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Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 13 de abril de 2022

805-13-04-2022

Serguei Lavrov participa nas celebrações dos 30 anos das relações diplomáticas entre a Rússia e os países da CEI

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, participa, no dia 19 de abril, na cerimónia de inauguração da exposição fotográfica dedicada ao 30º aniversário das relações diplomáticas entre a Rússia e os países da CEI. O evento realiza-se no Grande Palacete do Ministério dos Negócios Estrangeiros e contará com a participação dos embaixadores dos países da CEI e dos representantes dos órgãos executivos da CEI, OTSC, UEE e do Estado-União da Rússia e Bielorrússia.

Após a cerimônia de abertura, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, oferece um pequeno-almoço de trabalho aos convidados para discutir temas candentes da agenda internacional e regional, bem como questões relacionadas com a interação no âmbito da CEI.

 

Serguei Lavrov reúne-se com chefes das missões diplomáticas da América Latina e das Caraíbas acreditados em Moscovo

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, reúne-se, no próximo dia 21 de abril, com os chefes das missões diplomáticas dos países da América Latina e das Caraíbas acreditados em Moscovo.

Na reunião, será analisado estado atual das relações da Rússia com os países amigos da América Latina e serão identificadas novas áreas promissoras da cooperação.

As partes trocarão também pontos de vista sobre questões atuais da agenda regional e internacional.

 

Ponto da situação na Ucrânia

 

Há exatamente oito anos, a 13 de abril de 2014, o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia tomou uma resolução criminosa intitulada "Das Medidas Urgentes para Fazer Frente à Ameaça Terrorista e Preservar a Integridade Territorial da Ucrânia" que entrou em vigor no dia seguinte. O regime de Kiev iniciou uma guerra civil, a que deu o nome de "Operação Antiterrorista", contra os habitantes da Região de Donbass que se recusaram a aceitar o golpe de Estado inconstitucional perpetrado pelos neonazis com o silêncio total dos "inocentes" da UE.

Há oito anos que assistimos aos crimes de guerra de Kiev e à indiferença do Ocidente em relação à tragédia de Donbass. Em setembro de 2014 e fevereiro de 2015, as autoridades ucranianas assinaram os acordos de Minsk 1 e os de Minsk 2 após ter sofrido uma derrota militar contra as Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. As nossas tentativas de obrigar Kiev a cumprir os seus compromissos falharam, devido inclusive à posição dos países ocidentais que estavam a fazer o seu próprio jogo no intuito de estabelecer a sua presença militar na Ucrânia e transformá-la numa cabeça-de-ponte contra a Rússia, emitindo, ao mesmo tempo, as declarações sobre o seu alegado "envolvimento" no processo político de negociações de paz.

Tendo esgotado os meios diplomáticos para proteger Donbass e garantir a sua própria segurança, a Rússia foi forçada a lançar uma operação militar especial. As forças armadas russas utilizam armas de alta precisão para atingir alvos militares e estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar vítimas entre a população civil.

Contudo, o mesmo não pode ser dito sobre as unidades militares ucranianas que utilizam métodos de guerra bárbaros que fazem estremecer aqueles que deles têm conhecimento. No entanto, como se pode obter informações fidedignas sobre isso numa altura em que os meios de comunicação social mundiais evitam apresentar a situação real, pintando um panorama com base nas diretrizes propagandísticas enviadas por Washington e pela NATO? O lado ucraniano coloca carros de combate e artilharia em escolas, jardins de infância e hospitais, criando pontos de tiro em prédios residências para a utilizar os civis como escudo humano.

No passado dia 8 de abril, as unidades ucranianas lançaram um míssil tático Tochka-U contra a estação ferroviária de Kramatorsk, fazendo dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos. No dia 14 de março passado, um míssil idêntico havia sido lançado contra a cidade de Donetsk. Isto é lembrado por aqueles que o viram, que foram informados pelos mass media sobre o tipo de ogiva usado pelo míssil, sobre a sua trajetória e sobre o número de mortos em resultado do ataque. No entanto, a comunidade ocidental recebeu uma informação diferente. A tragédia de 14 de abril em Donetsk foi-lhe apresentada como consequências de um ataque das forças russas, o que estava completamente em desacordo com a realidade. Naquele dia, o ataque fez 17 mortos e 36 feridos. Onde estava a comunidade internacional? Eles não falaram de vítimas entre civis, entre crianças e velhos, tal como nunca tinham falado das vítimas ocorridas nos últimos oito anos. A 5 e a 9 de abril, as forças ucranianas fizeram explodir tanques com produtos químicos, a explosão provocou a emissão de substâncias tóxicas.

Ao mesmo tempo, o Ocidente continua a fornecer às forças armadas da Ucrânia armas, incluindo armas obsoletas de fabrico soviético, pois sucateá-las é mais caro do que entregá-las à Ucrânia. Que lógica terrível, cínica e criminosa. Os países ocidentais preferem enviar estas armas à Ucrânia a sucateá-las para que o conflito nunca acabe e o número de vítimas continue a crescer. Boa ideia! Mas alguém terá de responder por isso.

Só no último mês e meio, os EUA, o principal "doador da morte", forneceram à Ucrânia armas no valor de 1,7 mil milhões de dólares desde o início da operação militar especial. Logo atrás segue a União Europeia, com 1,5 mil milhões de euros. Entre outros fornecedores estão o Reino Unido, a Alemanha, o Canadá, os países bálticos, a França e a República Checa. Isto mostra mais uma vez que a UE deixou de ser uma associação puramente económica e está a evoluir (eu diria "a degradar") para uma entidade político-militar. Não porque uma entidade político-militar seja algo mau, mas porque o que a NATO e a UE estão agora a fazer é um crime. É um crime fornecer armas ao regime que bombardeia há oito anos civis desarmados, apesar de o conflito ter ultrapassado os seus limites e formatos anteriores. É um crime fomentar constantemente o conflito.

Para desviar a atenção dos seus crimes, Kiev divulga notícias falsas que comprovam alegadamente o tratamento cruel dado aos civis pelos militares russos. Na semana passada, fizemos uma análise detalhada do espetáculo encenado em Bucha. A comunidade ocidental enviou lá uma equipa de jornalistas e políticos europeus em vez de um grupo de médicos legistas. Não encontraram nada melhor do posar para fotografias e dar entrevistas no centro da cidade onde o regime de Kiev, por eles criado e armado, encenou uma provocação criminosa. Surge a pergunta: existem limites ao cinismo do "Ocidente coletivo" ou ele é ainda capaz de outras "realizações" nesta área?  De facto, o "Ocidente coletivo", principalmente os EUA e a quinta da NATO, podem cair ainda mais abaixo. 

É de salientar que os corpos cinicamente utilizados no espetáculo encenado em Bucha não foram enterrados para que, cinco dias depois, os líderes da EU - Ursula von der Leyen e Josep Borrell - pudessem posar para fotos ao lado de cadáveres ou de sacos pretos. Isso já extravasa todos os limites. Devem ter alguns limites morais. Nós somos humanos. Vivemos num mesmo planeta. Deve haver algo que aperta o coração dos políticos ocidentais. Nem tudo pode ser exibido cinicamente. O regime de Kiev está a preparar novos espetáculos em Seredina-Buda e Nizhnyaya Syrovatka, na Região de Sumy, abandonadas recentemente pelas tropas russas. Exortamos a não sucumbirem a estas provocações.

Descobrem-se novos e novos factos de violência e humilhação contra os prisioneiros de guerra russos por parte de militares ucranianos. Os ocidentais fingem não reparar nos numerosos vídeos publicados na Internet. Esperamos que o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e outras organizações insistam em que o regime de Kiev observe as normas do direito humanitário internacional. Segundo as informações que tenho, o regime de Kiev está a fazer tudo o que pode para se opor à missão humanitária do CICV.

Continuamos a exigir a libertação e a entrega ao lado russo dos russos retidos por unidades ucranianas. Recentemente, conseguimos o retorno de quatro funcionários da Atomspetstrans. Há um mês e meio, eles haviam trazido combustível nuclear à central nuclear de Rovno e foram ilegalmente retidos por Kiev desde então. Exortamos a AIEA e outras agências internacionais a darem uma avaliação jurídica a estas ações de Kiev.

Ontem, o Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, anunciou a detenção do líder do partido "Plataforma da Oposição - Pela Vida", Viktor Medvedchuk, e a sua disponibilidade de trocá-lo por militares ucranianos feitos prisioneiros. Consideramos que esta tendência é muito perigosa, uma vez que no país há muitos políticos e figuras públicas a fazerem oposição ao regime de Kiev. Já tivemos a oportunidade de nos haver com esta tática no Cáucaso do Norte nos anos 90. Jornalistas, figuras públicas e políticas, incluindo estrangeiros, eram convidados a visitar a zona do conflito onde os bandidos e terroristas atuavam para serem raptados com vista a obter resgate. Tiveram destinos diferentes. Esta tática faz-nos lembrar o que está a acontecer agora na Ucrânia. As declarações do regime de Kiev são parecidas com o que vivemos no Norte do Cáucaso nos anos 90.

Da nossa parte, estamos a prestar muita atenção à situação humanitária na Ucrânia. Desde o início da operação militar especial, mais de 13.000 toneladas de ajuda humanitária, incluindo bens de primeira necessidade, medicamentos e alimentos foram feitos seguir às Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk e às regiões de Zaporozhye e Kherson da Ucrânia.

As forças armadas da Rússia abrem diariamente corredores humanitários para permitir que os civis abandonem as áreas perigosas. Mais de 740.000 pessoas, entre as quais 140.000 crianças, retiraram-se para o nosso país desde o início da operação. Está aberto um corredor marítimo para navios estrangeiros bloqueados nos portos ucranianos. No entanto, o regime de Kiev não permite que os civis se retirem para a Rússia e retém os navios e tripulações estrangeiras nos seus portos. Trata-se de 76 navios de 18 países.

A Rússia e a Ucrânia continuam a realizar conversações sobre um acordo de paz na Ucrânia. Estão a ser mantidas virtualmente e tem como tema central o estatuto neutro e o não alinhamento da Ucrânia a blocos militares, assim como a sua recusa em possuir armas nucleares, a sua desmilitarização e desnazificação, a recuperação do estatuto da língua russa e o reconhecimento das realidades territoriais, incluindo a reunificação da Crimeia com a Rússia e a independência das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. Infelizmente, a delegação ucraniana esforça-se por protelar as negociações, e não por buscar um acordo, à semelhança do que fez no Grupo de Contacto e no formato Normandia durante sete anos.

Estamos familiarizados com esta tática. Teve como consequência os acontecimentos de fevereiro de 2022. Durante as conversações, vimos muitas vezes como a delegação ucraniana inventou coisas inexistentes e rejeitou as coias reais, qualificando a sua tática como "diplomacia agressiva e ofensiva" que, no seu entender, deveria conduzir o país ao sucesso. Agora estamos todos a assistir a este "sucesso". Querem repeti-lo? Neste caso, deveriam ter dito honestamente aos seus compatriotas que não iriam seguir o caminho das negociações e que não estavam interessados em mantê-las.

Eles estão interessados naquilo que os seus patrocinadores da UE, disseram outro dia. Em particular, Josep Borrell exortou a resolver o problema no campo de batalha. Até hoje, os países da UE não conseguem compreender: ele fez esta declaração em nome de quem? Falou com eles antes de a fazer? É uma posição coletiva da UE ou a posição pessoal, aspirações e sonhos de Josep Borrell?  Ou pode ser que os seus assessores publiquem, a dado momento, um tweet sem consultar ninguém, porque o recebem dos seus tutores e devem apresentá-lo como a posição da UE. Os países comunitários, jornalistas e políticos tentaram apurar o que levou Josep Borrell a apelar à guerra e não à paz. Eles não conseguem compreender: é a sua posição? Alguém lhes perguntou?

Par finalizar, gostaria de reafirmar mais uma vez que nenhum fornecimento de armas ocidentais a Kiev, nenhuns métodos de guerra terroristas praticados por unidades militares ucranianas, nenhumas práticas de intimidação, propaganda, falsificações, desinformação ou ameaças impedirão que se cumpram os objetivos da operação militar especial destinada a libertar Donbass, desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia e acabar com as ameaças à Rússia provenientes do seu território.

A liderança do nosso país e o Ministério dos Negócios Estrangeiros têm declarado isso repetidas vezes.

 

Sobre debates na OSCE sobre lançamento de mísseis contra Kramatorsk pelas forças armadas ucranianas

 

No dia 8 de abril, quando um outro crime hediondo foi cometido pelas forças armadas ucranianas contra os civis, um ataque com um míssil contra a estação ferroviária da cidade de Kramatorsk, a Rússia solicitou à presidência polaca da OSCE a realização de uma reunião especial do Conselho Permanente. Propusemos discutir este assunto com base nos factos e inclui-lo na ordem de trabalhos com um nome neutro para que todos os países participantes pudessem expressar livremente a sua opinião e analisar o que realmente havia acontecido no local. Sugerimos discutir cosias concretas sem politizar a questão.

No entanto, a presidência polaca esquivou-se a responder, dizendo ter recebido um pedido semelhante da delegação ucraniana. No final de contas, convocou uma reunião do Conselho Permanente sob um lema confrontacionista "Sobre a agressão russa em curso contra a Ucrânia". Não vos faz lembrar nada? Há uma semana, o Reino Unido, que preside atualmente ao Conselho de Segurança da ONU, executou uma peça semelhante. A Rússia tentou convocar o Conselho de Segurança da ONU para discutir a questão de Bucha. Tivemos o nosso pedido negado duas vezes. Mais tarde, disseram-nos que o programa já tinha agendada uma reunião sobre a Ucrânia e que eles iriam realizar precisamente essa reunião e que não iriam realizar nenhumas "reuniões extraordinárias".  Já sabem o que aconteceu a seguir.

As suas táticas nunca mudam. Os países seguem uma mesma lógica. É importante compreender isto. Eles não estão preocupados com o que realmente aconteceu ali, não querem saber nada dos dados obtidos nem das informações recolhidas localmente. Estão mais interessados em implantar a linha política que não foi elaborada ontem, nem há um mês, mas durante oito longos anos.

Assim, a Varsóvia violou o limite das competências da presidência que obriga o país presidente a agir como "mediador honesto", a não assumir uma posição tendenciosa, a resolver questões relacionadas com logística, apoio, organização, etc. Em vez disso, a Polónia continuou assiduamente a promover a posição da Ucrânia e dos seus patrões ocidentais.

A reunião do órgão diretivo da OSCE sobre um assunto importante foi transformada no já tradicional espetáculo antirrusso. Apresentámos dados objetivos, provas obtidas por jornalistas estrangeiros (e não russos) de que o míssil Tochka-U utilizado no ataque estava em serviço da Ucrânia e não da Rússia. Em resposta, recebemos uma enxurrada de insinuações, críticas e insultos infundados, gritos, acusações, etc. Neste caso, a única solução é esperar que a raiva lhes passe. Esta não é uma tentativa de acalmar ou normalizar a situação e de fazer com que as conversações se reiniciem. É exatamente o contrário. Eles não podem sequer formular as acusações que nos fazem. É uma corrente de inconsciência, porque eles não têm o que dizer. As pessoas começam a gritar e a falar grosseiramente quando não têm argumentos e eles não os têm. Toda esta "história" inventada está a desfazer-se diante dos nossos olhos. Embora os mass média ocidentais estejam "carregados de projéteis de ataque" contra a Rússia, os projeteis de mentiras e notícias falsas por eles disparados ricocheteiam e atingem aqueles que os disparam.

Mais uma vez, temos de constatar um ambiente tóxico e russófobo criado propositadamente na OSCE pelos funcionários locais liderados pela presidência polaca. No entanto, continuaremos a divulgar informações verdadeiras sobre o que está a acontecer na Ucrânia neste fórum de Viena mesmo que alguns ocidentais se comportem como selvagens durante a nossa intervenção, saltando dos seus lugares, falando a gritar, saindo correndo da sala ao bufê, porque têm medo de saber a verdade pelas intervenções, discursos, informações e dados. Vejo isso nos meus contactos com jornalistas ocidentais, quando lhe dou entrevistas. Quando respondo às suas perguntas, mostro-lhes materiais, eles voltam-me as costas. Nunca tinha visto isto antes. Pedem que eu não lhes mostre nada, como se tivessem medo de tocar na verdade, de se afastar, por um segundo, da sua posição pré-fabricada e de ver os seus "castelos de areia" ruírem e de ficarem frente a frente com a verdade. Isso é que lhes dá susto.

Convidamos todos os interessados a ler regularmente as intervenções do Representante Permanente na OSCE e outros materiais publicados no website e nas contas do Ministério dos Negócios Estrangeiros nas redes sociais onde respondemos às perguntas, fazemos comentários detalhados e apresentámos factos.

 

Japão retira Batalhão Azov da lista de terrorismo internacional

 

Via muita coisa nessa vida, mas nunca esperava que os políticos japoneses pudessem chegar a este ponto. Por um lado, não há nada de surpreendente nisso, tendo em conta a posição antirrussa do atual governo de Tóquio. Por outro, a sua atitude cínica para com um dos aspetos importantes da situação em torno da Ucrânia é de surpreender. O Japão retirou a descrição do batalhão neonazi ucraniano Azov do seu guia sobre terrorismo internacional para 2021. O Japão tem uma lista de organizações terroristas ou de crimes por elas cometidos. A lista baseia-se nos dados obtidos no ano passado por investigadores, diplomatas, especialistas em assuntos estrangeiros e jornalistas japoneses. Agora o Japão colocou o batalhão Azov fora da lista. O pior de tudo é que os especialistas japoneses pediram desculpa por terem incluído esta unidade militar na sua lista de organizações terroristas. Parece que esqueceram de repente que o batalhão Azov havia cometido muitos crimes sangrentos em Donbass. O governo japonês atuou como cúmplice do neonazismo.

Infelizmente, esta não é a primeira vez que o governo do Japão toma o lado dos regimes desumanos. O Japão não chegou a aprender uma lição com a sua aliança com a Alemanha nazi. Hoje, na sequência dos seus crimes militaristas da Segunda Guerra Mundial, o Japão está pronto a encobrir os seus "correligionários ideológicos" na Ucrânia, segundo assinala a administração Fumio Kishida.

Parece que Tóquio esqueceu que os cidadãos japoneses haviam sofrido ataques terroristas em diversas regiões do mundo. Ao mesmo tempo, a Rússia ajudou-o muito a resolver estes incidentes.

Ao desculpabilizar os terroristas e neonazis, o Japão prejudica, em primeiro lugar, a sua própria segurança.

 

Polónia apreende bem imóvel diplomático russo em Varsóvia

 

As autoridades polacas apreenderam ilegalmente os bens imóveis diplomáticos russos na Rua Sobieskiego 100, em Varsóvia.

Gostaríamos de salientar que o terreno para a construção desta instalação havia sido entregue ao lado soviético ao abrigo do acordo intergovernamental de 27 de dezembro de 1974. As obras de construção foram executadas em plena conformidade com a lei e financiadas pela União Soviética. Este edifício é propriedade diplomática da Federação da Rússia. Assim, as ações da Polónia constituem uma violação flagrante do direito internacional, do acordo intergovernamental bilateral e da Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas. Gostaríamos de perguntar a Varsóvia: Não tem outros edifícios? São tão pobres? Não têm de onde tirar dinheiro? Acharam preferível roubar? É só isto que a administração polaca pode fazer? Seria melhor vocês terem-nos dito isso antes.

A posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco parece particularmente vergonhosa nesta situação. Em vez de proteger uma missão diplomática estrangeira dos atentados contra os seus bens, o MNE polaco disse que "aceita com satisfação o procedimento de apreensão do edifício na Rua Sobieskiego 100 a favor do Estado polaco".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco faz demagogia, falando da "eliminação da disparidade imobiliária" nas relações russo-polacas. É assim que se chama agora o roubo? Eu não sabia. Vou incluir esse termo no meu vocabulário diplomático.

O Ministério está bem ciente de que, nos últimos dois anos, o lado russo tem trabalhado ativamente para resolver este problema. Como resultado, em julho de 2021, entregámos ao Embaixador polaco uma listagem de bens imóveis que poderiam ser entregues ao lado polaco. No entanto, a Polónia recusou-se a dialogar.

Temos de reiterar mais uma vez: qualquer passo inamistoso de Varsóvia receberá uma resposta eficaz e adequada do lado russo.
 

Sobre 40º aniversário do conflito das Malvinas (Falkland)

 

Passaram-se os 40 anos desde o início de um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido provocado pela disputa da soberania das Ilhas Malvinas (Falkland).  Embora se trate dos acontecimentos ocorridos num arquipélago longínquo no Atlântico Sul, este tópico está a ser ativamente discutido internacionalmente e continua a ser relevante, mostrando quão importante é ter-se em conta os interesses da outra parte nas conversações sobre problemas internacionais difíceis.   

Apesar das numerosas resoluções da ONU que instam as partes em conflito a entabular sem demora negociações a fim de resolver politicamente a questão das Malvinas, o governo britânico continua a demonstrar a sua obstinada relutância em iniciar um diálogo direto sobre este assunto com a Argentina. Um menosprezo tão grande pela opinião da comunidade internacional não honra um país que tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Além disso, Londres não só se recusa a falar com Buenos Aires, como procura alterar, de facto, o estatuto do arquipélago, desenvolvendo atividades económicas nas ilhas, militarizando-as e as águas territoriais adjacentes.

Gostaria de recordar às partes os seus compromissos nos termos do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina (Tratado de Tlatelolco) e dos Protocolos Adicionais ao Tratado. Nos arquivos há provas de que os navios britânicos envolvidos na operação militar na região das Ilhas Malvinas (Falkland) levavam a bordo munições nucleares antissubmarinas. Apoiamos a exigência argentina de que o Reino Unido dê garantias de que tais armas não estejam presentes nos navios afundados no Atlântico Sul.

Também fazemos notar que o Reino Unido assume uma posição dupla em relação ao arquipélago. Londres alega que o estatuto destas ilhas teria sido determinado definitivamente pelo referendo de março de 2013, esquecendo-se de dizer que o processo de votação envolveu sobretudo os britânicos residentes nas Malvinas que votaram esmagadoramente (99,3%) para preservar as ilhas como território britânico ultramarino. 

A questão é saber porque é que os britânicos acreditam que os resultados do referendo são suficientes para determinar o estatuto dos territórios em disputa, recusando-se ao mesmo tempo a reconhecer os resultados da votação realizada na Crimeia e Donbass, cujas populações votaram pela independência em relação à Ucrânia e, no caso da Crimeia, pela reunificação com a Rússia?    

Por outras palavras, a situação em torno das Malvinas mostra claramente como a atitude britânica para com diferentes questões internacionais varia em função da conjuntura e não depende da lei, mas da conveniência política. Neste sentido, as lições da Guerra das Malvinas têm uma projeção direta e inequívoca sobre os acontecimentos atuais. Isto ajuda a compreender quem e como agiu para defender os seus interesses, usando tais métodos, e nunca arcaram com a responsabilidade por isso.

Gostaríamos de salientar novamente que a Rússia tem uma posição de princípio sobre o problema das Ilhas Malvinas (Falkland) e nunca a mudou. Somos a favor da retomada, o mais rapidamente possível, das conversações diretas entre a Argentina e o Reino Unido com vista à busca de uma solução pacífica e definitiva da disputa da soberania, em conformidade com as resoluções das Nações Unidas.

Consideramos importante que as partes se abstenham dos passos suscetíveis de complicar o início destas conversações. Partimos da premissa de que é inadmissível militarizar o Atlântico Sul e que as partes devem cumprir na íntegra os seus compromissos internacionais, especificamente os assumidos ao abrigo do Tratado de Tlatelolco e dos seus Protocolos Adicionais.

O referendo realizado pelo Reino Unido sobre o estatuto das Malvinas não influenciou a posição da Rússia e não é visto pela Rússia como reconhecimento da soberania de Londres sobre as ilhas.

 

Sobre as práticas coloniais e neocoloniais britânicas

 

O tema é histórico, mas está diretamente relacionado com os dias de hoje. De vez em quando deparamo-nos com as publicações interessantes. Citamos as russas, às vezes citamos as fontes ocidentais, para que não haja dúvida sobre um “engajamento” nosso.

Uma delas foi um artigo no The New Yorker, "O Império Britânico era muito pior do que você pensa." O autor é Sunil Khilnani, professor de ciência política e história da Universidade Indiana Ashoka. Anteriormente, era Professor de Ciência Política e Diretor do Instituto londrino da Índia junto do King's College. Com inúmeras referências aos renomados pesquisadores ocidentais, o professor comprova de forma convincente que as práticas sangrentas do colonialismo britânico, escondidas atrás do mito do "império liberal", ainda aguardam os seus pesquisadores e, possivelmente, juízes. Em geral, recomendamos que todos os fãs da tradição britânica de "liberalismo" leiam com atenção.

Da nossa parte, ficamos mais uma vez convencidos da pontualidade do aparecimento da nossa nova secção “Materiais Históricos” no site do Ministério. As coleções de factos nele contidas estão refletidas neste artigo e até receberam algum entendimento conceitual. Algumas citações para entender quem agora está a ensinar-nos a viver.

“Mais de meio século depois que o Império Britânico deu um acorde final, os historiadores ainda são incapazes de fazer uma avaliação abrangente da carnificina, envolta em pregação de hipocrisia, e mais tarde na fogueira de documentos que ardiam antes da “última saída”. O quadro mais completo dos danos infligidos às colônias é dado, via de regra, pelos centros regionais... África do Sul, Índia, Irlanda, Palestina, Malásia, Quênia, Chipre e Áden. Um padrão revela-se através de uma perspetiva de longo prazo. Militares e polícias percorriam o Império espalhando métodos de supressão, e oficiais de alto escalão raramente interferiam-se nessas coisas. Em vez disso, eles atribuíam à violência a força da lei, apoiando assim manifestações de crueldade cada vez maior.

... A prática selvagem de atirar de canhões em sipaios indianos após a revolta de 1857, o assassinato a tiro de mahdistas com metralhadoras “Maxim” nos anos 90 do século XIX (Sudão), o uso de campos de concentração nas Guerras dos Bóeres, os massacres de manifestantes pacíficos em Amritsar (Índia, 1919), assassinatos punitivos e saques de propriedades civis na Irlanda, tudo serviu para aquecer o Império Britânico. O quadro paramilitar britânico tornou-se ponto de partida para uma cultura dominante ainda mais brutal que procurou recuperar o controlo após a Segunda Guerra Mundial, quando o Império precisava de recursos coloniais para reconstruir a sua economia esgotada e consolidar o seu status geopolítico em declínio.

Um exemplo marcante da estratégia britânica testada para manter o domínio colonial (já na era da ONU!), segundo Sunil Khilnani, que se refere ao livro "Imperial Reckoning" de K. Elkins, foi a supressão do povo queniano Kikuyu. Durante décadas, os colonialistas tentaram quebrar a sua resistência com detenções, espancamentos, fome, tortura, trabalho forçado, estupro e castração. Em resposta à rebelião, denominada "Mau Mau", em 1957, por iniciativa de um dos governadores, foi lançada a brutal campanha "Operação Progresso". Mais de um milhão de homens, mulheres e crianças foram levados para aldeias de arame farpado e campos de concentração para a reeducação.

Tal é a tradição inglesa. São as pessoas que estão nos ensinam agora. Olhem para si mesmos. Virem-se. Entendemos que a chefe do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, Elizabeth Truss, considera a história irrelevante e convida a todos a procederem apenas a partir das realidades de hoje. Mas eles nem sequer querem vê-la. Por uma razão simples – quando olharem e distinguirem as realidades de hoje, tornar-se-ão parte da história de amanhã. Eles terão, contudo, que voltar a elas. Mas para tais pessoas a história não existe. Todavia, na verdade, ela persiste, sim.

Já nos nossos tempos, ao recolher e reivindicar provas conforme as queixas das vítimas, o governo britânico admitiu ter removido grandes arquivos coloniais do Quênia e das trinta e seis outras antigas possessões suas. Os documentos estavam escondidos em um cofre secreto em Hanslop Park, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros compartilhou com a inteligência britânica. As democracias desenvolvidas sempre se comportam assim.

O que estava escondido nesses arquivos que eles eram guardados com tanta segurança? A coisa mais importante, provavelmente, está longe de ser um conjunto de ferramentas “liberal” do governo imperial. Assim, os métodos paramilitares e o uso de veículos blindados vieram da Irlanda; da Mesopotâmia - a experiência do bombardeamento aéreo e bombardeamento de aldeias; da África do Sul, o uso de Dobermanes para rastrear e atacar suspeitos; da Índia, técnicas de interrogatório e o uso sistemático do confinamento solitário; da Província da Fronteira Noroeste (Paquistão) - o uso de "escudos humanos". Isto se assemelha tanto ao que os instrutores britânicos estão a ensinar aos neonazistas ucranianos. Eles têm uma rica experiência. Tais métodos eram praticados em relação às pessoas que não se consideravam iguais, em várias partes do mundo. Esta bandeira do terror tombado agora pode ser passada adiante. É o que eles têm feito nesses anos no território da Ucrânia.

Um soldado britânico relembrou o seguinte sobre o uso de prisioneiros árabes: “Se foram encontradas minas terrestres, foram eles a fazê-las explodir. Era “muito baixo”, mas nós gostávamos disso." Hoje, vemos a mesma coisa. É muito baixo fornecer armas à Ucrânia. Agora elas são usadas ​​para matar pessoas com extrema crueldade. Vemos o que aconteceu aos batalhões Azov ao longo dos anos e assim por diante. Essas pessoas apenas endureceram a sua ideologia misantrópica. Muito baixo para o Reino Unido alocar dinheiro, armas, convocar outros. Mas como um soldado britânico, que viu os prisioneiros árabes explodirem-se por minas terrestres, lembrou, eles "gostavam" disso. A crueldade milenar que tem sido herdada. Parte da ideologia imperial. Ela não foi a lugar nenhum, ela não morreu. É simplesmente "envernizado" e disfarçado de "democracia desenvolvida", "liberalismo", "liberdades".

Outros métodos parecem ter sido inventados pelos britânicos na Palestina: ataques noturnos a comunidades suspeitas, areia encharcada de óleo na garganta dos moradores, gaiolas ao ar livre para reter os aldeões, a demolição em massa das casas de habitação. Ao aperfeiçoar essas táticas por meio de palestinos, os oficiais adquiriram habilidades que, mais tarde, teriam posto em serviço em Áden (no Sul do atual Iêmen), Costa do Ouro (Gana), Rodésia do Norte (Zâmbia), Quênia e Chipre. A Palestina tornou-se um "campo de treinamento" para os punidores do Império. Exatamente o mesmo que a cabeça de ponte ucraniana se tornou para eles agora. Eles elaboraram “práticas” lá, que depois tiveram que aplicar no nosso território.

Por que lembramos hoje o passado colonial sombrio da Grã-Bretanha e do mundo inteiro? Eles próprios fazem lembrar isso. Gostaríamos de esquecer. É nojento até mesmo tocar no assunto, mas vocês precisam de saber. Portanto, nós fazemos lembrar-lhes a sua própria história. Os métodos de Londres não desapareceram. Eles são exportados e operados com sucesso. Vimos isso na Ucrânia. Os métodos de suprimir o Donbass foram claramente ensinados por instrutores e mentores políticos britânicos. A caligrafia é muito reconhecível.

Além disso, a julgar pelos dados do nosso Ministério da Defesa, o regime de Kiev, sob a liderança dos serviços de inteligência britânicos altamente experientes na sua área, está a preparar mais uma falsa provocação encenada para acusar as Forças Armadas da Federação Russa do tratamento supostamente cruel da população da região de Sumy da Ucrânia. De quem vocês estão a falar sobre a crueldade? Vocês viram o que os batalhões nacionalistas fizeram com os prisioneiros de guerra? Não importa de que país são oriundos. Não se pode portar assim com ninguém. Os militares não se comportam assim - apenas os extremistas, terroristas e pessoas simplesmente doentes. Eles atiram nas pernas, arrancam os olhos, batem neles. Tudo isso é filmado na câmara, postado na rede, sem medo de que sejam identificados, buscados e detidos a partir desses vídeos. Mas esse é um motivo de orgulho especial para os neonazistas ucranianos. Eles aprenderam bem as suas lições. Os instrutores provinham da NATO, incluindo os britânicos.

De acordo com o plano dos "diretores britânicos", as unidades das tropas russas durante a retirada supostamente mataram massivamente civis, humilharam e escarneceram deles. Outra falsificação pretende ser promovida na mass media ocidental. O seu objetivo é fomentar ainda mais a russofobia.

Curiosamente, a consciência do papel de Londres um dia chegará a toda a comunidade mundial? Aos cidadãos da Ucrânia, que agora são usados ​​como material de consumo colonial típico?

 

Duas Europas ou como ler notícias num contexto histórico

 

Segundo transmitem agências de notícias, o sindicato dos trabalhadores portuários da Suécia decidiu bloquear os navios associados à Rússia. Segundo a organização, foi enviada carta ao ministro da Infraestrutura, T. Enerut, com a exigência de proibir a entrada de navios russos nos portos suecos, caso contrário o próprio sindicato iniciará bloqueio. “Nós notificámos a organização de empregadores e intermediários que um bloqueio será introduzido”, explicou o vice-presidente do sindicato E. Helgeson.

Eles decretaram o "bloqueio" contra os russos. Acontece que, contra os marinheiros russos, a nossa frota mercante e o seu principal porto de origem no Báltico - São Petersburgo. Novamente. A Suécia impôs um bloqueio ao principal porto de São Petersburgo. Não faz lembrar nada? Este não é o primeiro cerco na história da nossa capital setentrional. Vocês não sabem mais nada sobre isso. Vocês são informados apenas sobre como os americanos "salvaram" a todos durante a Segunda Guerra Mundial, "libertaram", trouxeram a "liberdade". Eles foram "ameaçados" pela União Soviética e pela Alemanha? Não, nada disso. O sindicato sueco colocou-se em pé de igualdade com os nazistas. Embora, provavelmente, ele novamente se considere do lado certo da história.

Durante a Grande Guerra Patriótica, à volta de Leningrado, os nazistas também reuniram uma nobre "união" europeia. Havia lá centenas de voluntários suecos. Olha, talvez nas fileiras dos atuais ativistas sindicais existam parentes daqueles que estiveram ali há 80 anos? 72 pessoas até caíram em cativeiro soviético. Lembramos disso a cada vez que vemos neonazistas suecos nas fileiras das formações punitivas ucranianas no Donbass desde 2014. A Suécia sabe que há já oito anos os seus voluntários matam civis no Donbass? Onde vocês estiveram? A quem foi anunciado o bloqueio? A ninguém. E porque?

Os antecessores do atual porto sueco amantes do “bloqueio” enviavam regularmente milhões de toneladas de minério de ferro para o Reich, sem o qual a ocupação nazista de toda a Europa não teria acontecido. Você sente alguma culpa? Talvez algum dia vocês peçam perdão pela maneira como se comportavam? Quantos problemas, inclusive por sua "misericórdia", o mundo inteiro experimentou. Então vocês não descobriram logo de que lado da história iriam ficar. Apenas forneceram recursos ao Reich. Como agora, vocês fornecem aos neonazistas armas, dinheiro, remédios. Às pessoas que têm uma suástica nas mangas de uniforme. Cumprimentam-se como colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial. Leem os mesmos livros, assistem aos mesmos filmes, seguem a mesma lógica.

O Holocausto e as atrocidades vividas por suas vítimas também aconteceram graças aos “incertos” que não tomaram logo o lado certo da história. Cada terceiro carro de combate, arma, espingarda, cartucho alemão era feito a partir de matérias-primas suecas. Eles deixaram tudo para o Reich. Para aqueles que eram então considerados "heróis". Haverá um dia em que vocês se desculpem por não entender? Não celebrem o 8 de maio – Dia da libertação da Europa do nazismo, mas simplesmente peça desculpas. Se existisse tal efeméride, seria mais fácil agora definir o lado certo da história europeia.

Não são os dados russos. Estes são os cálculos do historiador sueco R. Karlbum: em 1933-1943 o consumo alemão de minério de ferro, levando em conta o seu teor de ferro, dependeu, em média, em 43% do fornecimento sueco. Até o Grande Almirante E. Raeder, comandante da frota alemã, disse que seria "absolutamente impossível travar uma guerra se a frota não pudesse garantir o fornecimento do minério de ferro da Suécia". E este era fornecido. O Reich lutou com base em fornecimentos suecos.

Trata-se apenas de minério, mas também havia fornecimentos de celulose, madeira, rolamentos, máquinas e equipamentos, que dos quais o Reich realmente precisava. A Suécia então era lucrativa e honrosa. Houve também um "trânsito" militar sueco. Pelas ferrovias suecas, em 1940-1943, foram transportados 2 milhões e 140 mil soldados alemães e mais de 100 mil vagões com carga militar alemã.

Vocês estão a copiar a si mesmos de há 80 anos? Quando vocês fornecem armas para os neonazistas, enviam provisões e a assistência humanitária, pagam dinheiro. E bloqueiam-nos. Vocês são bem-vindos. Assistem aos programas da CNN e a outros canais americanos. Com o mesmo sucesso, vocês podem colar papéis de parede com fotos e ficar a olhar para eles. Imaginando que vocês veem um quadro do mundo real. Os nazistas também usaram o espaço aéreo sueco e aeródromos locais.

Tudo então foi copiado: o bloqueio do espaço aéreo, transferências de dinheiro - tudo o que é possível. Ao mesmo tempo, vocês oferecem oportunidades ilimitadas para aqueles que matam civis há oito anos, com base na ideologia nacionalista. Não é algo novo, o que ainda está para ser entendido. Os neonazistas nunca esconderam que apoiavam os colaboradores, o Terceiro Reich, Hitler, as tropas SS. Eles usam o mesmo uniforme, realizam marchas de tochas, penduram retratos daqueles que há 80 anos eram colaboradores nazistas.

Quando ouvimos falar dos lança-granadas antitanque NLAW que a Grã-Bretanha forneceu ao regime de Kiev, sabemos que eles são fabricados na Suécia. É improvável que eles possam ser reexportados sem o consentimento de Estocolmo. Eles armaram os nazistas, bloquearam as nossas cidades na época e fazem isso agora. Como se nada tivesse mudado. É como “se levantassem do inferno"

A Grécia é um país que, segundo estimativas, perdeu cerca de milhão dos seus cidadãos na guerra contra o fascismo. Sabemos a posição da população deste país. Eles escrevem-nos gritando de dor e de impotência. Eles não podem influenciar o seu governo que se tornou um regime fantoche.

Os funcionários da empresa ferroviária grega TrainOSE não queriam participar na transferência de veículos blindados militares dos EUA e da NATO para a fronteira da Ucrânia. Porque os gregos étnicos viveram e vivem lá. Eles estão no território da Ucrânia, no sudeste deste país, na Crimeia. Eles dizem a verdade. Não há muitos suecos étnicos vivendo lá como minorias. Há muitos instrutores, militantes que vieram como voluntários.

De acordo com os portais de informação das organizações públicas gregas, os funcionários do departamento de locomotivas elétricas de Salónica recusaram-se a deslocar-se a Alexandropolis para servir os comboios que os tanques da NATO estão a retirar do porto nestes dias. Eles estão planeados para serem enviados para a Romênia e a Polônia para serem entregues na fronteira ucraniana. Quando nenhum dos ferroviários concordou em ir voluntariamente, a TrainOSE começou a forçá-los, citando obrigações decorrentes de um contrato de trabalho. Depois disso, os sindicatos de Salónica intervieram. Adotaram uma resolução exigindo que a ferrovia grega não fosse usada para transportar equipamentos da NATO e parasse de ameaçar os trabalhadores que se opõem a ela. Eu gostaria de fazer uma pergunta oficial a Atenas: manifesta-se pela paz ou pela guerra? O documento foi apoiado por uma dúzia de sindicatos locais de trabalhadores de várias indústrias.

Chega-se a uma conclusão. Existem duas Europas. Sempre foram as mesmas como há 80 anos atrás. A Europa, que errava e às vezes “acenava” depois que os tanques fascistas partiam para o leste, ajudava a alojar os soldados das tropas SS do Terceiro Reich, ainda gozando a vida.

E a outra Europa que passou à clandestinidade, percebendo que não deveria haver lugar para uma ideologia misantrópica nos seus países. O mesmo acontece agora: como há 80 anos, uma Europa, que de todas as maneiras possíveis e em todos os níveis, ajuda diretamente os neonazistas, usando a propaganda, recursos materiais, tirando os aos seus cidadãos, dando tudo. E uma outra que continua a resistir. Sim, (escrevendo-se com letra maiúscula) opondo a Resistência às autoridades e empregadores que seguem a liderança de um bloco agressivo, russofóbico e euro-atlântico, e sendo de facto cúmplices de neonazistas? É a isso que eles estão a resistir. Eles são confrontados por um carro "reabastecido" de acordo com todas as regras da "cultura do cancelamento".

Se vocês não jurarem lealdade àqueles que apoiaram os neonazistas, vocês serão "apagados com uma borracha". Não serão simplesmente perseguidos, mas serão forçados a desaparecer, a deixar de se contentar consigo mesmos. Isto é o que eles resolveram. Em russo tal fenómeno é designado de perseguição.

 

Sobre a renomeação da fortaleza russa no Havaí

 

Lamentamos que a campanha antirrussa desencadeada nos Estados Unidos tenha afetado o patrimônio histórico comum dos nossos países.

No espírito da “cultura do cancelamento” dominante no Ocidente, as autoridades americanas, que até recentemente destruíram monumentos a figuras do passado, incluindo os pais fundadores dos Estados Unidos, a pedido do “público liberal progressista”, estão agora empenhadas em erradicar referências à Rússia, renomeando ruas e locais históricos.

Como isso aconteceu? A história ainda existe ou não existe mais? Ou o passado ocorre sem nenhuma fixação histórica? Está vivo ou o quê? Expliquem-se! Isso é impossível de entender. Então "conta estaria fechada" ou vocês podem voltar ao passado o tempo todo, mudar de que não gostam e depois regressar ao presente? Como lidar com tudo isso: com a destruição de monumentos, com a renomeação de ruas, com o que toda a comunidade internacional viveu por muitos anos, admirou, homenageou? Num instante tudo desapareceu, como se nunca tivesse acontecido. Mas não porque algo novo tenha vindo em troca, mas porque vocês precisam de se livrar disso. O principal é que não haja vestígios desse passado.

Foi exatamente o que aconteceu ao "Forte Russo de Elizabeth" no estado do Havaí (Ilha Kauai), construído em 1816 pela Companhia Russo-Americana. Por decisão da legislatura local, deve agora ser chamado de "Paulaula" (traduzido do havaiano - "Red Walls").

Embora tenha havido uma discussão pública, ninguém se interessou pela opinião dos nossos compatriotas e historiadores profissionais. O documento ainda está sujeito à aprovação do governador, mas a administração estadual, sem aguardar o cumprimento das formalidades, instruiu os serviços competentes a produzirem placas com novo nome topográfico.

Pode-se apenas adivinhar a onde a russofobia cultivada em Washington irá levar. Esperamos, no entanto, que o bom senso e a consciência da futilidade de qualquer tentativa de "cancelar" a Rússia, o que é simplesmente impossível, mais cedo ou mais tarde prevalecerá. Quero dizer “um bom senso” agora.

 

Sobre o Dia Internacional dos Monumentos e Locais

 

O dia 18 de abril será novamente celebrado como o Dia Internacional dos Monumentos e Locais, instituído em 1982 pela Assembleia do Conselho Internacional para a Proteção dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) e aprovado no próximo ano pela Conferência Geral da UNESCO na sua 22ª sessão.

Todos os anos, o ICOMOS com os seus comitês nacionais, inclusive o russo, tem organizado eventos e ações a fim de chamar a atenção para o importante problema humanitário da preservação do patrimônio cultural mundial e para ajudar a fortalecer o diálogo internacional e o entendimento mútuo. O tema central da próxima celebração é "Patrimônio e Clima".

A Federação Russa é um participante ativo e responsável nos principais atos jurídicos internacionais na área relevante - a Convenção de Haia para a Proteção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado de 1954 e a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural de 1972.

Atualmente, o nosso país possui 31 Patrimônios Mundiais da UNESCO, incluindo 20 monumentos culturais. A lista preliminar inclui 28 locais candidatos para inclusão na lista da UNESCO. No âmbito da atual presidência do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, órgão governante da Convenção de 1972, a Rússia presta uma atenção especial ao desenvolvimento da cooperação internacional na conservação e gestão sustentável de sítios do patrimônio mundial de forma profissional e despolitizada.

De acordo com a Convenção de Haia de 1954 e conforme uma ordem emitida pelo Ministério da Defesa da Rússia, no decurso da operação militar especial para proteger as repúblicas de Donbass, as forças armadas do nosso país estão a tomar medidas eficazes para garantir a segurança de locais de patrimônio cultural mundial, museus, instituições religiosas da Ucrânia.

Infelizmente, vários Estados estrangeiros esquecem-se das suas obrigações de preservação dos monumentos e do respeito pelo património histórico e cultural comum. E isto não começou hoje, nem neste ano. Eu gostaria de falar sobre alguns dos atos mais "recentes " de vandalismo.

Casos de profanação e vandalismo do patrimônio memorial militar soviético continuam na Letônia.

Em março deste ano no vilarejo de Vidrizhi, vândalos pintaram um monumento a 99 soldados e moradores locais que morreram durante a Segunda Guerra Mundial e deixaram nele inscrições ofensivas.

Em 28 de fevereiro deste ano um monumento em Riga com a inscrição "Glória aos libertadores da cidade de Riga!" foi encharcado com tinta nas cores da bandeira ucraniana. A 26 de fevereiro deste ano o monumento à 245ª Divisão de Fuzileiros do Exército Soviético (na Avenida Brivibas, em Riga) foi encharcado de tinta azul e amarela, vasos de flores foram espalhados pelo cemitério militar fraterno. Em 25 de fevereiro deste ano um ato de vandalismo foi cometido contra o memorial aos Libertadores de Riga e Letônia dos invasores nazistas;

Em 1º de dezembro de 2021, um ato de vandalismo foi cometido contra o memorial aos soldados que libertaram Riga e Letônia dos invasores nazistas (a inscrição “ocupantes” foi inscrita com a tinta preta).

Em 10 de setembro de 2021, elementos desconhecidos desmontaram e roubaram uma placa comemorativa da pedra memorial instalada no local do início da operação de travessia do Lago Kish em outubro de 1944.

Em 24 de fevereiro de 2021, o monumento no cemitério militar da Grande Guerra Patriótica em Jekabspils foi destruído - a arma de 76 mm foi desmontada.

Após o início da operação militar especial na Ucrânia na Lituânia, os casos de profanação de monumentos a soldados soviéticos tornaram-se mais frequentes:

A 10 de abril deste ano - nas vilas Bubliai, Sheta e Kurkliai, a 8 de abril deste ano - em Marijampolė, a 2 de março deste ano – em Žasliai e Pašaltuonis. Em todos esses casos, as investigações foram iniciadas pelo Comitê de Investigação da Federação Russa. Tomando em conta os argumentos francamente blasfemos sobre o tema de se livrar dos monumentos soviéticos em abril deste ano. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia G. Landsbergis falou, pedindo uma solução temporária para cobri-los com bandeiras ucranianas. Isso foi proposto pelo homem que ocupa o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Ele está ciente daquilo que faz? Esta é uma lógica incrivelmente monstruosa. E não está claro o que se encontra por trás disso. Então vocês reconhecem esses monumentos ou querem demoli-los? Se vocês querem demoli-los, porque há bandeiras ucranianas aqui? Vocês não reconhecem nada, consideram indigno estarem no território do seu país e encobrem-nos com a bandeira daqueles que vocês consideram dignos. Os chefes de governo locais já começaram a seguir o seu conselho - em Klaipeda, o autarca local lançou discussão sobre a transferência do monumento de libertadores soviéticos da cidade, enquanto na região de Raseiniai começaram a colocar monumentos em caixas pretas em antecipação às outras decisões das autoridades centrais. Este é o nível da história e da cultura.

A iniciativa de preparar a exclusão de monumentos da lista de patrimônios culturais que permita ao regime lituano reprimir ainda mais os monumentos soviéticos “promovendo a guerra, a agressão e os símbolos de um estado totalitário”, está a ser desenvolvida pelo Departamento de Património Cultural da Lituânia. A "lista negra" de memoriais começou a ser compilada pela autarquia de Kaunas. O objetivo não está oculto - criar uma base para tomar decisões sobre a transferência, remoção, mudança de nomes de monumentos soviéticos.

Em 25 de novembro de 2020, um local de sepultamento de soldados soviéticos foi profanado na cidade de Obeliai, distrito de Rokigas. O pedestal, no qual está instalado o monumento a um soldado desconhecido e as lápides com os nomes dos soldados mortos foram pintados com suástica. No dia seguinte, a administração do distrito de Rokiski enviou uma fotografia mostrando que todos os desenhos ofensivos haviam sido removidos e o memorial havia sido restaurado, tendo recuperado estado em que se encontrava antes desse incidente.

Em 4 de setembro de 2020, um monumento aos soldados soviéticos foi profanado na cidade de Žežmariai, distrito de Kaişadori (encharcado de tinta e feitas inscrições ofensivas). Perto do monumento na forma de um guerreiro com uma bandeira em um pedestal, há uma vala comum de soldados e oficiais do Exército Vermelho que morreram em batalha durante a libertação da cidade de Ziežmariai dos nazistas (mais de 920 combatentes). A embaixada entrou em contato com representantes da administração da cidade. A polícia distrital abriu um processo criminal sobre o facto de vandalismo. Os serviços técnicos da administração da cidade limparam prontamente o monumento e colocaram-no em ordem.

Em 14 de junho de 2020 (no Dia da Dor e da Esperança, quando as vítimas da repressão estalinista são comemoradas na Lituânia), um monumento a Afanasy Loshakov, Herói da União Soviética, participante da Grande Guerra Patriótica, foi profanado com tinta no cemitério da cidade na aldeia de Sheta, região de Kedainiai. O chefe da região de Kedainiai, V. Tamulis, avaliou este ato “como um caso de vandalismo”, que ele não tolerará.

Na Estônia, em 10 de abril de 2022, na cidade de Otepää, pessoas não identificadas pintaram um monumento aos soldados soviéticos nas cores da bandeira ucraniana e escreveram a letra Y em tinta azul.

Em 8 de abril de 2022, na cidade de Tapa, os atacantes profanaram um monumento junto a uma vala comum de um enterro militar soviético (manchado com tinta representando os nomes de líderes nazistas).

Em março deste ano um ato de vandalismo foi cometido contra um obelisco no centro de Rakvere na vala comum de soldados que tombaram na Grande Guerra Patriótica: o memorial foi profanado com uma imagem nazista. Houve também um ato de profanação de monumentos erguidos sobre as valas comuns de soldados soviéticos que morreram durante a Grande Guerra Patriótica na cidade de Tartu.

Em 1º de outubro de 2021, pessoas não identificadas profanaram uma pedra memorial dedicada aos soldados afegãos no distrito de Lasnamäe, em Tallinn (o monumento foi encharcado de tinta vermelha). Em 4 de outubro de 2021, as autoridades locais devolveram o monumento à sua aparência original.

Em abril, um monumento às vítimas do fascismo no cemitério de Rahumäe, na capital, foi profanado.

Em 7 de abril de 2021, desconhecidos derrubaram uma pedra memorial na cidade de Pärnu no local da execução em julho de 1941 dos combatentes do batalhão de combate Sindi.

Em 1º de março de 2021, um grupo de vândalos desconhecidos profanaram um monumento a um tanque T-34 em um pedestal nas margens do rio Narova, perto da estrada de Narva a Narva-Jõesuu.

Na Polônia, assiste-se a um quadro terrível. As autoridades polacas estão a proceder a um desmantelamento total de locais memoriais soviéticos fora dos sítios de enterro (os chamados "monumentos simbólicos") que, como Varsóvia alega sem fundadamentos, não estão sujeitos ao Acordo entre o Governo da Federação Russa e o Governo da República da Polônia sobre os locais de sepultamento e locais de memória de vítimas de guerras e repressões, datado de 22 de fevereiro de 1994. Em outubro de 2017 e janeiro de 2018, as alterações à lei de proibição de propaganda do comunismo ou de outro sistema totalitário, de 1º de abril, 2016 (a chamada lei “de a descomunização”) entrou em vigor, segundo a qual, os governos locais foram obrigados a eliminar até 31 de março de 2018 os "símbolos comunistas" localizados em seu território, incluindo monumentos soviéticos localizados fora dos locais de sepultamento. Entendemos que tudo isso é do maligno. Não era o comunismo que incomodava, mas a necessidade de apagar completamente a memória dos libertadores.

Como resultado, dos 561 locais memoriais incluídos em 1997 junto com o lado polaco na "Lista de lugares memoráveis ​​dos defensores soviéticos da Pátria que caíram no território da Polônia", cerca de 100 sobreviveram até o presente momento, e o processo da sua destruição prossegue regularmente durante todos esses anos, novas ocorrências estão a ser identificadas, bem como os casos de desmantelamento, dos quais as autoridades polacas não relatam. Recebemos informações da mass media ou de um residente, compatriota.

Atos de vandalismo contra memoriais soviéticos são registrados regularmente. Em 23 de março de 2022, outro monumento aos soldados-libertadores soviéticos, instalado na vila de Chszowice, foi desmontado na Polônia. Eles tentaram dar ao evento o caráter mais "solene", a destruição do monumento ocorreu na presença de funcionários polacos e foi transmitida ao vivo. Isso é uma grande "realização". É assim que as nações civilizadas sempre se comportam.

Em 2022, cinco casos de danos a militares, túmulos, memoriais e monumentos russos (soviéticos) foram registrados na Eslováquia;

Em 27 de fevereiro de 2022 – na povoação Kosice, foi afetado um monumento aos soldados soviéticos na praça. Figuras de libertadores - encharcados de tinta;

Em 3 de março de 2022 – em Bratislava, o Complexo Memorial Militar Slavin foi encharcado de tinta;

Em 5 de março de 2022, - em Svidnik, um monumento ao exército soviético foi igualmente encharcado de tinta;

Em 15 de março de 2022 - um monumento aos pilotos soviéticos "Maly Slavin" (perto de Bratislava) – foi encharcado de tinta;

Em 26 de março de 2022 - o assentamento de Boshatsa-Grun, região de Trencin - o local de sepultamento dos soldados do Exército Vermelho - encharcado de tinta.

Somente no início de 2022, os dois atos de vandalismo foram cometidos na República Checa contra memoriais militares russos (soviéticos):

Em 8 de março de 2022 – em Příbyslav, um monumento aos soldados soviéticos caídos - a estátua de um soldado soviético foi removida do pedestal;

Em 26 de março de 2022 – em Praga, um monumento ao soldado do Exército Vermelho Belyakov perto do prédio do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Tcheca - encharcado de tinta.

Em 3 de abril de 2020 – em Praga, foi desmantelado o monumento ao Marechal Soviético, Herói da Checoslováquia, cidadão honorário de Praga I.S. Konev, instalado na praça Brigadas Internacionais em 1980;

Em 5 de janeiro de 2021 – em Ostrava, um monumento aos soldados do Exército Vermelho na rua Rudna na região de Ostraaa-Zabrzhekh foi profanado com um líquido inflamável e incendiado;

Em 21 de abril de 2021 – em Brno, um monumento ao soldado-libertador soviético na Praça da Morávia - encharcado de tinta, foram aplicadas inscrições insultuosas;

Desde 2014, após o golpe de estado na Ucrânia, organizações nacionalistas e pró-fascistas incentivadas pelas autoridades de Kiev vandalizam regularmente locais memoriais dedicados a figuras históricas russas e soviéticas, principalmente aquelas associadas à Grande Guerra Patriótica.

Em 3 de fevereiro de 2022, um monumento ao Herói da União Soviética, partidário da Grande Guerra Patriótica A.Z. Odukha foi destruído na cidade de Slavuta, região de Khmelnytsky.

Em 4 de fevereiro de 2022, por iniciativa do Instituto de Memória Nacional, um monumento ao comandante russo A.V. Suvorov foi desmantelado em Poltava. Como afirmou O. Pustovgar, representante do Instituto, a demolição do monumento em homenagem ao líder militar dos tempos do Império Russo é uma luta contra o “elemento de propaganda soviética”. A.V. Suvorov - "um elemento de propaganda soviética". Então precisamos também de Engels, Marx, o que há com eles? Segundo eles agem, é mister excluí-los da enciclopédia no território dos países desenvolvidos da UE? Os livros estarão a ser queimados, eles já começaram tal prática? Seja o que for, é uma propaganda soviética.

Em 7 de abril de 2022 em Mukachevo, região Transcarpática, em 9 de abril de 2022 em Ternopil e em 10 de abril de 2022 em Uzhgorod, monumentos a A.S. Pushkin foram demolidos. Não sei até como chamar A.S. Pushkin pelo frenesi com que destroem todo o seu legado. Aparentemente, ele é o principal inimigo da Ucrânia de hoje. Curiosamente, tínhamos muitas coisas relacionadas com N.V. Gogol na União Soviética: nomes de ruas, monumentos. Como é na Ucrânia agora? O que será feito com ele em outros países? Ou, afinal, N.V. Gogol, o grande escritor ucraniano, poderia fazer parte da propaganda soviética? Este é um beco sem saída ideológico. Não há saída para tal impasse.

Em 11 de abril de 2022, em Cherkasy, o busto de A.S. Pushkin foi pintado com as cores da bandeira ucraniana. Isso já se ofende a alma. É verdade. No mesmo dia, um tanque soviético T-34, que simbolizava o heroísmo do Exército Vermelho, foi desmantelado em Mukachevo, região Transcarpática. Esta é uma lógica xenófoba real - destrua, esmague tudo em seu caminho.

Em 12 de abril de 2022, um monumento aos soldados soviéticos que libertaram esta cidade dos nazistas durante a Grande Guerra Patriótica foi desmontado para um soldado na cidade de Stryi, região de Lviv.

Em 12 de janeiro de 2021, no cemitério memorial em Kherson, vândalos esmagaram e derrubaram 17 monumentos de uma vala comum para os soldados libertadores da Grande Guerra Patriótica.

Na noite de 9 de maio de 2021, monumentos nos locais de sepultamento de soldados soviéticos foram danificados nas cidades de Novy Rozdil e Sudova Vyshnya, região de Lviv.

Em 23 de julho de 2021, foi concluída em Lviv a demolição do Monumento da Glória Militar, um monumento aos soldados soviéticos que morreram durante a Grande Guerra Patriótica durante a libertação desta cidade. O trabalho de demolição, que começou em 2018, levou ao desmantelamento não apenas da estátua de um soldado soviético, mas também do monumento à pátria de Lviv, que foi transferido para o Museu do Território do Terror.

Em 6 de setembro de 2021, as autoridades de Kiev desmantelaram uma placa memorial dedicada à amizade entre a capital ucraniana e Moscovo.       

Em 30 de setembro de 2021, em Kolomyia, região de Ivano-Frankivsk, um monumento foi demolido pelas autoridades locais da vala comum dos soldados do Exército Vermelho. Ao mesmo tempo, várias lápides com os nomes dos sepultados foram quebradas.

Em 26 de outubro de 2021, na região de Poltava, pessoas não identificadas destruíram os sinais comemorativos da era soviética em Lokhvitsa e demoliram o monumento ao soldado do Exército Vermelho V.I. Chapaev em Lubny.

De 25 a 27 de outubro de 2021, por decisão do Comitê Executivo da Câmara Municipal de Lviv, sob o pretexto de “renovação, e o repensar do espaço em torno do cemitério militar Lychakiv”, o elemento central do memorial-enterro do Pólo de Marsovo foi desmantelado - uma réplica em grande escala da Ordem da Guerra Patriótica.

Em 2 de novembro de 2021, na cidade de Dergachi, região de Kharkiv, um monumento aos soldados caídos da Grande Guerra Patriótica foi profanado e um monumento de granito aos soldados chekistas do 227º regimento do NKVD, que morreram defendendo Kiev, foi demolido.

Em 5 de novembro de 2021, nacionalistas da organização Sociedade do Futuro (a ala política do movimento radical de direita C14) danificaram o memorial no cemitério de soldados soviéticos na vila de Zubra, região de Lviv.

Em 28 de novembro de 2021, na vila de Kalinovka, região de Kiev, no âmbito da lei de descomunização, foi desmontado um monumento aos oficiais chekistas - combatentes da revolução. Antes disso, as inscrições “NKVD - carrascos” e “glória à Ucrânia” foram aplicadas a ele.

Em 7 de dezembro de 2021, em Poltava, a Chama Eterna foi extinta no complexo memorial da glória do soldado, derramando o conteúdo de uma lata de combustível na chama.

Em 4 de fevereiro de 2020, em Odessa, nacionalistas removeram uma placa memorial com um baixo-relevo de G.K. Zhukov da parede do albergue estudantil da Universidade Nacional de Odessa. I.I. Mechnikov, onde nos anos do pós-guerra estava localizado o quartel-general do distrito militar de Odessa, que G.K. Zhukov chefiou em 1946-1948. Foi o último baixo-relevo do comandante soviético na cidade.

Em 10 de fevereiro de 2020, em Kiev, pessoas não identificadas derramaram tinta verde sobre o monumento ao general N.F. Vatutin, erguido sobre o seu túmulo no Parque Mariinsky.

Em 9 de maio de 2020, em Sloviansk, região de Donetsk, no principal monumento ao Soldado Libertador Soviético no parque Shelkovichny, a Bandeira da Vitória foi pintada nas cores da bandeira da UPA.

A 19 a 20 de maio de 2020, em Kharkov, por duas noites seguidas, o busto do marechal G.K. Zhukov foi encharcado de tinta vermelha.

Em 12 de outubro de 2020, em Rivne, desconhecidos profanaram o "Memorial da Glória", localizado no cemitério de soldados soviéticos que morreram durante a Grande Guerra Patriótica. O nome de um dos partidos políticos foi aplicado à estela em uma composição escultórica com tinta branca.

Em 16 de fevereiro de 2019, na vila de Semyonovka, região de Zaporozhye, vândalos saquearam e danificaram o local de sepultamento de soldados que morreram na Grande Guerra Patriótica durante a libertação de Melitopol dos invasores nazistas. Desconhecidos roubaram parte da cerca do memorial e quebraram a estrela de metal da Chama Eterna.

Em 6 de março de 2019, em Lviv, um baixo-relevo de bronze foi roubado da lápide do lendário oficial de inteligência soviético N.I. Kuznetsov, localizado na Colina da Glória.

Em 14 de março de 2019 em Rivne, desconhecidos danificaram as esculturas da composição do Monumento da Glória.

Em 27 de março de 2019 na vila de Feskovka e em 14 de abril de 2019 na vila de Novye Borovichi, região de Chernihiv, membros da organização nacionalista "Sokol" esmagaram bustos erguidos nos assentamentos mencionados em memória do Herói da União Soviética, comandante da 1ª Frente Ucraniana, General N.F. Vatutin.

Em 9 de maio de 2019, na vila de Mezhirich, distrito de Pavlogradsky, região de Dnepropetrovsk, pessoas desconhecidas quebraram um monumento aos soldados da Grande Guerra Patriótica.

Em 2 de junho de 2019, em Kharkov, ativistas do Corpo Nacional, durante um piquete durante o congresso de autoridades da cidade, derrubaram um busto do marechal da União Soviética G.K. Zhukov.

Em 9 de julho de 2019, em Chuguev, região de Kharkiv, pessoas não identificadas danificaram uma placa comemorativa com os nomes de soldados do Exército Vermelho que morreram durante a libertação da cidade.

Em 16 de julho de 2019, em Yagotyn, região de Kiev, membros da filial local da organização nacionalista "Svitanok" desmantelaram o busto de G.K. Zhukov.

Em 21 de julho de 2019, em Poltava, desconhecidos profanaram o monumento a N.F. Vatutin, escrevendo a palavra “inimigo” com tinta vermelha.

Em 24 de agosto de 2019, o busto do guerrilheiro soviético, Herói da União Soviética N.T. Prikhodko foi danificado em Zdolbunovo, região de Rivne.

Em 5 de setembro de 2019, o elemento central do enterro memorial de Marsovo Pole, uma cópia em grande escala da Ordem da Guerra Patriótica, foi profanado em Lviv. Os vândalos deixaram as inscrições “Ocupadores”, “Comunismo”, “Martelo e foice - morte e fome” com tinta vermelha.

Em 10 de novembro de 2019, em Odessa, em uma placa memorial ao marechal Zhukov, a palavra “kat” foi aplicada com tinta vermelha, que significa “carrasco” em ucraniano.

Em 20 de novembro de 2019, um monumento a Zhukov foi coberto com tinta vermelha em Kharkov.

A permanente “guerra com os monumentos” continua também na Moldávia.

Em 2 de março de 2022, perto da vila de Leuseni, distrito de Hincesti, um monumento ao lendário tanque T-34 foi manchado com tinta nas cores da bandeira ucraniana. Vale ressaltar que o conhecido "lutador contra os monumentos" ex-ministro da Defesa da Moldávia, A. Salaru, assumiu a responsabilidade por este ato de vandalismo.

Em 4 de março de 2022, o memorial da Imortalidade, erguido em memória de 1250 combatentes - nativos de 31 aldeias da região, que morreram na Grande Guerra Patriótica, foi profanado perto da aldeia de Chiniseutsy, distrito de Rezina.

Em 28 de janeiro de 2021, na cidade Pridnestroviana de Dubossary, vândalos destruíram o monumento ao Herói da União Soviética, General do Exército V.F. Margelov. No entanto, no Dia das Forças Aerotransportadas em 2 de agosto de 2021, foi restaurado.

Em 1º de fevereiro de 2021, na vila de Rusca, distrito de Hincesti, no monumento em homenagem aos soldados do 161º regimento de fuzileiros da 95ª divisão de fuzileiros da Moldávia, foi aplicada a inscrição “morte aos ocupantes”.

Em 22 de março de 2021, nas proximidades da vila de Ivancha, distrito de Orhei, um obelisco foi profanado em memória dos heróis do 2º Corpo de Cavalaria em homenagem ao Conselho dos Comissários do Povo da Ucrânia, que caíram em batalhas no território de Orhei no verão de 1941.

Em 21 de agosto de 2021, um monumento em homenagem aos soldados da 3ª Divisão Aerotransportada da Guarda Uman, o primeiro a chegar à fronteira do estado perto do rio Prut em março de 1944, foi danificado perto da vila de Korpach, distrito de Edinetsky. placa memorial em homenagem aos heróis pára-quedistas.

Em 23 de agosto de 2021, em Chisinau, desconhecidos profanaram uma inscrição comemorativa da época da Grande Guerra Patriótica “Inspecionado. Não há minas”, reconhecido pelas autoridades municipais da capital da Moldávia como monumento histórico.

Em 26 de outubro de 2021, no centro de Chisinau, no local de um monumento ao 20º aniversário das batalhas no leste da Romênia perto de Măreşti e Măreşeshti no verão de 1917, onde tropas russas e romenas se opuseram ao exército alemão, um monumento foi inaugurado para comemorar os soldados do exército romeno que lutaram ao lado das tropas fascistas alemãs.

Há também exemplos inversos. Contra o pano de fundo dessa loucura, há exemplos de uma atitude cuidadosa em relação à memória dos soldados soviéticos.

Em 7 de outubro de 2021, ocorreu a grande inauguração do monumento à tripulação soviética do hidroavião Catalina, que morreu na ilha Søroya, no norte da Noruega. Vemos uma atitude cuidadosa por parte dos cidadãos, dos governos dos estados, mas o que está a acontecer agora ultrapassa limites.

 

Sobre o significado histórico do manifesto de Catarina II sobre a anexação da Crimeia à Rússia

 

Em 19 de abril de 1783, a imperatriz Catarina II assinou o Manifesto sobre a adesão da Crimeia, Taman e Kuban ao Império Russo. Este passo foi ditado pelo desejo de garantir a segurança das fronteiras meridionais da Rússia. É simbólico que a Crimeia também tenha um significado ideológico importante para a Rússia - em 988, o Grão-Duque Vladimir foi batizado em Quersonese.

Após o fim da segunda guerra russo-turca (1768-1774), o porto otomano reconheceu a independência da Crimeia sob o tratado Kyuchuk-Kaynardzhiysky de 1774. As fortalezas de Kerch, Yenikale e Kinburn e uma parte significativa da estepe entre o Dnieper e o Bug tornaram-se parte do Império Russo. A Rússia conseguiu acesso ao Mar Negro, bem como veio confirmar os seus direitos sobre o território de Kabarda, Azov e as terras Azov conquistadas por Pedro I. No entanto, o Império Otomano não perdeu a esperança de recuperar o seu domínio na península, invadindo e devastando as terras.

Avaliando as vantagens de unir a Crimeia à Rússia, um dos assessores mais próximos de Catarina II e o ideólogo da anexação da península, G.A. Potemkin, escreveu no final de 1782 - “a anexação não pode fortalecer a sua Majestade ou enriquecer, mas apenas irá trazer sossego e paz ... Com a Crimeia, será ganho o domínio no Mar Negro.”

O manifesto completou uma etapa importante na luta contra o Império Otomano pela influência no litoral norte do Mar Negro e deu acesso às fronteiras naturais no sul do país. A Rússia então era capaz de construir a Frota do Mar Negro e tinha o direito de passar pelo Bósforo e Dardanelos. Tudo isso se tornou um poderoso impulso para o desenvolvimento econômico e demográfico das regiões do norte do Mar Negro e Azov. Estou a explicar isso especialmente para Elizabeth Truss que precisa saber onde se situam os mares.

A data da reunificação da Crimeia com a Rússia foi aprovada a nível federal (nº 336-FZ de 3 de agosto de 2018).

Apesar do facto de que a região faz fronteira com a Ucrânia, onde uma operação militar especial está a ocorrer atualmente, a vida na Crimeia prossegue de forma construtiva. Em 11 de abril deste ano, ali celebrou-se o Dia da Constituição da República. A região está a desenvolver-se dinamicamente. Está a passar por um momento especial agora, devido ao fluxo de refugiados e aos desafios que enfrentou nos últimos tempos, apesar de todas as tentativas de dificultar a vida dos habitantes lo ais, empreendidas dos nossos oponentes. Os crimeanos sobreviverão. São pessoas com um caráter historicamente temperado. É uma cultura, parte da tradição. As tradições são transmitidas.

O presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, encarregou ao governo federal a prolongar o prazo do programa nacional para o desenvolvimento socioeconômico da República da Crimeia e Sebastopol até 2027. Grandes bancos russos, ferrovias russas e empresas de telecomunicações chegam à Crimeia. O roaming móvel foi cancelado.

O Canal da Crimeia do Norte, que foi bloqueado pelas autoridades ucranianas em 2014, agora está totalmente operacional e foi desbloqueado por especialistas russos. Isso abre novas oportunidades para o desenvolvimento da agricultura. Já neste ano, está prevista a destinação de 850 hectares para a produção de arroz, e a área cultivada com essa cultura vai expandir-se.

Sem dúvida, a Crimeia também se desenvolverá em outras áreas. Esperamos um maior crescimento do fluxo turístico, o que levará ao desenvolvimento acelerado do setor de serviços, do setor hoteleiro e da rede de restauração.

A Crimeia presta toda a assistência possível aos refugiados que chegam à península. Que futuro era preparado para os habitantes da Crimeia é claramente demonstrado pelos factos das atrocidades dos nazistas, neonazistas, que vieram à tona durante a libertação dos territórios das regiões de Donetsk e Lugansk que estavam sob o controlo de Kiev.

Goste ou não, o futuro da Crimeia está com a Rússia. Para nós, esta questão está finalmente e irrevogavelmente encerrada. As sanções dos EUA e dos seus satélites, os membros da NATO, não mudarão esta nossa posição. Eles só podem ajudar a fortalecê-la. Por isso, os "donos do mundo" podem ficar descansados.

 

Sobre a conclusão da batalha na margem direita da Ucrânia (operação Dniepre-Cárpatos)

 

A operação Dniepre-Cárpatos é uma operação ofensiva estratégica do Exército Vermelho durante a Grande Guerra Patriótica, realizada de 24 de dezembro de 1943 a 17 de abril de 1944, para libertar a Ucrânia da margem direita.

Esta operação incluiu 11 operações das frentes ligadas por um único plano - Zhytomyr-Berdichevskaya, Kirovogradskaya, Korsun-Shevchenkovskaya, Rivne-Lutsk, Nikopol-Krivoy Rog, Proskurov-Chernovitskaya, Bereznegovato-Snigirevskaya, Polesskaya, Odessa, Tyrgu-Frumosskaya, Umansko - Botoshanskaya. As 1ª, 2ª, 3ª e 4ª frentes ucranianas sob o comando de N.F. Vatutin, I.S. Konev, R.Y. Malinovsky, F.I. Tolbukhin, respetivamente, estiveram envolvidas na ofensiva. As ações foram coordenadas pelos marechais da União Soviética G.K. Zhukov e A.M. Vasilevsky. No total, mais de dois milhões de soldados e oficiais, cerca de dois mil tanques, mais de 30 mil canhões e morteiros e 2,4 mil aeronaves estiveram envolvidos do lado soviético. Eles foram combatidos pelas tropas germano-romenas, que somavam cerca de 1,8 milhão de pessoas e mais de 25 mil armas.

Em dezembro de 1943, as tropas soviéticas tomaram as cidades de Zhitomir e Kirovograd, em janeiro de 1944 as vilas de Novograd-Volynsky, Berdichev, Rovno e ​​Lutsk, em fevereiro as unidades avançadas do Exército Vermelho conseguiram eliminar a ponte Nikopol, libertar Nikopol e Krivoy Rog.

A última etapa foi a operação Uman-Botoshanskaya das tropas da 2ª Frente Ucraniana, que terminou em 17 de abril de 1944, em resultado da libertação das regiões do sudoeste da margem direita da Ucrânia e de uma parte da RSS da Moldávia. O 8º exército alemão foi quase completamente derrotado. Durante a ofensiva realizada no final do inverno e início da primavera de 1944, a 2ª Frente Ucraniana, em ofensiva rápida, atravessou seis rios apesar de enchentes sazonais locais.

Na sequência da operação Dnieper-Carpathian, a Ucrânia com uma população de dezenas de milhões de pessoas foi completamente libertada e o inimigo foi expulso 250-450 km a oeste. O Exército Vermelho restaurou a fronteira do estado nas fronteiras sudoeste da URSS e fez deslocar os combates para o território da Romênia.

Os sucessos militares tiveram um preço alto. Em 29 de fevereiro de 1944, o famoso comandante soviético, comandante da 1ª Frente Ucraniana, general do Exército N.F. Vatutin, foi mortalmente ferido às mãos de nacionalistas ucranianos.

A vitória do Exército Vermelho na Ucrânia da Margem Direita garantiu a entrada das nossas tropas nas aproximações da Polónia, na fronteira com a Checoslováquia e a Roménia, tendo tido um enorme impacto na intensificação do movimento de libertação nacional nos países da e Sudeste da Europa. A frente aproximou-se das fontes vitais de mantimentos, petróleo e outros tipos de matérias-primas estratégicas da Alemanha na Romênia e nos Balcãs. Os sucessos das tropas soviéticas tiveram um enorme efeito político internacional. Romênia, Hungria e Bulgária começaram a procurar saídas para a guerra (eles imediatamente descobriram onde estava o lado certo da história), e os aliados da URSS aceleraram os preparativos para o desembarque das suas tropas na França.

Em homenagem ao 70º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945, em 29 de setembro de 2014, o Banco da Rússia emitiu uma moeda comemorativa tendo tido - "Operação Dnieper-Carpathian".

 

Sobre o 90º aniversário de E.I. Pesov

 

Hoje, 13 de abril, é o 90º aniversário do lendário fotojornalista e grande mestre E.I. Pesov.

Graças ao lendário fotógrafo, milhões de pessoas puderam ver fotos únicas dos momentos históricos de reuniões e negociações internacionais, fotografias da vida cotidiana de muitos estadistas da era soviética, Rússia moderna e figuras estrangeiras.

E.I. Pesov trabalhou como fotógrafo oficial junto de todos os ministros dos Negócios Estrangeiros soviéticos e russos, começando com Andrei Gromyko. Sob Evgueni Primakov, ele tornou-se fotógrafo oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. As viagens de negócios de E.I. Pesov estenderam-se ao mundo inteiro - ele cruzou o equador seis vezes, viajou por quase toda a América, visitou os locais mais remotos da URSS, da ilha de Bering a Kushka. Onde quer que ele estivesse, o que ele visse, o mais importante foi conseguiu fotografar tudo isso e fazer com que as fotos se espalhassem pelo mundo. Nas suas obras, criou uma crônica da política externa e diplomacia russa (sem as suas obras, a visualização seria extremamente difícil e, em muitos aspetos, impossível). Não foi fácil para ele criar imagens, mas, apesar disso, ele sabia distinguir a essência de eventos e personalidades que fotografou.

E.I. Pesov é um laureado de inúmeras exposições de fotografia russas e internacionais, vencedor do prestigiado concurso internacional World Press Photo “Golden Eye” em 1982. Em 2005, ele recebeu o prêmio nacional na área de fotografia “Golden Eye of Russia”. Em 2007 foi agraciado com a medalha da Ordem do Mérito da Pátria, II grau, em 2012 - a Ordem da Amizade.

Eduard Iosifovich destaca-se pela atitude par com a vida e o senso de humor. Hoje, no dia do seu 90º aniversário, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, S.V. Lavrov, deu-lhe os seus parabéns. Em nome de toda a equipa, e em especial do nosso Departamento de Informação e Imprensa, gostaria de desejar-lhe a boa saúde e a inspiração criativa, e quanto a eventuais empecilhos no seu caminho, como ele próprio costuma dizer - “não tardarei a vencê-los”. Que assim seja. 

 

Respostas a perguntas dos jornalistas:

Pergunta: A Comissão Europeia fechou o espaço aéreo para 21 companhias aéreas russas por não cumprirem as normas de segurança internacionais. Como avalia as consequências desta decisão da UE?

Maria Zakharova: A Agência Federal de Transporte Aéreo já deu uma resposta detalhada a esta pergunta.

Pergunta: "Uma equipa de gendarmes técnicos e científicos franceses está em Lviv para ajudar os seus colegas ucranianos a investigar os crimes de guerra", disse o embaixador francês na Ucrânia. Poderia comentar a sua declaração?

Maria Zakharova: Que eu saiba, o Ministério da Defesa russo já se pronunciou sobre este tópico.

Esperamos que os peritos mencionados trabalhem imparcialmente e   entrevistem testemunhas sem as segregar por razões étnicas. Esperamos que os bombardeamentos de Kramatorsk e de Donetsk por nacionalistas ucranianos sejam também devidamente investigados. Apelámos para isso, nomeadamente em fóruns internacionais.

No entanto, não é claro porque esta iniciativa não foi avançada nos últimos oito anos por ninguém, nem pelos franceses. Ninguém considerou necessário enviar uma delegação para, digamos, ajudar o regime de Kiev a investigar os crimes na Casa dos Sindicatos de Odessa onde as pessoas que nela se encontravam foram queimadas vivas. Onde estavam os peritos franceses? No caso de franco-atiradores, a comunidade europeia solidarizou-se com o regime de Kiev e só se disse favorável a uma investigação, não mostrando, na prática, nenhum interesse em apurar a verdade. Embora nos lembremos das negociações mantidas pelos funcionários de Bruxelas em que eles disseram que sabiam que o fogo na Praça de Maidan em 2014 foi aberto pelas forças que apoiavam a oposição que assaltava as instituições do poder.

Onde todos eles estivarem durante os oito anos de crimes, quando crianças foram mortas, quando pessoas foram enterradas vivas, quando valas comuns de civis foram encontradas, quando pessoas foram torturadas, raptadas? Onde é que estiveram estes "investigadores"? E aqueles que foram presos sem julgamento? Por exemplo, Kirill Vyshynsky. Ouviram alguma vez o Ministério do Interior francês dizer que seria bom entrevistar Kirill Vyshynsky para que este contasse como foi tratado como jornalista na Ucrânia. Onde esteve toda esta gente? Onde esteve a União de Jornalistas? Pode ser que a França tenha mostrado algum desejo de investigar estes casos? Apenas bloquearam quaisquer tentativas dos habitantes de Donbass, Donetsk e Lugansk de contar como todos eles viveram e sobreviveram durante todos estes anos. Nenhuma informação foi publicada. Mais do que isso, tudo fizeram para que nenhum jornalista ocidental conseguisse visitar a região. Agora, porém, não há nenhuma grande media ocidental que não tenha escrito, naturalmente sob um único ângulo de visão, sobre o que se passa lá. Não é uma segregação no século XXI? As vidas de alguns importam e de outros, não?

Pergunta: Poderia comentar a notícia de que o equipamento técnico da Missão de Monitorização da OSCE na Ucrânia é utilizado para orientar o fogo da artilharia ucraniana?

Maria Zakharova: A Missão Especial de Monitorização da OSCE trabalhou dos dois lados da linha de contacto em Donbass durante oito anos, utilizando os mais diversos meios técnicos, inclusive veículos aéreos não tripulados de curto, médio e longo alcance e câmaras de vídeo

Os dados assim obtidos destinavam-se à monitorização do regime de cessar-fogo e dos acordos sobre a retirada de material de guerra. A OSCE garantiu-nos várias vezes que a sua Missão não entregava nenhuma informação de importância militar a Kiev.

Desde 7 de março passado, todo o pessoal internacional da Missão Especial de Monitorização foi retirado da Ucrânia e das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. As atividades de monitorização pararam. A 31 de março passado, o mandato da Missão também expirou, o que exclui a continuação do seu trabalho, incluindo a utilização de equipamento. É necessário apurar quem e como usa atualmente o equipamento da Missão Especial de Monitorização que ainda permanece no local. Então onde está o equipamento, para onde foi retirado e a quem foi entregue? Se a informação sobre a utilização do equipamento da Missão Especial de Monitorização para orientar o fogo de artilharia for confirmada, isso desacreditará completamente a Missão e os dirigentes do Secretariado da OSCE e todos aqueles que escondiam estes factos. Então o papel da OSCE tornar-se-á diferente do anunciado.

Infelizmente, houve precedentes de utilização indevida de bens da OSCE (as provas existem). Em fevereiro passado, veículos blindados da Missão em Mariupol foram tomados pelo batalhão de nacionalistas Azov.  A Secretária-Geral da OSCE, Helga Schmid, ignorou os nossos avisos. Ela fez tudo para que estes factos não se tornassem públicos e disse que não era necessário "divulgar notícias falsas".

Exigimos que a liderança da OSCE informe honestamente, e não como da última vez, quem e como exatamente utilizou o equipamento da organização deixado na Ucrânia, nas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. Aqui não há nenhuma política. Estes são factos e dados. A organização é obrigada a torna-los públicos e prestar contas.

Recordamos que, nestas circunstâncias políticas e jurídicas, se tornou impossível que a Missão Especial exerça as suas funções. As atividades da Missão não têm o apoio consensual dos países participantes e não podem ser levadas a cabo. Apelamos ao Secretariado e à Presidência polaca da Organização para que elaborem e submetam rapidamente para apreciação de todos os países participantes um projeto de resolução do Conselho Permanente da OSCE sobre os parâmetros do encerramento da Missão Especial de Monitorização que permita disponibilizar fundos para a retirada do restante equipamento e cobrir os compromissos financeiros da Missão.

Após a retirada do pessoal internacional da Missão Especial de Monitorização da Ucrânia e das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, 75 blindados da Missão ficam no território da Rússia, devendo-se decidir sobre se serão vendidos, entregues a uma outra missão de campo da OSCE ou doados ao governo civil das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk.

Pergunta: Moscovo está consciente do risco de que a cooperação com Islamabad sob o novo Primeiro-Ministro no setor de gás possa ser interrompida e o projeto de gasoduto Corrente Paquistanesa possa ser anulado?

Maria Zakharova: Gostaria de recordar que o atual Primeiro-Ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, lidera o partido, a Liga Muçulmana do Paquistão (Nawaz), que estava no poder na altura em que o Governo da Federação da Rússia e o Governo da República Islâmica do Paquistão assinaram, em outubro de 2015, um acordo sobre a cooperação na implementação do projeto de gasoduto Norte-Sul, mais tarde rebatizado de Corrente Paquistanesa, que é mutuamente vantajoso, o que é uma realidade objetiva. O Paquistão está bem ciente disto. A sua implementação dará um bom impulso ao desenvolvimento do sector energético do Paquistão, ajudará a resolver o problema da escassez de energia no país. Este projeto é também benéfico para nós. Portanto, esperamos que, sob o novo governo do Paquistão, o trabalho neste projeto continue.

Pergunta: Poderia comentar a maratona online e a conferência de doadores da UE sob o lema "Defendamos a Ucrânia" realizadas por Varsóvia a 9 de abril, após a qual a Comissão Europeia e o Canadá anunciaram a recolha de fundos no valor de 9,1 mil milhões de euros para ajudar refugiados ucranianos, enquanto o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento emprestou mil milhões para estes fins?

Maria Zakharova: Esta iniciativa causa uma impressão mista. Por um lado, o aspeto humanitário e a importância de ajudar os refugiados na UE e na Moldávia merecem ser notados.

Por outro lado, a forma como esta nobre ideia está a ser concretizada põe a descoberto a dupla atitude e o egoísmo e a mercantilidade inerentes aos países ocidentais que se norteiam pelo princípio de cada um cuidar primeiro de si. De acordo com a Comissão Europeia, o número de deslocados internos na Ucrânia é 50% superior ao número de refugiados ucranianos nos países da UE (6,5 milhões contra 4 milhões). No entanto, os fundos serão distribuídos da seguinte forma: mais de 80% dos fundos recolhidos (8,3 dos 10,1 mil milhões) serão gastos dentro da UE, enquanto apenas 1,8 mil milhões de euros serão canalizados para os ucranianos na Ucrânia.

Além disso, como se verifica, esta ajuda não será desinteressada. A Comissão Europeia informou que mais de metade dos fundos, ou seja, seis mil milhões dos 10,1 mil milhões de euros, foi disponibilizada pelo Banco Europeu de Investimento, pelo Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (5 mil milhões de euros) e pelo Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (1 mil milhões de euros) a título de "empréstimos e subvenções".  Não sei se existem "empréstimos com subvenções», mas os empréstimos devem ser reembolsados. Na linguagem da burocracia de Bruxelas isso significa que os fundos em causa são disponibilizados a título de empréstimos, ou seja, como dívida. Assim, os ucranianos que ficaram na Ucrânia terão de pagar com os seus impostos a estadia dos seus concidadãos na UE. É o que se verifica na sequência do evento supracitado. Isto é, por um lado os países da UE ajudam a si próprios, por outro, travam uma guerra económica contra a Rússia, destruindo as cadeias globais de fornecimento de alimentos e colocando assim à beira da miséria a população de dezenas de países em desenvolvimento para realizar depois campanhas humanitárias de toda a espécie.

Acreditamos que esta postura da UE está desligada dos ideais morais. Os países da UE não têm medo de que Kiev comece a pedir futuramente a Bruxelas que lhe perdoe as dívidas? E o mais importante:  o que fez a burocracia da UE para melhorar a situação dos habitantes de Donetsk e Lugansk que foram submetidos pelo regime de Kiev a um extermínio físico e a um bloqueio económico e social durante oito anos? Fez alguma coisa para eles? Talvez não tenhamos ouvido falar das suas tentativas de enviar uma ajuda humanitária para lá? Não. O mesmo se verifica no caso da Síria. Acontece que Bruxelas só ajuda aqueles que não estão ligados aos governos. É normal? Um país soberano foi atacado por terroristas internacionais, defendeu-se e continua a tolerar a presença dos EUA e de outros países. Acontece que o Ocidente só ajuda aqueles que, no seu entender, são dignos da sua ajuda, não considerando necessário ajudar aqueles que estão ligados ao governo sírio, tentando sobreviver. É a posição que o Ocidente tem.

Pergunta: A Rússia retirou-se do Conselho de Direitos Humanos da ONU após a Assembleia Geral ter votado, na véspera, a favor da sua suspensão devido à operação especial na Ucrânia. Entre os que votaram a favor da suspensão, encontrava-se a Sérvia, o que foi bastante inesperado, uma vez que a Sérvia se mantinha neutra em relação ao conflito na Ucrânia, tendo levado às ruas cerca de 50.000 manifestantes para mostrar o seu apoio às ações de Moscovo no início de março passado. Que impacto isso tem nas relações entre Moscovo e Belgrado?

Maria Zakharova: Vimos uma série de votações idênticas, não só na ONU, mas também em outros fóruns. Houve votações idênticas nas últimas semanas e foram todas contra o nosso país.

Registamos as declarações de alguns políticos sérvios de que estão a ser pressionados, assim como as declarações do lado sérvio de que a Rússia é um país amigo. Talvez tenhamos opiniões diferentes sobre o que é a amizade. Apoiamos sempre os nossos amigos nas adversidades, crendo que aqueles que nos chamam amigos têm a mesma posição.

Representantes de muitos países empenhados em seguir uma política independente e equilibrada dizem-nos (o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, tem sempre disso isso) que sofrem uma tremenda pressão dos países ocidentais, principalmente dos EUA, que querem "colocar" o mundo inteiro contra a Rússia e lançar o mecanismo de "cultura do cancelamento". Portanto, têm de buscar compromissos. Não podemos compreendê-lo. Sabemos que estão a ser pressionados, mas se se trata daqueles que declaram que são os nossos amigos, então é impossível compreendê-lo.

Acreditamos que aqueles que têm sido os nossos parceiros tradicionais serão fiéis às suas posições nos organismos internacionais e nos mais diversos fóruns multilaterais, posições essas que refletem os seus verdadeiros interesses nacionais e uma atitude genuína e amistosa para connosco. Não se trata de os encorajarmos a ir contra a sua consciência e a deturpar os factos. Não, Belgrado está bem ciente não só da posição russa, mas também das causas da crise. Este tema foi muitas vezes abordado nos encontros ao mais alto nível. Eles têm toda a informação necessária. O mais importante é que eles viveram períodos históricos não menos difíceis que são semelhantes em muitos aspectos ao que está a acontecer agora na Ucrânia. Os promotores do inferno em que está há anos a Ucrânia são os mesmos. É importante compreender que não se trata apenas de apoiar o nosso país porque somos amigos, mas também de defender a verdade.

Pergunta: O Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, sugeriu que Moscovo entabulasse conversações diretas entre o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky. Ao mesmo tempo, o Presidente dos EUA, Joe Biden, realizou uma reunião virtual com o Primeiro-Ministro indiano em que disse que os EUA tencionam realizar "consultas estreitas" com a Índia sobre a situação em torno da Ucrânia. Que papel (talvez, de mediação) pode a Índia desempenhar na resolução da crise da Ucrânia?

Maria Zakharova: A Rússia e a Índia mantêm um diálogo intenso de alto e mais alto nível que versa sobre a situação na Ucrânia, entre outras coisas. Esta questão foi abordada várias vezes durante os recentes contactos telefónicos entre os líderes dos dois países, durante os quais o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, explicou ao Primeiro-Ministro, Narendra Modi, os objectivos da operação militar especial e informou-o da atual fase das conversações russo-ucraniana e das nossas avaliações de princípio em relação às ações agressivas de Kiev contra a população civil das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk.

Valorizamos (temos sempre dito isso publicamente) a posição independente de Nova Deli sobre a questão ucraniana e a sua disponibilidade de ajudar o processo de paz e a garantir um acesso humanitário às áreas atingidas. Agradecemos aos nossos amigos indianos por se recusarem a politizar as atividades das organizações internacionais e a juntar-se às sanções unilaterais ilegítimas impostas pelos EUA, a UE e os seus satélites.

Pergunta: Agora, a UE está a tentar desempenhar um papel importante na resolução do conflito de Nagorno-Karabakh. A reunião realizada em Bruxelas na semana passada é uma prova disso. O que pensa Moscovo sobre esta iniciativa do Ocidente? Bruxelas tenta ajudar Moscovo ou pretende afastá-la do processo de normalização das relações entre Baku e Erevan?

Maria Zakharova: Consideramos que o processo de normalização das relações entre a Arménia e o Azerbaijão tem por base os acordos trilaterais assinados pelos líderes da Rússia, Azerbaijão e Arménia a 9 de novembro de 2020, a 11 de janeiro e a 26 de novembro de 2021. A 9 de abril, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discutiu com o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o Primeiro-Ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, toda a gama de questões relacionadas com a sua implementação. Este tema havia dominado a pauta da reunião do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arménia, Ararat Mirzoyan, realizada em Moscovo a 8 de abril e da conversa telefónica mantida com o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão, Jeyhun Bayramov. Foram também abordadas questões relacionadas com a delimitação da fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão, o desbloqueio das vias de transporte no Sul do Cáucaso e a conclusão de um tratado de paz entre o Azerbaijão e a Arménia. A Rússia continuará a ajudar por todos os meios a normalizar as relações entre Baku e Erevan. No que diz respeito ao papel da UE, Serguei Lavrov expôs todas as nossas avaliações numa conferência de imprensa de 8 de abril após as conversações com Ararat Mirzoyan.

Pergunta (via intérprete do inglês): Os altos responsáveis russos disseram que não excluíam a possibilidade de expandir a cooperação da Rússia com os seus parceiros no Hemisfério Ocidental nos mais diversos domínios, inclusive militar, em resposta à intensificação das atividades militares dos EUA e da NATO perto da fronteira russa. Agora os países ocidentais estão a instalar um contingente de tropas e material de guerra adicionais no flanco leste da NATO. Neste contexto, a Rússia considerou expandir a sua presença no território dos seus parceiros latino-americanos como Cuba, Venezuela e Nicarágua?

Maria Zakharova: Gostaria de lembrar que os acontecimentos ocorridos na Ucrânia e o facto de os países que patrocinam o regime de Kiev, ou seja, os EUA e os países da NATO, terem cruzado as linhas vermelhas mostram que a América Latina continua a ser uma vertente independente e separada da nossa política externa.

Compreendemos que os países da América Latina estão a sofrer fortes pressões por parte dos EUA e do Ocidente coletivo que utilizam um arsenal inteiro de instrumentos estranhos à diplomacia e à legalidade, entre os quais a influência política, alavancas económicas e chantagem. Os EUA e o Ocidente coletivo não se preocupam com as consequências socioeconómicas que as suas sanções antirrussas podem ter para o mundo e para as suas próprias regiões. As duas partes da América, a América do Sul (Latina) e América do Norte, são um único organismo e uma única estrutura.

As medidas restritivas ilegais impostas à Rússia destruíram as cadeias globais de fornecimento e fizeram disparar os preços dos alimentos. Quando os preços dos combustíveis deram uma disparada em todo o mundo, os políticos norte-americanos estão a balbuciar coisas sem sentido e não encontraram nada melhor do que acusar todos os dias a Rússia de alta de preços de combustível no seu país. Dizem que foi Vladimir Putin que fez com que os preços tivessem alta. Não obstante o que digam Nancy Pelosi, Joe Biden e Jen Psaki, não foi por causa de Vladimir Putin que os preços de gasolina deram uma disparada nos EUA. Os preços subiram graças aos esforços daqueles que elaboraram e votaram a favor das sanções sem pensar que estas poderiam voltar como bumerangue ao local de onde foram atiradas e atingir a sua economia.

A cooperação entre a Rússia e a América Latina esteve sempre livre de quaisquer restrições ideológicas, fatores conjunturais e nunca foi dirigida contra países terceiros.

Estivemos sempre abertos à cooperação mutuamente benéfica e ao desenvolvimento de relações construtivas com os países latino-americanos em todas as esferas, da política ao comércio, da cooperação cultural à técnico-militar. Temos sempre salientado que a nossa cooperação técnico-militar está em conformidade com os acordos bilaterais e as legislações nacionais e internacionais e não visa alterar o equilíbrio político-militar na região e não é dirigida contra outros países.

Pergunta: O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, pronunciou-se a favor de uma "solução militar" para o problema da Ucrânia. Anteriormente, havia lamentado que a Rússia se preparasse para as sanções, tendo transferido parte dos seus fundos para os países onde estes não seriam bloqueados. A senhora acha que vale a pena a Rússia continuar a manter relações com a UE como organização?

Maria Zakharova: Um comentário e avaliação das declarações feitas pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, após visitar a Ucrânia foram publicados ontem no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Recomendo que leiam estas publicações e as respostas do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, às respetivas perguntas. A transcrição e os vídeos estão disponíveis no nosso sítio web.

Só posso salientar mais uma vez que a declaração do funcionário europeu de que "esta guerra será ganha no campo de batalha" mostra que a União Europeia abdicou definitivamente dos seus elevados ideais de paz estabelecidos pelos fundadores da associação. Eles queriam que uma nova guerra na Europa fosse "impensável e impossível".  Mas aí Josep Borrell veio e estragou tudo.

A UE está a transformar-se diante dos olhos de todo o mundo num instrumento militarizado e agressivo de expansão externa, reforçando os seus métodos de trabalho, que estão longe de ser de mercado, com as suas aspirações militaristas. A hipocrisia da União Europeia não tem limites. Utiliza a Fundação para a Paz na Europa para prestar assistência a Kiev e para ajudar os neonazis ucranianos a continuarem a matar pessoas impunemente. O facto de os políticos da UE utilizarem correntemente um slogan nazi (não vou repeti-lo) que foi usado na Alemanha nazi como saudação mostra quais são os verdadeiros valores professados pelo "Ocidente iluminado". Pode ser que os funcionários de Bruxelas façam isso sem pensar, mas têm ideólogos e escritores de discursos, bem como pessoas que se dedicam à verificação dos factos que lhes poderiam dizer o que significa esta saudação.  A norte-americana Nancy Pelosi encontrou uma saída, passando a dizer "Glória a Wuhan". Os europeus também poderiam ter arranjado uma forma de dizê-lo. O espaço mediático da UE está a ser limpo de visões alternativas, os russos e as pessoas russófonas, os meios de comunicação social, figuras públicas, empresas e entidades humanitárias ligadas à língua russa são alvo de uma pressão sem precedentes nos países da UE. O objetivo é forçá-los a renunciar à Rússia, ao seu país de origem, a assinar o juramento de lealdade ao mundo ocidental. Isto faz lembrar a Alemanha na década de 1930. Livros a ser queimados em praças públicas, marchas das tochas, saudações nazis e exigências de renunciar, por escrito ou oralmente, aos sentimentos, tradições e raízes culturais nacionais a favor da comunidade democrática liberal (assim se chamava na altura). Verifica-se a mesma coisa.

Os postulados sobre a necessidade de encontrar uma solução política e de apoiar as conversações desapareceram da linguagem da UE. Não há nada disso e percebe-se bem porque. Uma decisão política irá impedir as atividades para o alcance do seu objetivo principal: continuar a guerra por procuração até ao último ucraniano, o que, na verdade, acontece. No início, observaram como alguns ucranianos bloqueavam as contas de outros ucranianos, caminhos de ferro, sistemas logísticos, transferências bancárias. Observaram durante oito anos como uma parte da Ucrânia praticava violências contra a outra. Naquela altura, não estávamos envolvidos na fase aberta do conflito, ajudando, porém, em alimentos, dinheiro, medicamentos e remessam humanitárias. A UE não o fazia. Era do seu interesse que uma parte da Ucrânia destruísse a outra. Agora a "fogueira" tornou-se ainda maior. Aparentemente, a sua alegria não tem fim.

Esta "diplomacia" da UE vai contra os interesses da população dos países europeus que deseja a paz e a estabilidade e não quer ver manifestações de nazismo e discriminação no nosso continente comum.

Pergunta: As missões diplomáticas russas nos países europeus estão a acompanhar a situação criada na sequência da emissão do Decreto do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre um procedimento especial de cumprimento dos compromissos para com os fornecedores de gás natural russos? Existem algumas avaliações preliminares?

Maria Zakharova: As missões diplomáticas russas estão constantemente a acompanhar e a analisar declarações dos líderes dos países anfitriões sobre importantes questões económicas, incluindo o referido Decreto Presidencial, de 31 de março, segundo o qual os países hostis devem pagar em rublos pelo gás russo.

Alguns países que estão interessados em receber o gás russo disseram estar dispostos a estudar a proposta da Rússia, que surgiu como resultado da desconfiança no anterior sistema de desembolsos devido às medidas restritivas impostas pelos países ocidentais.

Alguns políticos responderam negativamente. Fica-se com a impressão de que alguns líderes europeus, alheios ao que estava a acontecer, decidiram demonstrar a sua determinação antirrussa. Recorde-se que o novo esquema de pagamentos não implica a mudança da moeda estabelecida nos contratos. O único requisito é abrir contas em euro ou dólar e em rublo num banco russo autorizado que serão utilizadas para que os pagamentos efetuados pelos compradores do gás russo sejam convertidos em rublos através da Bolsa Cambial de Moscovo e entrem na conta do vendedor.

É cedo para comentar o que os compradores do gás russo irão realmente fazer e como irão efetuar os pagamentos. As entregas agendadas para abril serão pagas nos finais de abril, princípios de maio. Por enquanto, a Rússia cumpre as suas obrigações contratuais, incluindo aquelas relativas ao trânsito de gás através do território da Ucrânia. A Ucrânia exorta todos a abandonar tudo, estando, contudo, satisfeita com o gás russo a passar através do seu território.

Gostaria também de comentar a declaração do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália, Luigi Di Maio, que qualificou de chantagem o pedido da Rússia para abrir contas em rublo para pagar o gás russo fornecido à Itália. Fiquei surpreendida ao ouvi-la. Depois apercebi-me que a lira não se usa há muito tempo na Itália. É por isso que eles acham estranho que ainda existam países que continuam a usar a sua moeda nacional.

Pergunta: Durante a reunião por videoconferência com o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, realizada a 11 de abril de 2022, o Presidente dos EUA, Joseph Biden, pediu novamente à Índia que deixasse de comprar petróleo russo para privar a Rússia de receitas provenientes das vendas de energia. Ele prometeu ajudar a Índia a diversificar os seus fornecedores, caso este país concordasse. Por sua vez, em declarações à imprensa, o Ministro da Defesa indiano chamou à Rússia aliado natural da Índia, salientando, contudo, que "Nova Deli não permitiria que as relações com um país terceiro tivessem um impacto negativo nos interesses nacionais de Washington". Como avalia as relações Rússia-Índia neste período difícil? É provável que a Índia se recuse a cooperar com a Rússia em matéria de energia e defesa para não prejudicar os interesses nacionais dos EUA? Está Moscovo a planear intensificar a estreitar a cooperação com Nova Deli?

Maria Zakharova: Já comentei as nossas relações bilaterais. Apesar de uma pressão sancionatória sem precedentes por parte dos EUA e dos seus aliados, as nossas relações com a Índia estão a avançar progressivamente. No dia 1 de abril de 2022, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, visitou Nova Deli, onde foi recebido pelo Primeiro-Ministro, Narendra Modi, e manteve conversações detalhadas com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar.

A cooperação no setor de energia e a cooperação técnico-militar são áreas tradicionais e fundamentais da parceria estratégica especialmente privilegiada entre a Rússia e a Índia. A intensificação desta cooperação é a prioridade absoluta para ambos os países. Estamos empenhados em cumprir os nossos compromissos assumidos anteriormente e os assumidos durante a visita do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, à Índia, a 6 de dezembro de 2021.

Entre os exemplos ilustrativos de cooperação bem-sucedida nas áreas supracitadas estão a construção da Central Nuclear de Kudankulam, a exploração do campo de petróleo e gás de Sakhalin-1 e a criação dos   mísseis de cruzeiro supersónicos BrahMos. É por isso que não dececionamos os nossos parceiros e sabemos ser amigos apesar de dificuldades. Isto faz parte da nossa história.

Pergunta: Os EUA e o Reino Unido reagiram às notícias dos media ucranianos de que a República Popular de Donetsk e as forças armadas russas teriam usado armas químicas durante a libertação de Mariupol, dizendo que "estão a preparar uma resposta". Estará o Ministério dos Negócios Estrangeiros a planear publicar um comentário em desmentido? Estarão as autoridades russas dispostas a deixar que os representantes da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) cheguem à República Popular de Donetsk ou à Rússia para fornecerem as provas necessárias do trabalho realizado em 2017, caso o respetivo pedido seja recebido? (Em 2017, foram realizadas atividades para a eliminação das armas químicas, após o que a OPAQ constatou que, em 2017, não havia armas químicas no território da Rússia).

Maria Zakharova: Isto já foi registado. Ou está a perguntar como reagir às acusações lançadas pelo Reino Unido, EUA e Ucrânia? Nós sabemos como responder. O Ministério dos Negócios Estrangeiros continua a registar insinuações no Ocidente e em Kiev relativamente ao alegado uso de agentes químicos tóxicos e armas químicas em Donbass pelas milícias de Donetsk e de Lugansk e pelas tropas russas. Hoje houve uma notícia exótica: alguém do Pentágono ou um militar norte-americano ou Jen Psaki disse que não tinham informação sobre isto, mas que esta podia existir (esta é a sua frase favorita), mas podem usar sprays semelhantes aos usados para dispersar manifestantes. É uma fantasmagoria.

As insinuações sobre esta questão são absolutamente infundadas. Dissemos que divulgaríamos declarações especiais, comentamos isso regularmente. Respondendo à sua pergunta, posso dizer que estas alegações são infundadas. Ao mesmo tempo, gostaria de recordar que o Ministério da Defesa russo informou recentemente que o regime de Kiev havia negociado com o fabricante turco de veículos aéreos não tripulados BYKAR para equipar os seus drones Bayraktar Akinci com pulverizadores com tanques de 20 litros. Tomo a liberdade de supor que não é da água que se trata e muito menos de água benta.

Evidentemente que para o regime de Kiev todos os meios são bons. As imagens das suas atrocidades não simplesmente vazaram para a internet. Estas pessoas têm prazer em fazê-lo. Para elas, é um motivo de orgulho. Acham completamente normal utilizar meios para causar as maiores baixas possíveis ao adversário sem se importar com quem está na sua frente: o inimigo ou os civis.

Segundo os peritos, a utilização destes veículos aéreos, mesmo que estejam equipados com produtos químicos tóxicos nas referidas quantidades, não é eficaz. No entanto, o transporte de agentes biológicos por estes veículos é possível. Os agentes biológicos mesmo em quantidades pequenas podem causar danos maiores à população que tem sido submetida a genocídio pelos nacionalistas da Ucrânia há mais de oito anos. Tanto mais que as dimensões das atividades biológicas desenvolvidas pelos EUA com fins militares em cerca de 30 laboratórios na Ucrânia sob a égide do Pentágono é agora do conhecimento geral.

Gostaríamos de salientar mais uma vez que todas e quaisquer insinuações sobre a utilização de armas químicas pela Rússia são infundadas e só fazem lembrar as acusações feitas, em tempos, contra as autoridades sírias e as Forças Aeroespaciais russas na Síria, no meio das intermináveis provocações químicas da entidade pseudo-humanitária, os Capacetes Brancos. Os Capacetes Brancos intensificaram novamente as suas atividades. Visitaram Londres para obter orientações. Há relatos de terem intensificado as suas atividades devido aos acontecimentos na Ucrânia. Por isso, procurem factos lá. Penso que, em breve, tudo se tornará claro e será confirmado por factos.

Pergunta: Numa entrevista recente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, disse que a operação militar especial da Rússia visava pôr fim ao domínio dos EUA no mundo. Quererá isso dizer que a Rússia não exclui uma escalada da guerra e um provável confronto militar direto com a NATO?

Maria Zakharova: Gostaria de recordar aos nossos colegas a citação completa da entrevista concedida por Serguei Lavrov ao canal de televisão Rossiya 24: "A nossa operação militar especial foi concebida para pôr fim à política desenfreada dos EUA para obter o domínio total sobre o mundo. Não se trata apenas, e não tanto, da Ucrânia. Nem todos estão dispostos a aceitar o seu domínio. A Rússia, com a sua história e com as suas tradições, é um dos países que nunca assumirá uma posição subordinada".  Agora todo o mundo está a fazer um teste de força para ver quem é amigo, quem é inimigo e quem não é amigo nem inimigo, quem pode resistir, quem tem potencial para conduzir uma política externa independente, e quem se rendeu ou vendeu ou se esqueceu por algum tempo da sua soberania. Tudo é possível. Não há modelos iguais para todos. Este é um teste global.

Isso significa (quando Serguei Lavrov falou sobre o assunto) que, por detrás das forças neonazis que chegaram ao poder em resultado de um golpe de Estado inconstitucional em 2014, estiveram, durante todos estes anos, antes e depois dos acontecimentos em 2014, os EUA e os países da NATO. Eles continuam a estar por detrás delas ainda hoje. Antes dos acontecimentos de 2014, eles criavam, alimentavam e treinavam os nazis que atuaram mais tarde na praça de Maidan, nos campos nos países bálticos e na Polónia e depois, durante o golpe de Estados inconstitucional, com o apoio político, financeiro, etc.

Após o golpe começou um processo diferente. Os nazistas treinados para ações militares começaram a receber armas, a legitimar-se na Ucrânia e a incorporar-se nas forças armadas ucranianas, infetando o exército ucraniano com o bacilo neonazi. É o que deve ser lembrado. Estas realizações foram usadas para fazer da Ucrânia uma "anti-Rússia". A Ucrânia começou a receber fornecimentos maciços de armas e a transformar-se numa testa de ponte contra o nosso país e não só. Trinta laboratórios biológicos não visavam apenas o nosso país. Quem mais são os vizinhos da Ucrânia? As armas biológicas não conhecem fronteiras e não têm limites.

A Rússia tem sempre feito os possíveis para evitar um confronto militar com a NATO. Esperamos que o Ocidente tenha bom senso para evitar uma maior escalada. Mas o senhor tem razão em dizer que a escalada é provocada pelo Ocidente. Os fornecimentos de armas, apoio financeiro, a carta branca em matéria ideológica, moral e política, propaganda e a política de silenciar os factos fazem parte da escalada.

Pergunta: Os serviços secretos japoneses retiraram o batalhão ucraniano Azov do seu guia sobre o terrorismo internacional para 2021 e lamentaram esta situação. Tem algum comentário sobre isso?

Maria Zakharova: Já comentei hoje este tema. Não tenho mais informações no momento.

Pergunta: Os serviços de informação franceses afirmam que os EUA e o Reino Unido estão a travar uma "guerra secreta" contra a Rússia na Ucrânia. Uma informação semelhante foi publicada nos meios de comunicação russos. Qual é a posição de Moscovo sobre este assunto?

Maria Zakharova: Não vejo nada de "secreto" nas suas ações. Há também uma parte invisível, escondida das pessoas comuns, que, porém, é vista pelos especialistas.

Eu diria que a parte visível das suas atividades é suficiente para compreender o papel destes dois países. Já falei sobre isto hoje. Temos vindo a falar sobre isto todos estes anos. A criação de uma testa de ponte para uma guerra híbrida contra o nosso país, a formação de combatentes sob a bandeira neonazi e a sua incorporação nas forças armadas oficiais e a sua legitimação, a criação de bases perigosas para o fabrico de armas biológicas disfarçadas de instituições do Ministério da Saúde da Ucrânia e que atuaram na realidade sob os auspícios do Pentágono e com o dinheiro do Pentágono equivale a criar um verdadeiro monstro no território da Ucrânia. Praticaram e testaram todos estes métodos em cidadãos ucranianos que viviam nas regiões sudeste da Ucrânia limítrofes à Rússia. O papel destes países é óbvio e ninguém o esconde. Utilizaram a Ucrânia como instrumento para desestabilizar a região, para travar uma guerra híbrida contra o nosso país.

Pergunta: O jornal britânico The Times relatou que os Capacetes Brancos, conhecidos pelas suas provocações na Síria, ofereceram-se para ajudar a Ucrânia. Que resultado poderia ter esta "cooperação", dada a enorme quantidade de notícias falsas sobre a operação especial russa fabricadas na Ucrânia?

Maria Zakharova: Terá como consequência uma série de provocações, semelhantes às que tiveram lugar na Síria. Haverá muitas   produções encenadas e ações que são muito conhecidas da comunidade mediática ocidental e compreensíveis à população local. Passarão a lançar acusações mais sofisticadas contra a Rússia e usar todo o seu arsenal ensaiado na Síria. Não tenho a menor dúvida. Eles já receberam orientações. Os serviços secretos britânicos, especializados em venenos, estão a dar-lhes orientações, os seus especialistas estão presentes no território da Ucrânia e no estrangeiro. Os Capacetes Brancos estão de volta ao jogo. São financiados pelo Departamento de Estado, o Reino Unido e a NATO. Foi para isso que foram criados e treinados na Síria. Este é o seu novo projeto. Os métodos são os mesmos. São conhecidos no espaço mediático do Ocidente. Não precisam de nenhuma campanha de promoção. Já foram nomeados para o Óscar, ganharam vários prémios internacionais e se tronaram numa empresa multinacional, servindo ao mesmo tempo de disfarce para as atividades pouco decorosas e ilegais dos serviços secretos ocidentais, principalmente norte-americanos e britânicos.

Pergunta (via intérprete do inglês): A cadeia de televisão ITV News e outras organizações documentaram numerosos alegados crimes de guerra na Ucrânia. O Presidente dos EUA, Joseph Biden, acusou a Rússia de genocídio na Ucrânia. Tem alguma coisa a dizer sobre esta acusação?

Maria Zakharova: Os comentários sobre as declarações de Joseph Biden devem ser feitos pelo serviço de imprensa da Casa Branca. Em regra, emite dois ou três desmentidos após as suas declarações. Vamos esperar para ver se publicarão um outro comunicado em desmentido da declaração presidencial.

Respeitamos as instituições democráticas que permitem ao povo norte-americano fazer a sua escolha por meio de votação, reconhecemos a sua escolha como legítima, respeitamos a opinião do povo norte-americano e reconhecemos o Presidente dos EUA, Joseph Biden. Todavia, francamente, nem todas as suas declarações são adequadas. Prova disso é o trabalho da sua administração que corrige sempre o que ele diz, faz desmentidos ou esclarecimentos adicionais. No entanto, o mais curioso é que até as suas declarações são redigidas sob a direção de pessoas que escrevem teses para ele. Leu tudo direitinho? Pronunciou bem todas as palavras e letras? Não sei dizer-lhe. É impossível levar a sério estas declarações que são feitas regularmente para expressar uma posição oficial do Estado, porque o serviço de imprensa da Casa Branca nega sempre o que foi dito pelo seu Presidente. Não vou comentar estas palavras e declarações.

Falando sobre a posição da administração dos EUA em geral, não nos devemos limitar apenas à sua posição atual nem às acusações feitas contra a Rússia. Façamos uma análise retrospetiva. Quando é que foi de modo diferente? Houve alguma altura em que a administração dos EUA ou o governo britânico não nos tivessem acusado de nada? Lembra-se de um ano em que o nosso país não tenha sido declarado "culpado" por uma coisa? Isso não aconteceu nunca nos últimos 15 anos. Fomos sempre culpados de alguma coisa, mas há uma pequena nuance. As acusações por eles lançadas contra nós não foram sustentadas por provas.

As atuais acusações têm como pano de fundo a política de silencio seguida durante oito anos pelas administrações do atual e do antigo Presidentes dos EUA, o governo britânico e Bruxelas em relação ao verdadeiro genocídio perpetrado em Donbass. Se o Presidente dos EUA, Joseph Biden, o seu antecessor Donald Trump, presidentes de outros países da NATO, o Primeiro-Ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e a sua antecessora Theresa May tivessem feito pelo menos uma declaração em condenação ao regime de regime de Kiev e tivessem exigido que ele deixasse de bombardear a população civil, eu acreditaria agora na sua sinceridade. Não pode mostrar-me nenhuma declaração de Washington, Londres ou Bruxelas que exigisse que o Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, ou o seu antecessor Petro Poroshenko deixassem de bombardear instalações civis, matar crianças durante oito anos, perpetrar genocídio e bloquear a ajuda humanitária ao povo de Donbass. Não houve nenhumas declarações do gênero, havendo, contudo, vítimas humanas. Houve-as aos milhares. Portanto, aqueles que fazem tais acusações são simplesmente hipócritas. Se não conseguiram ver o massacre de civis durante oito anos, não vale a pena confiar nas suas avaliações.

Pergunta (via intérprete do inglês): A senhora falou de governos ocidentais, em particular do governo britânico, que disseram sobre as notícias falsas das atrocidades perpetradas na Ucrânia. Tem provas disso?

Maria Zakharova: Quando alguém denuncia que um indivíduo está implicado num crime, ele deve apresentar provas.

O regime de Kiev, Washington, Londres e várias outras capitais ocidentais acusaram a Rússia dos acontecimentos na cidade de Bucha. Dirijo a sua pergunta a eles: Onde estão as provas? Eles apresentaram como provas vídeos e fotografias que não aceitámos por considerá-los como tirados depois de as tropas russas terem saído da cidade ou como falsos. Por outras palavras, a prova deve ser apresentada pelo denunciante.

O segundo aspeto. Nós apresentámos muitos materiais para provar a nossa posição. Existe uma entrevista e uma declaração pública feita pelo Presidente da Câmara de Bucha, Anatoly Fedorchuk, imediatamente após a retirada das tropas russas. Ele disse que não havia tropas russas na cidade e que a vida estava a voltar ao normal. Ele não disse uma só palavra sobre os crimes que nos foram posteriormente imputados. Para uma pessoa normal, esta situação não terá uma continuação lógica, porque ninguém mantinha na mira o autarca de Bucha quando estava a dizer em frente às câmaras que a vida estava a voltar ao normal; ele estava livre ao dizer estas coisas, estava feliz e despreocupado, o que significa que não tinha visto nenhuma tragédia. A tragédia só surgiu alguns dias mais tarde, quando as unidades ucranianas entraram na cidade.

Outro aspeto a assinalar. Os habitantes de Bucha podiam usar livremente os seus telemóveis quando as tropas soviéticas se encontravam na cidade. Tinham acesso à Internet e, por isso, uma ligação ao mundo externo. Podiam tirar fotografias, telefonar aos meios de comunicação e enviar-lhes as suas fotografias, enviar mensagens de voz, etc. Não fizeram nada disso. Sabe porquê? Porque não havia factos para relatar. Estes "factos" só surgiram quando as unidades ucranianas entraram na cidade. Dissemos que este fora um espetáculo encenado de acordo com o guião utilizado na Síria durante anos para encenar ataques químicos. Os espetáculos na Síria foram precedidos de uma das encenações mais escandalosas na Europa ocorrida em Srebrenica. As provas encontradas mostraram que as coisas apresentadas pelos países ocidentais e os seus líderes não correspondiam à verdade.

Em suma, a base probatória apresentada pelo Ocidente para provar as acusações que nos foram feitas, desfez-se. E não há outra. Alguns peritos serão enviados a Bucha para investigar a tragédia. Esperamos que eles tenham a coragem de realizar uma investigação realmente despolitizada. Mas duvido, sabe porquê?

Posso fazer-lhe uma pergunta retórica (acho que não vai responder): E o que dizer dos Skripal? Trabalha para uma cadeia de televisão britânica. Viu-os alguma vez? Falou com eles? Já se passaram tantos anos. Fomos acusados de os termos envenenado. A filha de Serguei Skripal deu uma única entrevista a uma cadeia de televisão britânica desconhecida que pertencia provavelmente aos serviços secretos britânicos. Desde então, eles não responderam a nenhumas perguntas de jornalistas, do público ou de investigadores. Os Skripal não disseram nada que pudesse ser apresentado ao mundo. Ninguém pode dizer onde eles estão, como estão e o que lhes aconteceu na altura. A Scotland Yard tomou a seu cargo a investigação. Quanto tempo é necessário para a Scotland Yard e os serviços secretos britânicos dizerem o que aconteceu? Enquanto isso, o Reino Unido lançou acusações contra o nosso país. O Primeiro-Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido também se pronunciaram. Este comportamento provocatório está na base da política ocidental.

Pergunta: Se não é segredo, a marcha tradicional do Regimento Imortal terá lugar em Moscovo? Se sim, então as missões russas no estrangeiro tomarão providências para acelerar o processo de emissão de vistos para aqueles que desejam participar? A Rússia enviou convites para as celebrações do Dia da Vitória a outros países?

Maria Zakharova: Tem razão, já é tradição realizar uma marcha do Regimento Imortal durante as celebrações do Dia da Vitória. É realizada em cidades de toda a Rússia. Devido à pandemia da COVID-19, a marcha foi realizada virtualmente. No nosso país, esta tradição será mantida sempre. Os organizadores devem anunciar quando e como a marcha vai decorrer.

Agora estão a pensar como realizá-la: em regime presencial ou virtual. Deve dirigir a sua pergunta para eles. De qualquer maneira, participaremos certamente no evento. O seu formato será decidido sem falta. Se for decidido realizar uma marcha presencial e houver interessados em participar entre estrangeiros e jornalistas, prestaremos, como sempre, a nossa ajuda. Mas antes de mais, os organizadores devem decidir sobre o formato. As embaixadas russas no estrangeiro estão a estudar este assunto, levando em conta toda a gama de fatores. Iremos certamente informar-vos quando a decisão for tomada.

Quanto aos convites para as celebrações do Dia da Vitória a países estrangeiros, gostaria de recordar uma vez mais que esta questão é da competência do Gabinete do Presidente do país. Estamos atentos e a aguardar pela publicação da respetiva informação.

 

 


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