Apesar da démarche da Federação da Rússia, não vimos, até agora, a condenação dos massacres a sangue frio perpetrados por nacionalistas ucranianos contra jornalistas russos: Daria Duguina, Oleg Klokov, Vladlen Tatarski (Maksim Fomin). A Diretora-Geral ignorou os atentados recentes e os perpetrados há algum tempo contra a vida de diretores, jornalistas e apresentadores de televisão russos. Nem uma palavra foi dita. E não é uma questão de tempo. Se o atentado contra a vida de Margarita Simonyan foi perpetrado recentemente, as ameaças têm vindo a chegar à jornalista ao longo de muitos anos. O atentado contra a vida de Vladimir Soloviev deveria ter ocorrido há um ano. Graças a Deus, foi evitado pelos serviços secretos russos. Já vimos os resultados da investigação. No entanto, a Sra. Azule está tão silenciosa agora como estava na altura.

Esperamos que a Diretora-Geral cumpra os seus deveres de boa fé em relação a todos os profissionais da comunicação social atingidos sem os discriminar por motivos da nacionalidade e etnia, e que a UNESCO não sirva de porta-voz politizado da propaganda ucraniana. Se a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura pelo menos achou possível chamar a vítima pelo nome, a Representante da OSCE para a Liberdade dos Media, Teresa Ribeiro (uma personalidade odiosa que reduziu a nada este cargo), fez um comentário praticamente sem sentido, demonstrando mais uma vez brilhantemente a falta de profissionalismo. O seu miserável post no Twitter, de 25 de julho, não pode ser considerado uma reação séria ao ataque desumano do regime de Kiev com munições de fragmentação contra um grupo de jornalistas russos. Repito: um deles foi morto e outros três ficaram gravemente feridos. Tendo decidido ignorar mais um crime hediondo cometido pelos neonazis ucranianos, a instituição OSCE e Teresa Ribeiro provaram a falta de profissionalismo e parcialidade política. Aparentemente, esta já é a norma para os funcionários da OSCE.

Pergunta: Realizou-se recentemente a 13ª reunião dos Altos Representantes dos BRICS Responsáveis pela Segurança. O que é que acha do papel dos BRICS na manutenção da segurança mundial? E como avalia o discurso de Wang Yi, Chefe de Gabinete da Comissão Central dos Negócios Estrangeiros da China, que apela a que "não se faça da Internet um lugar para uma cortina de ferro digital"?

Maria Zakharova: É verdade, a reunião dos Altos Representantes dos BRICS Responsáveis pela Segurança terminou em Joanesburgo. No dia anterior, a 24 de julho, realizara-se uma reunião "Amigos dos BRICS" em que participaram, para além dos Cinco, as delegações da Bielorrússia, do Burundi, de Cuba, do Egito, do Cazaquistão, do Irão, dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita. A ordem de trabalhos incluía questões relacionadas com a resolução de conflitos e a "construção da paz", a luta contra o terrorismo, a segurança da informação, alimentar, hídrica e energética. Foram apresentados relatórios sobre as atividades dos grupos de trabalho dos BRICS sobre a luta contra o terrorismo e sobre a segurança na utilização das tecnologias da informação e da comunicação. Muitas delegações assinalaram que a tecnologia das "revoluções coloridas", sanções unilaterais e pressões económicas sobre os governos que seguem uma política externa independente representam desafios à soberania. Todos estes desafios tem uma dimensão global e exigem soluções coletivas. Tendo em conta o potencial agregado dos Cinco (basta mencionar que os nossos países concentram mais de 40 por cento da população mundial), os BRICS desempenham, sem dúvida, um papel significativo na manutenção da estabilidade global. Os nossos países têm uma rica experiência de cooperação em questões da segurança, tanto a nível nacional como no formato do G5. Consideramos importante reforçar ainda mais a coordenação entre os países BRICS, a fim de construir uma arquitetura de segurança unificada e indivisível, baseada no direito internacional e capaz de atender às preocupações de todos os países. Criar uma atmosfera de boa vizinhança para o desenvolvimento é uma das principais tarefas da nossa associação. Estamos prontos a trabalhar com todos os parceiros, em primeiro lugar com os Estados do Sul e do Leste Global, para criar um mundo mais justo, mais previsível e mais seguro. Partilhamos inteiramente a opinião de que a Internet não deve ser um lugar para uma Cortina de Ferro digital. É inadmissível traçar linhas divisórias na World Wide Web. Constatamos o desejo dos EUA e dos seus satélites de construírem barreiras à Internet sob falso pretexto e de continuar, ao mesmo tempo, a operar no espaço de informação de outros países sem respeitar as suas leis. É este o objetivo da "Declaração sobre o futuro da Internet" promovida pelo Ocidente. De acordo com o documento, só as "democracias" que seguirem a política de Washington terão o direito de participar na governação da Internet enquanto os outros não o terão. Isto coincide plenamente com as nossas avaliações sobre a segmentação da Internet, a construção de "fronteiras divisórias" semelhantes às fronteiras atuais. Fizemos estas previsões há vários anos. Na "cimeira para a democracia" de fevereiro, os norte-americanos foram ainda mais longe:  deixaram claro que seria negado aos "regimes autoritários" o acesso às tecnologias da Internet. O que é que isto significa? Uma verdadeira fragmentação da rede mundial e uma abordagem neocolonialista. Não aceitamos essas "abordagens". Somos firmemente contra elas. Defendemos, de forma coerente, a criação de um modelo igual e transparente de governação da Internet que respeite o direito soberano de cada Estado de regular o seu segmento nacional da rede. Estas abordagens constam, nomeadamente, da Agenda de Tunísia da Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação de 2005, apoiada pela esmagadora maioria dos países do mundo. Apesar da oposição dos Estados Unidos, que não querem perder o controlo da Internet e dos seus servidores-raiz, continuaremos a envidar esforços consistentes para implementar o documento de Tunísia. Consideramos que estas atividades são um contributo importante para a luta contra as políticas neocoloniais no espaço da informação.

Pergunta: Em 2022, o Comité de Investigação Russo abriu um processo criminal sobre o massacre de militares russos feitos prisioneiros por militares ucranianos. Há uma semana, o Bureau da OSCE pronunciou-se sobre esta questão. O que significa isto e quais são as relações entre a Rússia e a OSCE hoje? A OSCE tem alguma relação com a troca de prisioneiros de guerra e o controlo das condições prisionais dos prisioneiros de guerra?

Maria Zakharova: Em primeiro lugar, não estamos a estabelecer relações ou contactos com a OSCE; não podemos "estabelecer laços", uma vez que a Rússia é um dos Estados fundadores da Organização e faz parte dela. Em segundo lugar, a OSCE não tem mandato para controlar as condições prisionais dos prisioneiros de guerra nem para organizar a sua troca. É necessário que cada um trate dos assuntos que lhe competem. A OSCE tem muitas oportunidades para se fazer notar. O caso do assassínio dos jornalistas pelo regime de Kiev é da competência da OSCE. É aí que a OSCE deve funcionar a plenos pulmões. Além disso, dada a absoluta falta de profissionalismo de Teresa Ribeiro, talvez alguém do Secretariado da OSCE a possa ajudar.

Pergunta: De acordo com os meios de comunicação social sul-africanos, a França não recebeu um convite para a cimeira dos BRICS em Joanesburgo este ano. Pode o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmar que o convite não foi enviado a Paris e poderia comentar as notícias de que foi recusado um convite ao Presidente francês, Emmanuel Macron, para a cimeira?

Maria Zakharova: O envio de convites é uma prerrogativa da Presidência, em coordenação com todos os participantes na associação. Quanto à posição da Rússia, já a expressámos repetidamente: consideramos que não é bom que os representantes dos países do "Ocidente coletivo", que estão na vanguarda das políticas hostis para o nosso país e seguem rumo neocolonial em relação a um grande número de outros países, participem nas reuniões dos BRICS. A nossa associação foi criada para reforçar o papel dos países em desenvolvimento num mundo multipolar e para desenvolver uma agenda coletiva, construtiva e unificadora para toda a comunidade internacional. Estamos convencidos de que a participação do Presidente francês na cimeira dos BRICS não contribuiria, de forma alguma, para o alcance destes objetivos. Parece-me que a França não tem nada a oferecer a esta associação que a possa interessar.

Pergunta: Foi noticiado que, na cimeira de São Petersburgo, Moscovo irá oferecer aos países africanos soluções para os problemas do abastecimento alimentar após o fim do "acordo de cereais". Como se tenciona resolver os problemas que foram discutidos aquando da conclusão do "acordo de cereais", em especial no que se refere ao fornecimento de fertilizantes?

Maria Zakharova: O Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Vershinin, respondeu em pormenor a esta pergunta num briefing realizado a 21 de julho.


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