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Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 4 de fevereiro de 2022

156-04-02-2022

 

Felicitações ao povo chinês pela Festa da Primavera

 

Ontem publicámos informações detalhadas sobre as conversações mantidas na China entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, e o seu homólogo chinês, Wang Yi. As informações estão disponíveis no website.

Foi salientado que estas conversações tiveram lugar nos dias em que o povo chinês estava a celebrar um dos principais feriados em termos de tradições e cultura chinesas, o tradicional Ano Novo chinês.

Também temos as nossas próprias tradições. Consistem em desejar aos nossos amigos chineses um feliz Ano Novo em chinês. Para honrar esta tradição, gostaria de dizer:

祝贺兄弟的中国人民春节到来.

我想祝愿中国朋友们: 春节愉快 、恭喜发财、万事如意.

我 衷心 祝愿 北京2022 年冬季奥运会成功、加油.

Tradução não-oficial

Desejo ao povo chinês irmão um Feliz Ano Novo no calendário tradicional. Desejo aos nossos amigos chineses boas festas, prosperidade e a realização de todos os seus desejos.

Desejo sinceramente que os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim tenham êxito. Avante!

Recebemos muitas perguntas e pedidos referentes a este assunto. Penso que respondi às questões que foram colocadas.

 

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se com os Embaixadores da China, da República da Coreia, da RPDC, da Mongólia, do Vietname e de Singapura

 

Conforme anteriormente anunciado, deveria realizar-se, no dia 31 de janeiro, uma receção em nome do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, em homenagem aos Embaixadores dos países que celebram o Ano Novo Lunar, a tradicional festa de Ano Novo de que acabamos de falar.  O evento passou para o dia 8 de fevereiro e contará com a presença dos Embaixadores da República Popular da China, República da Coreia, República Popular Democrática da Coreia, Mongólia, Vietname e Singapura.

As reuniões dos dirigentes do Ministério com os diplomatas que representam os países mencionados no âmbito das comemorações é outra boa tradição que contribui para o reforço das relações de amizade e compreensão mútua com os países da região. Este ano, o evento contará com a presença do Ministro.

 

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se com parlamentares e diplomatas dos países membros da OTSC

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, reunir-se-á, no dia 9 de fevereiro, em Moscovo, com os presidentes e membros dos comités (comissões) dos parlamentos dos países membros da OTSC responsáveis pelas relações internacionais, Vice-Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros da OTSC e os Embaixadores dos países membros da OTSC na Federação da Rússia.

A reunião versará sobre questões relacionadas com a intensificação das atividades da OTSC, incluindo a sua componente parlamentar, e questões correntes da agenda internacional e regional.

 

Clube Valdai realiza Conferência "Segurança Coletiva numa Nova Época: Experiência e Perspetivas da OTSC"

 

O Clube Internacional de Discussão Valdai realiza, no dia 9 de fevereiro, com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, a Conferência Internacional "Segurança Coletiva numa Nova Época: Experiência e Perspetivas da OTSC". Participam na Conferência o Secretário-Geral da OTSC, os Vice-Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros da OTSC, destacados cientistas políticos e especialistas na segurança internacional. A Conferência insere-se no contexto das comemorações do 30º aniversário do Tratado de Segurança Coletiva e do 20º aniversário da Organização, completados este ano.

A transmissão em direto será feita nas contas do Ministério nas redes sociais e nos recursos on-line do Clube Valdai.

 

Dia do Diplomata

 

A 10 de fevereiro, a Rússia celebra o Dia do Diplomata, criado pelo Decreto Presidencial de 31 de outubro de 2002. Este ano celebraremos a data pela vigésima vez, uma espécie de aniversário. A data escolhida para o feriado remete à referência mais antiga à Chancelaria Diplomática russa, o primeiro órgão de Estado do nosso país encarregado de negócios estrangeiros, nos documentos datados de 10 de fevereiro de 1549.

Como já é tradição, planeamos uma série de eventos comemorativos que, na sua maioria, serão realizados virtualmente ou em formato híbrido devido à pandemia. Iremos concentrar-nos na componente da informação.

A 10 de fevereiro, será realizada, no edifício do Ministério, uma cerimónia de deposição de coroas deflores junto das placas com os nomes dos nossos colegas tombados na Grande Guerra Patriótica e em tempo de paz no desempenho das suas funções profissionais e nos túmulos de destacados diplomatas soviéticos e russos no Cemitério de Novodevichy. Está também previsto que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e o pessoal do Ministério depositem flores ao pé do monumento a Evgueni Primakov.

O Departamento de Documentos Históricos do Ministério dos Negócios Estrangeiros organiza uma exposição dedicada à história da diplomacia russa no hall de entrada da sede do Ministério. A exposição estará também disponível nos nossos recursos e on-line.

Os recursos digitais do Ministério e das missões diplomáticas russas publicarão materiais sobre a história da diplomacia russa alusivos ao Dia do Diplomata. Na véspera do Dia do Diplomata e no âmbito da ação #Homenagem aos Diplomatas, prestamos homenagem aos nossos colegas falecidos, acarinhamos a sua memória e recordamos as páginas de glória da diplomacia russa e as suas ilustres figuras. Iremos publicar os mais diversos materiais, siga-os e os nossos hashtags (#MIDshutit).

Claro que estamos à espera das tradicionais felicitações do Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Lavrov a todos os funcionários da nossa agência.

 

Sobre o Dia da Lembrança dos Correios Diplomáticos

 

No dia 5 de fevereiro é celebrado na Rússia o Dia da Lembrança dos Correios Diplomáticos mortos no cumprimento do dever.

A data não foi escolhida à toa. Nesse mesmo dia, em 1926, um dos primeiros correios diplomáticos da Rússia Soviética, Theodor Nette, e o seu colega Iohann Mahmastal foram atacados por bandidos quando seguiam num comboio expresso internacional para Riga. Theodor Nette foi morto ao disparar sobre o primeiro agressor enquanto o gravemente ferido Iohann Mahmastal conseguiu defender a mala diplomática. Theodor Nette foi enterrado a 9 de fevereiro de 1926 no cemitério Vagankovsky em Moscovo.

Em homenagem aos correios diplomáticos mortos durante a Grande Guerra Patriótica, a placa na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia ostenta os nomes dos correios diplomáticos que cumpriram o seu dever à custa das suas próprias vidas.

Hoje em dia, apesar da rádio e das comunicações espaciais, da Internet e de outras conquistas técnico-científicas, o correio diplomático continua a ser um dos meios de comunicação mais confiável. O trabalho eficaz nesta área depende, em grande medida, do pessoal selecionado. O correio diplomático é uma profissão invulgar. Requer enorme responsabilidade pela segurança e inviolabilidade dos materiais, documentos e segredos do Estado que lhe são confiados e envolve toda uma série de riscos.

Ainda hoje, muitos correios diplomáticos têm de agir em condições extremas, inclusive as de conflitos armados. Além disso, a pandemia fez tantas mudanças no trabalho dos correios diplomáticos que penso que ainda serão escritos muitos livros para relatar estes acontecimentos.

Não é caso raro os correios diplomáticos serem agraciados com as mais diversas condecorações nacionais e ministeriais por atos de coragem na defesa da mala diplomática.

Este ano, este dia foi marcado por um acontecimento trágico: no dia 28 de janeiro, faleceu subitamente Serguei Lukyanchuk, Diretor do Departamento de Correio Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. Dedicou quase 30 anos da sua vida ao trabalho no Ministério, ocupando diversos cargos no Ministério e nas missões diplomáticas russas no estrangeiro. Em julho de 2018, foi nomeado Diretor do Departamento de Serviços de Comunicação e Correio Diplomático.

Excelente profissional, bom homem. A sua morte chocou-nos a todos. Amanhã, ao recordarmos os nossos colegas, honraremos mais uma vez a sua memória. Ele permanecerá para sempre nos nossos corações, nos corações de todos aqueles que o conheciam, como homem de coração aberto, excelente dirigente e diplomata muito competente que possuía experiência e conhecimento, determinação e discernimento e servia realmente o seu país.

 

Ponto da situação na Ucrânia

 

Esta semana, a campanha política e mediática desencadeada no Ocidente para fomentar o mito da ameaça russa e dos planos de Moscovo de atacar a Ucrânia, etc, prosseguiu, acumulando todos os disparates postos em circulação pelos nossos parceiros ocidentais. A história de uma alegada "ameaça" russa à Ucrânia, o agravamento da situação internacional - tudo isto vai contra a situação real e o bom senso comum que impõem a necessidade de pôr, o mais rapidamente possível, termo à histeria instigada pelos ocidentais, sobretudo anglo-saxões, e de normalizar a situação.

Todos os meios disponíveis estão a ser utilizados. A 2 de fevereiro deste ano, o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, publicou um vídeo na página oficial do governo britânico em que fala sobre as tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia, intimidando os espetadores com "a perspectiva muito real de uma iminente invasão russa". Senhor Johnson, até mesmo Jen Psaki não usa, há uma semana, palavras como estas, como afirma ela própria. Pode ser que, se o senhor não usar estas palavras por um par de dias, a situação venha a melhorar? É o que normalmente acontece quando se deixa de utilizar as "frases" pré-prontas, tudo se torna imediatamente mais calmo, mais tranquilo. Pare de intimidar toda a gente, pare de espalhar falsificações e lançar ameaças. O seu vídeo, acompanhado de uma banda sonora perturbadora, chama a atenção, ameaçando com novas sanções contra o nosso país. É o cúmulo da propaganda. A música perturbadora sobreposta às palavras de Boris Johnson afoga absolutamente a voz do regime de Kiev que já começou a gritar o diametralmente oposto ao que os anglo-saxões dizem.

As autoridades ucranianas perceberam de repente que o Ocidente está a utilizar simplesmente o seu país no seu interesse político e estão a tentar "recuar". O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Aleksei Danilov, disse recentemente que não via motivos para que alguns representantes de países ocidentais afirmassem que a Rússia estava a preparar-se para "invadir" a Ucrânia. Um ponto de vista semelhante foi expresso pelos Ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Aleksei Reznikov e Dmytro Kuleba, respetivamente.

As declarações dos serviços de imprensa dos EUA e do Reino Unido já provocam risos e piadas cáusticas não só na Rússia, mas em todo o mundo. É impossível levar a sério estes conjuntos de clichés mitológicos e fobias.

É preciso encarar a realidade de forma responsável e não como um mundo de fantasia dos políticos anglo-saxónicos. Nem Washington, nem Londres ouve os pedidos de Kiev para "afrouxar a marcha". Eles têm as suas próprias "tarefas", uma crise política. Precisam urgentemente de uma oportunidade para "lutar" virtualmente. É o que estão a fazer para desviar a atenção dos seus cidadãos dos problemas políticos dos seus países. Os EUA em primeiro lugar e os países da NATO continuam a enviar à Ucrânia novos e novos lotes de ajuda militar (como lhe chamam), tornando cada vez mais difícil a busca de uma solução política para o conflito em Donbass e levando assim a "água ao moinho" do "partido de guerra" na Ucrânia, dos que continuam a exortar a matar e a expulsar os dissidentes e inconvenientes.

Donbass continua a ser alvo de bombardeamentos, em violação do cessar-fogo em vigor desde julho de 2020 e do apelo lançado pelo Quarteto Normandia em Paris, a 26 de janeiro passado, no sentido de este ser rigorosamente observado. Desde o início deste ano, o número de violações nesta região já ultrapassou os três mil.

Exortamos os países da NATO a deixarem imediatamente de fomentar a histeria em torno do conflito ucraniano e a deixarem de fornecer armas e munições e de apoiar o regime de Kiev como um dos lados do conflito no leste da Ucrânia.

Esperamos que as autoridades ucranianas deixem de "dançar conforme tocam" os seus supervisores da NATO porque este não é um caminho para um penhasco, mas para cair de um penhasco. O governo de Kiev deve mostrar a sua independência e iniciar um diálogo pleno com Donetsk e Lugansk com vista a encontrar, o mais rapidamente possível, uma solução política para o conflito, conforme previsto no Pacote de Medidas para a Implementação dos Acordos de Minsk aprovado pela resolução 2202 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

 

Sobre a ingerência britânica nos assuntos de outros países

 

No dia 22 de janeiro passado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e a sua titular Elizabeth Truss fizeram as seguintes declarações retumbantes:

"Temos informações de que o governo russo está a planear colocar um líder pró-Rússia em Kiev..."

"Temos informações de que os serviços secretos russos mantêm contactos com muitos ex-políticos ucranianos...".

Como se apurou, a diplomacia britânica não havia apresentado nenhuma prova para sustentar as suas acusações infundadas. Limitam-se a declarações como: "Temos informações" e à expressão mais querida "highly likely".

Ao circular um par de horas, estas falsificações deram a sua contribuição para o fomento da histeria antirrussa. Publicamos um desmentido no nosso website.

Neste contexto, gostaríamos de chamar a atenção para as táticas praticadas pelos nossos colegas britânicos quando são apanhados em flagrante. Não lhes dizemos simplesmente "temos informações", mas apresentamos ao público documentos autênticos que provam que a diplomacia, as embaixadas e outras estruturas oficiais britânicas estão a praticar atividades hostis contra outros países.

Ao longo de 2021, desde fevereiro, tem-se assistido a um fluxo de "fugas" de informação com origem em Londres tão intenso que a estrondosa história da "Iniciativa de Integridade" de 2018 parece um treino ligeiro. Nessa altura, recorde-se, o grupo hacker Anonymous tornou públicos documentos internos de um projeto lançado em 2015 pelo Instituto de Administração Pública do Reino Unido. Tratava-se de um conjunto de medidas para combater a "propaganda russa" e a "guerra híbrida" alegadamente travada pela Rússia. Os nossos parceiros britânicos formaram clusters de líderes de opinião para apoiar o discurso antirrusso, inclusive nas redes sociais. Todo o trabalho estava a ser executado através de contactos secretos nas embaixadas britânicas e tinha por objetivo criar uma rede global de influência informativa e de interferência política nos assuntos de outros países. Noticiava-se que células da Iniciativa de Integridade já estavam a funcionar com sucesso na Alemanha, França, Espanha, Itália, Países Baixos, Grécia e vários outros países europeus.

Então o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Alan Duncan, admitiu, em resposta a uma interpelação parlamentar, que a sua estrutura havia desembolsado ao Instituto e ao projeto Iniciativa de Integridade mais de 2,2 milhões de libras esterlinas em subsídios desde 2017. Ao mesmo tempo, disse que o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico "não pretende ser transparente nem fornecer à Rússia e a outras partes interessadas informações oficiais sobre o projeto". Argumentou dizendo que "esta informação poderia ser utilizada para minar a eficácia do programa".

Então, mudou alguma coisa desde 2018? A julgar por tudo, a diplomacia britânica triplicou as verbas canalizadas secretamente para tais programas e não comenta mais as fugas de informações sobre a sua existência. Aparentemente, a diplomacia britânica tem as possibilidades de impedir novas interpelações parlamentares.

E agora uma breve lista daquilo que Londres esconde à imprensa para que os contribuintes britânicos não descubram para onde vão as suas contribuições.

Em fevereiro de 2021, o grupo Anonymous publicou um arquivo de documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico sobre um novo projeto chamado " Undermining Russia" (Minando a Rússia). O nome do projeto fala por si. As máscaras caíram! Deixando pela primeira vez à mostra quem é quem. Há um ano comentamos detalhadamente isso, pedindo aos nossos colegas que prestassem contas. Não recebemos nenhuma resposta, como, aliás, os meios de comunicação social. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico parece continuar a financiar veículos de comunicação em língua russa formalmente independentes na Rússia e nos países pós-soviéticos, tentando criar uma rede secreta de blogueiros influentes no segmento mediático em russo "para criar condições para a mudança de regime" na Rússia e "minar a influência russa" nos países leste-europeus e centro-asiáticos. De acordo com as informações publicadas, estas atividades envolvem um grande número de empresas mediáticas renomadas sediadas em Londres como a BBC, Media Action e a Thomson Reuters Foundation. A primeira vez que mencionámos isto, a BBC ficou indignada, dizendo que se tratava de duas divisões diferentes: uma agência noticiosa e uma empresa mediática. Pelos vistos, preferem silenciar o facto de se tratar de uma única empresa, pois compreendem que alguns dos seus funcionários estão envolvidos em atividades pouco decorosas. É tempo de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. De qualquer maneira, trata-se da empresa BBC.

Porque a mencionamos? Provavelmente porque, noutro dia, a Ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Elizabeth Truss, não excluiu a hipótese de sanções contra os meios de comunicação social russos, contra alguns cidadãos e algumas empresas russas. Se tomarem medidas contra jornalistas russos, os senhores sabem que aprendemos a retaliar. Nunca tínhamos feito isto antes. Temos feito os possíveis para criar boas condições para que os correspondentes estrangeiros possam trabalhar aqui, temos sido cooperantes, abertos, atuando sempre em plena conformidade com o espírito e a letra da lei, com as nossas obrigações internacionais. Se isto acontecer e os meios de comunicação social russos ficarem sob sanções, teremos todos os motivos para retaliar. É para a vossa informação.

A 3 de outubro de 2021 os canais russos do Telegram publicaram um plano financeiro do Global Britain Fund, organização governamental. Londres recusou-se a comentar a fuga, tendo, contudo, a autenticidade do documento publicado sido confirmada in absentia por um dos destinatários das verbas alocadas, D. Aleshkovsky, fundador da Fundação " As coisas são assim". O documento refere um pedido de verbas no valor de 1,64 mil milhões de rublos para as ONG russas. O dinheiro foi canalizado através da Embaixada britânica em Moscovo em violação da Convenção de Viena de 1961.

A 8 de dezembro de 2021, o Anonymous publicou documentos da ARK, empreiteira do Fundo de Prevenção de Conflitos, Estabilidade e Segurança gerido pelo governo britânico. O fundo movimenta anualmente mais de 1,2 mil milhões de libras esterlinas e responde ao Conselho Nacional de Segurança do qual fazem parte os dirigentes dos serviços secretos britânicos e de onde saiu o projeto Aurelius concebido para negar informação oficial russa sobre as ações da Força Aérea russa na Síria e divulgar esta desinformação através dos meios de comunicação da oposição e nas redes sociais em língua russa.

Em dezembro de 2021, o portal de investigação da Underside publicou os pedidos de ONGs russas de 44 regiões do país para receber 56 subsídios do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido no valor de 1,3 mil milhões de rublos, assim como uma análise detalhada que demonstra uma ingerência britânica direta nos nossos assuntos internos.

Como os nossos colegas britânicos provavelmente já perceberam, não deixaremos que este assunto passe despercebido. Quanto mais declarações absurdas e falsas forem feitas sobre a Rússia pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, mais contra-argumentos e factos iremos apresentar para desmenti-las. Continuaremos a exigir esclarecimentos, o fim da prática viciosa de utilizar missões diplomáticas britânicas para tarefas que lhe são estranhas e a chamar a atenção para o comportamento neocolonial do Reino Unido. O público russo e internacional deve conhecer os seus "heróis".

 

Sobre a situação em torno do canal RT em França

 

A 3 de fevereiro, foi noticiado que a autoridade francesa responsável pela regulação das comunicações audiovisuais e digitais Arcom lançou uma investigação em relação ao canal RT France com base nas denúncias de algumas "associações" cujos nomes, assim como o mérito das denúncias não foram divulgados.

O pedido de esclarecimentos enviado pelo editor-chefe do canal permanece sem resposta. Ao mesmo tempo, alguns meios de comunicação social locais, por alguma razão, estão a par dos detalhes do caso. Para eles, o motivo terão sido erros alegadamente cometidos pelo canal ao fazer reportagens sobre os protestos do movimento "Coletes Amarelos". Sei que a pandemia de coronavírus desferiu um tremendo golpe na França, retardando muitos processos no país. Mas eu nem podia imaginar que o retardo fosse tão grande. Quando foram realizados os protestos em causa e quando foram divulgadas as respetivas reportagens? Porque é que se lembraram disso só agora? Porque os ataques ao canal RT em França foram efetuados em simultâneo com a perseguição ao canal RT DE na Alemanha e as declarações do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido sobre possíveis sanções contra os meios de comunicação social russos? Também os alegados erros na cobertura da situação na Síria e na República Centro-Africana.

Gostaríamos muito de pensar que se trata de um mal-entendido que, em breve, se esclarecerá, mas é-nos difícil acreditar nisso. Não acreditamos, antes esperamos, tendo em conta a atitude para com os correspondentes do canal RT France demonstrada ao longo dos últimos anos pelas autoridades locais. Levantámos esta questão com os nossos colegas franceses. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, falou sobre isto repetidas vezes, informámos o lado francês por via diplomática. Aparentemente, uma escola de pensamento diferente prevaleceu em Paris.

Embora fosse prematuro fazer analogias, é difícil considerar os ataques ao escritório francês do canal RT à parte do que está a acontecer com os seus colegas na Alemanha, das declarações inequívocas do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico e dos "relatórios" publicados há pouco mais de uma semana no website do Departamento de Estado dos EUA. Quatro países: os EUA, Alemanha, França e Reino Unido declararam guerra real ao canal RT. Ou se trata de coincidências? Esta é uma ação planeada. Para que é que as coisas como estas são feitas? Para fazer passar as suas teses anglo-saxónicas para o espaço de informação e não permitir a disseminação de contra-argumentos, materiais objetivos, as posições de outros lados.

O que Berlim está a fazer em geral está para além da compreensão. Acontece que a liberdade de expressão é uma "fusão" de propaganda e violação dos princípios democráticos. Este passo foi um sinal para nós lançarmos uma série de medidas de retaliação. 

A situação em torno dos escritórios do canal RT em França, Alemanha e outros países que se fazem passar por democracias-modelo leva a crer se não num ataque coordenado à emissora russa, então numa manifestação da prática ali existente de observância seletiva dos princípios de proteção da liberdade dos media e do pluralismo de opinião.

Com o silêncio unânime das entidades de direitos humanos das internacionais, a pressão só aumenta, adquirindo formas cada vez mais agressivas. Esta posição vai contra os compromissos internacionais dos países em causa e desacredita a sua fidelidade declarada aos ideais elevados da democracia e desvaloriza qualquer reivindicação de liderança nesta área.

Esperamos que este episódio seja examinado de forma imparcial, justa e transparente e apelamos a Paris para que tome todas as medidas necessárias para garantir condições normais para as atividades profissionais do canal RT France.

 

Sobre o relatório do Grupo de investigação da ICAO sobre o incidente com o voo da Ryanair na Bielorrússia

 

A 31 de janeiro passado, a 225ª sessão do Conselho da Organização Internacional da Aviação Civil debateu o Relatório Final do Grupo de Investigação da ICAO "Sobre o incidente com o voo FR4978 da Ryanair no espaço aéreo bielorrusso ocorrido a 23 de maio de 2021" apresentado pelo Secretário-Geral da ICAO.

O Relatório contém informações sobre o trabalho realizado pelo Grupo, os dados e conclusões obtidos. Ao contrário das declarações de peritos e políticos ocidentais, o Grupo chegou à única conclusão possível:  o MiG-29 bielorrusso não escoltou nem intercetou o voo FR4978. de acordo com o Relatório, a decisão de aterrar em Minsk foi tomada pela tripulação da aeronave. Tudo confirma o que foi dito pelo lado russo, pelo governo bielorusso e os factos apresentados.

Todavia, o mal não desiste. Como seria de esperar, estas conclusões não satisfizeram os países ocidentais. A razão pode ter sido a de que as conclusões do Relatório deveriam ser utilizadas para justificar as suas medidas restritivas impostas sem fundamento à indústria aeronáutica bielorrussa. Como resultado, o Relatório Final acabou por não ser final. Aproveitando a maioria que têm no Conselho da ICAO, sugerem que o Grupo dê continuidade à investigação e encontre argumentos contra Minsk. Parece que aos especialistas da ICAO foi dada a oportunidade de "corrigir os erros cometidos" e "produzir o resultado certo".

Faz lembrar as eleições na Venezuela. Quando o resultado das eleições satisfizer o Ocidente, sobretudo os EUA, as eleições serão declaradas legítimas. Enquanto os resultados das eleições na Venezuela estiverem em desacordo com as diretrizes de Washington, os EUA não as reconhecerão como legítimas e insistirão na realização de novas eleições. Estes são já factos históricos. Tudo isso será descrito em artigos, trabalhos científicos, livros, websites. As futuras gerações de políticos norte-americanos e anglo-saxónicos em geral não evitarão vergonha. Lembremo-nos daqueles que lhes estão agora a fornecer este pano de fundo. Colin Powell, brilhante diplomata e político norte-norte-americano, chefe do Departamento de Estado, entrou para a história do seu país como figura trágica, vítima da propaganda e das mentiras norte-americanas. OK, podem continuar assim. O que acontecerá às pessoas que são vítimas da diplomacia anglo-saxónica?

Um dos objetivos do Grupo era identificar lacunas na segurança de voo. Por exemplo, o Relatório mostra que os relatos de uma ameaça de bomba foram lidos em alguns países europeus um dia mais tarde. Contudo, em vez de elaborar medidas para remediar a situação, os membros ocidentais do Conselho da ICAO concentraram-se em criticar Minsk.

Esta é uma outra prova de que as ações do lado bielorusso, tomadas após receber a informação sobre a ameaça à segurança de voo, são utilizadas sem cerimónia por alguns países para alcançar os seus objetivos políticos egoístas. Gostaria de saber como reagiriam os países ocidentais à investigação se esta dissesse respeito a outras situações semelhantes: o pouso forçado do avião do Presidente da Bolívia em Viena em 2013, o pouso de um avião da companhia bielorrussa Belavia em Kiev em 2016 ou o pouso de emergência, em Berlim em maio de 2021, de um avião da Ryanair que seguia de Dublin para Cracóvia e que recebeu a informação de levar um dispositivo explosivo a bordo. Algum desejo de investigar? Quantas vezes é que o Grupo irá reportar e reescrever os resultados?

A aviação civil internacional e a ICAO não devem tornar-se um instrumento de pressão política ou de luta contra governos inconvenientes. Gostaria de acreditar que é assim que a Organização e os seus peritos irão agir no futuro.

 

Rússia irá financiar trabalhos para melhorar a navegação nas vias navegáveis interiores europeias

 

O Comité Executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) aprovou um projeto de assistência técnica intitulado "Análise comparativa dos requisitos técnicos nas vias navegáveis interiores europeias para melhorar a eficiência e a segurança do transporte por vias navegáveis interiores na região UNECE" a ser financiado pela Federação da Rússia à custa da sua contribuição voluntária para a UNECE.

O projeto está orçado em 242,3 mil dólares norte-americanos e vai durar de março de 2022 a fevereiro de 2024. O seu principal objetivo é fornecer assistência técnica na integração das vias navegáveis interiores europeias e harmonizar um quadro jurídico-institucional para o reconhecimento mútuo dos documentos necessários à navegação. O projeto irá elaborar recomendações para levantar as barreiras à liberdade de navegação.

A Rússia atribui grande importância às atividades do projeto no âmbito da UNECE e continuará a utilizar os instrumentos da Comissão para apoiar os países interessados, em conformidade com as prioridades da sua política nacional para a promoção do desenvolvimento internacional.

 

Moscovo é reconhecida a melhor megacidade do mundo

 

Gostaria de felicitar cordialmente a capital do nosso país por ter sido reconhecida por uma das instituições da ONU especializada em estudar as condições de vida em cidades do mundo como a melhor megacidade do mundo em termos de "desenvolvimento de infraestruturas" e "qualidade de vida".

Esta é uma avaliação objetiva. Há algo com que se pode comparar. A forma como Moscovo se está a desenvolver é de surpreender. Os meus parabéns, mais uma vez!

 

Rússia fornece vacina Sputnik Light ao Turquemenistão

 

Em condições difíceis de pandemia global, a Rússia e o Turquemenistão continuam a cooperar ativamente no combate a doenças infeciosas perigosas. A 29 de janeiro passado, o Turquemenistão recebeu outro lote de 800 mil vacinas russas Sputnik Light, dos quais 300 mil foram doadas.

O lado russo reafirma-se disposta a ampliar a sua cooperação com todos os seus parceiros, num espírito de amizade e assistência mútua.

 

Sobre o aniversário da Batalha de Estalinegrado

 

A 2 de fevereiro de 1943, a vitória do Exército Vermelho pôs fim à Batalha de Estalinegrado.

A batalha durou 200 dias e noites (17 de julho de 1942 - 2 de fevereiro de 1943), abrangendo uma área de 100 mil quilómetros quadrados e envolvendo, nalguns períodos, cerca de 2 milhões de efetivos de ambos os lados, até dois mil tanques, até dois mil aviões e até 26 mil peças de artilharia e morteiros. A Batalha de Estalinegrado ultrapassou todas as batalhas anteriores na história mundial em termos de objetivos, dimensão e intensidade dos combates.

Teve duas fases: uma operação defensiva (entre 17 de julho e 18 de novembro de 1942) e uma operação ofensiva (entre19 de novembro de 1942 e 2 de fevereiro de 1943).

Durante o período defensivo da batalha, as tropas soviéticas conseguiram frustrar o plano do inimigo de capturar Estalinegrado num só golpe.

Violentos combates foram travados por cada prédio, por cada metro de terreno. Os defensores da Casa de Pavlov tornaram-se internacionalmente conhecidos por defenderem de forma inacreditável este bastião durante 58 dias. Não recuaram um único passo apesar dos bombardeamentos maciços. O comandante do 62º Exército, Marechal Vassili Chuikov, escreveu mais tarde nas suas memórias: "Este pequeno grupo, defendendo um prédio, matou mais soldados nazis do que os nazis perderam durante a tomada de Paris".

Os alemães perderam na cidade de Estalinegrado milhares de soldados e oficiais, equipamento militar, blindados e aviões.

Cartas de soldados alemães descrevem figurativa e realisticamente a situação na cidade: "Estalinegrado é o inferno na terra, Verden, Verden Vermelho com novas armas. Estamos a atacar todos os dias. Se conseguirmos tomar 20 metros de manhã, à noite, os russos empurram-nos de volta". Numa carta endereçada à mãe, um sargento alemão diz: "Terá de esperar muito tempo pela notícia de que Estalinegrado é nossa.  Os russos não se rendem, eles lutam até ao último homem".

A 19 de novembro de 1942, o Exército Vermelho lançou uma contraofensiva. A operação envolveu as tropas das frentes do Sudoeste, do Don e de Estalinegrado comandadas por Nikolai Vatutin, Konstantin Rokossovsky, Andrei Eremenko e apoiadas pela flotilha do Volga. Como resultado de ataques aos flancos do inimigo e da ofensiva em direções convergentes, as tropas soviéticas uniram-se a 23 de novembro, cercando assim as forças inimigas num total de 330 mil efetivos. Em nenhum momento da Segunda Guerra Mundial a Alemanha viu tantas tropas suas cercadas.

A operação "Koltso" (Cerco), durante a qual o exército do marechal-de-campo Friedrich Paulus foi derrotado, foi um ponto culminante. Após violentos combates no final de janeiro, o agrupamento alemão ficou preso numa pequena área entre as ruínas de Estalinegrado e foi totalmente destruído a 2 de fevereiro de 1943. O marechal-de-campo Friedrich Paulus, 24 generais alemães, 2,5 mil oficiais e cerca de 91 mil efetivos foram feitos prisioneiros.

A Batalha de Estalinegrado terminou com uma brilhante vitória do Exército Vermelho. Teve uma influência decisiva não só no decurso da Grande Guerra Patriótica, mas também em toda a Segunda Guerra Mundial. O inimigo perdeu cerca de 1,5 milhões de homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros. Os nazi fascistas perderam 25% das forças colocadas na frente soviético-alemã. Por essa razão, a Alemanha decretou, pela primeira vez nos anos da Guerra, luto nacional. As perdas do Exército Vermelho excederam 1 milhão de homens (cerca de 480 mil foram mortais). Devido à vontade indomável dos nossos soldados, a Wehrmacht sofreu uma derrota esmagadora em Estalinegrado.

Para homenagear a defesa heroica da cidade, o governo soviético criou, a 22 de dezembro de 1942, a Medalha de Defesa de Estalinegrado, que foi atribuída a mais de 700 mil pessoas. A 112 pessoas foi concedido o título de Herói da União Soviética.

Foi criado o museu-reserva "A Batalha de Estalinegrado" (eu estive lá. Todos deveriam visitá-lo) que inclui o mundialmente famoso complexo memorial no Mamaev Kurgan (é uma das impressões mais fortes da minha vida. Fui lá pela primeira vez há alguns anos. Fiquei chocada. É difícil imaginar que tudo isso tenha sido construído nos anos posteriores à Guerra em que o principal objetivo era reconstruir o país. A maneira como isso foi feito, o gosto com que isso foi feito, tudo isso ficará na cultura mundial); o museu-panorama "A Batalha de Estalinegrado" com o maior panorama da Europa; o museu "Memória", localizado num local histórico onde o quartel-general do 6º exército alemão de Friedrich Paulus foi tomado pelas tropas soviéticas. Ao todo, mais de 200 lugares históricos.

De acordo com a lei federal nº 32-FZ de 13 de março de 1995 "Dos dias de Glória Militar e das Datas Comemorativas da Rússia", o dia 2 de fevereiro de 1943 é celebrado como o Dia da Glória Militar da Rússia - o Dia da Derrota das Tropas Nazifascistas na Batalha de Estalinegrado.

 

Sobre o aniversário da Conferência de Yalta

 

A 4 de fevereiro de 1945, teve início a Conferência de Yalta (Crimeia) dos líderes da URSS, dos EUA e da Grã-Bretanha. Esta foi a segunda reunião dos líderes das três potências aliadas, Joseph Estaline, Franklin Roosevelt e Winston Churchill. A Conferência decorreu entre os dias 4 e 11 de fevereiro de 1945 no Palácio de Livadia, perto de Yalta.

Nessa altura, a Segunda Guerra Mundial estava na sua fase final - em primeiro lugar graças às ações ofensivas bem-sucedidas da URSS. O Exército Vermelho já tinha libertado completamente o território do nosso país, a maior parte da Polónia e da Checoslováquia e tinha avançado muito na direção de Varsóvia-Berlim. A tão longamente almejada abertura da segunda frente na Europa, o desembarque das tropas aliadas no Norte de França em junho de 1944, também contribuiu para a luta contra a Alemanha.

A agenda incluía muitas questões militares e políticas. Os líderes analisaram detalhadamente a situação nas frentes e identificaram as perspetivas de operações militares com vista à derrota definitiva da Alemanha. As potências da coligação anti-Hitler declararam que o seu "objetivo inabalável é destruir o militarismo e o nazismo alemães e criar garantias de que a Alemanha nunca mais será capaz de destruir a paz no mundo".

As decisões tomadas em Yalta, graças, em grande parte, aos esforços da diplomacia soviética, aceleraram muito o fim da guerra e a estruturação do mundo no pós-guerra. Foram acordadas medidas para coagir a Alemanha à rendição incondicional, acelerar o fim da guerra no Extremo Oriente, criar um mecanismo permanente de consultas entre os ministros dos negócios estrangeiros das três potências sob a forma de reuniões regulares e assim por diante.

Foi dada especial atenção à questão da criação de uma organização internacional universal para manter a paz e a segurança no pós-guerra, a futura ONU. Foi decidido convocar uma conferência especial para redigir a sua carta em São Francisco. Os líderes das três potências concordaram que as decisões de importância crucial para a paz seriam tomadas com base no consenso entre os membros permanentes do Conselho de Segurança.

Em comunicado, os líderes das principais potências da coligação anti-Hitler sublinharam "uma determinação comum para preservar e reforçar, no próximo período de paz, a unidade dos objetivos e ações que tornou possível e indiscutível para as Nações Unidas a vitória na guerra moderna". Palavras de ouro. Seria bom se Londres e Washington se lembrassem delas nos dias de hoje. Foi salientado que apenas "com uma cooperação e compreensão contínua e crescente entre os nossos três países e entre todos os povos amantes da paz se poderá concretizar a maior aspiração da humanidade - uma paz firme e duradoura ". Recorde-se que isto foi dito pelos países com diferentes sistemas políticos e opiniões radicalmente divergentes sobre questões fundamentais do seu desenvolvimento interno e do destino do mundo. No entanto, encontraram a força, a vontade e a capacidade de identificar o principal - a unidade de objetivos no alcance da paz. Foi salientado que as Nações Unidas desempenhariam um papel importante "tanto para prevenir a agressão como para eliminar as causas políticas, económicas e sociais da guerra através de uma cooperação estreita e constante entre todos os povos amantes da paz". O que mudou? Talvez tenham deixado de ser amantes da paz uma vez que se comportam assim? Porque ninguém abandonou oficialmente os objetivos proclamados.

No contexto das discussões sobre as Nações Unidas, a delegação soviética obteve o consentimento dos EUA e do Reino Unido em que a Ucrânia e a Bielorrússia se tornassem membros fundadores da organização internacional que estava a ser criada. Em Yalta as potências aliadas reafirmaram o seu desejo de ver uma Polónia forte, livre, independente e democrática, e de garantir a sua segurança. Como resultado das decisões tomadas em Yalta e, mais tarde, em Potsdam, a Polónia recebeu territórios adicionais no norte e no oeste.

As decisões da Conferência da Crimeia tornaram-se parte integrante do chamado sistema de relações internacionais Yalta-Potsdam criado com base nos resultados da Segunda Guerra Mundial.

Recomendo a todos os interessados na história que estudem os documentos do Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia sobre a política externa e diplomacia dos principais países da coligação anti-Hitler.

 

Respostas a perguntas dos jornalistas:

Pergunta: A Rússia declarou que existem riscos para a sua segurança se a Ucrânia aderir à NATO. Os EUA e os países da NATO poderão dar à Rússia garantias de segurança juridicamente vinculativas a longo prazo? As partes poderão concordar em não criar condições que possam ser vistas como uma ameaça pela outra parte?

Maria Zakharova: O que acha que sou? Uma cartomante? Ou uma pessoa encarregada de articular os principais aspetos de política externa da nossa visão e do nosso trabalho no cenário internacional? Eu achava que a minha função era esta. Não fazemos predições nem adivinhamos o futuro. Fazemos um trabalho concreto e aplicado que visa obter as garantias de segurança que mencionou.

O senhor está ciente de toda a cronologia. Entregámos as nossas propostas aos nossos parceiros norte-americanos e à NATO. Recebemos a sua resposta, que está agora a ser discutida e analisada. Gostaria também de recordar as declarações feitas ontem pelo Presidente da Federação da Rússia. Gostaria também de recordar os comentários feitos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, principalmente pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov. Tudo isto está agora a ser estudado e analisado para que a posição do nosso país possa ser apresentada ao Presidente. Será o Presidente a decidir sobre os nossos próximos passos.

Existe a previsão política internacional como elemento do nosso trabalho. Fazemos uma diplomacia aplicada. Fazemos os possíveis para, em primeiro lugar, trazer os nossos parceiros de volta à realidade e, em segundo lugar, para obriga-los a honrar os seus compromissos. Recordamos-lhes as suas obrigações, das quais muitos deles se tinham esquecido ou não tinham conhecimento por não serem players independentes. Há quem não tenham lido os documentos ou tenham dito que só leram os documentos na parte que, a seu ver, diz respeito à atualidade e não leram os seus capítulos referentes ao passado. Recordámos-lhes os seus compromissos em matéria de segurança e estabilidade estratégica assinados outrora pelos seus governos. Demos-lhes algumas aulas de literacia política. Entregámos-lhes as nossas propostas concretas baseadas em factos, documentos e experiência jurídica e diplomática internacional. Realizámos toda uma série de reuniões, consultas, negociações, mostrámos a nossa abertura, não obstante as declarações truculentas de representantes oficias e políticos do Ocidente a nosso respeito. Mostrámos a nossa vontade de resolver todas as questões existentes por via diplomática e política. Numa palavra, continuamos a trabalhar.

Pergunta: O Ministério dos Negócios Estrangeiros da autoproclamada República Popular de Donetsk disse estar à espera da reação dos países garantes dos acordos de Minsk ao fornecimento de armas a Kiev. Como é que estes fornecimentos se coadunam com o desejo declarado dos países ocidentais de resolver diplomaticamente o conflito ucraniano?

Maria Zakharova: Não se coadunam. Estão em desacordo. Dissemos isso repetidas vezes, mas este não é o único exemplo em que as palavras dos nossos parceiros anglo-saxónicos e dos seus países vassalos divergem dos seus atos. Gostaria de salientar uma vez mais que dizem uma coisa e, na prática, fazem outra.

Comentámos repetidamente o aumento dos fornecimentos de armas à Ucrânia (acabo de fazer isso agora mesmo), a retirada do pessoal das embaixadas de alguns países ocidentais em Kiev (refiro-me ao caso em que noticiaram que a Rússia estava a retirar o pessoal da sua embaixada enquanto eram eles a retirarem o pessoal das suas embaixadas), as numerosas declarações sobre a mítica ameaça russa - tudo isto era para fomentar artificialmente tensão, uma campanha mediática e uma ação política. Só posso repetir e citar mais uma vez o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov: "Tudo o que o Ocidente está a fazer, fornecendo armas às autoridades de Kiev, está a criar nelas uma tentação de passar aos métodos militares de solução dos problemas no leste da Ucrânia. Não o aceitamos de nenhum modo por razões óbvias". Esse anúncio foi feito pelo Ministro durante a sua conferência de imprensa realizada neste edifício no dia 14 de janeiro passado.

Faço notar que comentámos e fizemos declarações a diferentes níveis no sentido de que tais ações, em conjunto ou individualmente, evidenciam uma possível provocação por parte daqueles que estão a exacerbar a situação.

Pergunta: Por engano o Gabinete do Presidente checo, Milos Zeman, destruiu um relatório secreto sobre as explosões nos depósitos de munições em Vrbetice, no leste do país. As autoridades checas atribuem-nas aos serviços secretos russos. O anúncio foi feito pela rádio checa a 29 de janeiro passado. É possível dizer que os documentos em causa foram destruídos premeditadamente? Haverá possibilidades para falsificações a este respeito?

Maria Zakharova: Lemos especulações dos meios de comunicação social checos sobre a destruição de um documento secreto sobre as explosões nos depósitos de munições militares em 2014. Cabe a Praga e não a nós comentar este assunto. Posso dizer que não temos conhecimento dos detalhes do tratamento de documentos secretos nos órgãos governamentais checos. Esta questão não é da nossa competência.

O que é claro é que alguém estava interessado em pôr em circulação "novos factos" sobre o "caso Vrbetice". Esta campanha mediática acontece quase um ano após o primeiro ataque político e mediático. Aparentemente, não atingiram o resultado esperado. Lembra-se das declarações feitas. Nenhumas provas da "pista russa" foram apresentadas. Penso que é uma treta para desviar a atenção. Apenas comentei os factos que foram noticiados pela imprensa. Não sabemos o que realmente ali aconteceu.

Consideramos absurdas as acusações feitas por vários funcionários checos na primavera passada contra a Rússia. Esta história foi utilizada pelo lado checo como pretexto para destruir completamente as suas relações com a Rússia. Neste momento, aparecem declarações sobre o seu desejo de normalizar a situação, não havendo, contudo, nenhuns passos práticos neste sentido.

Pergunta: O Departamento de Estado norte-americano está a retirar as famílias dos seus diplomatas da Bielorrússia, receando o aumento da tensão em torno da Ucrânia. A senhora poderia comentar os motivos desta decisão da administração norte-americana?

Maria Zakharova: Esta é a sua decisão soberana que diz respeito aos seus cidadãos, aos seus diplomatas e aos seus funcionários. Por outro lado, não podemos deixar de ver que a sua decisão anda de braços dados com os seus outros passos propagandísticos. Acabo de falar sobre este assunto. O tema da retirada do pessoal da Embaixada está presente há quase um mês, tendo sido impulsionado com a publicação das notícias sobre a alegada "retirada" do pessoal da Embaixada russa na Ucrânia. Tudo foi feito de forma grosseira e deliberada. Refiro-me a essa notícia falsa. Quando a desmentimos, eles decidiram manter este tema à tona e começaram a falar do pessoal das missões norte-americanas no estrangeiro. Vão ou não retirar o seu pessoal? Como vão retirá-lo? Isso é para eles comentarem. Que eles comentem se o Departamento de Estado ou a Casa Branca confundiram algo e publicaram retrações, que a Casa Branca e o Departamento de Estado compitam entre si para ver quem é mais rápido em fazer desmentidos das notícias que publicam. Não sei. Seja como for, é impossível não ver que este é apenas mais um "espetáculo propagandístico". Estas cosias chamam-se atividade provocativa.

Pergunta: A França regista progressos nas conversações no formato Normandia, segundo o porta-voz do governo francês Gabriel Attal. O Secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa ucraniano apela ao início das negociações sobre um novo tratado. Como a senhora vê a situação atual e as perspetivas das negociações no formato Normandia?

Maria Zakharova: Gostaria de esclarecer desde já que a principal plataforma de negociação sobre a resolução da crise ucraniana é o Grupo de Contacto, onde todas as partes em conflito, Kiev, Donetsk e Lugansk, estão presentes. Infelizmente, durante a reunião de 26 de janeiro passado, o lado ucraniano voltou a sabotar o processo de negociação. Entende-se bem porque estão a fazer isto.

Quanto ao formato Normandia, cuja tarefa é dar um impulso político ao trabalho do Grupo de Contacto e ajudar Kiev a cumprir os seus compromissos ao abrigo dos acordos de Minsk, a conversa realizada em Paris a 26 de janeiro passado entre os conselheiros políticos dos líderes dos países do Quarteto Normandia foi difícil e, ao mesmo tempo, franca. O seu principal resultado é o de que os participantes confirmaram que os acordos de Minsk não têm alternativa e que é necessário consolidar o acordo de cessar-fogo de 22 de julho de 2020.

Infelizmente, as mais recentes declarações das autoridades de Kiev, que põem em causa a sinceridade das suas intenções de resolver politicamente a crise em Donbass ao abrigo do Pacote de Medidas, sublinham o que já foi dito anteriormente. Infelizmente, parece que põem um ponto final neles.

Numa entrevista à agência Associated Press, a 31 de janeiro passado, o Secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Aleksei Danilov, disse que era "impossível" implementar os acordos de Minsk. Já o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse numa entrevista à publicação polaca "Rzeczpospolita" que "não haverá nenhum estatuto especial, como a Rússia imagina, nenhum poder de veto". Não é a Rússia que imagina alguma coisa. Isto é o que está escrito nos acordos de Minsk que foram elaborados com a participação do Presidente da Ucrânia e por ele assinados na presença dos outros participantes. Não somos nós que imaginamos haver um estatuto especial. Os acordos em causa estipulam todos os passos a dar.

Assim, se Paris quer fazer progressos na resolução do conflito ucraniano, os nossos colegas franceses e alemães devem trabalhar melhor para persuadir o regime de Kiev a cumprir na íntegra os acordos de Minsk.

Pergunta: O Secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, sugeriu à Rússia reatar as relações e iniciar um diálogo. A senhora tem algum comentário sobre este assunto?

Maria Zakharova: Temos sempre ouvido dizer que eles são a favor da "paz e da amizade". Passado algum tempo, começam a expulsar os nossos diplomatas, a dificultar o nosso trabalho ou tornar as nossas iniciativas impossíveis de implementar. Tudo isto não é novidade. É exatamente do que falámos: os seus atos divergem das suas palavras. As suas declarações, mensagens, fórmulas e teses estão divorciadas da realidade. Não é a primeira vez que somos exortados a um diálogo. Ao mesmo tempo, é-nos dito constantemente à porta fechada que a questão ucraniana deve dominar a pauta dos nossos contactos, do processo de negociação e do nosso diálogo. A Aliança nada tem a ver com isso, tentando, contudo, sempre, por alguma razão, incluí-la na agenda do presumível diálogo. Estamos abertos a dialogar, devendo, no entanto, o diálogo ser igual e levar em conta os interesses e as preocupações da outra parte. Esta nossa tese não se refere unicamente à NATO, seguimos este princípio nos nossos contactos com outras estruturas e organizações. Provavelmente este princípio não é o nosso know-how, está estipulado em acordos jurídicos internacionais, sobretudo na Carta das Nações Unidas.

As nossas iniciativas regulares são de discutir questões concretas em matéria de contenção militar, transparência, prevenção de incidentes militares não intencionais, moratória sobre a instalação de mísseis de médio e curto alcance, e não os mitos, tudo o que diz respeito à agenda da NATO e às ameaças reais, das quais muitas não se tornaram realidade por uma feliz coincidência. Tudo isto tem sido ignorado durante anos. Isso é sobre o que Jens Stoltenberg está a propor. A Aliança mostrou claramente que a sua prioridade é conter a Rússia em todas áreas e ao longo de todos os azimutes. Esta posição não é só da NATO, mas infelizmente também da UE: "Vamos conversar só que vamos conter-vos". Lembra-se destas ideias estranhas?

A Aliança demonstrou que a sua prioridade é conter a Rússia. Este é o objetivo de todos os seus planos de atividades militares, exercícios e atividades infraestruturais e de cooperação com os seus parceiros. Devemos ver as coisas como elas realmente são e não distorcidas por um espelho torto. Repito que não somos nós a aproximarmo-nos da Aliança, é a NATO que está a mover as suas tropas e armamentos para junto das nossas fronteiras.

Se agirmos com base naquilo que os políticos, por exemplo a Ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, dizem a todo o mundo que ajudarão os seus parceiros bálticos através do Mar Negro, então tudo é possível de acordo com esta lógica e se pode então afirmar que a Rússia está a ameaçar a NATO ao mover as suas tropas para junto das fronteiras da NATO. Neste caso, tudo é certo e tudo isso são coisas do outro lado do espelho, um teatro do absurdo, um "freak-thriller". Acreditamos que ainda compreendemos, sabemos a geografia, os factos, os números. O que se chama educação, conhecimento e perceção adequada dos mesmos.

Colocamos questões concretas aos membros da NATO sobre garantias de segurança: o não alargamento da Aliança, a não instalação de sistemas de armas de ataque perto das nossas fronteiras e a retirada das forças armadas da NATO para as posições que tinham em 1997, ano em que foi assinada a Ata Fundadora Rússia-NATO.

Além disso, pedimos aos países da NATO e da UE que nos explicassem como entendem o princípio da indivisibilidade da segurança. Estamos convencidos de que é inaceitável reforçar a segurança de um país (esta não é a nossa opinião, é um compromisso assinado pelos países da OSCE) em detrimento da segurança dos outros. Estamos à espera de uma resposta clara da sua parte. Dependendo do que for, iremos decidir se há espaço para um diálogo substantivo e não para conversas "pró-forma".

Posso explicar porque eles cometem erros históricos, geográficos e factuais. Em primeiro lugar, têm problemas com a qualidade do ensino nos seus países, porque, mesmo que uma pessoa não saiba alguma coisa, pode sempre dizer que não sabe isso e pode consultar. Em segundo lugar, hoje em dia, não é difícil encontrar num par de minutos um documento ou factos e fazer uma exposição geral em 20 a 30 minutos, não falando sequer das possibilidades de estudar mais profundamente uma questão. Há pessoal especializado nestas questões que pode dar consultas e fornecer materiais necessários.

Tenho a minha resposta à questão de saber por que razão dizem estas coisas absurdas sobre a nossa ameaça à NATO, sobre a assistência britânica aos seus parceiros bálticos através do Mar Negro e sobre as invasões mongóis e tártaras, como eles disseram. Porquê? Explicar-vos-ei o que se passa. Além do problema da qualidade do ensino, eles nunca responderam pelas suas ações, pelos seus atos nem pelos seus passos. Não estão acostumados a isso. Esqueça o que foi feito e faça novos planos. Nunca foram exortados à responsabilidade. Tudo o que foi feito passou, esqueça. Fiquei impressionada ao saber como se arquivavam documentos da nossa diplomacia quando não havia meios informáticos e altas tecnologias como agora. Tudo era feito manualmente. Agora existem meios modernos de preservação de documentos. Tomemos como o exemplo discursos e declarações de personalidades oficiais. Isso também faz parte da posição de um país. Tratamos os nossos documentos com muito cuidado. Podem ver praticamente qualquer intervenção feita pelo nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros nos últimos 20 anos (não posso dizer que este trabalho receba um financiamento especial, claro que algum dinheiro é alocado para isso, mas é simplesmente a cultura do trabalho). Tudo está disponível no sítio web do Ministério: notas estenográficas, de discursos, ficheiros de vídeo. Estamos prontos a responder pelas nossas ações, bem como pelas nossas palavras. Não temos vergonha disso; pelo contrário, sublinhamos a coerência das nossas abordagens e a continuidade da posição russa.

Tentei agora procurar uma declaração, notas estenográficas da entrevista concedida pela Ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Elizabeth Truss, à BBC. Não está disponível no seu sítio web. Não têm este hábito. Estão habituados a não prestar contas a ninguém, a fazer declarações relevantes num momento concreto e numa conjuntura atual e para atrair votos dos eleitores. O que vai acontecer a seguir e como tudo isto se encaixa (palavras e ações) não interessa a ninguém. Muito do que eles afirmam está errado. Todavia, eles não consideram necessário interessar-se pela posição do seu país nem pelos seus compromissos. Nenhum dos seus compromissos tem ligação com o passado. Só têm obrigações que são conformes com os seus interesses que são relevantes hoje ou que serão relevantes amanhã quando começar uma maratona eleitoral.

Pergunta: Qual poderia ser, na sua opinião, a resposta de Moscovo às ações de Londres relativamente aos ativos dos cidadãos e empresas russos no Reino Unido?

Maria Zakharova: Ouvimos as suas declarações revoltantes. Tentei encontrar notas estenográficas para confrontar as notícias veiculadas pelos mass media com o texto original. Tomámos nota das recentes declarações da Ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Elizabeth Truss, sobre a sua intenção de fazer passar no parlamento um projeto de lei de novas sanções contra pessoas singulares e coletivas russas. Pelo que entendemos, qualquer empresa no nosso país pode ficar sob novas sanções britânicas só porque pertence à Rússia. Acreditamos que este passo só pode causar outro ciclo de tensão e não contribuirá para a normalização das relações bilaterais, apesar de a diplomacia britânica ter afirmado que deseja isso. Assim o Reino Unido deixa de ser atrativo para investimento e, na realidade, ameaça as suas grandes empresas que cooperam com operadores económicos russos. Estas ameaças constituem uma violação dos direitos humanos e dos princípios fundamentais do desenvolvimento de uma sociedade democrática. Sei que o Reino Unido é uma monarquia constitucional com classes, mesmo assim Londres declara avançar rumo à democracia.

Tomaremos decisões de acordo com a situação. Se as sanções anunciadas forem aplicadas indiscriminadamente a qualquer empresa russa, como o lado britânico declarou (isto é, sem quaisquer factos legalmente fundamentados), então isto será um sério obstáculo ao desenvolvimento das nossas relações económicas e comerciais. Tomaremos medidas de retaliação.

Recorde-se que chamámos, há muito, a atenção de Londres para o facto de o Reino Unido se ter tornado uma lavandaria de dinheiro sujo, informando as suas autoridades competentes sobre funcionários corruptos que fugiram do nosso país, se estabeleceram lá e continuavam a praticar atividades ilegais. As autoridades britânicas não prestam atenção a estes factos, apesar de existirem decisões judiciais, ignorando as provas concedidas e apoiando as pessoas acusadas de crimes reais, tal como apoiaram, outrora, os terroristas do Norte do Cáucaso que estavam foragidos no Reino Unido. Esta é uma má tradição britânica. Algo deve ser feito para corrigi-la.

Pergunta: O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, anunciou a criação de uma nova aliança a ser composta pela Ucrânia, a Polónia e o Reino Unido. Esta aliança deve ser levada a sério?

Maria Zakharova: Já não pergunta sequer se devemos levar a sério o senhor Kuleba? Qualquer aliança concebida para enfrentar alguém está fadada ao fracasso. Não porque o queiramos. Há lógica e experiência histórica.

É normal opor-se a uma verdadeira agressão num formato jurídico internacional, unir-se para prevenir ou contrariar novos desafios e ameaças. Criar blocos, alianças, "grupinhos" para se juntar contra alguém sem motivos para isso é, no mínimo, estúpido, para não dizer que isso contra os compromissos jurídicos internacionais assumidos.  Estas declarações evocam na mente associações históricas não favoráveis aos países que vão participar em tais "alianças".

Gostaríamos de recordar aos nossos parceiros ocidentais que o terror militar e a divisão da Europa causada pela Tríplice Aliança, assim como a utilização de termos que incluem a palavra "eixo", já tiveram lugar. A Europa passou por tudo isto no século XX, na véspera da Primeira Guerra Mundial. Vimo-lo também na Segunda Guerra Mundial. Lembramo-nos de como terminou e do desastre ocorrido. Estas "experiências" não devem repetir-se. Sejam quais forem as suas fantasias a este respeito, o seu objetivo é óbvio: uma provocação.

Pergunta: De acordo com notícias dos media russos, Zamir Kabulov disse recentemente que a Rússia não excluía a hipótese de Kabul enviar alguns diplomatas de escalão inferior e médio para trabalharem na sua Embaixada em Moscovo. O governo talibã fez algum pedido nesse sentido?

Maria Zakharova: Não tenho nada a acrescentar ao que Zamir Kabulov disse. Não há nada a acrescentar nesta fase. Seria correto perguntar às autoridades afegãs sobre os planos da sua diplomacia.

Pergunta: Alguns meios de comunicação social do Azerbaijão publicaram a notícia de que a construção de uma ponte, que deverá servir de estrada alternativa ao corredor de Lachin que liga a Arménia e o Artsakh, foi retomada. As opiniões dividem-se quanto a quem é o promotor da construção da ponte, afirmando-se, porém, que foi a Rússia que se encarregou das obras de construção. Poderia comentar se esta notícia corresponde à verdade? Caso esta via alternativa apareça, permanecerão as restrições impostas ao corredor de Lachin?

Maria Zakharova: Não tenho informações sobre esta questão no momento. Vi estas notícias. Esta questão está sob o nosso controlo. Assim que saibamos de algo, iremos informar-vos.

Pergunta: Pelo que entendemos, a partir de hoje, os jornalistas da Deutsche Welle acreditados em Moscovo devem devolver as suas acreditações. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia recebeu os seus documentos?

Maria Zakharova: Informamos o posto de correspondente da Deutsche Welle de que este será encerrado a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2022 e que o seu pessoal deve devolver as suas acreditações no prazo de um dia. Perguntaram-nos se isto significava que eles tinham de partir. Não entende bem do que se trata. O posto de corresponde emprega 19 pessoas, das quais 16 são de nacionalidade russa. Contudo, mesmo quando estamos a falar de três estrangeiros que ali trabalham, a exigência de devolver acreditações não significa que tenham de ir embora. Gostaria de salientar que estamos sempre em contacto com os nossos colegas jornalistas que representam os meios de comunicação social estrangeiros. O senhor sabe disso. Estamos sempre prontos a ajudar.

Curiosamente, a RIA Novosti interessa-se pelo destino da Deutsche Welle, enquanto não recebemos (pelo menos até esta manhã) nenhum telefone do chefe do seu posto de correspondente. É curioso, mas este é um facto. Ele deu entrevistas, rotulou de incompreensíveis as nossas ações. Na verdade, há sempre possibilidade de pedir explicações. Nem eu, nem o centro de imprensa fomos contactados. Como contrapartida, fomos contactados por diplomatas alemães. Isso quando o governo alemão se distancia constantemente e diz que os meios de comunicação social são autónomos e que não se intromete nas suas atividades. Os jornalistas não nos contactam enquanto os diplomatas alemães sim.

Perguntaram-nos também quais outras medidas que serão tomadas. Depende do lado alemão. Se a Alemanha fizer escalar a situação, responder-lhe-emos à altura. Se a Alemanha quiser normalizar a situação, estaremos dispostos a fazer o mesmo. Propusemos repetidamente ao lado alemão (à Embaixada alemã em Moscovo, ao Embaixador alemão e a Berlim através da nossa Embaixada na Alemanha) encontrar um compromisso ou uma forma de resolução de controvérsias que sejam aceitáveis aos nossos parceiros alemães. Estou a falar abstratamente. Dadas as intensas atividades desenvolvidas pela Associação de Jornalistas da Alemanha, este diálogo poderia ter sido travado com a União de Jornalistas da Rússia. Boa ideia, só que, primeiro, a associação alemã fez escalar a situação, desencadeando uma guerra de informação contra os seus colegas russos. Quando recebe uma resposta do nosso lado, pede-nos (quase apelam ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin) para normalizarmos a situação. Eles já estão confusos sobre os seus próprios desejos. É necessário ver que jogos eles estão a jogar, e depois fazer declarações altissonantes e dar passos inamistosos.

Gostaria de salientar que, se o lado alemão estiver disposto a discutir a situação e a procurar uma saída, estamos sempre abertos. Moscovo foi visitada pela Ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock. O lado russo levantou esta questão e apresentou ao lado alemão as suas propostas de iniciar um diálogo que não deve ser travado necessariamente a nível de governos ou diplomatas, para tanto existem organizações não governamentais. A nossa proposta não despertou nenhuma reação nem interesse ao lado alemão. Não sei por que razões. Portanto, nesta fase, a situação é esta.

Estamos sempre abertos a contactos e dispostos a ajudar, a responder a perguntas e a compreender a situação.

Pergunta: Falta pouco tempo para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. O que desejaria aos nossos atletas?

Maria Zakharova: Rapazes, mostrem-nos tudo aquilo a que se têm vindo a preparar há tanto tempo, a que vocês e os vossos familiares e amigos dedicar as vossas vidas e esforços.

Sucesso, paciência, alegria das vossas vitórias e das vitórias dos vossos camaradas e amigos. Bom ambiente que, espero, não seja prejudicado pela pandemia nem pelas intrigas dos nossos detratores. Uma verdadeira atmosfera olímpica, confiança nas suas forças. Vocês sabem muito bem que estamos convosco, que todo o nosso país está a torcer por vós e estamos a apoiar-vos.

Força, Rússia!


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